domingo, 29 de junho de 2025

IA no celular: o que vale a pena usar? g1 testou funções no iPhone 16e, Moto Razr 60 Ultra e Galaxy S25 Edge


Cada marca diz que as funções de inteligência artificial do seu smartphone é algo imprescindível de usar. Mas é mais comum esquecer que o recurso está disponível. Imagem gerada por inteligência artificial mostra personagem de desenho com três celulares nas mãos Reprodução/Perplexity.ai Já percebeu que toda propaganda de celular fala de inteligência artificial? Parece que é algo imprescindível, que vai mudar a vida de quem tiver aquele aparelho de última geração. Na prática, está mais para esquecível. Por exemplo: usar a IA para resumir mensagens longas pode ser útil. Mas é mais fácil ler ou lembrar que a função de resumo está lá disponível? Por outro lado, tem coisas úteis ou divertidas que a IA das marcas pode ajudar a fazer no smartphone. Dá para apagar ou modificar partes de fotos, gerar imagens artificiais para mandar no WhatsApp e gravar e transcrever ligações telefônicas. Ou pedir para um robô de chat, como o ChatGPT ou Gemini, falar com você e descrever o ambiente ao redor. Apple, Motorola, Samsung e quase todos os fabricantes apostam em IAs próprias para dizer que são mais "espertas" que a dos concorrentes. Para complicar ainda mais a situação das marcas de celulares, os próprios robozinhos de chat por IA – ChatGPT, Gemini, Copilot e tantos outros – têm suas versões que rodam em qualquer smartphone, até mesmo os mais antigos. O Guia de Compras testou as funcionalidades de IA presentes em três celulares diferentes lançados em 2025 (iPhone 16e, Moto Razr 60 Ultra e Galaxy S25 Edge) para entender o que é legal, o que é útil e o que não é legal nelas. Apple iPhone 16e O iPhone 16e vem com a Apple Intelligence integrada ao sistema operacional do telefone e aos aplicativos da própria marca, como e-mail, mensagens, notas, Pages (editor de texto) e galeria de fotos. Mas dá para copiar e usar as informações geradas ou modificadas em outros apps, como o WhatsApp e redes sociais. A filosofia da Apple para IA é bastante parecida com a da Samsung. Ambas inseriram muitas funcionalidades similares (edição de fotos e texto, transcrições, resumos, assistentes de voz) nos seus aparelhos. O iPhone 16e é o mais barato dos três modelos avaliados. Saía por R$ 4.000 nas lojas da internet em junho. O que é legal? A função Limpeza, presente no app Fotos, serve para qualquer imagem – a foto não precisa ter sido feita pelo iPhone. Ela funciona muito bem para detalhes pequenos, como pessoas ao fundo em uma paisagem, detectando de forma automática que tem algo indesejado no local. Para remover outros itens, basta selecionar na tela e as coisas desaparecem. Montagem com a foto original (no topo, à esquerda) com edições feitas no iPhone (topo à direita), Motorola (embaixo à esquerda) e Samsung (embaixo à direita) Henrique Martin/g1 Para itens maiores – como uma mão na frente do rosto – a Limpeza não funciona direito e borra a imagem. O app Playground serve para criar imagens geradas por IA: basta descrever o que você quer ou usar uma foto como base e adicionar temas, fantasias, acessórios e lugares. Nem sempre adianta selecionar novos itens – se a IA não souber como lidar com aquilo, ela diz que não consegue. O resultado é formado por imagens com aquele “jeitão artificial” que só as IAs conseguem, mas pode ser algo divertido. Depois, é só salvar e compartilhar nas redes sociais ou no WhatsApp. Recorte do app Playground, da Apple, capaz de gerar imagens Reprodução O que é útil? A Apple Intelligence entende comandos e mostra resultados em português. Quando você escreve um texto no app de notas, por exemplo, é possível usar a IA para revisar os textos e ajustar o tom (profissional, amigável ou conciso). A IA da Apple até reescreve ou resume em tópicos toda a informação do texto. Veja na imagem abaixo: Estilos de texto da Apple Intelligence: de cima para baixo, amigável, profissional e conciso. Reprodução Nas funções de telefone e no aplicativo gravador de voz, uma ferramenta muito útil é a de gravação (de ligações ou de conversas) e transcrição automática do texto. Dá até para transcrever depois da gravação, se quiser. O ChatGPT serve como um complemento à Apple Intelligence. O robô de conversas da OpenAI está integrado à assistente digital Siri. Basta pressionar o botão de liga e desliga (ou falar “E aí, Siri?”) e fazer a pergunta. A resposta pode ser via ChatGPT ou uma busca no Google. A Inteligência Visual é uma das coisas mais interessantes para utilizar e descobrir. Não é um app, é apenas um atalho na Central de Controle do iPhone. Ao ser ativada, a função abre a câmera, com duas opções abaixo: perguntar (ao ChatGPT) ou buscar (no Google). Optando por perguntar, a resposta será a foto com uma descrição do que tem ali. Não precisa falar, é automático. Inteligência Visual no iPhone 16e: ChatGPT responde sobre planta Henrique Martin/g1 É uma função que deve ser muito útil em viagens, para entender sobre locais turísticos, ou mesmo no supermercado, para avaliar ingredientes em um produto. Ou ver o chat elogiando seu gato. É uma função similar ao Gemini Live, do Google, nos celulares com sistema Android. Só que a versão dos concorrentes perrmite "bater papo" com a IA em tempo real – com perguntas, respostas e comentários. O que não é legal? A Apple Intelligence classifica as notificações quando o iPhone está com a tela bloqueada, mas parece que não diferencia nada direito. O app Mensagens permite criar emojis personalizados com IA (chamados de Genmojis), mas não dá para compartilhar no app de mensagens mais usado pelos brasileiros (WhatsApp). Motorola Razr 60 Ultra No Moto Razr 60 Ultra, a ferramenta integrada se chama Moto AI. É um aplicativo que já veio instalado no celular dobrável e que ajuda em duas áreas principais: criatividade e produtividade. A fabricante optou por oferecer mais recursos integrados a parceiros de IA (como Meta e Perplexity.ai) em comparação com os concorrentes. O smartphone é o mais caro entre os testados, sendo vendido por R$ 10 mil nas lojas on-line em junho. O que é legal? Na parte de criatividade do Moto AI, a ferramenta de imagens (Image Studio) é bastante completa. Ela permite gerar imagens a partir de descrições em textos, criar figurinhas e avatares (a partir de fotos) e desenhar para criar ilustrações automáticas. Tudo é bem fácil de salvar e compartilhar em redes sociais e apps de mensagens. Cria umas coisas meio doidas, mas essa é a intenção, certo? Ilustrações de IA generativa feitas com o iPhone, Motorola e Samsung baseadas em fotos Reprodução O que é útil? A parte de produtividade é bastante objetiva. A ferramenta Anota Aí grava e transcreve recados para você mesmo, a Guarde para Depois salva textos, fotos e capturas para usar no futuro. Já a O que rolou? é um resumo de notificações. E a Pergunte ou Pesquise é uma central dos outros recursos e com busca universal nos apps e dados do próprio celular. Essas funções dependem muito do uso diário do celular. Conforme os dias se passam, a Moto AI aprende com a utilização e pode dar melhores respostas. Além disso, o Gemini, do Google, vem instalado e pode ser acionado pelo botão de liga-desliga do celular. A ferramenta Gemini Live, que permite abrir a câmera do aparelho e conversar com o robô, pedindo informações em tempo real, é ótima para lembrar de tarefas e itens. Numa das conversas, o pedido começou localizando itens em um quarto – onde estava a TV – e o Gemini sugeriu procurar programas para assistir. A ferramenta ainda localizou um umidificador próximo e, após o pedido, ainda deu dicas de limpeza do equipamento. Mas é uma IA de terceiros (Google) instalada no telefone. Não é algo da própria Motorola. O que não é legal? Falta um editor de fotos melhor, capaz de apagar ou gerar objetos nas imagens, como fazem os concorrentes. É preciso usar a função de apagar coisas no app Google Fotos, mas ele não é tão completo como o da Samsung ou da Apple. A função Playlist Studio da Moto AI também sofre com a limitação de parcerias. A ideia de personalizar playlists em apps de streaming de música é legal, mas só funciona para o Amazon Music. Se não tiver uma conta no serviço, não tem como usar. Samsung Galaxy S25 Edge O Galaxy S25 Edge utiliza os recursos da Galaxy AI, uma das primeiras tecnologias do tipo a chegar aos celulares – lançada em 2024 em português, com a linha Galaxy S24. Aos poucos, a fabricante adicionou novas funções à inteligência artificial, que é desenvolvida pela marca e também em parceria com o Google. O S25 Edge custava R$ 7.300 nas lojas da internet no final de junho. O que é legal? O editor de fotos com inteligência artificial complementa alguns recursos que a Samsung já oferecia em modelos antigos, como um “apagador de objetos” nas imagens. Esse editor utiliza a IA para gerar “pedaços” de imagens. Basta selecionar o recurso, desenhar com o dedo em torno do item que será modificado e mover, aumentar, reduzir ou até excluir o item. Dá também para rabiscar coisas e inseri-las nas fotos, incluindo elementos artificiais nas imagens. Acima, foto original. Abaixo, edição generativa aumentando um item da imagem feita no Samsung Henrique Martin/g1 A IA preenche, de forma automática, as partes que foram removidas ou ampliadas na imagem. Os resultados são bastante aceitáveis – mas a imagem nova ganha um selinho para dizer que foi modificada, como ocorre em todos os celulares ao gerar imagens. A câmera do Galaxy S25 Edge também utiliza recursos de IA – como ajuste automático de contraste nas fotos. Mas isso era comum em versões antigas da linha Galaxy S e A, a tecnologia já existia, mas não era chamada de inteligência artificial. A câmera ainda apresenta a função Eliminador de Ruído para vídeos. A IA consegue remover o ruído do ambiente em gravações externas, sem microfone. Outro recurso útil é a edição automática para Reels – se fizer muitos vídeos de um tema (como uma viagem ou um pet), pode pedir para a IA criar um vídeo automatizado, pronto para compartilhar. O que é útil? Algumas funções da Galaxy AI são similares ao que a Apple Intelligence faz, como ajudar com formatos e tons de texto, gravar e transcrever ligações. Permite ainda – embora com certa lentidão – traduzir idiomas em tempo real no Intérprete. O Google Gemini também está presente como no modelo da Motorola, e oferece os mesmos recursos, como o Gemini Live para informações em tempo real. Gemini Live: identificou a planta, elogiou o gato e disse que ela não é tóxica para o felino. Reprodução Um destaque, que surgiu primeiro na Samsung e agora está disponível para outras marcas, é o Circular para Buscar. Ativado com um toque na base da tela, o recurso permite fazer buscas no Google circulando palavras ou imagens, com resultados bastante rápidos. Precisa copiar a chave Pix de uma foto? Só ativar o recurso. Circular para buscar: basta tocar na base da tela, marcar o que quer procurar e o Google encontra Reprodução É algo que um app do buscador também faria, mas com a vantagem de apenas rabiscar na tela e ter uma resposta quase imediata. O que não é legal? O recurso Now Brief é um resumão de atividades físicas, sono e de saúde, previsão do tempo e compromissos do dia. Pode ser útil, mas nem todo dono de um celular da marca também tem tem acessórios dela (como smartwatches e fones de ouvido). O app Notas também consegue gerar imagens a partir de desenhos, mas os resultados são, digamos, menos criativos do que os do Image Studio da Motorola. A partir de um desenho de rabisco parecido nos dois celulares, a Motorola gerou imagens completas. O Samsung criou algo que lembra uma batata com palitos. A partir de um desenho parecido, Samsung e Motorola geraram soluções bem distintas Reprodução Conclusão Inteligência artificial no celular não é algo que todo mundo vai utilizar o tempo todo. Vale a pena para funções específicas, dependendo do que cada fabricante oferece. Então, não precisa ter exatamente o modelo mais novo por causa da IA de qualquer marca. Os apps de conversação como Gemini e ChatGPT cumprem bem a função de entender e explicar o mundo ao redor, o que é bem legal. E funcionam na maioria dos celulares mais antigos, vale ressaltar. Esta reportagem foi produzida com total independência editorial por nosso time de jornalistas e colaboradores especializados. Caso o leitor opte por adquirir algum produto a partir de links disponibilizados, a Globo poderá auferir receita por meio de parcerias comerciais. Esclarecemos que a Globo não possui qualquer controle ou responsabilidade acerca da eventual experiência de compra, mesmo que a partir dos links disponibilizados. Questionamentos ou reclamações em relação ao produto adquirido e/ou processo de compra, pagamento e entrega deverão ser direcionados diretamente ao lojista responsável. Quem são os novos fabricantes chineses que vendem celulares no Brasil?

'Indústria do sexo me recrutou quando era adolescente': como modelos de países pobres são aliciadas com promessa de dinheiro fácil


Uma mulher colombiana descreve para a BBC como foi recrutada para trabalhar com vídeos sexuais aos 17 anos e incentivada a transmitir ao vivo da escola. Keiny começou a trabalhar como modelo de webcam quando tinha 17 anos de idade. Agora, ela tem 20 anos Jorge Calle / BBC Importante: esta reportagem contém detalhes de exploração sexual que podem ser perturbadores para alguns leitores. Certa tarde, quando Isabella (nome fictício) saía da escola após o final das aulas, alguém deixou um folheto na sua mão. "Você quer ganhar dinheiro com a sua beleza?", questionava o papel. Ela conta que um estúdio procurando modelos aparentemente estava abordando estudantes adolescentes da sua região, na capital da Colômbia, Bogotá. Com 17 anos de idade e um filho de dois anos para sustentar, Isabella precisava de dinheiro desesperadamente. Por isso, ela foi até lá para saber mais. Ela conta que, quando chegou, encontrou um estúdio de sexcam, administrado por um casal em um bairro degradado da cidade. A casa tinha oito cômodos decorados como quartos de dormir. Os estúdios variam de pequenas operações de baixo custo até grandes empresas, com quartos individuais equipados com iluminação, computadores, webcams e conexão à internet. As modelos realizam atos sexuais que são transmitidos para espectadores de todo o mundo. Eles enviam mensagens e fazem pedidos por intermediários, conhecidos como monitores. Isabella conta que começou a trabalhar no dia seguinte, mesmo sendo ilegal na Colômbia que os estúdios empreguem modelos de webcam com menos de 18 anos de idade. Ela contou ao Serviço Mundial da BBC que não havia contrato por escrito, detalhando quanto ela iria receber ou quais eram os seus direitos. "Eles me puseram no streaming sem me ensinar nada", afirma ela. "Eles disseram 'aqui está a câmera, vamos lá.'" Isabella conta que o estúdio logo sugeriu que ela fizesse uma transmissão ao vivo na escola. Por isso, enquanto seus colegas de classe estudavam inglês, ela pegou silenciosamente seu celular e começou a filmar a si própria na sua carteira. Ela relembra que os espectadores começaram a pedir que ela fizesse atos sexuais específicos. Por isso, ela pediu ao professor permissão para ir ao banheiro. E, trancada em um cubículo, ela atendeu aos pedidos dos clientes. Seu professor não tinha ideia do que estava acontecendo. "Por isso, comecei a fazer aquilo em outras aulas", ela conta. "Fiquei pensando, 'é pelo meu filho, estou fazendo isso por ele'. Isso me deu força." Ativistas em Bogotá, na Colômbia, reivindicam proteção dos direitos e das modelos de webcams, com regulamentação mais rigorosa do setor BBC Contas recicladas e IDs falsas A indústria global das sexcams está em grande expansão. O número de visualizações mensais das plataformas de webcams em todo o mundo mais que triplicou desde 2017, atingindo cerca de 1,3 bilhões de visualizações em abril deste ano, segundo a empresa de análises Semrush. Estima-se que a Colômbia seja o país com mais modelos – 400 mil, ao todo, com 12 mil estúdios de sexcams, segundo a organização Fenalweb, que representa o setor de webcams adultas do país. Esses estúdios filmam e alimentam o conteúdo para as plataformas globais de webcams. Elas transmitem as imagens para milhões de espectadores pagantes de todo o mundo, que fazem pedidos, oferecem gorjetas e compram presentes para as modelos. Muitas delas trabalham nos estúdios porque, em casa, não têm privacidade, equipamento ou conexão estável à internet – principalmente quando são pobres ou jovens que moram com seus pais. Elas declararam à BBC que os estúdios costumam tentar atrair as pessoas com a promessa de ganhar dinheiro fácil, em um país onde um terço da população vive na pobreza. As modelos explicaram que, embora alguns estúdios sejam bem administrados e ofereçam apoio técnico, entre outros, os abusos pelos operadores inescrupulosos são frequentes. O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, descreveu os donos de estúdios como "senhores de escravas", que iludem mulheres e meninas, como Isabella, e as fazem acreditar que podem ganhar um bom dinheiro. As quatro maiores plataformas de webcams que transmitem material desses estúdios – BongaCams, Chaturbate, LiveJasmin e StripChat, sediadas na Europa e nos Estados Unidos – mantêm verificações que, supostamente, garantem que as pessoas que se apresentam nos vídeos tenham 18 anos ou mais. As leis da União Europeia e dos Estados Unidos proíbem a distribuição de material sexualmente explícito que envolva qualquer pessoa com menos de 18 anos. Mas as modelos contaram à BBC que é possível evitar essas verificações com muita facilidade, se um estúdio quiser empregar meninas menores de idade. Elas afirmam que uma forma de fazer isso é "reciclar" velhas contas de modelos maiores de idade que não se apresentam mais e oferecê-las a meninas mais jovens. Isabella conta que foi assim que ela conseguiu aparecer no Chaturbate e no StripChat quando tinha 17 anos. "A dona do estúdio disse que ser menor de idade não era problema", relembra Isabella, agora com 18 anos. "Ela usava a conta de outra mulher e comecei a trabalhar com aquela identidade." Outras modelos entrevistadas pela BBC também disseram que receberam IDs falsas dos estúdios. Uma delas, Keiny, afirma que isso permitiu que ela aparecesse na plataforma BongaCams quando tinha 17 anos. A representante da plataforma BongaCams na Colômbia, Milley Achinte, afirma que visita os estúdios para inspecionar as condições de trabalho BBC A representante do BongaCams na Colômbia, Milley Achinte, declarou à BBC que a plataforma não permite que menores de 18 anos se apresentem e as contas que desrespeitarem esta norma são fechadas. Achinte destacou que a plataforma verifica as IDs em um site do governo colombiano e, se uma "modelo entrar em contato conosco e soubermos que ela deixou o estúdio, nós damos a ela sua senha para que ela possa fechar a conta". Em declaração à BBC, a plataforma Chaturbate afirmou que suspendeu "categoricamente" o uso de IDs falsas e que as modelos devem apresentar regularmente imagens ao vivo de si próprias ao lado de seus documentos de identidade oficiais com foto, que são verificados digital e manualmente. A plataforma afirma que possui, "em média, um revisor a cada menos de 10 pessoas" e qualquer tentativa de reciclar contas "irá fracassar" porque "o processo de verificação de idade é contínuo, pois todas as transmissões são analisadas e verificadas constantemente". O StripChat também enviou uma declaração, afirmando que mantém "política de tolerância zero em relação às modelos menores de idade" e que as pessoas que se apresentam "devem passar por um processo rigoroso de verificação da idade". A plataforma acrescenta que sua equipe de moderação própria trabalha com serviços de verificação externos para "verificar a identidade das modelos". O site declarou que contas recicladas não podem ser usadas na plataforma e que mudanças recentes das suas normas estabelecem que a dona da conta deve estar presente em todas as transmissões. "Por isso, se uma modelo se mudar para uma nova conta para trabalhar de forma independente, a conta original ligada a elas fica inativa e não pode ser usada pelo estúdio." A plataforma LiveJasmin não respondeu ao pedido de comentários enviado pela BBC. A modelo de webcam colombiana Keiny se prepara para iniciar o streaming BBC Os espectadores 'gostam quando você parece jovem' Keiny tem agora 20 anos de idade e trabalha no quarto de casa em Medellín, na Colômbia. Ela produz streamings através de outro estúdio, que fornece acesso às grandes plataformas internacionais. Não fosse pelo equipamento de alta tecnologia – vários anéis de luz, câmera e um grande monitor –, o cenário poderia passar por um quarto de criança. Há cerca de uma dúzia de animais de pelúcia, unicórnios cor-de-rosa e ursos de brinquedo. Os espectadores "gostam muito quando você parece jovem", segundo ela. "Às vezes, acho isso problemático. Alguns clientes dizem que você age realmente como uma criança e isso não é bom." Keiny conta que começou a trabalhar no setor para ajudar financeiramente sua família, depois que seus pais decidiram se divorciar. Seu pai sabe o que ela faz e Keiny conta que ele a apoia. Analisando o que aconteceu, ela acredita que era jovem demais quando começou, aos 17 anos de idade. Mas, mesmo assim, ela não critica seus antigos empregadores. Na verdade, ela acredita que eles a ajudaram a conseguir um trabalho que, agora, rende para ela cerca de 2 mil dólares (cerca de R$ 11 mil por mês). O valor é muito superior ao salário mínimo colombiano, que é de cerca de 300 dólares (cerca de R$ 1,6 mil) mensais. "Graças a este trabalho, estou ajudando minha mãe, meu pai e minha irmã – toda a minha família", ela conta. Seu ponto de vista coincide com o dos estúdios. Alguns deles são ávidos para demonstrar que cuidam das pessoas. Visitamos um dos maiores deles, a AJ Studios. Fomos apresentados a um psicólogo próprio, contratado para oferecer apoio à saúde mental das modelos. Também fomos levados a um spa, que oferece serviços de pedicure, massagens, botox e preenchimento labial com "desconto" ou como prêmio para as "funcionárias do mês" – que podem ser pessoas com altos ganhos ou que colaboram e oferecem apoio às suas colegas. Multada por ir ao banheiro Mas, como destacou o presidente colombiano, nem todas elas são bem tratadas ou ganham muito dinheiro. E o setor aguarda para saber se a sua nova legislação trabalhista irá abrir o caminho para endurecer as regulamentações. Modelos e estúdios declararam à BBC que as plataformas de streaming costumam ficar com 50% dos valores pagos pelos espectadores. Os estúdios ficam com 20 a 30% e as modelos, com o restante. Isso significa que, se uma apresentação render 100 dólares (R$ 550), a modelo normalmente irá ganhar entre 20 e 30 dólares (R$ 110 a R$ 165). Mas elas afirmam que estúdios inescrupulosos costumam ganhar muito mais. As modelos contam que houve ocasiões em que elas se logaram para sessões de até oito horas e ganharam 5 dólares (cerca de R$ 27). Isso pode acontecer se uma apresentação não tiver muitos espectadores. Outras afirmam que foram pressionadas a permanecer no streaming por até 18 horas sem intervalos e foram multadas quando pararam para comer ou ir ao banheiro. Estes relatos coincidem com um relatório do grupo ativista Human Rights Watch, publicado em dezembro de 2024. Sua autora, Erin Kilbride, participou das pesquisas para a elaboração desta reportagem. Ela encontrou pessoas sendo filmadas em cubículos minúsculos e sujos, infestados de percevejos e baratas. Elas sofriam coerção para realizar atos sexuais que consideravam dolorosos e degradantes. Sofi conta que trabalhou para um estúdio que a pressionava para realizar atos sexuais que ela não queria fazer Jorge Calle / BBC Sofi, de Medellín, tem dois filhos. Ela foi garçonete em uma casa noturna. Cansada de ser insultada pelos clientes, ela deixou o emprego para ser modelo de webcam. A jovem de 26 anos conta que trabalhou para um estúdio que a pressionava para realizar atos sexuais dolorosos e degradantes, incluindo uma apresentação com três outras meninas. Ela explica que os clientes faziam esses pedidos, que eram aceitos pelos monitores do estúdio – funcionários empregados para agir como intermediários entre as modelos e os espectadores. Sofi conta ter dito ao estúdio que não queria praticar esses atos, "mas eles responderam que eu não tinha escolha". "Por fim, precisei fazer porque era aquilo, ou eles cancelariam minha conta", ou seja, sua conta seria efetivamente fechada, explica ela. Sofi continua trabalhando em estúdios de webcam porque, segundo ela, o salário normal na Colômbia não seria suficiente para seu sustento e dos seus dois filhos. Agora, ela está economizando para entrar na faculdade de Direito. Sofi conta que seu trabalho no setor de sexcams permite que ela sustente seus dois filhos e economize para estudar Direito BBC Erin Kilbride ressalta que a Colômbia não é o único país a enfrentar estas questões. Ela descobriu que, somadas, as quatro grandes plataformas de streaming também transmitem material de estúdios localizados em 10 outros países: África do Sul, Bulgária, Canadá, Estados Unidos, Hungria, Índia, República Checa, Romênia, Rússia e Ucrânia. Ela conta ter identificado "lacunas nas políticas e protocolos das plataformas que possibilitam ou exacerbam abusos dos direitos humanos". A BBC questionou as plataformas sobre as condições nos estúdios fornecedores de conteúdo. Miley Achinte, da plataforma BongaCams, respondeu que faz parte de uma equipe de oito mulheres que visita alguns estúdios na Colômbia, "para garantir que as modelos sejam pagas, que os quartos sejam limpos e que elas não estejam sendo violentadas". O StripChat e o Chaturbate não visitam os estúdios. Eles disseram que não são empregadores diretos das modelos e, por isso, não intervêm nas condições definidas entre elas e os estúdios. Mas as duas plataformas declararam seu compromisso com um ambiente de trabalho seguro. O StripChat destacou que espera que os estúdios garantam "condições de trabalho confortáveis e respeitosas". As plataformas BongaCams, StripChat e Chaturbate responderam que dispõem de equipes para intervir, se acreditarem que uma modelo esteja sendo forçada ou sofrendo coerção para fazer alguma coisa. 'Eles me enganaram' Depois de dois meses acordando às cinco da manhã para conciliar o streaming, a escola e os cuidados com o filho, Isabella conta que estava ansiosa para receber seu primeiro pagamento. Depois que a plataforma e o estúdio deduziram a parte deles, ela explica que recebeu apenas 174 mil pesos colombianos (42 dólares, cerca de R$ 230), muito menos do que ela esperava. Isabella acredita que o estúdio tenha pagado a ela um percentual muito abaixo do combinado e roubado a maior parte dos seus ganhos. Ela diz que o pagamento foi uma ninharia e que usou parte dele para comprar leite e fraldas. "Eles me enganaram", segundo ela. Isabella segue na escola. Ela trabalhou como modelo de webcam apenas por alguns meses e pediu demissão. O tratamento que ela afirma ter recebido com tão pouca idade a deixou profundamente traumatizada. Ela não conseguia parar de chorar e, por isso, sua mãe providenciou para que ela consultasse um psicólogo. Isabella e mais seis ex-funcionárias do estúdio se reuniram para entrar com uma queixa oficial junto à Procuradoria do Estado. Coletivamente, elas acusaram o estúdio de exploração de menores, exploração trabalhista e abuso do poder econômico. "Existem gravações de vídeo minhas online, quando era menor de idade", ela conta. Isabella diz que se sente impotente quando tenta remover os vídeos. "Me afetou muito e não quero mais pensar nisso." Com colaboração de Woody Morris. Ouça no site BBC Sounds o documentário radiofônico do Serviço Mundial da BBC e assista no YouTube ao documentário em vídeo, que deram origem a esta reportagem (ambos em inglês). A indústria das sexcams, um dos setores da pornografia que mais crescem no mundo Por que algumas pessoas se arriscam vendo pornografia durante o trabalho Como a exposição à pornografia estimula o sexismo, segundo pesquisadores

sábado, 28 de junho de 2025

Casamento de Bezos gera protestos em Veneza; moradores dizem que cidade virou 'parque dos ricos'


Na manifestação, há cartazes e notas falsas de dólar com o rosto do fundador da Amazon e uma faixa que diz 'Sem espaço para Bezos'. "Sem espaço para Bezos", diz faixa de protesto em Veneza no sábado (28) Manuel Silvestri/Reuters Neste sábado (28), o casamento do fundador da Amazon, o bilionário Jeff Bezos, com a jornalista Lauren Sánchez gerou uma série de protestos em Veneza, na Itália. Manifestantes destacam que a cidade está sendo vista como "um cenário, um palco ou um parque de diversões". A cerimônia do matrimônio, iniciada na última quinta-feira (26), atraiu celebridades para o local, como a influenciadora e empresária Kim Kardashian, a apresentadora Oprah Winfrey e os atores Leonardo DiCaprio e Orlando Bloom. Moradores de Veneza reclamam que o evento transformou a cidade em um playground particular para os ricos. Nos protestos, há cartazes e notas falsas de dólar com o rosto de Bezos, uso de sinalizadores e uma faixa que diz "Sem espaço para Bezos". Os noivos, por exemplo, hospedaram-se no luxuoso hotel Aman, onde quartos com vista para o Grande Canal custam pelo menos 4.000 euros por noite. Apesar dos protestos, empresários e políticos venezianos elogiaram a escolha do local de casamento, por supostamente incentivar a economia local. Eles consideraram os manifestantes como uma "minoria marginal". Moradores de Veneza dizem que a cidade virou 'parque de diversão' para ricos Manuel Silvestri/Reuters Jeff Bezos e Lauren Sánchez Reuters/@laurensanchezbezos via Instagram Revolta da população Manifestantes protestam contra o casamento de Bezos Manuel Silvestri/Reuters O centro histórico de Veneza tem se despovoado rapidamente — passou de 100.000 residentes há cerca de 50 anos para menos de 50.000 —, em grande parte devido aos altos custos de vida. A estudante universitária Alice Bazzoli, de 24 anos, afirmou à Reuters que a postura de Bezos de doar 3 milhões de euros para instituições de Veneza é "hipócrita". "Eu adoraria que Veneza fosse feita para os cidadãos, com moradias acessíveis, e não para turistas”, diz. Segundo Andrea Segre, cineasta italiano de 49 anos nascido na cidade, os moradores comuns estão sendo expulsos. “Pessoas entre 25 e 35 anos — a faixa etária que começa a formar famílias — não conseguem pagar para viver em Veneza. A consequência é a falta de diversidade e de vitalidade social”, afirmou. Quem é a mulher de Bezos: ela já foi apresentadora de TV e foi ao espaço com Katy Perry Foguete, jornal e IA: o que Jeff Bezos tem feito desde que deixou comando da Amazon Famosos deixam hotel em Veneza para o casamento de Jeff Bezos Jeff Bezos e Lauren Sánchez se beijam durante celebrações de casamento em Veneza AP Photo/Luca Bruno Jeff Bezos acena ao chegar à ilha de de San Giorgio, em frente à Praça de São Marcos, onde ocorreu a cerimônia de casamento em Veneza na sexta (27) Antonio Calanni/AP

Bezos divulga foto de seu casamento milionário em Veneza


Celebridades como Kim Kardashian participaram dos festejos, alvos de protestos na cidade italiana. Jeff Bezos e Lauren Sánchez Reuters/@laurensanchezbezos via Instagram O fundador da Amazon, Jeff Bezos, e a jornalista Lauren Sánchez se casaram em Veneza, na Itália, diante de convidados famosos como Kim Kardashian. A noiva divulgou uma foto da cerimônia principal nesta sexta (27). Bezos, Sánchez e diversas celebridades circulam pela cidade desde quarta-feira (25). O casal se hospedou no luxuoso hotel Aman, onde quartos com vista para o Grande Canal custam pelo menos 4.000 euros por noite. Quem é a mulher de Bezos: ela já apresentou TV, pilota helicópteros e foi ao espaço com Katy Perry Alguns moradores locais e grupos reclamam que o evento transformou a cidade em um "parque de diversões particular" para os ricos. Cartazes e notas falsas de dólar com o rosto de Bezos foram usados em protestos contra o evento. Um sósia do bilionário também teve seus minutos de fama, confundindo fãs ao posar para fotos em Veneza. Foguete, jornal e IA: o que Jeff Bezos tem feito desde que deixou comando da Amazon Jeff Bezos e Lauren Sánchez se beijam durante celebrações de casamento em Veneza AP Photo/Luca Bruno Kim Kardashian deixa o Gritti Palace Hotel, antes do casamento do fundador da Amazon, Jeff Bezos , e Lauren Sanchez REUTERS/Guglielmo Mangiapane Leonardo DiCaprio sentado em um barco, antes do casamento do fundador da Amazon, Jeff Bezos , e da jornalista Lauren Sanchez, em Veneza, Itália. REUTERS/Guglielmo Mangiapane Kendall Jenner entra em um barco, antes do casamento de Jeff Bezos e Sanchez REUTERS/Guglielmo Mangiapane. Falsas notas de dólar com o rosto de Jeff Bezos são jogadas na praça de San Marco, em protesto contra o casamento do bilionário em Veneza Yara Nardi/Reuters

IA vira aliada de pastor para criar sermões e ampliar missão da igreja


Igreja Adventista do Sétimo Dia investiu na criação de sua própria plataforma de IA e elaborou até um Código de Ética para definir os limites do uso da tecnologia. [publicar e inserir vídeo ID 13710232] Com mais de 50 sermões para preparar por ano, o pastor Jorge Miguel Rampogna encontrou uma aliada para ajudar nessa missão: a inteligência artificial. Pastor adventista desde 2001, Rampogna já chegou a ter uma pasta com recortes de jornal onde guardava histórias que poderiam ajudar com as pregações. Hoje, é versado em prompts (comandos para a execução de tarefas pela IA). "Estou fazendo um doutorado em que a minha área de estudo está sendo justamente a aplicação da inteligência artificial na missão da igreja, que é compartilhar a palavra de Deus para mais pessoas”, contou o pastor. Com o objetivo de levar a mensagem da igreja a um público maior, a Igreja Adventista do Sétimo Dia investiu na criação de sua própria plataforma de IA e elaborou até um Código de Ética para definir os limites do uso da tecnologia. ➡️ Os adventistas são uma denominação evangélica presente em mais de 200 países, conhecida por pregar a iminente volta de Jesus – o “advento”, que dá nome ao grupo. Também são conhecidos por "guardar o sábado" como dia sagrado, reservado ao descanso e à adoração. A "IA Adventista" pretende: Responder perguntas sobre a Bíblia Auxiliar pastores com esboços de sermão Ajudar na consulta a manuais da igreja "A nossa IA vai começar a responder as perguntas da mesma forma que outras inteligências artificiais, só que a base de dados de conteúdo é cristã, e especificamente adventista, né?", explicou o pastor. A Igreja Adventista do Sétimo Dia investiu na criação de sua própria plataforma de IA e elaborou até um Código de Ética para definir os limites do uso da tecnologia. Reprodução 'Máquinas não podem substituir pensamento' Apesar do auxílio dado pelas ferramentas tecnológicas, o pastor disse que se preocupa com a substituição da autonomia do pensamento por respostas fabricadas. "Máquinas não podem substituir aquilo que é um dom sagrado do ser humano, que é a capacidade do pensamento", disse Rampogna. Assim, ele reforça que para fazer os sermões com a ajuda da IA, não abre mão da pesquisa feita à moda antiga. Veja o passo a passo ao preparar um sermão: A primeira etapa é a leitura da Bíblia; Em seguida, Jorge sublinha os trechos que gostaria de destacar e toma notas em um caderno físico.; Ele passa as anotações para uma plataforma de inteligência artificial, como o ChatGPT, e pergunta se a ferramenta tem mais referências ou livros sobre aquele assunto; Com a pesquisa completa, escreve o rascunho do sermão; Recorre à IA mais uma vez, desta vez para revisar o texto escrito. "Então, [a IA] me ajuda também na edição final desse conteúdo e, a partir disso, agora sim, eu já tenho o sermão escrito", contou o pastor. Criação de imagens de santos O uso de Inteligência Artificial em atividades religiosas também chegou às equipes de comunicação das igrejas. Entre os adventistas, por exemplo, Rampogna destaca a criação de campanhas em redes sociais por igrejas locais. Entre os católicos, a Congregação Copiosa Redenção, que ficou conhecida pelas freiras do beatbox, usa a IA para criação de imagens de santos – já que são personalidades com pouco ou nenhum registro histórico. Em seu perfil nas redes sociais, a Copiosa Redenção já publicou imagens criadas digitalmente de São Matias e Santa Mônica, por exemplo. Imagem de Santa Mônica criada por inteligência artificial e divulgada pela Congregação Copiosa Redenção. Santos têm pouco ou nenhum registro histórico Reprodução/Instagram IA não deve ser 'divinizada', diz Vaticano Em um extenso texto de mais de 100 parágrafos, o Vaticano, em janeiro deste ano, falou sobre a relação entre a inteligência artificial e a inteligência humana. A Santa Sé entende a IA como algo funcional: executa tarefas de maneira eficaz sem compreender, sentir ou julgar moralmente. Já o ser humano é criado para a comunhão, não apenas para tarefas funcionais: isso o diferenciaria radicalmente da IA. O Vaticano afirmou ainda que a "idolatria tecnológica" é uma tentação moderna, mas que a tecnologia deve ser usada apenas como instrumento complementar à inteligência humana. "Não é a IA que será divinizada e adorada, mas sim o ser humano, que, dessa forma, torna-se escravo de sua própria criação", disse o texto. Brasileiros são pagos para treinar inteligência artificial a não sugerir 'beber até cair' e a falar corretamente sobre nazismo Primeira etapa para ciração de sermão é a leitura da Bíblia, diz pastor Rampogna. Inteligência artificial vem depois, como ferramenta complementar. Priscilla Du Preez via unsplash

sexta-feira, 27 de junho de 2025

Terras raras: conheça os minerais pouco conhecidos que dão poder à China na era digital


Presentes em celulares, carros elétricos e armas militares, os elementos desses compostos são estratégicos — e quase todos vêm do gigante asiático. Terras raras: o que são as matérias-primas do acordo comercial anunciado por Trump entre EUA e China As terras raras formam um grupo de 17 elementos químicos essenciais para o funcionamento de diversos produtos modernos — de smartphones e televisores a câmeras digitais e LEDs. Apesar de usados em pequenas quantidades, são insubstituíveis. O uso mais importante dessas substâncias está na fabricação de ímãs permanentes. Potentes e duráveis, esses ímãs mantêm suas propriedades magnéticas por décadas. Com eles, é possível produzir peças menores e mais leves, algo essencial para turbinas eólicas e veículos elétricos. Esses elementos também são fundamentais para a indústria de defesa. Estão presentes em aviões de caça, submarinos e equipamentos com telêmetro a laser. Justamente por essa relevância estratégica, o valor comercial é elevado. O quilo de neodímio e praseodímio — os mais usados na produção de ímãs — custa cerca de 55 euros (R$ 353). Já o de térbio pode ultrapassar 850 euros (R$ 5.460). Para comparação, o minério de ferro custa cerca de R$ 0,60 o quilo. Apesar do nome, as terras raras não são exatamente raras. Estão espalhadas por todo o mundo, mas em concentrações muito pequenas. O desafio é encontrar depósitos onde a extração seja economicamente viável. Hoje, 70% da produção global vem da China, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS). A principal mina é Bayan Obo, no norte do país. Ela reúne enormes quantidades de todos os elementos usados em ímãs permanentes e supera em larga escala depósitos como Monte Weld, na Austrália, e Kvanefjeld, na Groenlândia. 'Terras raras' são ponto-chave na geopolítica mundial, e Brasil tem potencial na área; entenda Áreas com minerais cobiçados e alvo de um acordo entre EUA e Ucrânia Monopólio chinês preocupa Ocidente Depois de extraídos, os elementos passam por processos complexos de separação e refino até se tornarem compostos utilizáveis. Essa etapa também é dominada pela China, que lidera a produção mundial de ímãs. O controle é ainda maior em relação a certos elementos. Os mais leves — com exceção de neodímio e praseodímio — são mais abundantes e fáceis de extrair. Mesmo assim, a União Europeia importa de 80% a 100% desse grupo da China. Para os elementos mais pesados, a dependência chega a 100%. Na última quinta (26), os Estados Unidos anunciaram um acordo com a China para acelerar a chegada de terras raras vindas do país asiático. O domínio chinês acendeu alertas no Ocidente. Nos últimos anos, EUA e UE começaram a formar reservas estratégicas de terras raras e outros materiais críticos. Em 2024, a União Europeia aprovou a Lei de Matérias-Primas Críticas, com metas não obrigatórias para aumentar a produção interna até 2030. O texto também cria a figura dos “projetos estratégicos” — dentro do bloco ou com aliados, como a Noruega — para facilitar acesso a financiamento e acelerar processos de aprovação. Nos Estados Unidos, o Departamento de Defesa investe desde 2020 em empresas nacionais com o objetivo de criar, até 2027, uma cadeia de fornecimento completa — da extração ao ímã final. Elementos como gálio, germânio e antimônio estão entre os mais relevantes para o país. UE e EUA também demonstram interesse em novas fontes desses minerais. Sob o governo Trump, a Ucrânia e a Groenlândia foram apontadas como potenciais fornecedoras. Ambas têm depósitos promissores, mas o acesso é difícil. Enquanto isso, o futuro do abastecimento de terras raras no Ocidente segue incerto — e no centro de disputas geopolíticas e tecnológicas. As terras raras são minerais compõem um grupo de 17 elementos químicos encontrados na natureza, Reprodução/Jornal Nacional Veja mais: Musk diz que robotáxi pode chegar às ruas ainda em junho e promete carro que vai sozinho ao dono O lavador de pratos que criou a Nvidia, a empresa mais valiosa do mundo

Quais crimes obrigam redes sociais a remover posts por conta própria


STF listou sete casos em que plataformas devem remover postagens sem precisar de ordem judicial. Elas serão responsabilizadas quando houver 'falha sistêmica' que permite circulação de conteúdo criminoso. STF amplia a responsabilidade das plataformas digitais pelo que publicam O Supremo Tribunal Federal (STF) listou na última quinta-feira (26) mais sete casos em que redes sociais devem derrubar posts criminosos por conta própria, isto é, sem precisar de ordem judicial. Até então, as plataformas só eram obrigadas a derrubar conteúdos sem ordem judicial em dois casos: posts com cenas de nudez ou atos sexuais divulgados sem autorização e violações de direitos autorais. Os ministros definiram que as plataformas serão responsabilizadas quando a Justiça entender que há uma "falha sistêmica" que permite a circulação de posts criminosos. Segundo o STF, será considerada falha sistêmica deixar de adotar medidas adequadas de prevenção e remoção de conteúdos que envolvam um dos crimes abaixo: condutas e atos antidemocráticos; crimes de terrorismo ou preparatórios de terrorismo; crimes de induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação; incitação à discriminação em razão de raça, cor, etnia, religião, procedência nacional, sexualidade ou identidade de gênero (condutas homofóbicas e transfóbicas); crimes praticados contra a mulher em razão da condição do sexo feminino, inclusive conteúdos que propagam ódio ou aversão às mulheres; crimes sexuais contra pessoas vulneráveis, pornografia infantil e crimes graves contra crianças e adolescentes; tráfico de pessoas. As plataformas também serão responsabilizadas se não derrubarem conteúdos em casos de crime, atos ilícitos e contas inautênticas a partir de notificações extrajudiciais, aquelas enviadas antes da abertura de um processo formal. As determinações surgem após o STF considerar parcialmente inconstitucional o artigo 19 do Marco Civil da Internet. O trecho diz que redes sociais só são responsáveis pela postagem de um usuário se não atenderem ordem judicial que obrigue a derrubada do conteúdo. Mas os ministros concluíram que o artigo 19 gera um estado de omissão parcial porque não garante proteção suficiente a direitos fundamentais e à democracia. Veja perguntas e respostas sobre a decisão do STF O que dizem as redes sociais sobre novas regras Para quem vale essa regra? A medida vale para provedores de aplicações de internet, como redes sociais abertas, apenas nas situações citadas na lista acima. No caso de crimes contra a honra, continua valendo o que diz o artigo 19, isto é, a plataforma só será responsabilizada se não cumprir ordem judicial para remover o conteúdo. Mas elas poderão optar por derrubá-lo mediante notificação extrajudicial. As regras não valem para serviços de e-mail, serviços cuja função principal é realizar chamadas de vídeo ou voz e aplicativos de mensagens, que seguem com a regra do artigo 19. Plataformas que funcionam como marketplaces respondem de acordo com o Código de Defesa do Consumidor. Ícones do Facebook, Messenger, Instagram, WhatsApp e X Julian Christ/Unsplash Como vai funcionar? Se uma rede social for processada pela vítima de uma postagem criminosa, a Justiça vai analisar se a plataforma adotou medidas para derrubar o conteúdo. "Não é porque alguém foi vítima de um crime de ódio ou discriminação que a rede vai ser automaticamente responsabilizada, tem que haver uma falha sistêmica", explicou Álvaro Palma de Jorge, advogado constitucionalista e professor da FGV Direito Rio. Em alguns casos listados, pode ser mais difícil concluir se o conteúdo é criminoso ou não. Isso pode dar ainda mais poder às redes sociais, avaliou Demi Getschko, diretor-presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). "Isso parece um certo contrassenso. Para combater o poder delas, você dá a elas também o direito de decidir o que é e o que não é [crime], eu acho complicado". No caso de crimes que não são considerados graves, em que as plataformas serão responsabilizadas se não atenderem notificação extrajudicial, pode haver novos problemas, disse Carlos Affonso Souza, advogado e diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS). "Agora, praticamente todo o conteúdo ilícito foi jogado nessa prateleira. Isso pode levar à remoção excessiva de conteúdos lícitos, pois as plataformas vão preferir não correr riscos", afirmou. Sósia de Bezos posa para fotos em Veneza e confunde turistas

IA no celular: o que vale a pena usar? g1 testou funções no iPhone 16e, Moto Razr 60 Ultra e Galaxy S25 Edge

Cada marca diz que as funções de inteligência artificial do seu smartphone é algo imprescindível de usar. Mas é mais comum esquecer ...