sábado, 25 de outubro de 2025

Mouse 'espião' pode ser usado para gravar conversas, diz pesquisa; entenda como isso acontece


Pessoa usando mouse de computador Jeswin Thomas/Unsplash Mouses podem ser usados por hackers para gravar tudo o que você diz perto do computador sem nem mesmo precisar de um microfone, apontou uma pesquisa da Universidade da Califórnia, em Irvine. Segundo o estudo, mouses mais avançados podem captar vibrações emitidas pela fala por meio de seus sensores ópticos e transmiti-las para terceiros, que converteriam o material em áudio. Sensores ópticos de mouses são usados para movimentar o ponteiro na tela, mas, neste caso, seriam usados como um espião capaz de ouvir conversas particulares. Hacker poderiam usá-los para captar informações confidenciais de empresas ou chantagear pessoas, por exemplo. Batizada de Mic-E-Mouse (em trocadilho com o personagem Mickey Mouse), a técnica foi aplicada em laboratório. Não há referências de que ataques desse tipo tenham sido realizados na prática. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça Veja os vídeos que estão em alta no g1 Como o WhatsApp Web virou porta de entrada para ataque hacker com foco no Brasil Ligações de números parecidos: como são feitas as chamadas adulteradas que irritam usuários Torres de vigilância em prédios monitoram todos, mas levantam dúvidas sobre uso dos dados "Sinais de áudio podem induzir vibrações sutis na superfície que são detectáveis pelo sensor óptico do mouse", diz a pesquisa. "Nossos resultados demonstram uma precisão de reconhecimento de fala de aproximadamente 42% a 61%". Os pesquisadores apontaram que hackers poderiam ouvir o que foi dito se fizessem o mouse transmitir sinais coletados e, depois, realizassem a limpeza do sinal e a conversão para áudio. Mas eles destacam que os resultados são melhores nas condições ideais, o que nem sempre pode ser reproduzido na vida real. Para funcionar como um espião, o mouse precisa: ter taxa de atualização a partir de 8 kHz (ou 8.000 Hz), isto é, comunicar sua movimentação para o computador na frequência de 8 mil vezes por segundo; ter sensor de pelo menos 20.000 DPI (pontos por polegada), que mede quantos pixels o ponteiro se desloca a cada polegada física que o mouse é movimentado – quanto mais DPIs, mais sensível o mouse é a movimentos; estar em superfícies que permitam a propagação de sinais de áudio, como mesas de madeira até 3 cm de espessura; estar parado ou com movimento mínimo, para que a captura do sensor não tenha interferências; transmitir dados para programas que fazem registros da movimentação do mouse e que poderiam ser controlados por hackers. Os mouses que podem ser alvo desse ataque são voltados para games e custam a partir de R$ 200 no Brasil. Além disso, a conversa gravada pelo dispositivo deve ter um volume adequado, de 60 a 80 decibéis, o que cobre conversas típicas no escritório ou em casa. Ataque exige tratamento de áudio Ainda segundo pesquisadores, a vibração captada pelo mouse tem baixa qualidade. Para resolver isso, hackers precisariam filtrar os sinais e convertê-los de volta em ondas sonoras. "Os ruídos têm características específicas, estão em outras frequências. Há filtros que eliminam frequências mais baixas e mais altas, tiram o chiado e ficam com os picos [de ondas sonoras]", explicou Guilherme Neves, professor de cibersegurança da faculdade Ibmec. "Esse pico é colocado em um algoritmo e será interpretado como um fonema, isto é, alguma coisa que a pessoa está falando". Os pesquisadores da Universidade da Califórnia apontaram que a possibilidade de um ataque por meio do mouse é um exemplo de como a disseminação de dispositivos de alta qualidade e baixo custo é boa para usuários, mas pode trazer riscos. "Câmeras, relógios inteligentes, carros e um mundo de sensores e dispositivos mandam informações para a nuvem e podem ser subvertidos para vazar dados. Há muitos pontos de vulnerabilidade", disse Cleórbete Santos, professor de Computação da Universidade Presbiteriana Mackenzie. "Quanto mais dispositivos colocamos ao nosso redor, mais estamos aumentando a superfície de ataque e mais poderemos ser atacados", afirmou. Ligações de números parecidos: entenda como as chamadas adulteradas são feitas

sexta-feira, 24 de outubro de 2025

Análise do cocô: novo dispositivo 'lê' suas fezes e pode ajudar na detecção de doenças


Análise do cocô: novo dispositivo 'lê' suas fezes e pode ajudar na detecção de doenças 💩 Uma empresa dos Estados Unidos lançou um dispositivo inteligente que promete analisar a saúde do cocô do usuário. O Dekoda, criado pela Kohler Health, fica acoplado ao vaso sanitário e envia para um aplicativo informações sobre o estado de saúde da pessoa. Por enquanto, o equipamento está à venda apenas nos Estados Unidos por US$ 599 (cerca de R$ 3,2 mil na cotação atual). O Dekoda tem sensores e usa algoritmos para fornecer dados sobre nível de hidratação, saúde intestinal e detecção de sangue nas fezes. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça Dekoda, dispositivo criado pela Kohler Health para analisar as fezes da pessoa. Divulgação/Dekoda "Ao estabelecer linhas de base pessoais e acompanhar tendências ao longo do tempo, o Dekoda ajuda as pessoas a tomar decisões baseadas em dados e a criar hábitos mais saudáveis", explica a Kohler Health. A companhia informa ainda que o dispositivo foi projetado para se adaptar à maioria dos vasos sanitários. No entanto, avisa que ele pode não funcionar bem em banheiros muito escuros, já que a falta de luz pode atrapalhar os sensores na hora de fazer a leitura. Na parte de segurança, o proprietário pode cadastrar outros moradores da casa, para que o Dekoda analise o cocô de mais de uma pessoa. Para ajudar na identificação de cada usuário, o aparelho vem com um leitor de impressão digital. Leitor de digital do equipamento Dekoda. Divulgação/Dekoda A Kohler Health afirma que os dados são criptografados de ponta a ponta, o que significa que nem a própria empresa tem acesso às informações dos usuários coletadas pelo equipamento. O dispositivo funciona com bateria, que precisa ser removida periodicamente para recarga. Segundo a empresa, não é necessário desacoplar o aparelho do vaso toda vez que ele precisar ser carregado — basta remover a bateria do equipamento. Os interessados, além de desembolsar US$ 599, também precisam fazer uma assinatura vinculada ao aplicativo para ter acesso a todos os dados. Usuários individuais pagam US$ 7 (cerca de R$ 38) por mês ou US$ 70 (R$ 377) por ano. Também há um plano familiar, que permite cadastrar até cinco pessoas, por US$ 13 (R$ 70) mensais ou US$ 130 (R$ 700) anuais. LEIA TAMBÉM: Como é viver nas cidades com tecnologia mais avançada do mundo Pane na Amazon 'enlouqueceu' camas inteligentes na madrugada Selo de ligação segura para combater robocalls só vai aparecer em alguns sistemas operacionais Equipamento é conectado a um app que pode exibir informações da sua saúde. Divulgação/Dekoda Torres com câmeras se espalham e levantam alerta sobre privacidade Data centers de IA podem consumir energia equivalente à de milhões de casas Como criar uma senha forte, difícil de ser violada, e proteger suas contas

Como é viver nas cidades com tecnologia mais avançada do mundo


O polo formado pelas cidades de Guangzhou (foto), Hong Kong e Shenzhen, na China, foi considerado o principal polo de inovação do mundo em 2025 Getty Images A inteligência artificial (IA) em rápida ascensão, os carros autônomos e a energia verde estão se tornando o padrão em todo o mundo. As inovações avançam mais rapidamente do que nunca. Novas invenções e suas patentes surgem em países e cidades de todo o mundo, mas alguns lugares se destacam por trazerem mais progresso do que outros. O Índice de Inovação Global 2025 (GII, na sigla em inglês), publicado anualmente pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), classifica os principais países e polos de inovação, com base em diversos critérios. Eles incluem padrões de investimento, progresso tecnológico, índices de adoção das inovações e seu impacto socioeconômico global. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça Veja os vídeos que estão em alta no g1 Coletivamente, os 100 principais polos inovadores — de São Francisco, nos Estados Unidos, até Shenzhen, na China — representam mais de 70% do capital de risco e das patentes globais. Conversamos com moradores dos cinco principais polos de inovação do mundo para descobrir como a tecnologia influencia sua vida diária e como os visitantes podem vivenciar suas ideias inovadoras — muitas vezes, antes que elas cheguem a outras partes do planeta. 1. Shenzhen-Hong Kong-Guangzhou, China A China aparece no top 10 do Índice de Inovação Global pela primeira vez em 2025. Sua ascensão se deve ao aumento do número de patentes, investimento científico e capital de risco no país. A nação asiática abriga 24 dos 100 maiores polos de inovação do relatório e o centro tecnológico de Shenzhen-Hong Kong-Guangzhou, no sul da China, ocupa o primeiro lugar. Nesta região, a tecnologia é interligada à vida diária e a inovação está incorporada à cultura. Jamie River mora em Hong Kong há três anos. Ele conta que você pode visitar um mercado de rua e encontrar vendedores usando QR-codes para pagamento, ao lado de placas com preços manuscritos. E os proprietários de pequenas lojas gerenciam seus pedidos para delivery usando três aplicativos diferentes. "A união do novo com o antigo cria esta estranha energia", explica River. "Ninguém tem medo de testar as coisas." O cartão Octopus foi lançado em Hong Kong em 1997, originalmente como método de pagamento para o transporte público. Agora, é uma solução tecnológica diária de muitas pessoas, que pode ser usada para pagar de tudo, desde máquinas de venda automática até parquímetros. Para vivenciar a inovadora tecnologia de Hong Kong, River recomenda aos visitantes pegar a barca Star Ferry à noite e assistir à Sinfonia das Luzes. A apresentação sincroniza a trilha sonora com luzes, lasers e telas de LED em 43 edifícios. Para observar a integração criativa do novo e do antigo, a antiga delegacia de polícia PMQ, agora, abriga escritórios, lojas e cafeterias. "Você verá oficinas de impressão em 3D ao lado de estúdios de caligrafia tradicional", descreve ele. A deslumbrante Sinfonia das Luzes transforma as noites do Porto de Victoria, em Hong Kong, em uma exibição coreográfica que reúne arte e tecnologia Getty Images Sede de corporações globais da área de tecnologia, como a Huawei e a Tencent, a cidade de Shenzhen se transformou de aldeia de pescadores em força motriz do setor. A mudança foi intencional. Em 1980, o governo chinês escolheu a cidade para ser sua primeira Zona Econômica Especial, oferecendo isenções e incentivos fiscais para estimular a inovação. Seu status como centro de criatividade continuou a crescer depois que Shenzhen foi nomeada Cidade Criativa da Unesco em 2008. Ela recebeu investimentos que financiariam espaços de criação, como o Laboratório Aberto de Inovação de Shenzhen. "Esta estrutura de apoio permite rápido dimensionamento e experimentação", explica Leon Huang, que mora na cidade desde 2008. "Espaços de criação como o OCT Loft e a Sociedade de Design de Shekou são disponíveis para todos, oferecendo ferramentas avançadas a preços acessíveis, incluindo ambientes de realidade virtual." "A variedade de pessoas que frequenta esses espaços, incluindo hobbyistas, estudantes e professionais de empresas de tecnologia como a Huawei e a DJI, contribui para uma atmosfera verdadeiramente inclusiva", segundo Huang. Huang sugere que os visitantes assistam a um dos elaborados shows de drones que ocorrem na Baía do Parque de Talentos de Shenzhen ou durante eventos importantes, como o Festival da Primavera e o Dia Nacional da China. A cidade estabeleceu recentemente o recorde de maior show de drones do mundo, com cerca de 12 mil aparelhos. 2. Tóquio-Yokohama, Japão Em segundo lugar no ranking, o polo de inovação Tóquio-Yokohama produz o maior percentual de depósitos de patentes internacionais do mundo. Ele representa mais de 10% dos depósitos globais. Mas o que atrai os moradores é que a tecnologia e a inovação parecem algo prático, não chamativo. "No Japão, tecnologia não é uma louca imaginação de carros voadores, como todos nós acreditávamos que seria o ano de 2050", afirma Dana Yao. Ela conheceu seu marido em Tóquio e, agora, divide seu tempo entre o Japão e os Estados Unidos. Ela conta que, ali, a tecnologia está no cartão do trem que pode ser usado nos ônibus e nas máquinas de vendas automáticas, além dos sensores de IA das lojas de conveniência, que oferecem autoatendimento e pagamento sem dinheiro. "Você encontra essas inovações pequenas, mas poderosas, em toda parte", ela conta. "É alta tecnologia, mas ainda muito humana e realmente útil." Os visitantes do museu de arte interativo teamLab Planets, em Tóquio, caminham em salas imersivas de luzes, cores e movimento Alamy Os visitantes podem vivenciar esse mundo tecnológico no Henn Na Hotel. Nele, o check-in é totalmente automatizado, alguns dos funcionários são robóticos e "camas inteligentes" ajustam a temperatura de sono ideal. Yao também recomenda viajar no trem autônomo da linha Yurikamome, na baía de Tóquio. "É totalmente automatizado e oferece vistas deslumbrantes da cidade e da Ponte do Arco-Íris", ela conta. E, para uma dose de encanto digital, o museu de arte interativo teamLab Planets oferece uma experiência de arte imersiva na tecnologia. "Salões inteiros reagem aos seus movimentos, luzes e sons", segundo Yao. "É simplesmente incrível." 3. San José-São Francisco, Estados Unidos g1 testa o Waymo, o carro autônomo do Google, nos Estados Unidos Conhecido mundialmente como Vale do Silício, o polo de inovação San José-São Francisco lidera o planeta em termos de capital de risco. Ele gera cerca de 7% de todos os negócios globais. O relatório GII também concluiu que o polo tem a maior concentração de atividade de inovação per capita do mundo. Esta densidade é que continua atraindo empreendedores e fundadores de start-ups, especialmente agora, com o aumento das oportunidades oferecidas pela IA. "Eu nunca quis morar em São Francisco até agora", conta o novo morador da cidade Ritesh Patel, fundador da empresa Ticket Fairy. "É como o boom ponto com original. Pessoas muito inteligentes estão se reunindo aqui e pessoas que saíram estão voltando." Por isso, as possibilidades de formação de redes estão em toda parte. "Você pode estar em um jantar conversando sobre os desafios que está enfrentando como fundador de uma start-up e, no minuto seguinte, alguém na mesa diz que pode ajudar", segundo Patel. "Eles enviam uma mensagem de texto e, de repente, você tem uma apresentação ou reunião com uma pessoa relevante com quem você nunca teria contato por e-mail ou pelas redes sociais. É alucinante!" Para os visitantes em São Francisco e no Vale do Silício, a questão é experimentar a tecnologia antes que ela se torne algo comum. "Você encontra tecnologia de ponta que o resto do mundo só irá conhecer daqui a seis ou 12 meses", explica Patel. Serviços de compartilhamento de viagens, como Uber e Lyft, eram largamente utilizados por aqui, antes de se tornarem empresas globais. Agora, os carros autônomos Waymo detêm parcela de mercado significativa na região e podem ser usados por qualquer pessoa que instale seu aplicativo. 4. Pequim, China No GII, a capital chinesa superou todas as demais cidades em termos de pesquisas científicas. Ela contribui com 4% dos estudos publicados em todo o mundo. Mas os moradores de Pequim afirmam que a verdadeira força da cidade é o seu equilíbrio entre a infraestrutura de alta tecnologia e suas profundas raízes culturais. "Outras 'cidades inteligentes', na verdade, se concentram no lado moderno, mas Pequim combina inovação, cultura e qualidade de vida, o que a torna, ao mesmo tempo, avançada, mas única", explica a futurista de IA Elle Farrell-Kingsley, que, atualmente, considera Pequim sua casa. Ela conta que o dia a dia da cidade é alimentado por superaplicativos como Alipay e WeChat. Ambos incluem opções de tradução, pagamentos por QR-code e delivery de alimentos. Farrell-Kingsley também afirma que a IA, particularmente o Deepseek e DouBao, estão embutidos nos serviços diários, o que facilita a tradução para os falantes de língua inglesa. Pequim combina harmoniosamente a conveniência da alta tecnologia e suas profundas tradições culturais Getty Images A única frustração é sair para viajar e verificar que os serviços não são tão harmoniosos em outros lugares. "Tudo aqui funciona tão bem que quase esquecemos como esses serviços são integrados e inovadores, até sairmos em viagem", ela conta. "Raramente observo grandes incidentes com a tecnologia e, muitas vezes, fico frustrada ou impaciente ao visitar outros países onde esses serviços não funcionam com a mesma estabilidade." Os visitantes podem vivenciar pessoalmente a avançada IA da cidade reservando o robotáxi Apollo, da Baidu. "É uma experiência incrível e empolgante, especialmente porque ele não tem volante de direção!", elogia Farrell-Kingsley. "Você simplesmente entra e o carro sai andando sozinho, o que parece futurista e surpreendentemente seguro." 5. Seul, Coreia do Sul Em quinto lugar entre os polos de inovação do GII, Seul representa 5,4% dos pedidos globais de patentes. A capital sul-coreana lidera em acordos de capital de risco na Ásia e ocupa o segundo lugar global, atrás apenas de São Francisco. Os moradores afirmam que o impulso da Coreia do Sul rumo à inovação vem da necessidade. Afinal, a quantidade de recursos naturais da pequena nação peninsular é limitada. "O país precisa competir com inovações e tecnologia", explica Chris Oberman. Ele mora em Seul desde 2024 e escreve sobre suas viagens no blog Moving Jack. "Os avós de muitas pessoas moravam na pobreza", ele conta. "Por isso, existe ainda essa enorme vontade e energia para crescer, melhorar, inovar e não ficar para trás." O rio Cheongyecheon, no centro de Seul, oferece uma ideia do design inteligente e sustentável da capital da Coreia do Sul Getty Images Grande parte da inovação e da tecnologia está incluída no dia a dia dos moradores. As casas normalmente têm portas que abrem com códigos digitais e os sistemas de pagamento sem dinheiro fazem com que você só precise levar seu celular quando sair de casa. "Chaves, cartões, minha carteira, dinheiro: posso deixar tudo em casa", segundo Oberman. Os visitantes podem conhecer a infraestrutura futurística da cidade caminhando pelo rio Cheongyecheon, uma área pública para pedestres, mas que também pode ser percorrida em ônibus elétricos autônomos. Em toda a cidade, lojas de conveniência sem caixas ficam abertas 24 horas por dia, sete dias por semana. Nelas, os clientes podem pegar seus produtos e pagar em máquinas inteligentes. Sistemas de IA acompanham o inventário e evitam roubos. Os 10 maiores polos de inovação do mundo São Paulo é a cidade latino-americana com melhor classificação no índice da OMPI, em 49° lugar Getty Images Shenzhen-Hong Kong-Guangzhou, China Tóquio-Yokohama, Japão San José-São Francisco, Estados Unidos Pequim, China Seul, Coreia do Sul Xangai-Suzhou, China Nova York, Estados Unidos Londres, Reino Unido Boston-Cambridge, Estados Unidos Los Angeles, Estados Unidos Duas cidades latino-americanas foram incluídas entre os 100 maiores polos de inovação do mundo, segundo o Índice de Inovação Global 2025 da OMPI: São Paulo aparece em 49° lugar e a Cidade do México, pela primeira vez na lista das 100 primeiras, em 79°. Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Travel.

quinta-feira, 23 de outubro de 2025

'Minha filha foi vítima de um grupo satânico online – e eu me senti impotente para ajudar'


Adolescente com celular BBC/Getty Images Aviso: o artigo contém informações que podem ser consideradas perturbadoras Quando uma menina de 14 anos começou a conversar com outros adolescentes pela internet, sua mãe não se preocupou muito. Mas, em poucas semanas, Christina (nome fictício) percebeu que o comportamento da filha havia saído do controle. A adolescente havia caído nas redes do grupo satanista de extrema direita chamado 764, formado principalmente por adolescentes e jovens que buscam fazer mal às meninas. Pelo menos quatro adolescentes britânicos foram presos em conexão com as atividades do grupo internacional, entre eles Cameron Finnigan, membro do 764, de Horsham, em West Sussex, condenado a seis anos de prisão em janeiro. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça Como ativar proteção no celular para limitar tempo e atividade do seu filho online Veja os vídeos que estão em alta no g1 Christina acredita que a filha foi alvo do grupo 764 depois de visitar uma sala de bate-papo onde as pessoas discutiam automutilação. O grupo convence as vítimas a praticar atos sexuais, se automutilar e até mesmo tentar o suicídio durante chamadas de vídeo ao vivo, enquanto seus membros assistem. Segundo Christina, um integrante do 764 ganhou a confiança de sua filha antes de manipulá-la e coagí-la. Ela relatou: "Vi minha mãe ser diagnosticada com câncer de mama em estágio quatro e lutar pela vida, e não foi tão difícil quanto ver minha filha se deteriorar". "Ela se deteriorou mais rápido e pior do que assistir alguém essencialmente morrendo de câncer." Christina disse que tirar a filha do controle do grupo 764 foi um grande desafio. "Eu ficava dizendo: 'apenas bloqueie-os, pare de falar com eles', mas eu não estava vendo o nível de influência que já existia, nem o nível de medo", contou. "Eles a esmagaram completamente para fazê-la sentir que não era absolutamente nada sem eles ou com eles." Christina e a filha estão reconstruindo a vida aos poucos, e ela diz querer que outros pais entendam o perigo que esses grupos representam. "Minha filha parou de dormir. Parou de comer", afirmou. "Como mãe, eu me sentia sozinha. Eu estava assustada, estava desamparada, sem esperança." A Agência Nacional do Crime (NCA, na sigla em inglês) considera grupos como o 764 uma das "ameaças online mais graves e sérias" com as quais lida atualmente. Rob Richardson, vice-chefe da divisão de combate ao abuso sexual infantil online da NCA, afirma que os membros desses grupos estão cada vez mais jovens e que seus crimes são pouco denunciados. "Conseguir falar com as vítimas costuma ser bastante desafiador do ponto de vista da aplicação da lei", disse Richardson. "Muitas vezes, elas não se reconhecem como vítimas, o que torna tudo ainda mais difícil. As meninas jovens são extremamente vulneráveis." O conselho aos pais é que demonstrem interesse no que elas estão fazendo na internet, usem controles parentais e, se possível, tentem ter conversas sem julgamentos." A Fundação Molly Rose, criada em memória de Molly Russell, de 14 anos, que cometeu suicídio após ser exposta a conteúdo nocivo na internet, afirma estar alarmada com o "crescimento explosivo" de grupos como o 764. Andy Burrows, CEO da fundação, disse: "Sabemos que eles estão operando abertamente em grandes plataformas que a maioria das crianças deste país usa todos os dias. Esses grupos estão na linha de frente da ameaça de suicídio e automutilação que nossos adolescentes enfrentam." A rede 764 foi fundada em 2020 por um adolescente americano, Bradley Cadenhead, então com 15 anos. Acredita-se que o nome tenha sido inspirado em parte do código postal de sua cidade natal, no Texas. Segundo a polícia, o grupo integra uma rede internacional de grupos de extrema direita que adotam o que os policiais chamam de "ideologia aceleracionista militante". Veja mais: Após vídeo de Felca, juíza alerta sobre perigo de redes sociais para crianças: 'Internet é lugar público e perigoso' Por que redes sociais têm tantos casos de exposição de crianças mesmo com sistemas de detecção Em conversas online, Finnigan — que entrou para o grupo 764 depois de a filha de Christina ter sido alvo — se gabava com outros membros de suas tentativas de induzir crianças a se machucarem. Após sua prisão, Finnigan, então com 18 anos, foi questionado pela polícia sobre o que sabia a respeito do grupo 764. Finnigan disse: "Eles extorquem pessoas com problemas raciais, de saúde mental ou que sejam mentalmente vulneráveis para que qualquer um possa realmente se aproveitar". Finnigan se declarou culpado por incentivar o suicídio e por possuir um manual de terrorismo e imagens indecentes de uma criança. Na sentença, o juiz afirmou que Finnigan representava "alto risco de causar sérios danos ao público". A polícia antiterrorismo alerta que o grupo representa uma "ameaça imensa". Desde 2009, a unidade de Combate ao Terrorismo do Sudeste do Reino Unido é responsável por coordenar a resposta regional contra o terrorismo e oferecer apoio especializado às forças policiais de Hampshire, Kent, Surrey, Sussex e do Thames Valley. A detetive superintendente Claire Finlay, chefe da unidade, disse: "O caso de Cameron Finnigan realmente expôs o controle que esses grupos online exercem. Parte do nosso trabalho é justamente fazer com que pais, responsáveis e tutores estejam mais cientes do perigo e do que os jovens estão sendo levados a fazer." No ano passado, o FBI (a polícia federal americana) emitiu um alerta sem precedentes sobre o grupo 764, afirmando que ele "usa ameaças, chantagem e manipulação para controlar as vítimas e levá-las a gravar ou transmitir ao vivo automutilações, atos sexuais explícitos e/ou suicídios". O grupo costuma buscar meninas vulneráveis nas redes sociais, sobretudo em comunidades sobre automutilação ou saúde mental. Integrantes se comunicam com elas por aplicativos de mensagens como Discord e Telegram, e frequentemente enviam material de abuso infantil com conteúdo sexual explícito. O órgão revelou ter aberto investigações contra 250 pessoas ligadas ao 764 e a outras redes online. Prisões relacionadas ao grupo já foram feitas por crimes de abuso infantil, sequestro e homicídio em pelo menos oito países, incluindo o Reino Unido. Em entrevista ao podcast Assume Nothing: Creation of a Teenage Satanist, nova série da BBC que investiga o grupo 764, o principal responsável pela investigação do caso de Cameron Finnigan afirmou temer que mais jovens sejam influenciados a cometer crimes violentos. Ele disse: "Cada vez mais pessoas que, inicialmente, se envolveram com o [764] por acharem divertido explorar pessoas vulneráveis ou fazer trotes com falsas ameaças de bomba acabam sendo radicalizadas dentro do próprio grupo". Veja mais: Regras para redes sociais: o que está em jogo na lei contra adultização e nas propostas de regulação das big techs Recomendações de como agir em casos do tipo? O governo federal brasileiro publicou uma cartilha em 2020 com orientações sobre a proteção de crianças e adolescentes na internet. "A melhor prevenção é a informação, pois ao conhecerem os reais riscos e ameaças, as crianças e os adolescentes poderão se prevenir." Há sete principais recomendações no material: Seja exemplo Controle o acesso das crianças à internet Conscientize os pequenos sobre os perigos da internetComo os pais podem ajudar na experiência e segurança digital dos filhos Mantenha um diálogo aberto com as crianças Estabeleça um tempo diário de acesso à internet Instale firewalls e antivírus Instale um programa de controle parental Onde buscar ajuda em casos de assédio, abuso ou risco de suicídio Se você ou alguém que conhece foi vítima de assédio ou abuso, na internet ou fora dela, há serviços públicos que oferecem orientação e acolhimento: O Fala.BR, plataforma da Controladoria-Geral da União (CGU), permite registrar denúncias de assédio, abuso e outras irregularidades. A Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180, do Ministério das Mulheres, fornece informações sobre direitos e indica serviços de apoio e proteção mais próximos. Em situações de emergência, é possível acionar o 190, contatar as Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (Deam) ou denunciar violações de direitos humanos pelo Disque 100. Se houver sinais de risco de suicídio ou se você perdeu alguém por suicídio, também existem canais de ajuda: O Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece atendimento gratuito e sigiloso, 24 horas por dia, pelo telefone 188, chat, e-mail ou postos de atendimento. Para jovens de 13 a 24 anos, o Pode Falar, da Unicef, oferece atendimento por chat. Em emergências, especialistas recomendam acionar o 193 (Bombeiros), o 190 (Polícia Militar) ou o 192 (Samu). Na rede pública, há atendimento gratuito nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA). Também é possível consultar o Mapa da Saúde Mental, que reúne locais de atendimento gratuito em todo o país. Quem perdeu alguém por suicídio pode procurar a Associação Brasileira dos Sobreviventes Enlutados por Suicídio (Abrases), que oferece grupos de apoio e assistência especializada. Veja mais: Como os pais podem ajudar na experiência e segurança digital dos filhos Saiba como ativar proteção para controlar tempo e atividade de crianças no celular

Apple perde ação histórica no Reino Unido por cobrança abusiva de comissões de desenvolvedores de apps


Logotipo da Apple Unsplash/ Zhiyue A Apple abusou de sua posição dominante no mercado para cobrar comissões injustas de desenvolvedores de aplicativos, decidiu um tribunal de Londres nesta quinta-feira (23). O Tribunal de Apelações de Competição (CAT, na sigla em inglês) decidiu contra a Apple após o julgamento de uma ação movida por milhões de usuários do iPhone e do iPad no Reino Unido. ➡️O CAT determinou que a Apple abusou de sua posição dominante de outubro de 2015 até o final de 2020 ao eliminar a concorrência no mercado de distribuição de aplicativos e ao “cobrar preços excessivos e injustos” como comissão dos desenvolvedores. A Apple afirmou que vai recorrer da decisão, dizendo que ela “parte de uma visão equivocada sobre a próspera e competitiva economia de aplicativos”. Veja os vídeos que estão em alta no g1 A bigecth vem enfrentando crescente pressão de reguladores nos Estados Unidos e na Europa por causa das taxas cobradas dos desenvolvedores. O valor da ação foi estimado em cerca de 1,5 bilhão de libras (US$ 2 bilhões) pelos autores do processo. ➡️Uma audiência no próximo mês vai decidir como serão calculadas as indenizações e também analisar o pedido da Apple para recorrer da decisão. A decisão desta quinta-feira ocorre após a Apple ter sido denunciada a reguladores antitruste da União Europeia por criar regras na App Store, criadas para conter o domínio das grandes empresas de tecnologia. Ação coletiva histórica Rachael Kent, acadêmica britânica que moveu o processo, argumentou que a Apple obteve “lucros exorbitantes” ao excluir toda concorrência na distribuição de aplicativos e nas compras dentro dos apps. Os advogados dela afirmaram, no início do julgamento em janeiro, que a “posição de monopólio de 100%” da Apple permitiu impor condições restritivas e comissões excessivas aos desenvolvedores, algo que a empresa negou. O CAT afirmou, em sua decisão, que os desenvolvedores foram cobrados a mais pela diferença entre uma comissão de 17,5% sobre as compras de aplicativos e a taxa cobrada pela Apple, que, segundo os advogados de Kent, normalmente era de 30%. O tribunal também concluiu que os desenvolvedores repassaram 50% dessa cobrança adicional aos consumidores. “Essa decisão ignora como a App Store ajuda os desenvolvedores a prosperar e oferece aos consumidores um local seguro e confiável para descobrir aplicativos e realizar pagamentos com segurança”, disse um porta-voz da Apple. Ações coletivas no Reino Unido O caso foi o primeiro processo coletivo contra uma gigante da tecnologia a ir a julgamento sob o regime britânico de ações coletivas, que completou 10 anos neste ano e já certificou diversos casos bilionários para julgamento, embora até agora com sucesso limitado para os consumidores. Há, no entanto, muitos outros processos aguardando julgamento, incluindo um contra o Google sobre a comissão que a empresa cobra de desenvolvedores de aplicativos para acesso à Play Store. Esse caso está previsto para começar em outubro de 2026 e será julgado juntamente com uma ação semelhante movida pela Epic Games, que também mantém litígios paralelos com a Apple nos Estados Unidos. Outras gigantes da tecnologia, incluindo Amazon e Microsoft, também enfrentam ações de grande valor no CAT. Kent afirmou em comunicado que a decisão mostra que o regime de ações coletivas do Reino Unido está funcionando e “envia uma mensagem clara: nenhuma empresa, por mais rica ou poderosa que seja, está acima da lei”.

Netflix sofre impacto bilionário por disputa tributária no Brasil; entenda


Veja os vídeos que estão em alta no g1 Uma disputa envolvendo a cobrança de impostos no Brasil chamou atenção durante a divulgação do balanço financeiro mais recente da Netflix. Na terça-feira (21), a plataforma de streaming anunciou que teve lucro de US$ 2,5 bilhões no mundo entre julho e setembro, abaixo dos US$ 3 bilhões que os analistas esperavam. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça Com isso, as ações da companhia recuaram, e o valor de mercado da Netflix passou de US$ 527 bilhões (R$ 2,8 trilhões) para US$ 494 bilhões (R$ 2,6 trilhões) no mesmo dia. A Netflix normalmente não divulga dados de quanto fatura no Brasil. Mas, desta vez, explicou a investidores que uma cobrança de impostos no país afetou seus resultados. Entenda o caso abaixo. O impacto tributário do Brasil na Netflix A empresa afirmou que o resultado veio abaixo do esperado devido a uma disputa tributária "em andamento" no país, que a obrigou a registrar uma despesa de US$ 619 milhões (cerca de R$ 3,3 bilhões) no terceiro trimestre. O caso envolve a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), um imposto cuja aplicação foi ampliada por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em agosto, afetando também outras empresas. 💰 A Cide é um tributo federal usado para regular setores da economia e financiar políticas públicas específicas. Um exemplo é a Cide-Combustíveis, cobrada sobre petróleo e derivados para bancar obras de transporte e programas ambientais. 🍿 No caso da Netflix, o impasse envolve a cobrança da Cide Royalties, conhecida também como Cide-Tecnologia — uma taxa sobre pagamentos ao exterior ligados ao uso de tecnologia. O objetivo é estimular a inovação nacional e aumentar a arrecadação. 🌎 Nos serviços de streaming, a Cide não incide sobre a assinatura em si, mas sobre a remessa de dinheiro ao exterior — ou seja, pagamentos feitos por empresas estrangeiras por serviços digitais. 🇧🇷 O imposto é cobrado desde 2001 no Brasil. Com isso, a importação de serviços e tecnologias fica sujeita a um pagamento de 10% sobre a remessa ao exterior. "O impacto acumulado dessa despesa (aproximadamente 20% referente a 2025 e o restante ao período de 2022 a 2024) reduziu nossa margem operacional em mais de cinco pontos percentuais no terceiro trimestre", afirmou a Netflix no balanço. A decisão do STF Em agosto deste ano, o STF decidiu manter a constitucionalidade da Cide sobre remessas ao exterior, abrangendo qualquer tipo de contrato, incluindo serviços administrativos e direitos autorais, e não apenas a importação de tecnologia. Por seis votos a cinco, o colegiado negou o Recurso Extraordinário (RE) 928.943, que questionava a legalidade da tributação. O julgamento no STF foi 6 a 5, com o voto vencedor do ministro Flávio Dino, prevalecendo sobre o relator inicial, Luiz Fux, que defendia uma interpretação mais restrita do tributo. “Mais do que uma questão tributária, estamos falando da defesa da soberania tecnológica do Brasil e da capacidade de desenvolver soluções para os nossos desafios", enfatizou a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, à época da decisão. "Sobretudo nesse contexto de ataques à soberania nacional e à economia do nosso país, o STF assegura um instrumento que é capaz de gerar empregos, combater as desigualdades, garantir saúde e educação, promover o desenvolvimento sustentável e criar oportunidades para nossa gente.” Segundo a pasta, o tributo é a principal fonte de financiamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), respondendo por 74% da composição do FNDCT, sendo este o principal instrumento de subsídio público da CT&I no país. Flávia Holanda Gaeta, advogada tributarista e sócia fundadora do FH Advogados, lembra que o caso da Cide não surgiu a partir da Netflix, mas sim de uma interpretação mais ampla do tributo: "Empresas que não estavam tributando a Cide — por estarem discutindo judicialmente ou se defendendo de autos de infração na via administrativa — serão prejudicadas e poderão repassar os custos para o consumidor. No entanto, muitas empresas no Brasil já pagam regularmente a Cide sobre licenças de uso, transferência de tecnologia, serviços técnicos, assistência administrativa e royalties de qualquer natureza", afirma Gaeta. "A grande discussão sempre foi sobre a interpretação do enquadramento da Cide, incluindo se seria necessário tributar importação de serviços mesmo sem transferência de tecnologia." O processo teve início em 2002, a partir de um pedido da Scania, do setor automotivo, que questionava a cobrança da Cide sobre remessas feitas à matriz da companhia na Suécia. Embora a decisão recente do STF não envolvesse a Netflix diretamente, o caso teve repercussão geral, ou seja, todas as instâncias do Judiciário devem seguir o mesmo entendimento. No caso das plataformas de streaming, como Netflix, Disney+, Amazon Prime e HBO Max, o imposto é cobrado sobre o dinheiro que a matriz recebe fora do país pelo uso de tecnologia, sistemas e conteúdos que permitem oferecer os serviços no Brasil. No caso da operação brasileira, a Netflix paga à matriz nos EUA por serviços que permitem a oferta de assinaturas de streaming aqui no país. Esse tipo de pagamento é o que passou a ser enquadrado na Cide-Tecnologia, segundo decisão do STF. O vice-presidente financeiro da empresa de streaming, Spencer Neumann, comentou que a cobrança da Cide sobre as operações da empresa é algo "único no mundo". Ele lembrou que a empresa já havia conseguido decisão favorável em instância inferior em 2022, que concluía que a Netflix não estava sujeita à Cide. "É um imposto único. Nenhum outro imposto se parece ou se comporta dessa forma em qualquer grande país em que operamos", disse Neumann. A Strima, associação que representa serviços de streaming como Disney, Globo, HBO, Netflix e Amazon, não se pronunciou até a publicação da reportagem. Custo adicional Especialistas em tributação alertam que a decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a Cide Tecnologia pode afetar fortemente as empresas — e, no caso das plataformas de streaming, até elevar o preço das assinaturas no Brasil para cobrir os custos do imposto. "Se a empresa não estava provisionando [estimando] ou recolhendo essa contribuição, ou se estava contestando judicialmente e perdeu a causa, o reconhecimento dessa dívida tributária pode, sim, gerar um impacto financeiro considerável e afetar os lucros", afirma Morvan Meirelles Costa Junior, advogado tributarista e sócio do escritório Meirelles Costa Advogados. "E isso é mais provável considerando que o mercado brasileiro é relevante para a Netflix", acrescenta. Ele também afirma que a carga tributária no Brasil é uma das mais elevadas e complexas do mundo, gerando redução de lucratividade, insegurança jurídica e altos custos de conformidade (com as leis). "A grande discussão sempre foi sobre a interpretação do enquadramento da Cide, incluindo se seria necessário tributar importação de serviços mesmo sem transferência de tecnologia." Luísa Macário, advogada tributarista e sócia do Macário Menezes Advogados, reforça que "mesmo sem desembolso imediato, a empresa precisa constituir provisões para litígios e riscos fiscais, o que impacta diretamente o lucro líquido reportado aos acionistas". Ela explica ainda que a complexidade tributária brasileira impõe custos significativos, especialmente no setor de serviços e tecnologia, e que a Reforma Tributária tende a aumentar a carga, que hoje gira em torno de 14% e pode chegar a cerca de 25% no setor de streaming. Plataformas como Disney+, Prime Video, HBO Max e Spotify devem sentir impactos semelhantes. "Se o aumento de carga tributária se confirmar com a reforma, as empresas terão de escolher entre repassar o custo ao consumidor, encarecendo as assinaturas, ou absorver parte dele, reduzindo margens de lucro", afirma. "O caso da Netflix mostra que o Brasil continua sendo um mercado relevante, mas com risco fiscal alto e tendência de aumento de tributação sobre o consumo digital", diz Macário. *Com informações da agência Reuters Netflix Reuters/Dado Ruvic

Pane global na nuvem da Amazon fez camas inteligentes travarem durante a madrugada


Nuvem da Amazon cai e derruba serviços no mundo todo A pane global na AWS, serviço de computação em nuvem da Amazon, afetou não só aplicativos populares como Canva, Duolingo, iFood e Fortnite, mas também camas inteligentes da empresa Eight Sleep, nos Estados Unidos. Nas redes sociais, usuários relataram que as camas ligaram e desligaram sozinhas, sem possibilidade de controle. Em alguns casos, elas chegaram a ficar inclinadas ou começaram a esquentar sozinhas, sem que fosse possível ajustar a posição ou a temperatura. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça Cama inteligente da Eight Sleep. Reprodução/Eight Sleep "No momento, estou tentando dormir e minha cama ficou travada no modo relaxamento. Não há como ajustá-la manualmente", escreveu um cliente na rede social X. "Parece que está ligando e desligando sozinha, e não há como pará-la ou controlá-la", relatou outro usuário. O número de reclamações fez com que o CEO da Eight Sleep, Matteo Franceschetti, se pronunciasse sobre o problema no X. "A interrupção da AWS afetou alguns de nossos usuários desde a noite passada, interrompendo seu sono. Essa não é a experiência que queremos proporcionar e quero pedir desculpas por isso", disse o executivo no dia 20 de outubro. Cama inteligente da Eight Sleep. Reprodução/Eight Sleep "Estamos restaurando todos os recursos conforme a AWS retorna. Todos os dispositivos estão funcionando, com alguns apresentando atrasos no processamento de dados", completou em seu post. Cama ajusta temperatura e reproduz sons As camas vendidas pela Eight Sleep, chamadas de Pod 5, têm controle de temperatura, elevação e podem emitir sons para melhorar a qualidade do sono. O sistema inclui um cobertor movido a energia hidráulica, conectado a uma capa inteligente que cria uma experiência térmica imersiva de cima para baixo, segundo a empresa. Essa mesma capa tem tecnologia de aquecimento e resfriamento, com temperaturas que variam de 12 °C a 43 °C. "O Pod personaliza as experiências de temperatura, elevação e despertar para que você e seu parceiro durmam do seu jeito", diz a empresa no site. Isso permite, por exemplo, que um lado da cama fique mais quente enquanto o outro permaneça mais frio. Cama Pod 5 pode ter temperatura dedicada em cada lado. Reprodução/Eight Sleep Pane no serviço de nuvem da Amazon Uma falha na Amazon Web Services (AWS), serviço de computação em nuvem da Amazon, causou instabilidade em vários sites e aplicativos por cerca de 15 horas na segunda-feira (20). Empresas como iFood, Mercado Livre e PicPay, entre muitas outras, foram afetadas. A AWS identificou às 4h11 (horário de Brasília) um problema ligado aos sistemas de banco de dados e de servidores virtuais voltados para empresas que utilizam seu serviço de nuvem. À tarde, muitos serviços ainda tiveram instabilidade, segundo o Downdetector, que monitora falhas em sites e aplicativos. A Amazon Web Services informou que "todos os serviços da AWS retornaram às operações normais" às 19h01. A AWS informou que o problema aconteceu na região US-EAST-1, como é chamado seu grupo de data centers no norte da Virgínia, nos Estados Unidos. A empresa tem 38 regiões de data centers em todo o mundo, incluindo uma no Brasil. Ataque no WhatsApp pode roubar senhas de usuários; veja como se proteger Torres com câmeras se espalham e levantam alerta sobre privacidade Data centers de IA podem consumir energia equivalente à de milhões de casas

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