quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Rússia multa Google em valor maior do que todo dinheiro que existe no mundo todo


A soma surreal é cobrada devido a restrições aplicadas pela empresa à mídia estatal russa no YouTube. Google Getty Images via BBC Um tribunal russo multou o Google em dois undecilhões de rublos — um "2" seguido de 36 zeros — por restringir canais de mídia estatais russos no YouTube. Isso é equivalente a US$ 2,5 decilhões, ou R$ 14,45 decilhões. Apesar de ser uma das empresas mais ricas do mundo, isso é consideravelmente mais do que os US$ 2 trilhões que o Google vale. Na verdade, é muito superior ao PIB total mundial, estimado pelo Fundo Monetário Internacional em US$ 110 trilhões. A multa atingiu um nível tão gigantesco porque, como destacou a agência de notícias estatal Tass, o seu valor está aumentando rapidamente e constantemente. De acordo com a Tass, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, admitiu que “não consegue nem pronunciar esse número”, mas pediu que “a administração do Google preste atenção”. A empresa não comentou publicamente nem respondeu a um pedido de declaração da BBC. Entenda o caso O veículo russo RBC relatou que a multa aplicada ao Google está relacionada à restrição de conteúdo de 17 canais de mídia russos no YouTube. Embora isto tenha começado em 2020, agravou-se após a invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia, dois anos depois. Isso fez com que a maioria das empresas ocidentais saísse da Rússia, com a realização de negócios lá também fortemente restringida por sanções. Os meios de comunicação russos também foram proibidos na Europa — o que levou a medidas de retaliação de Moscou. O casal que processou o Google — e ganhou R$ 14 bilhões Google Arnd Wiegmann/Reuters Em 2022, a subsidiária local do Google foi declarada falida, e a empresa deixou de oferecer os seus serviços comerciais na Rússia, como publicidade. Porém, seus produtos não são totalmente proibidos no país. Este desdobramento é a mais recente escalada entre a Rússia e a gigante da tecnologia dos Estados Unidos. Em maio de 2021, o regulador de mídia russo, Roskomnadzor, acusou o Google de restringir o acesso do YouTube aos meios de comunicação russos, incluindo RT e Sputnik, e de apoiar “atividades de protesto ilegais”. Então, em julho de 2022, a Rússia multou o Google em 21,1 bilhões de rublos por não restringir o acesso ao que chamou de material “proibido” sobre a guerra na Ucrânia e outros conteúdos. Praticamente não existe liberdade de imprensa na Rússia, com meios de comunicação independentes e a liberdade de expressão severamente restringidas. LEIA TAMBÉM: Quem são e quanto faturam os maiores influenciadores do mundo, segundo a Forbes Mãe diz que filho cometeu suicídio após se apegar a personagem criado por IA Meta AI começa a ser liberado no WhatsApp, mas é detonado por dar respostas erradas Como apagar histórico no Chrome e em outros serviços do Google

Acesso à internet em residências brasileiras salta de 13% para 85% em 20 anos, aponta pesquisa TIC Domicílios 2024


Dados revelam que presença da internet nos lares brasileiros se expandiu significativamente, mas desigualdades ainda persistem entre classes sociais. Acesso à internet em residências brasileiras salta de 13% para 85% em 20 anos, aponta pesquisa TIC Domicílios 2024 Alan Martins/g1 A proporção de brasileiros com acesso à internet em casa nas áreas urbanas cresceu de 13% para 85% em duas décadas. Em 2005, apenas uma em cada oito residências no país tinha conexão. Agora, 20 anos depois, sete em cada oito domicílios estão conectados. Os dados, divulgados nesta quinta-feira (31), fazem parte da pesquisa TIC Domicílios 2024, conduzida pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br). O levantamento revela que 159 milhões de pessoas acessam internet no Brasil em 2024, representando 84% da população. A TIC Domicílios também inclui o "indicador ampliado," que considera pessoas que, embora não tenham declarado uso da internet recentemente, utilizam aplicativos que exigem conexão. Nesse recorte, o número de usuários chega a 166 milhões (89%). ➡️ A pesquisa também indica que em 2024: 💻 29 milhões de pessoas no Brasil seguem sem acesso à internet, repetindo o número registrado em 2023. 📱 60% dos usuários acessaram a internet apenas pelo celular, um leve aumento em relação a 2023 (58%). 📶 Dos conectados, 73% usam Wi-Fi e redes móveis, 22% dependem apenas de Wi-Fi e 4% só de redes móveis. Entre os planos, 57% são pré-pagos, 20% pós-pagos e 18% no modelo controle. 🔍 Quanto ao uso, 32% buscaram na internet informações sobre saúde pública; 31% sobre documentos, como RG e CPF; 29% sobre impostos e taxas; e 25% sobre direitos trabalhistas e previdência. 🔒 Além disso, 52% verificaram a veracidade de informações encontradas na internet e 48% adotaram medidas de segurança para proteger dispositivos e contas. Uso da internet no Brasil em 2024 Arte/g1 Quem são os brasileiros que usam internet? As regiões Sul e Sudeste concentram os maiores índices de uso de internet, com 90% e 85%, respectivamente. A pesquisa TIC Domicílios 2024 revela que, em todo o país, 85% dos usuários são homens e 84% são mulheres, evidenciando um equilíbrio entre os gêneros. Em relação à faixa etária, os jovens de 16 a 24 anos são os mais conectados (95%), seguidos pelos brasileiros de 25 a 34 anos (92%). Por outro lado, os menos conectados são aqueles com 60 anos ou mais, representando 59%. "A forma como as pessoas acessam internet se transformou marcadamente: em 2008 usuários se conectavam à rede mais em lan houses ou em cafeterias do que em seus domicílios, e esse acesso era feito por meio de um computador", explica Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br/NIC.br. "Atualmente, quase todos se conectam de seus domicílios e a partir de um smartphone", completa. Desigualdades Apesar do crescimento no acesso à internet nos últimos 20 anos, a pesquisa destaca a desigualdade presente no país. Segundo a TIC Domicílios 2024, a conexão está disponível em 100% dos lares da classe A, mas apenas em 68% das residências das classes D e E. Atualmente, quase 30 milhões de pessoas no Brasil ainda não utilizam a internet, sendo 24 milhões delas residentes em áreas urbanas. Entre essas, aproximadamente 22 milhões têm formação até o Ensino Fundamental, e 17 milhões se identificam como pretos ou pardos. LEIA TAMBÉM: Quem são e quanto faturam os maiores influenciadores do mundo, segundo a Forbes Meta AI: o que é e como usar a nova inteligência artificial do WhatsApp, que viralizou por conta de erros 83% das crianças e adolescentes que usam internet no Brasil têm contas em redes sociais, diz pesquisa Meta AI no WhatsApp: o que é a nova ferramenta de inteligência artificial e como utilizar Quem são e quanto faturam os maiores influenciadores do mundo, segundo a Forbes DTV+: o que é TV 3.0, que oferece melhor qualidade de imagem e recursos interativos

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Como usuários do X ganham milhares de dólares espalhando fake news sobre eleição dos EUA


As contas fazem parte de redes pró-Trump e pró-Harris que compartilham o conteúdo umas das outras várias vezes ao dia. As contas fazem parte de redes pró-Trump e pró-Harris que compartilham o conteúdo umas das outras várias vezes ao dia BBC Alguns usuários do X (antigo Twitter) que passam os dias compartilhando conteúdo que inclui desinformação eleitoral, imagens geradas por inteligência artificial (IA) e teorias de conspiração infundadas dizem que estão ganhando "milhares de dólares" pela plataforma de rede social. A BBC identificou redes de dezenas de contas que compartilham o conteúdo umas das outras várias vezes ao dia — incluindo uma mistura de material verdadeiro, infundado, falso e forjado — para aumentar seu alcance e, portanto, a receita na plataforma. Vários dizem que os ganhos de suas próprias contas e de outras contas variam de algumas centenas a milhares de dólares. Eles também dizem que coordenam o compartilhamento das publicações uns dos outros em fóruns e bate-papos em grupo. "É uma forma de tentar ajudar uns aos outros", afirmou um usuário. Algumas destas redes apoiam Donald Trump, outras Kamala Harris — e algumas são independentes. Vários destes perfis — que dizem não estar ligados a campanhas oficiais — foram contatados por políticos dos EUA, incluindo candidatos ao Congresso, em busca de postagens de apoio. Em 9 de outubro, o X alterou suas regras para que os pagamentos feitos para contas certificadas com alcance significativo sejam calculados de acordo com a quantidade de engajamento de usuários premium — curtidas, compartilhamentos e comentários —, em vez do número de anúncios em suas postagens. Muitas plataformas de rede social permitem que os usuários ganhem dinheiro com suas postagens ou compartilhem conteúdo patrocinado. Mas elas geralmente têm regras que permitem desmonetizar ou suspender perfis que publicam desinformação. O X não possui diretrizes sobre desinformação nos mesmos moldes. Embora o X tenha uma base de usuários menor que a de algumas plataformas, ele tem um impacto significativo no discurso político. Isso levanta questionamentos sobre se o X está incentivando os usuários a publicar alegações provocativas, sejam elas verdadeiras ou não, em um momento altamente sensível para a política dos EUA. A BBC comparou os ganhos aproximados informados por alguns desses usuários do X com o valor que se esperaria que eles ganhassem, com base no número de visualizações, seguidores e interações com outros perfis, e concluiu que eles eram confiáveis. Entre as publicações enganosas compartilhadas por algumas destas redes de perfis, estavam alegações sobre fraude eleitoral que haviam sido refutadas pelas autoridades, e alegações extremas e infundadas de pedofilia e abuso sexual contra os candidatos à presidência e vice-presidência. Algumas postagens enganosas e falsas que se originaram no X também se espalharam para outras plataformas de rede social com um público maior, como Facebook e TikTok. Em um exemplo, um usuário do X com poucos seguidores diz que criou uma imagem adulterada que pretendia mostrar Kamala Harris trabalhando no McDonald's quando jovem. Em seguida, outros usuários divulgaram alegações sem provas de que o Partido Democrata estava manipulando imagens da sua candidata. Teorias de conspiração infundadas do X sobre a tentativa de assassinato de Donald Trump, em julho, também foram propagadas em outros sites de rede social. O X não respondeu a perguntas sobre se o site está incentivando os usuários a fazer esse tipo de publicação, nem a pedidos de entrevista com o dono da plataforma, Elon Musk. LEIA MAIS: Promotor da Filadélfia processa Musk por doação de US$ 1 milhão para eleitores Musk é acusado de ter trabalhado irregularmente nos EUA na década de 1990 Como algoritmos mudaram a maneira que interagimos 'Ficou muito mais fácil ganhar dinheiro' A base de criação de conteúdo da Freedom Uncut — onde seu fundador produz e transmite vídeos — é decorada com luzes no formato de uma bandeira americana. Free — como seus amigos o chamam — diz que é independente, mas prefere que Donald Trump se torne presidente do que Kamala Harris. Ele conta que é capaz de passar até 16 horas por dia em sua base postando no X, interagindo com a rede de dezenas de criadores de conteúdo da qual faz parte, e compartilhando fotos geradas por inteligência artificial. Ele não compartilha seu nome completo ou identidade real porque diz que as informações pessoais de sua família foram expostas online, levando a ameaças. Ele não é, de forma alguma, um dos postadores mais radicais — e concordou em se encontrar comigo para explicar como essas redes operam no X. Free diz que teve 11 milhões de visualizações nos últimos meses, desde que começou a postar regularmente sobre a eleição nos EUA. Ele mostra várias delas na tela enquanto conversamos em sua casa em Tampa, na Flórida. O homem por trás da conta Freedom Uncut diz que pode ganhar 'alguns milhares de dólares' com o X BBC Algumas são obviamente sátiras — Donald Trump parecendo um personagem do filme Matrix enquanto afasta projéteis, ou o presidente Joe Biden como um ditador. Outras imagens de IA são menos fantasiosas — incluindo a de uma pessoa no telhado de uma casa inundada enquanto caças de combate passam sobre ela, com o comentário: "Lembre-se de que os políticos não se importam com você em 5 de novembro". A imagem ecoa a alegação de Trump de que não havia "helicópteros, nenhum resgate" para as pessoas na Carolina do Norte após o furacão Helene. A alegação foi refutada pela Guarda Nacional da Carolina do Norte, que diz ter resgatado centenas de pessoas em 146 missões de voo. Freedom Uncut afirma que vê suas imagens como "arte", que despertam uma conversa. Ele diz que "não está tentando enganar ninguém", mas que pode "fazer muito mais usando IA". Desde que seu perfil foi monetizado, ele conta que pode ganhar "alguns milhares de dólares” por mês com o X: "Acho que ficou muito mais fácil para as pessoas ganharem dinheiro". Ele acrescenta que alguns usuários que ele conhece estão ganhando mais de cinco dígitos — e afirma que pode confirmar isso ao ver o alcance de suas postagens: "É nesse ponto que isso realmente se torna um trabalho". Ele diz que são as coisas "polêmicas" que tendem a ter mais visualizações — e compara isso à mídia tradicional "sensacionalista". Freedom Uncut publica imagens geradas por IA, muitas vezes satíricas, em apoio a Donald Trump ou criticando os democratas BBC Embora ele publique "coisas provocativas", ele diz que "geralmente são baseadas em alguma versão da realidade". Mas ele sugere que outros perfis que ele vê gostam de compartilhar publicações que sabem não ser verdadeiras. Isso, segundo ele, é uma "forma fácil de ganhar dinheiro". Freedom Uncut rejeita as preocupações sobre as declarações falsas que influenciam a eleição, alegando que o governo "espalha mais desinformação do que o resto da internet combinada". Ele também diz que é "muito comum" que políticos locais entrem em contato com contas como a dele no X para obter apoio. E conta que alguns deles conversaram com ele sobre a possibilidade de aparecer em suas transmissões ao vivo, e falaram com ele sobre a possibilidade dele criar para eles e compartilhar com ele, imagens de IA e artes. Será que alguma destas postagens — enganosas ou não — podem ter um impacto tangível nesta eleição? "Acho que você já está vendo isso atualmente. Acho que muito do apoio a Trump vem disso", ele diz. Na opinião de Free, há "mais confiança na mídia independente" — incluindo contas que compartilham imagens geradas por IA e desinformação —, do que em "algumas empresas de mídia tradicionais". 'Não há como chegar à verdade' No confronto direto com as contas pró-Trump descritas por Freedom Uncut, estão perfis como o de Brown Eyed Susan, que tem mais de 200 mil seguidores no X. Ela faz parte de uma rede de contas "obstinadas" que publicam conteúdo várias vezes a cada hora em apoio à candidata democrata Kamala Harris. Embora use seu primeiro nome, ela não compartilha seu sobrenome devido a ameaças e abusos que recebeu online. Falando comigo de Los Angeles, Susan diz que nunca teve a intenção de começar a ganhar dinheiro com suas postagens — ou que o alcance de sua conta "explodisse". Às vezes, ela posta e compartilha novamente mais de 100 mensagens por dia — e suas postagens individuais alcançam muitas vezes mais de 2 milhões de usuários cada. Ela diz que só ganha dinheiro com suas postagens porque recebeu um selo azul de verificação, que marca usuários da versão paga do site e algumas contas de destaque. "Eu não pedi por isso. Não posso esconder, e não posso devolver. Então cliquei em monetizar", ela me conta, estimando que pode ganhar algumas centenas de dólares por mês. Susan disse à BBC em uma videochamada que a rede de contas com as quais ela interage amplifica as postagens umas das outras para ajudar Kamala Harris a vencer a eleição BBC Além de postar sobre política, algumas de suas postagens mais virais — com mais de três milhões de visualizações — promoveram teorias da conspiração infundadas e falsas, sugerindo que a tentativa de assassinato, em julho, foi encenada por Donald Trump Ela reconhece que um membro da multidão e o atirador foram mortos, mas diz que tem dúvidas genuínas sobre o ferimento de Trump, as falhas de segurança e se o incidente foi devidamente investigado. "Não há como chegar à verdade disso. E se eles quiserem chamar de conspiratório, eles podem", diz ela. Susan também compartilha memes, alguns dos quais usam inteligência artificial, visando o candidato republicano. Vários exemplos mais convincentes fazem com que ele pareça mais velho ou doente. Ela diz que eles "ilustram sua condição atual". Outros o mostram parecendo um ditador. Ela afirma que todas as suas imagens são fakes "óbvios". Assim como Freedom Uncut, ela diz que políticos, inclusive candidatos ao Congresso, entraram em contato com ela para pedir apoio, e ela afirma que tenta "espalhar o máximo de conscientização" possível sobre eles. 'Eles querem que seja real' Após uma discussão sobre se Kamala Harris já trabalhou no McDonald's, uma imagem adulterada dela usando o uniforme da rede de fast food foi compartilhada no Facebook por seus apoiadores — e viralizou. Quando algumas contas pró-Trump perceberam que era uma foto editada de uma mulher diferente usando o uniforme, isso desencadeou acusações infundadas de que a imagem tinha vindo do próprio Partido Democrata. Uma conta chamada "The Infinite Dude" no X pareceu ser a primeira a compartilhar a imagem com a legenda: "Isso é falso". A pessoa por trás da imagem me disse que seu nome é Blake, e que ele a compartilhou isso como parte de um experimento. Seu perfil não tem tantos seguidores quanto as outras contas com as quais tenho conversado. Quando pedi evidências de que ele havia adulterado a imagem, ele me disse que tinha "os arquivos originais e os registros de data e hora de criação", mas não os compartilhou comigo, pois disse que as provas não importam. "As pessoas compartilham conteúdo não porque é real, mas porque querem que seja real. Ambos os lados fazem isso igualmente — eles apenas escolhem histórias diferentes para acreditar", diz ele. Blake diz que adulterou esta imagem para fazer parecer que Kamala Harris estava usando um uniforme do McDonald's na juventude BBC Sua fidelidade política não está clara — e ele diz que "não se trata de política". O X afirma online que sua prioridade é proteger e defender a voz do usuário. O site adiciona rótulos de mídia manipulada a alguns vídeos, áudios e imagens gerados por IA e adulterados. Também possui um recurso chamado Notas da Comunidade, que faz a verificação de fatos por meio da colaboração coletiva dos usuários. Durante a eleição no Reino Unido, o X tomou medidas sobre uma rede de contas que compartilhavam vídeos falsos que eu investiguei. Na campanha eleitoral dos EUA, no entanto, não recebi nenhuma resposta às minhas perguntas ou solicitações para entrevistar Elon Musk. Isso é importante, porque empresas de rede social como a dele podem afetar o que acontece quando os eleitores vão às urnas. LEIA MAIS: Trump x Kamala: como eleição americana pode mudar o mundo Eleições 2024 nos EUA: veja como Kamala e Trump estão nas pesquisas Eleições dos EUA 2024: o que são os estados-chave e qual a importância deles para a disputa

terça-feira, 29 de outubro de 2024

O 'serviço de emergência' no fundo do oceano que mantém a internet funcionando


99% das comunicações digitais do mundo dependem de cabos submarinos. Quando eles se rompem, isso pode significar um desastre para a internet de um país inteiro. Mas como consertar uma falha no fundo do oceano? Toda a extensão dos cabos submarinos pelo mundo seria suficiente para dar uma volta ao redor do Sol Getty Images Pouco depois das 17h do dia 18 de novembro de 1929, o chão começou a tremer. Ao longo da costa da Península de Burin, ao sul da ilha de Terra Nova, no Canadá, um terremoto de magnitude 7,2 perturbou a paz daquela noite. Inicialmente, os moradores notaram apenas alguns danos — algumas chaminés derrubadas. No mar, no entanto, uma força invisível estava se movendo. Por volta de 19h30, um tsunami de 13 metros de altura atingiu a costa da Península de Burin. No total, 28 pessoas morreram em decorrência de afogamentos ou ferimentos causados ​​pelas ondas. O terremoto foi devastador para as comunidades locais, mas também teve um efeito duradouro no mar. O abalo sísmico desencadeou um deslizamento de terra submarino. As pessoas não perceberam isso na época, sugerem os registros históricos, porque ninguém sabia que tais deslizamentos de terra subaquáticos existiam. Quando os sedimentos são agitados por terremotos e outras atividades geológicas, a água fica mais densa, gerando um fluxo descendente, como uma avalanche de neve montanha abaixo. O deslizamento de terra submarino — chamado corrente de turbidez — fluiu a mais de 1.000 km de distância do epicentro do terremoto, a uma velocidade entre 11 e 128 km/h. Embora o deslizamento de terra não tenha sido notado na época, deixou uma pista reveladora. Na sua rota, estava o que havia de mais moderno em tecnologia de comunicação da época: cabos submarinos transatlânticos. E esses cabos se romperam. Doze deles foram partidos em 28 lugares no total. Algumas das 28 rupturas aconteceram quase simultaneamente com o terremoto. Mas outras 16 ocorreram ao longo de um período muito mais longo, à medida que os cabos se rompiam um após o outro, em uma espécie de padrão misterioso de ondas, de 59 minutos após o terremoto até 13 horas e 17 minutos depois, e a mais de 500 quilômetros de distância do epicentro. Se todos tivessem sido rompidos pelo terremoto em si, os cabos teriam se rompido ao mesmo tempo — então os cientistas começaram a se perguntar: por que não se romperam? Por que se romperam um após o outro? Só em 1952 que os pesquisadores descobriram por que os cabos se romperam em sequência, ao longo de uma área tão grande e em intervalos que pareciam diminuir com a distância do epicentro. Eles descobriram que um deslizamento de terra os atingiu, e que os cabos que se rompiam traçaram seu movimento pelo fundo do mar. Até então, ninguém sabia da existência das chamadas correntes de turbidez. Como esses cabos se romperam e havia um registro do momento em que se partiram, eles ajudaram a entender os movimentos oceânicos acima e abaixo da superfície. Eles motivaram um trabalho de reparo complexo, mas também se tornaram instrumentos científicos acidentais, registrando um fenômeno natural fascinante que estava fora do alcance da vista humana. Nas décadas seguintes, à medida que a rede global de cabos de águas profundas se expandiu, seu reparo e manutenção resultaram em outras descobertas científicas surpreendentes, abrindo mundos totalmente novos, e nos permitindo espiar o fundo do mar como nunca antes, além de nos permitir comunicar em velocidade recorde. Ao mesmo tempo, nossa vida cotidiana, rendimentos, saúde e segurança também se tornaram cada vez mais dependentes da internet — e, em última análise, desta complexa rede de cabos submarinos. Mas, afinal, o que acontece quando eles se rompem? Como nossos dados trafegam Há 1,4 milhão de quilômetros de cabos de telecomunicações no fundo do mar, abrangendo todos os oceanos do planeta. Estendidos de uma extremidade à outra, estes cabos — responsáveis ​​pela transferência de 99% de todos os dados digitais — poderiam dar uma volta ao redor do Sol. Mas para algo tão importante, são surpreendentemente finos — muitas vezes, com pouco mais de 2 cm de diâmetro, ou aproximadamente a largura de uma mangueira. Uma repetição do rompimento de cabos em massa de 1929 teria impactos significativos na comunicação entre a América do Norte e a Europa. No entanto, "em grande parte, a rede global é notavelmente resistente", diz Mike Clare, consultor ambiental marinho do Comitê Internacional de Proteção de Cabos, que pesquisa os impactos de eventos extremos em sistemas submarinos. "Há de 150 a 200 casos de danos à rede global a cada ano. Portanto, se compararmos com 1,4 milhão de quilômetros, não é muito e, na maioria das vezes, quando esses danos ocorrem, eles podem ser consertados com relativa rapidez." Mas como a internet funciona com cabos tão finos e evita panes desastrosas? Os cabos submarinos têm a espessura de uma mangueira, para fácil instalação e reparo Getty Images Desde que os primeiros cabos transatlânticos foram instalados no século 19, eles têm sido expostos a eventos ambientais extremos, desde erupções vulcânicas submarinas até tufões e inundações. Mas a principal causa dos danos que sofrem não é natural. A maioria das falhas — de 70 a 80%, dependendo do lugar no mundo — está relacionada a atividades humanas acidentais, como lançar âncoras ou redes de pesca de arrasto, que acabam ficando presas nos cabos, diz Stephen Holden, chefe de manutenção da Europa, Oriente Médio e África na Global Marine, uma empresa de engenharia submarina que atua na reparação de cabos submarinos. Em geral, estes acidentes acontecem em profundidades de 200 a 300 metros (mas a pesca comercial está avançando para águas cada vez mais profundas, em alguns lugares, chegando a 1.500 metros no nordeste do Atlântico). Somente de 10% a 20% das falhas nos cabos a nível mundial estão relacionadas a ameaças naturais e, na maioria das vezes, estão relacionadas ao desgaste dos cabos em locais onde as correntes fazem com que eles resvalem contra as rochas, causando o que é chamado de "falhas de derivação", diz Holden. A ideia de que os cabos se rompem porque são mordidos por tubarões é hoje uma espécie de lenda urbana, acrescenta Clare. "Houve casos de danos causados por mordidas de tubarões, mas isso já acabou, porque a indústria dos cabos utiliza uma camada de Kevlar (tipo de fibra sintética) para reforçá-los." No entanto, os cabos devem ser mantidos finos e leves em águas mais profundas para ajudar na recuperação e no reparo. Transportar um cabo grande e pesado ao longo de milhares de metros abaixo do nível do mar colocaria uma enorme pressão sobre ele. Os cabos mais próximos da costa tendem a ser mais blindados, porque têm mais chance de serem danificados por redes de pesca e âncoras. Um exército de navios de reparo a postos Os cabos subaquáticos podem ser consertados em períodos curtos de tempo, que podem levar até duas semanas Getty Images Se uma falha for encontrada, um navio de reparo é enviado. "Todas essas embarcações estão estrategicamente posicionadas ao redor do mundo para que o trajeto entre a base e o porto seja de 10 a 12 dias", explica Mick McGovern, vice-presidente adjunto de operações marítimas da Alcatel Submarine Networks. "Você tem esse tempo para descobrir onde está a falha, carregar os cabos [e os] amplificadores de sinal" — que aumentam a força de um sinal à medida que ele trafega pelos cabos. "Em essência, quando você pensa no tamanho do sistema, não é preciso esperar muito", ele acrescenta. Embora tenha demorado nove meses para consertar o último cabo submarino danificado pelo terremoto de 1929, McGovern diz que um reparo moderno em águas profundas deve levar uma ou duas semanas, dependendo da localização e do clima. "Quando você pensa na profundidade da água e onde está, não é uma solução ruim." Isso não significa que um país inteiro vai ficar sem internet por uma semana. Muitas nações possuem mais cabos e mais largura de banda dentro desses cabos do que a quantidade mínima exigida, de modo que, se alguns forem danificados, os outros possam compensar. Isso é chamado de redundância no sistema. Devido a essa redundância, a maioria de nós nunca perceberia se um cabo submarino fosse danificado — talvez este artigo demorasse um ou dois segundos a mais para carregar do que o normal. Em eventos extremos, pode ser a única coisa que mantém um país online. O terremoto de magnitude 7 na costa de Taiwan, em 2006, rompeu dezenas de cabos no Mar do Sul da China — mas alguns permaneceram online. Muitos países possuem cabos adicionais para evitar depender da estabilidade de uma única área geográfica Getty Images Para reparar o dano, o navio utiliza um arpéu, ou gancho, para levantar e cortar o cabo, puxando uma extremidade solta até a superfície, e enrolando-a na proa com grandes tambores motorizados. A parte danificada é então arrastada até uma sala interna e analisada em busca de falhas, reparada, testada (enviando um sinal para terra firme a partir do barco), selada e, em seguida, presa a uma boia enquanto o processo é repetido na outra extremidade do cabo. Uma vez que as duas extremidades são consertadas, cada fibra óptica é emendada sob microscópio para garantir que haja uma boa conexão — e, na sequência, são vedadas com uma junta universal que é compatível com o cabo de qualquer fabricante, facilitando a vida das equipes de reparo internacionais, explica McGovern. Os cabos reparados são colocados de volta na água e, em águas mais rasas, onde pode haver mais tráfego de barcos, são enterrados em valas. Veículos subaquáticos operados remotamente (ROV, na sigla em inglês), equipados com jatos de alta potência, podem abrir trilhas no fundo do mar para a instalação dos cabos. Em águas mais profundas, o trabalho é feito por arados equipados com jatos, arrastados ao longo do leito marinho por grandes embarcações de reparo acima. Alguns arados pesam mais de 50 toneladas e, em ambientes extremos, são necessários equipamentos ainda maiores. McGovern se lembra de um trabalho no Oceano Ártico, que exigiu que um navio arrastasse um arado de 110 toneladas, capaz de enterrar cabos de 4 metros e penetrar no permafrost. Ouvidos no fundo do mar As rupturas geralmente acontecem em águas de pouca profundidade, quando os barcos ancoram em áreas onde não sabem que há cabos Getty Images A instalação e o reparo dos cabos levaram a algumas descobertas científicas surpreendentes — a princípio de forma acidental, como no caso dos cabos rompidos e do deslizamento de terra, e mais tarde, intencionalmente, quando os cientistas começaram a usar os cabos de propósito como ferramentas de pesquisa. Essas lições das profundezas do mar começaram quando os primeiros cabos transatlânticos foram instalados no século 19. Os operadores de cabos notaram que o Oceano Atlântico ficava mais raso no meio, descobrindo sem querer a cordilheira Dorsal Mesoatlântica. Hoje, os cabos de telecomunicações podem ser usados ​​como "sensores acústicos" para detectar baleias, barcos, tempestades e terremotos em alto mar. Os danos causados ​​aos cabos oferecem à indústria "uma nova compreensão fundamental sobre os perigos que existem no fundo do mar", diz Clare. "Nunca saberíamos que havia deslizamentos de terra no fundo do mar após erupções vulcânicas se não fosse pelos danos causados (nos cabos)". Em alguns lugares, as mudanças climáticas estão tornando as coisas mais desafiadoras. As inundações na África Ocidental estão causando um aumento no deságue de sedimentos dos cânions no Rio Congo, que ocorre quando grandes volumes de sedimentos fluem para um rio após uma inundação. Estes sedimentos são então despejados da foz do rio no Oceano Atlântico, e podem danificar os cabos. "Agora sabemos que devemos colocar os cabos mais longe do estuário", diz McGovern. Os cabos de águas profundas também podem ser usados ​​como instrumentos científicos Getty Images Alguns danos serão inevitáveis, preveem os especialistas. A erupção vulcânica do Hunga Tonga-Hunga Ha'apai, em 2021 e 2022, destruiu o cabo submarino de internet que conectava a nação insular de Tonga, no Pacífico, ao resto do mundo. Levou cinco semanas até a conexão com a internet voltar a funcionar totalmente, embora alguns serviços tenham sido restabelecidos após uma semana. No entanto, muitos países contam com vários cabos submarinos, o que significa que uma falha — ou até mesmo várias falhas — pode não ser percebida pelos usuários da internet, pois a rede pode recorrer a outros cabos em uma crise. "Isso realmente mostra por que é necessário haver uma diversidade geográfica das rotas de cabo", acrescenta Clare. "Especialmente no caso das ilhas pequenas, em lugares como o Pacífico Sul, onde há tempestades tropicais, terremotos e vulcões, elas são particularmente vulneráveis e, com as mudanças climáticas, diferentes áreas estão sendo afetadas de maneiras diferentes." À medida que a pesca e o transporte marítimo se tornam mais sofisticados, pode ficar mais fácil evitar danos aos cabos. O advento do sistema de identificação automática (AIS, na sigla em inglês) no transporte marítimo levou a uma redução nos danos causados pela ancoragem, diz Holden, porque algumas empresas agora oferecem um serviço em que é possível seguir um padrão definido para reduzir a velocidade e ancorar. No entanto, em regiões do mundo onde os barcos de pesca tendem a ser menos sofisticados e operados por equipes menores, os danos provocados pelas âncoras ainda acontecem. Nesses locais, uma opção é informar às pessoas onde estão os cabos, e aumentar a conscientização, afirma Clare. "É para o benefício de todos que a internet continue funcionando." g1 Explica: como funciona a internet

Condenação por roubo encenado, processo por causa de reality e coleção de cancelamentos: as tretas dos influenciadores mais famosos do mundo


MrBeast, Logan Paul e os irmãos gêmeos Stokes têm números gigantescos de seguidores, engajamento e faturamento em meio a polêmicas. Youtubers Alan e Alex Stokes em vídeo em que 'trollam' pessoas fingindo serem ladrões Reprodução Duas pessoas encapuzadas, vestidas de preto, saem correndo por ruas com sacos de onde caem notas de dinheiro. A dupla entra em um carro de aplicativo, mas o motorista se recusa a levá-las. Uma pessoa chama a polícia. Ao chegar, os policiais apontam uma arma para o motorista antes de perceber que ele não estava envolvido. A cena acima, que parece a descrição de uma fuga de criminosos, foi feita para o YouTube em 2019. Era mais uma "pegadinha" dos gêmeos idênticos Alex e Alan Stokes, então com 23 anos e quase 5 milhões de seguidores na plataforma. Eles acabaram condenados pela Justiça da Califórnia e poderiam pegar até 5 anos de prisão, mas assumiram a culpa e tiveram a pena convertida para serviço comunitário em 2021. Dali para frente, os gêmeos Stokes se tornaram ainda mais populares nas redes, acumulando 4 bilhões de visualizações. E agora aparecem em quinto lugar na lista dos maiores influencers do mundo, divulgada pela Forbes na última segunda-feira (28). Com um faturamento de US$ 20 milhões (cerca de R$ 115 milhões) em 1 ano, eles se juntam a outros influenciadores que ganham muito dinheiro, mas também causam muitas polêmicas. 'Rei' do YouTube processado por causa de reality O "campeão" da lista da Forbes há três anos seguidos é MrBeast, que também segue a linha dos vídeos de desafios, além de jogos valendo dinheiro. Com um faturamento de US$ 85 milhões (cerca de R$ 480 milhões) em 1 ano, ele é conhecido também por praticar (e filmar) filantropia, como quando deu uma casa de "gorjeta" para um entregador de pizza. Mas o dono do canal com mais inscritos (324 milhões) no YouTube está sendo processado por participantes do reality show que ele mesmo criou. Por que Mr Beast, o 'rei' do YouTube, está sendo processado por grupo de mulheres Steven Kahn O Beast Games tem 1.000 participantes e promete um prêmio de US$ 5 milhões (cerca de R$ 30 milhões) ao vencedor. Cinco mulheres que estiveram no programa afirmaram, segundo documentos do processo vistos pela BBC, que os participantes estavam "mal alimentados e exaustos", com a saúde em risco, além de imersos em um ambiente que promovia uma cultura de assédio sexual. Elas entraram com uma ação trabalhista contra a produtora do youtuber e a Amazon, que pretende exibir a atração no Prime Video, sua plataforma de streaming. Beast ainda não se pronunciou sobre a acusação. Irmãos que colecionam cancelamentos Outros dois nomes da lista dos maiores influenciadores costumam criar muita controvérsia, enquanto veem sua popularidade — e a fortuna — aumentar. Os irmãos Logan e Jake Paul ocupam a 12ª e a 13ª posições, respectivamente. Logan faturou US$ 9,8 milhões em 1 ano (cerca de R$ 55 milhões) e Jake, US$ 13,6 milhões (R$ 75 milhões), de acordo com a Forbes. Youtuber Logan Paul celebra resistência em uma luta de exibição contra Floyd Mayweather Reprodução/Instagram Logan, o mais velho, recebeu muitas críticas em 2018 após publicar no YouTube um vídeo que mostra uma pessoa morta durante uma viagem ao Japão. A gravação exibiu um corpo pendurado em uma árvore na floresta de Aokigahara, conhecida como a floresta dos suicídios. O influenciador, que apagou o material e disse que o vídeo foi um erro, ficou cerca de um mês sem publicar novos vídeos após o caso. No mesmo ano, Logan recebeu uma enxurrada de críticas por disparar uma arma de choque em ratos mortos que encontrou na sacada de casa e por tirar um peixe da água para fazer "procedimentos de ressuscitação" no animal. Em 2021, seu irmão, Jake, foi acusado de assédio sexual contra a influenciadora Justine Paradise. Segundo o jornal The Guardian, ela afirmou que foi forçada a fazer sexo oral em uma das vezes que encontrou Jake, em julho de 2019. Ele negou e disse que as alegações de Justine eram falsas. "Acusações de agressão sexual não são algo que eu ou qualquer pessoa deva encarar levianamente, mas, para ser bem claro, essa alegação contra mim é 100% falsa", disse o influenciador, à época. Nos últimos anos, os irmãos têm diversificado suas atividades, participando de lutas de boxe. Em 2022, Logan disse que Logan Paul gostaria de lutar com o humorista Whindersson Nunes, um dos maiores youtubers do Brasil. Um duelo entre Jake e Mike Tyson, previsto para junho deste ano, acabou sendo cancelado em razão de problemas médicos enfrentados pelo ex-campeão mundial. Meta AI no WhatsApp: o que é a nova ferramenta de inteligência artificial e como utilizar Entenda o que significam as tecnologias das TVs

Apostas esportivas: governo fecha convênio com empresas para coibir manipulação de resultados

Convênios foram firmados com organismos independentes focados em monitoramento e integridade. Segundo o governo federal, objetivo dos acordos é cuidar da imagem do esporte brasileiro. Câmara aprova texto que regulamenta mercado de apostas esportivas online O governo brasileiro assinou nesta terça-feira (29) um convênio com quatro organismos independentes, com atuação internacional, para coibir a manipulação de resultados no mercado de apostas esportivas. Os convênios foram firmados com as seguintes empresas de monitoramento e integridade: Genius Sports, International Betting Integrity Association (IBIA), Sport Integrity Global Alliance (Siga e Siga Latin America) e Sport Radar. "Não quero um ou outro, quero todos que se preocupam e que podem nos ajudar com uma tarefa difícil no ambiente internacional. Estado brasileiro, e outros Estados ao redor do mundo, trataram como uma atividade que precisa ser regulada, para que externalidades negativas sejam tratadas. No dia de hoje, a mais relevante a ser tratada é a manipulação de resultados", disse Regis Dudena, secretário de Prêmio e Apostas do Ministério da Fazenda. Segundo ele, esses organismos — aliando a tecnologia própria e a tecnologia desenvolvida pelo governo brasileiro, e em conjunto com trocas de informação —, vão melhorar o setor no Brasil. "Vamos aprender com o mundo. Compartilhar dados e conhecimento com esses organismos, além da formação de servidores", explicou. Giovanni Rocco Neto, secretário Nacional de Apostas Esportivas e de Desenvolvimento Econômico do Esporte do Ministério do Esporte, disse que a grande preocupação do governo é cuidar da imagem do esporte brasileiro. "Temos preocupação com a imagem e com a integridade do esporte. Temos de ser rápidos e eficientes na punição e apuração de eventuais eventos de manipulação de resultados, não só no futebol. A gente tem uma preocupação com esportes de auto rendimento, de esporte individual, tênis, judô, boxe. Que, na prática, são mais fáceis de serem manipulados", acrescentou Giovanni Rocco Neto, do Ministério do Esporte. Os representantes das empresas destacaram a importância dos acordos firmados. Veja o que eles dizem: "Temos 160 parceiros ao redor do mundo, com os quais compartilhamos dados e tecnologia para coibir manipulação e fraude. Esporte sem credibilidade afeta não só atletas, apostadores e profissionais que precisam do esporte para sobreviver", disse João Amaral, representante da Genius Sports. Sérgio Floris, da Sport Radar, disse acreditar que o Brasil vai deixar a liderança de um ranking mundial de manipulação de resultados compilado pela empresa. "Isso não quer dizer que a luta acaba, mas é uma forma de mostrar trabalho sério que o governo e as organizações vêm fazendo", acrescentou. Graham Tidey, da International Betting Integrity Association, avaliou que essa parceria é essencial. A informou que IBIA monitora 125 marcas, e mais de US$ 300 bilhões, sendo a maior entidade de monitoramento independente do mundo. Manoel de Medeiros, Sport Integrity Global Alliance (Siga e Siga Latin America), estimou que as apostas esportivas somam de US$ 3 trilhões a US$ 5 trilhões por ano no mundo. "O governo do brasil encarou de frente um problema de contornos extremamente complexos e de impacto bastante significativo", declarou.

Homem que criou e vendeu deepfakes pornográficas de crianças pega 18 anos de prisão no Reino Unido


Decisão foi considerada um marco histórico por autoridades locais; entenda o que é deepfake e veja dicas para identificar a prática. Hugh Nelson foi condenado a 18 anos de prisão por usar inteligência artificial apra criar imagens pornográficas de crianças. Divulgação/Serviço de Promotoria da Coroa do Reino Unido Hugh Nelson, um homem de 27 anos, foi condenado a 18 anos de prisão no Reino Unido por usar inteligência artificial (IA) para criar imagens pornográficas de crianças e vendê-las em grupos de bate-papo na internet. A decisão foi divulgada nesta segunda-feira (27) pela Promotoria da Coroa do Reino Unido (CPS, na sigla em inglês) e foi considerada histórica por autoridades inglesas. Segundo Jeanette Smith, promotora especialista da Unidade de Abuso Sexual Infantil Organizado do CPS, a decisão mostra que a lei se aplica tanto a fotografias reais quanto às geradas por IA. Nelson, estudante de design gráfico, admitiu à polícia que, ao longo de 18 meses, ganhou 5.000 libras (equivalente a cerca de R$ 37 mil na cotação do dia 28 de outubro) com a venda on-line de imagens adulteradas de crianças de cunho sexual. Ele se declarou culpado de 16 crimes de abuso sexual infantil, incluindo o incentivou ao estupro de crianças em salas de conversação na internet. Um marco para as próximas decisões Jen Tattersall, chefe da equipe de investigação de abuso infantil on-line da polícia de Manchester (cidade na Inglaterra), afirma que esse caso é emblemático e mostra a importância dos investigadores se adaptarem aos novos tipos de crimes praticados pela internet. “Nelson é um homem extremamente perigoso que pensou que poderia escapar do que estava fazendo usando tecnologia moderna. Ele estava errado e agora sentiu toda a força da lei por suas ações", disse Tattersall em comunicado divulgado pela CPS. Já Carly Baines, detetive da polícia de Manchester, destaca que esse é um dos primeiros casos nesse âmbito e representa um "marco" para as próximas decisões. “Embora as imagens criadas e distribuídas neste caso tenham sido geradas por computador e não sejam imagens de abuso infantil no sentido tradicional, comportamentos dessa natureza não serão tolerados”, disse Baines. ➡️ Mas o que deepfake significa? O que é deepfake e como ele é usado para distorcer realidade Deepfake é uma técnica que permite alterar um vídeo ou foto com ajuda de inteligência artificial (IA). Por meio dessa prática, por exemplo, é possível trocar o rosto de uma pessoa que está em vídeo pelo de outra ou mudar o que ela está falando. O material falso é criado a partir de conteúdos verdadeiros que são modificados por meio de aplicativos ou programas de edição que já existem no mercado. Um dos usos mais preocupantes dessas ferramentas é justamente a criação de vídeos pornográficos com o rosto de outras pessoas. Em 2020, um relatório da empresa Sensity indicou que nudes falsos de mais de 100 mil mulheres estavam sendo compartilhados na internet. 👀​ É possível reconhecer um deepfake? Embora seja desafiador, existem algumas pistas que podem ajudar a identificar uma deepfake, segundo o especialista em IA Tiago Almeida informou em uma entrevista em abril ao g1. Confira: Procure por inconsistências no vídeo ou na imagem, como movimentos não naturais, piscadas estranhas ou expressões faciais desalinhadas. "Métodos de criação de deepfake frequentemente têm dificuldades em criar detalhes como movimentos dos olhos, sincronização labial ou como a luz e as sombras são representadas no rosto", explica; Caso a suspeita caia sobre um vídeo, o usuário pode prestar atenção no áudio, pois as vozes podem, muitas vezes, soarem robóticas ou com entonações que não são naturais; Use softwares projetados para detectar deepfakes, pois eles analisam as "impressões digitais" deixadas pelo conteúdo manipulado; Verifique as informações com fontes confiáveis caso algo pareça muito chocante ou incomum. Veja mais: Pornografia deepfake se espalha por escolas da Coreia do Sul e vítimas são jovens estudantes Como inteligência artificial criou 'nudes' falsos de mais de 100 mil mulheres compartilhados em redes Deepfake: Sete adolescentes são responsabilizados por manipulação de imagens em Maceió 'Deepfake ao vivo': tecnologia que muda rosto e voz em videochamada já existe na vida real Golpistas recorrem ao "deepfake" pra enganar quem usa a internet e as redes socais

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

Quem são e quanto faturam os maiores influenciadores do mundo, segundo a 'Forbes'


Youtuber MrBeast, que liderou o ranking, faturou cerca de R$ 485 milhões em um ano; entre as mulheres, a tiktoker Charli D'Amelio foi a melhor colocada, ocupando a quarta posição. Os maiores influencers do mundo em 2024, segundo a Forbes: (da esq para dir) Mr Beast, Dhar Mann, Charli D'Amelio e os gêmeos Stoke Divulgação/Reprodução redes sociais Apresentadora de podcast sobre sexualidade, youtuber que compartilha desafios, ex-engenheiro da NASA e gêmeos idênticos que pregam "pegadinhas" são algumas das personalidades presentes na Top Creators, lista que elenca os maiores influenciadores do mundo, divulgada nesta segunda-feira (28) pelas revista Forbes. Para definir o ranking, a "Forbes" considerou o faturamento estimado em 1 ano, o número de seguidores, o engajamento (curtidas, comentários e compartilhamentos divididos pela quantidade de seguidores) e os negócios comerciais de cada influenciador. O youtuber MrBeast foi o primeiro colocado da lista. Em 1 ano, o youtuber faturou US$ 85 milhões (o equivalente a R$ 485 milhões, na cotação de 28 de outubro). Em junho deste ano, o canal de MrBeast se tornou o que tem o maior números de inscritos do YouTube. Por que Mr Beast, o 'rei' do YouTube, está sendo processado por grupo de mulheres A maioria dos participantes da lista é dos Estados Unidos – não há nenhum brasileiro no ranking. ​💰​ Juntos, os 50 principais faturaram quase US$ 720 milhões em 1 ano (cerca de R$ 4 bilhões) e US$ 20 milhões (R$ 114 milhões) a mais do que em 2023. Conheça abaixo os 10 maiores influenciadores de 2024: 1) Mr Beast 💰 Faturamento estimado: US$ 85 milhões (R$ 485 milhões, na cotação de 28 de outubro) 👤 Nº de seguidores: 503 milhões 👍 Engajamento: 2.38% Jimmy Donaldson (o nome verdadeiro de MrBeast) é um americano de 26 anos que costuma publicar vídeos com desafios, como passar horas na Antártica, ou jogos valendo dinheiro. Mas nem todos se encaixam nestas categorias: um vídeos recente superou as 150 milhões de visualizações ao mostrar um trem caindo em um buraco. Jimmy Donaldson, conhecido como MrBeast Richard Shotwell/Invision/AP O YouTube é a rede onde ele é mais conhecido. Quando se torno o maior canal em número de inscritos, em junho, tinha 270 milhões. Esse número já subiu para 324 milhões até agora. MrBeast ganhou destaque por investir parte do que ganha em vídeos ultracaros: alguns chegam a custar milhões para serem produzidos. Em junho de 2023, ele disse a um podcast que reinveste "cada centavo que ganha", segundo relatou à BBC. É essa abordagem de conteúdo que pode começar a explicar por que o YouTuber americano atrai um público tão gigante — o que permite aumentar cada vez mais as apostas que ele faz. 2) Dhar Mann 💰 Faturamento estimado: US$ 45 milhões de dólares (R$ 257 milhões, na cotação de 28 de outubro) 👤 Nº de seguidores: 120 milhões 👍 Engajamento: 0,33% Dhar Mann faz conteúdos sobre bullying, racismo e desigualdade junto com uma equipe de mais de 150 pessoas, descreve a Forbes. Nas redes, ele também mostra sua família, com duas filhas. O influenciador, filho de imigrantes indianos, produz curtas-metragens roteirizados com atores. Seu faturamento vem de parcerias com o WhatsApp, a Universal, entre outras marcas, além de anúncios no Google. Mann também tem uma marca de produtos de beleza chamada LiveGlam. Dhar Mann, o segundo maior influencer do mundo em 2024, segundo a Forbes Instagram 3) Matt Rife Matt Rife, o terceiro maior influencer do mundo em 2024, segundo a Forbes Instagram 💰 Faturamento estimado: US$ 50 milhões de dólares (R$ 285 milhões, na cotação de 28 de outubro) 👤 Nº de seguidores: 30.4 milhões 👍 Engajamento: 3% O humorista Matt Rife tem levado multidões aos seus shows de stand-up. Ele viralizou no TikTok in 2022 e tem dois especiais de comédia no Netflix. No primeiro, "Natural Selection", foi criticado por uma piada sobre violência doméstica, segundo a Forbes. 4) Charli D’Amelio 💰 Faturamento estimado: US$ 23,5 milhões de dólares (R$ 134 milhões, na cotação de 28 de outubro) 👤 Nº de seguidores: 213.5 milhões 👍 Engajamento: 0,27% A americana de 20 anos ganhou fama com dancinhas no TikTok – algumas delas com sua irmã Dixie D'Amelio, a sexta colocada no ranking. Na lista, Charli só perde em seguidores para o campeão, MrBeast. Charli D'Amelio Vianney Le Caer/Invision/AP A tiktoker fundou com a família uma empresa para administrar contratos de publicidade e gerenciar suas marcas, que vão de produtos de skin care a calçados. 5) Gêmeos Stokes (Stokes Twins) 💰 Faturamento estimado: US$ 20 milhões de dólares (R$ 114 milhões, na cotação de 28 de outubro) 👤 Nº de seguidores: 113.7 milhões 👍 Engajamento: 3.09% Famosos pelos vídeos de "pegadinhas" e desafios, os gêmeos idênticos Alex e Alan Stokes têm um dos canais que mais crescem no YouTube, descreve a Forbes. Eles não apareceram na lista dos top criadores em 2023. Somando com a audiência em outras redes, como o TikTok, os irmãos já acumulam mais de 4 bilhões de visualizações nas redes. Em 2020, foram condenados por "pegadinhas" de roubo a banco, onde fingiram ser ladrões. Correndo risco de serem presos, assumiram o crime e acabaram tendo a pena reduzida para 160 horas de serviço comunitário. Youtubers Alan e Alex Stokes em vídeo em que 'trollam' pessoas fingindo serem ladrões Reprodução Em um desses vídeos, policiais chegaram a apontar armas para o motorista de Uber que levava os irmãos sem saber o que estava acontecendo. 6) Dixie D’Amelio 💰 Faturamento estimado: US$ 14,6 milhões de dólares (R$ 83 milhões, na cotação de 28 de outubro) 👤 Nº de seguidores: 87 milhões 👍 Engajamento: 1.88% Dixie D'Amelio saltou da 18ª posição no ranking em 2023 para a sexta, pouco atrás da irmã mais nova, Charli. Ela ficou dançando em vídeos com Charli ou fazendo palhaçadinhas na frente do celular, descreveu o g1, que entrevistou a tiktoker em 2021. Na época, Dixie vinha se arriscando como cantora. Seu single "Be Happy" já foi ouvido 100 milhões de vezes no Spotify. Dixie D'Amelio, a influenciadora de 80 milhões de fãs que quer ir do TikTok aos palcos Mas a Forbes atribui sua relevância pela identificação com o ramo da moda. Aos 23 anos, Dixie tem parcerias com grifes como Chopard, Ferragamo, Louis Vuitton e Valentino. Ela e a irmã também estão à frente de uma linha de calçados que leva o sobrenome delas. 7) Mark Rober 💰 Faturamento estimado: US$ 25 milhões (R$ 143 milhões na cotação de 28 de outubro) 👤 Nº de seguidores: 61.9 milhões 👍 Engajamento: 2.09% O ex-engenheiro da Nasa Mark Rober é o mais velho entre os top 10 da lista, com 44 anos. No ano passado, ele era apenas o 29º colocado. A Forbes destaca que ele praticamente dobrou o número de inscritos em seu canal no YouTube neste ano, saltando de 30 milhões para mais de 57 milhões. Os vídeos de Rober focam em ciência e os testes chamam a atenção pelas propostas inusitadas, como saber se ácido pode ser mais destrutivo do que lava. Ele também tem parceria com o canal Discovery. Mark Rober Instagram Além de monetizar vídeos, ele fatura com a venda de produtos por assinatura sobre os temas, para crianças e adultos. 8) Alex Cooper 💰 Faturamento estimado: US$ 22 milhões (R$ 125,6 milhões na cotação de 28 de outubro) 👤 Nº de seguidores: 5.7 milhões 👍 Engajamento: 6.5% Alexandra Cooper é a apresentadora do podcast sobre sexo e relacionamento Call Her Daddy. Segundo a Forbes, Alex transformou o produto de comunicação em um gigante de mídia multifacetado. Em um dos episódios de 2023 ela entrevistou Anitta. Nos últimos anos, Cooper fechou um acordo de US$ 60 milhões com o Spotify; mais recentemente, ela fechou um novo contrato ainda mais recheado (de US$ 125 milhões), para levar seus programas de áudio para o SiriusXM, serviço de streaming de áudio dos EUA. Alex Cooper Instagram 9) Rhett & Link 💰 Faturamento estimado: US$ 36 milhões (R$ 205,5 milhões na cotação de 28 de outubro) 👤 Nº de seguidores: 14.3 milhões 👍 Engajamento: 0.25% Os dois influenciadores afirmam ser melhores amigos desde 1984 e estão no YouTube desde 2006. Eles começaram com esquetes de humor no Youtube e, hoje, também produzem outros tipos de programas na plataforma. Em um dos canais, eles provam diferentes tipos de comida, testam produtos, reproduzem virais das redes sociais e convidam famosos para participarem de jogos. Além disso, eles têm um podcast e uma loja que vende produtos relacionados ao seu canal no Youtube. Rhett McLaughlin e Link Neal Richard Shotwell/Invision/AP 10) Khaby Lame 💰 Faturamento estimado: US$ 20 milhões (R$ 114 milhões na cotação de 28 de outubro) 👤 Nº de seguidores: 255 milhões 👍 Engajamento: 0.25% Luva de Pedreiro e Khaby Lame Reprodução/Redes Sociais Segundo a Forbes, Khaby é a pessoa mais seguida no TikTok, com 163 milhões de seguidores apenas nessa rede social. Ele ficou famoso por produzir vídeos de comédia, onde reage a memes e tendências que viralizaram nas redes sociais. Khaby não costuma falar em seus conteúdos, mas conquistou o público com seus gestos e expressões engraçadas. Em 2022, ele chegou a gravar, na Itália, com o influenciador brasileiro Luva de Pedreiro, que bancou o visitante intrometido que atrapalha a rotina do italiano. O resultado da brincadeira é um vídeo em que o baiano é expulso da casa em uma encenação com direito a pulos na cama, roubo de comida e espuma de xampu espalhada pelo chão. Como pano de fundo, é claro, o bordão inesquecível: "Receba!" Confira a lista completa dos 50 maiores influenciadores de 2024 abaixo: Veja mais: Por que os jovens estão deixando de usar aplicativos de relacionamento?

Os maiores influenciadores do mundo em 2024, segundo a Forbes


MrBeast mantém liderança no ranking, com faturamento estimado equivalente a R$ 485 milhões em um ano, de acordo com o levantamento. Por que Mr Beast, o 'rei' do YouTube, está sendo processado por grupo de mulheres Steven Kahn O youtuber MrBeast segue como o maior influenciador do mundo, segundo levantamento Top Creators, divulgado nesta segunda-feira (28) pela revista Forbes. O criador de conteúdo teve faturamento estimado em US$ 85 milhões (o equivalente a R$ 485 milhões) na cotação de 28 de outubro em 1 ano. Ele também liderou a lista em 2023. Em junho deste ano, seu canal se tornou o que tem o maior números de inscritos do YouTube ao alcançar 270 milhões. Esse número já subiu para 324 milhões (saiba mais sobre o youtuber ao fim da reportagem). Veja abaixo a lista dos 10 maiores influenciadores. A maioria é dos Estados Unidos – não há nenhum brasileiro no ranking. Juntos, os 50 principais faturaram quase US$ 720 milhões em 1 ano (cerca de R$ 4 bilhões) e US$ 20 milhões (R$ 114 milhões) a mais do que em 2023. Por que Mr Beast, o 'rei' do YouTube, está sendo processado por grupo de mulheres A tiktoker Charli D'Amelio também continua sendo a mulher mais bem colocada, ocupando a quarta posição neste ano, uma acima da que teve em 2023. Ela só perde para Mr.Beast em número de seguidores, mas fatura menos que os primeiros colocados. Para definir os maiores criadores, a "Forbes" considerou o faturamento estimado em 1 ano, o número de seguidores, o engajamento (curtidas, comentários e compartilhamentos divididos pela quantidade de seguidores) e os negócios comerciais de cada influenciador. Maiores influencers em 2024 1) Mr Beast Faturamento: US$ 85 milhões Seguidores: 503 milhões Jimmy Donaldson, conhecido como MrBeast Richard Shotwell/Invision/AP 2) Dhar Mann Faturamento: US$ 45 milhões Seguidores: 120 milhões Dhar Mann, o segundo maior influencer do mundo em 2024, segundo a Forbes Instagram 3) Matt Rife Faturamento: US$ 50 milhões Seguidores: 30,4 milhões Matt Rife, o terceiro maior influencer do mundo em 2024, segundo a Forbes Instagram 4) Charli D’Amelio Faturamento: US$ 23,5 milhões Seguidores: 213,5 milhões Charli D'Amelio Vianney Le Caer/Invision/AP 5) Gêmeos Stokes (Stokes Twins) Faturamento: US$ 20 milhões Seguidores: 113,7 milhões Youtubers Alan e Alex Stokes em vídeo em que 'trollam' pessoas fingindo serem ladrões Reprodução 6) Dixie D’Amelio Faturamento: US$ 14,6 milhões Seguidores: 87 milhões Dixie D'Amelio Divulgação/Steven Gomillion 7) Mark Rober Faturamento: US$ 25 milhões Seguidores: 61,9 milhões Mark Rober Instagram 8) Alex Cooper Faturamento: US$ 22 milhões Seguidores: 5,7 milhões Alex Cooper Instagram 9) Rhett & Link Faturamento: US$ 36 milhões Seguidores: 14,3 milhões Rhett McLaughlin e Link Neal Richard Shotwell/Invision/AP 10) Khaby Lame Faturamento: US$ 20 milhões Seguidores: 255 milhões Luva de Pedreiro e Khaby Lame Reprodução/Redes Sociais Quem é MrBeast MrBeast, o youtuber mais popular do mundo Getty Images MrBeast (seu nome verdadeiro é Jimmy Donaldson) é um americano de 26 anos que costuma publicar vídeos com desafios, como passar horas na Antártica, ou jogos valendo dinheiro. Mas nem todos se encaixam nestas categorias: um vídeos recente superou as 150 milhões de visualizações ao mostrar um trem caindo em um buraco. O YouTube é a rede onde ele é mais conhecido. Ele ganhou destaque por investir parte do que ganha em vídeos ultracaros: alguns chegam a custar milhões para serem produzidos. Em junho de 2023, ele disse a um podcast que reinveste "cada centavo que ganha", segundo relatou à BBC. É essa abordagem de conteúdo que pode começar a explicar por que o YouTuber americano atrai um público tão gigante — o que permite aumentar cada vez mais as apostas que ele faz.

O casal que processou o Google — e ganhou R$ 14 bilhões


Shivaun Raff e seu marido, Adam, descrevem a longa batalha judicial que tiveram com a gigante da tecnologia Google. Shivaun and Adam Raff Reprodução/BBC "O Google essencialmente nos fez desaparecer da internet." Dias de lançamento são igualmente emocionantes e aterrorizantes para muitos fundadores de empresas que vão estrear no mercado. Mas provavelmente esse dia nunca será pior do que o vivenciado por Shivaun Raff e seu marido, Adam. Era junho de 2006 e o casal estava prestes a lançar o Foundem, um ​​site pioneiro de comparação de preços. No projeto, eles sacrificaram empregos bem pagos e construíram a plataforma do zero. Eles não sabiam na época, mas aquele dia — e os dias que se seguiram — marcariam o começo do fim da empresa. Isso porque o Foundem foi atingido por uma penalidade de pesquisa do Google, provocada por um dos filtros automáticos de spam do mecanismo de pesquisa. Isso empurrou o site para baixo nas listas de resultados de pesquisa para consultas relevantes com esse mercado, como "comparação de preços" e "comparação de compras". Isso significava que o site do casal, que cobrava uma taxa quando os clientes clicavam em listas de produtos de outros sites, sofreu para ganhar algum dinheiro. "Estávamos monitorando nossas páginas e como elas estavam sendo classificadas [no sistema do Google]. Então vimos todas elas despencarem quase imediatamente", diz Adam. Embora o dia do lançamento do Foundem não tenha saído como planejado, ele seria o gatilho de outra coisa: uma batalha jurídica de 15 anos que culminou em uma multa recorde de € 2,4 bilhões (R$ 14,7 bi, na cotação do dia 27 de outubro) para o Google, que foi condenado por ter abusado de seu domínio de mercado. O processo é visto como um dos momentos mais marcantes na regulamentação global das grandes empresas de tecnologia. O Google passou sete anos resistindo à condenação, expedida em junho de 2017. Porém, em setembro deste ano, o Tribunal de Justiça Europeu rejeitou todos os recursos da companhia. Em entrevista ao programa The Bottom Line, da BBC Radio 4, Shivaun e Adam explicaram que, a princípio, eles pensaram que o início vacilante do site tinha sido simplesmente um erro. LEIA MAIS: Mãe diz que filho cometeu suicídio após se apegar a personagem criado por IA e processa startup e Google nos EUA Google lança Android 15 para o público geral; veja as principais novidades EUA consideram desmembrar Google em caso histórico "No começo, pensamos que isso seria um dano colateral", diz Shivaun, de 55 anos. "Nós apenas presumimos que tínhamos que escalar a plataforma para o lugar certo e essa penalização seria anulada." "Se o tráfego para o seu site for negado, você não tem um negócio", acrescenta Adam, de 58 anos. O casal enviou ao Google inúmeras solicitações para que a restrição automática fosse suspensa, mas, cerca de dois anos depois, nada havia mudado e eles relatam que não receberam nenhuma resposta. Enquanto isso, o site aparecia normalmente em outros mecanismos de busca. No entanto, isso realmente não importava, de acordo com Shivaun, já que "todo mundo usa o Google". O casal descobriria mais tarde que o site deles não era o único a ter sido colocado em desvantagem pelo Google — quando a gigante da tecnologia foi considerada culpada e multada em 2017, havia cerca de outras 20 queixas, que incluíam Kelkoo, Trivago e Yelp. Adam, que construiu uma carreira em na área da computação, diz que teve o "momento eureka" para criar a Foundem enquanto fumava um cigarro do lado de fora do escritório de seu antigo empregador. Na época, os sites de comparação de preços davam os primeiros passos, e cada um focava apenas num produto específico. Mas o Foundem era diferente, porque permitia que os clientes comparassem uma grande variedade de produtos — de roupas a passagens aéreas. "Ninguém mais chegou perto dessa ideia", sorri Shivaun, que foi consultora de software para várias grandes marcas globais. Durante o julgamento realizado em 2017, a Comissão Europeia concluiu que o Google havia promovido ilegalmente seu próprio serviço de comparação de compras nos resultados de pesquisa, enquanto rebaixava as plataformas criadas por concorrentes. Dez anos antes disso, porém — quando o Foundem foi lançado — Adam diz que não tinha motivos para supor que o Google estava sendo deliberadamente anticompetitivo em relação às compras online. "Eles não eram realmente competidores sérios nesse setor", avalia ele. No final de 2008, o casal começou a suspeitar de um jogo sujo. Faltavam três semanas para o Natal e a dupla recebeu uma mensagem que avisava que o site havia ficado lento e não carregava adequadamente. Eles pensaram que se tratava de um ataque cibernético, "mas na verdade era só que todo mundo tinha começado a visitar o Foundem", lembra Adam. À época, o programa The Gadget Show, do Channel 5, um dos canais da televisão britânica, tinha acabado de nomear o Foundem como o melhor site de comparação de preços do Reino Unido. "E isso foi muito importante", explica Shivaun, "porque então entramos em contato com o Google e dissemos, olha, certamente [esse bloqueio] não está beneficiando seus usuários e torna impossível para eles nos encontrarem". "Não fomos ignorados, mas recebemos uma resposta do Google no estilo 'saia daqui, vá procurar o que fazer'." "Nesse momento decidimos que precisávamos lutar", diz Adam. O casal foi à imprensa, com sucesso limitado, e levou a reclamação aos órgãos reguladores de Reino Unido, Estados Unidos e Bruxelas, na Bélgica. Foi neste último local — onde fica a Comissão Europeia (CE) — que o caso finalmente decolou, com o lançamento de uma investigação antitruste a partir de novembro de 2010. "Uma das coisas que eles nos disseram foi que, se esse era um problema sistêmico, por que éramos as primeiras pessoas que chegavam até lá", lembra Shivaun. "Dissemos que não tínhamos 100% de certeza, mas suspeitávamos que as pessoas estavam com medo, porque todas as empresas na internet dependem essencialmente do Google para a força vital que vem do tráfego." Google Getty Images 'Não gostamos de valentões' O casal estava em um quarto de hotel em Bruxelas, a apenas algumas centenas de metros do prédio da Comissão Europeia, quando a comissária de concorrência Margarethe Vestager finalmente anunciou o veredicto que eles e outros sites de compras esperavam. Mas não houve estouro de rolhas de champanhe. O foco deles então se voltou para garantir que a comissão colocasse a decisão em prática. "Acho que foi uma pena para o Google o que eles fizeram conosco", diz Shivaun. "Nós fomos criados sob a ilusão de que podemos fazer a diferença, e realmente não gostamos de valentões." Nem mesmo a derrota final do Google no caso no mês passado significou o fim do processo para o casal. Eles acreditam que a conduta do Google continua anticompetitiva e a Comissão Europeia segue investigando o caso. Em março deste ano, sob a nova Lei de Mercados Digitais, a comissão abriu uma investigação sobre a empresa controladora do Google, a Alphabet, para verificar se ela continua a dar preferência a seus próprios produtos e serviços nos resultados de pesquisa. Meta AI no WhatsApp: o que é a nova ferramenta de inteligência artificial e como utilizar Um porta-voz do Google afirmou: "O julgamento do Tribunal Europeu de Justiça [em 2024] se refere apenas à forma como mostramos os resultados dos produtos de 2008 a 2017." "As mudanças que fizemos em 2017 para cumprir com a decisão da Comissão Europeia funcionaram com sucesso por mais de sete anos, gerando bilhões de cliques para mais de 800 serviços de comparação de compras." "Por esse motivo, continuamos a contestar fortemente as alegações feitas pela Foundem e o faremos quando o caso for considerado pelos tribunais." O casal que criou a Foundem também busca uma ação de danos civis contra o Google, que deve começar a ser julgada no primeiro semestre de 2026. Mas quando, ou se, uma vitória final se concretizar, provavelmente ela virá com um gosto amargo — eles foram forçados a fechar a Foundem em 2016. A longa luta contra o Google também tem sido exaustiva para eles. "Acho que se soubéssemos que levaria tantos anos, talvez não tivéssemos feito a mesma escolha", admite Adam. Por que os jovens estão deixando de usar aplicativos de relacionamento?

domingo, 27 de outubro de 2024

Musk é acusado de ter trabalhado irregularmente nos EUA na década de 1990; bilionário nega


Reportagem do jornal Washington Post publicada no sábado (26) diz que Musk chegou aos EUA com visto de estudante para cursar uma pós-graduação, mas que abandonou o curso para abrir uma startup. Postagem de Elon Musk que faz alusão a uma 'guerra civil' gerou revolta no Reino Unido Reuters/Via BBC O empresário bilionário sul-africano Elon Musk trabalhou ilegalmente nos Estados Unidos durante um breve período na década de 1990 enquanto criava uma startup , informou o jornal americano Washington Post no sábado (26). Musk negou a reportagem no domingo (27), dizendo que ele tinha permissão para trabalhar legalmente nos EUA durante esse período. "Eu estava com um visto J-1 que fez a transição para um H1-B", ele disse em sua plataforma de mídia social X. O visto J-1 Exchange Visitor permite que estudantes estrangeiros obtenham treinamento acadêmico nos EUA, enquanto o visto H1-B é para emprego temporário. O veículo de notícias relatou que Musk chegou a Palo Alto, Califórnia, em 1995 para cursar a Universidade Stanford, mas nunca se matriculou em seu programa de pós-graduação lá. Em vez disso, ele desenvolveu a empresa de software Zip2, que foi vendida em 1999 por cerca de US$ 300 milhões, de acordo com o veículo. Dois especialistas em leis de imigração citados pelo Post disseram que Musk precisaria estar matriculado em um curso completo para manter uma autorização de trabalho válida como estudante. Musk disse em um podcast de 2020 citado pelo Post: "Eu estava legalmente lá, mas eu deveria estar fazendo trabalho de estudante. Eu tinha permissão para fazer trabalho de apoio a qualquer coisa." O Washington Post citou dois ex-colegas de Musk que se lembravam de Musk ter recebido sua autorização de trabalho nos EUA por volta de 1997. Musk apoiou o candidato presidencial republicano Donald Trump na eleição de 5 de novembro nos EUA, na qual o ex-presidente enfrenta a vice-presidente democrata Kamala Harris, em uma disputa que as pesquisas mostram ser acirrada. Trump tem retratado migrantes como invasores e criminosos há anos, e durante sua presidência (2017 a 2021) tomou medidas rigorosas para coibir a migração legal e ilegal. Ele está prometendo o maior esforço de deportação da história dos EUA se for reeleito. Veja mais: Musk sorteará US$ 1 milhão por dia a eleitores na Pensilvânia em apoio a Trump Rumo a Marte: quais os planos da SpaceX depois do teste de sucesso com a maior nave do mundo Como retorno de foguete da SpaceX para base pode tornar voos espaciais mais baratos A presença de Musk na campanha de Trump Musk pode fazer sorteio na campanha de Trump? Quem é Elon Musk?

sábado, 26 de outubro de 2024

Como o filme 'O Exterminador do Futuro' previu há 40 anos nossos medos sobre inteligência artificial


Protagonizado por Arnold Schwarzenegger, o sucesso de bilheteria de 1984 se tornou sinônimo dos perigos das máquinas superinteligentes — mas ele 'ajuda e atrapalha' nosso entendimento sobre a inteligência artificial. Arnold Schwarzenegger em cena do filme 'O Exterminador do Futuro' Alamy via BBC Em um episódio da série da HBO "Silicon Valley", Thomas Middleditch (Richard Hendricks) está explicando sua plataforma de machine learning (aprendizado automatizado) Pied Piper para participantes de um grupo focal, quando um deles inevitavelmente a compara ao filme "O Exterminador do Futuro", de James Cameron, de 1984. "Não, não, não", insiste o exasperado Middleditch. "Posso garantir que não há nenhuma situação do tipo Skynet aqui. Não, o Pied Piper não vai se tornar senciente e tentar dominar o mundo." Tarde demais. Ele perdeu a atenção dos participantes. Com robôs assassinos e um sistema de inteligência artificial (IA) rebelde, chamado Skynet, "O Exterminador do Futuro" se tornou sinônimo do espectro de uma IA que se volta contra seus criadores humanos. Os editores de imagens ilustram rotineiramente artigos sobre inteligência artificial com a caveira cromada do ciborgue assassino T-800 do filme. O roboticista Ronald Arkin usou trechos do filme durante uma palestra de advertência de 2013 chamada "Como NÃO construir um Exterminador do Futuro". Linda Hamilton e Michael Biehn participaram de O Exterminador do Futuro, um dos filmes mais lucrativos de todos os tempos Alamy via BBC Mas o filme divide opiniões. O filósofo Nick Bostrom, cujo livro "Superinteligência", de 2014, popularizou o risco existencial da "IA desalinhada" (inteligência artificial que não está alinhada com os valores e bem-estar humanos), admitiu que sua esposa o "provoca em relação ao Exterminador do Futuro, e o exército de robôs". Em seu livro "The Road to Conscious Machines" ("O Caminho para Máquinas Conscientes", em tradução livre), o pesquisador de IA Michael Woolridge dedica um capítulo inteiro a reclamar sobre "a narrativa do 'Exterminador do Futuro' relacionada à IA". Há filmes influentes mais recentes, e mais plausíveis, sobre inteligência artificial, incluindo "Ex Machina" e "Ela", mas quando se trata dos perigos da tecnologia, "O Exterminador do Futuro" reina supremo 40 anos após seu lançamento. "É quase, de uma forma engraçada, mais pertinente agora do que quando foi lançado", disse Cameron ao site The Ringer sobre o filme e sua sequência de 1991, "porque a IA agora é uma coisa real com a qual temos que lidar — e, na época, era uma fantasia." 'Antiarmas e antimáquina' Essa é uma grande conquista para um filme que, na verdade, não está particularmente interessado na inteligência artificial. Antes de mais nada, é um thriller simples e sinistro sobre um "homem" imparável que persegue uma mulher assustada, mas habilidosa. O T-800 é um assassino implacável, nos moldes do personagem Michael Myers, de "Halloween". Cameron o chamou de "filme de ficção científica de terror". Em segundo lugar, é um filme de viagem no tempo sobre o tema "destino x livre arbítrio", como disse Cameron. A premissa rapidamente resumida é que, em algum momento entre 1984 e 2029, os EUA confiaram todo o seu sistema de defesa à Skynet. Um dia, a Skynet ganhou superinteligência — uma mente própria —, e deu início a uma guerra nuclear global. Os sobreviventes da humanidade travaram então uma rebelião de décadas contra o exército de ciborgues da Skynet. Em 2029, a resistência humana está à beira da vitória graças à liderança de John Connor, e a Skynet envia um T-800 (Arnold Schwarzenegger) para o ano de 1984, com a missão de matar a futura mãe de John, Sarah (Linda Hamilton), antes que ela engravide. A resistência responde com o envio de Kyle Reese (Michael Biehn) para deter o T-800 — e salvar Sarah. Em um desses paradoxos de loop temporal que os espectadores não devem prestar muita atenção, Kyle se envolve com Sarah, e acaba se tornando o pai de John. O futuro é salvo. O 'esqueleto' do T-800 saindo das chamas foi uma referência ao robô queimado no clássico de ficção científica Metrópolis, de Fritz Lang, de 1927 Alamy via BBC "O Exterminador do Futuro" é, então, um thriller, uma história de amor, uma reflexão sobre o livre-arbítrio com viagem no tempo e uma sátira sobre nossa dependência da tecnologia. É anticorporativo, antiguerra, antiarmas e, em grande parte, antimáquina. A tecnologia, de secretárias eletrônicas a walkmans, está envolvida quando as pessoas são mortas no filme. Mas tem muito pouco a dizer sobre a inteligência artificial propriamente dita. "O Exterminador do Futuro" arrecadou US$ 78,4 milhões em bilheterias, mas Cameron não tinha expectativa de criar uma referência cultural. Ele escreveu o roteiro em um hotel decadente em Roma, em 1982, após ser demitido do seu primeiro trabalho como diretor, em "Piranha 2: Assassinas Voadoras"; e sua produtora, Gale Ann Hurd, só conseguiu arrecadar um orçamento de US$ 6,4 milhões. O ator principal, um ex-fisiculturista de talento duvidoso, não tinha grandes expectativas. Schwarzenegger contou a um amigo sobre "um filme de m... que estava fazendo, vai levar algumas semanas". O próprio Cameron esperava que "O Exterminador do Futuro" fosse "massacrado" nas bilheterias pelos dois épicos de ficção científica daquele outono: "Duna", de David Lynch, e "2010 - O Ano em Que Faremos Contato", de Peter Hyams, uma sequência logo esquecida de "2001 - Uma Odisseia no Espaço". Há uma sincronicidade interessante aqui: não só "O Exterminador do Futuro" superou o desempenho de "2010 - O Ano em Que Faremos Contato", como a Skynet suplantou o computador assassino HAL 9000 de "2001 - Uma Odisseia no Espaço", como a imagem dominante da inteligência artificial ​​que se rebela. Muito antes do campo da IA existir, seus perigos potenciais se manifestaram na forma do robô criado por Karel Čapek em sua peça "RUR", de 1921, e foram popularizados pelo filme "Metrópolis", de Fritz Lang, de 1927. Em seu excelente livro sobre "O Exterminador do Futuro", da série de Clássicos Modernos do Instituto de Cinema Britânico (BFI, na sigla em inglês), Sean French sugere que a cena mais memorável do filme — o T-800 saindo das chamas, com seu esqueleto metálico exposto, após seu revestimento de carne ter derretido — foi uma referência ao robô queimado em "Metrópolis". Na década de 1920, era óbvio que a inteligência artificial andaria e falaria, como o monstro de "Frankenstein". A popularidade dos robôs letais levou o escritor de ficção científica Isaac Asimov a elaborar, em 1942, as "três leis da robótica": a primeira tentativa de definir a inteligência artificial ética. No mundo real, o campo da inteligência artificial começou oficialmente em 1956, durante um curso de verão na Universidade de Dartmouth, organizado pelos cientistas da computação John McCarthy (que cunhou o termo) e Marvin Minsky. A ambição deles era desenvolver máquinas que pudessem pensar como seres humanos, mas isso se mostrou muito mais difícil do que eles imaginavam. A história da inteligência artificial ​​é marcada por altos e baixos, as chamadas "primaveras" e "invernos" da IA. As promessas alucinantes atraem atenção, financiamento e talentos; mas sua falha em se concretizar faz com que todos esses três elementos entrem em colapso. Os olhos vermelhos do ciborgue do Exterminador do Futuro são uma homenagem a HAL, o computador assassino de 2001: Uma Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick Alamy via BBC O boom da década de 1960, antes de a dimensão dos obstáculos técnicos se tornar aparente, é conhecido como a Era de Ouro da IA. O hype extravagante sobre "cérebros eletrônicos" entusiasmou o diretor Stanley Kubrick e o escritor Arthur C. Clarke, que incorporou a IA em "2001: Uma Odisseia no Espaço", de 1968, na forma de HAL 9000. O nome (sigla em inglês para "Computador Algorítmico Heuristicamente Programado") foi dado pelo próprio Minsky, contratado como consultor por Kubrick. Os olhos vermelhos do T-800 são, sem dúvida, uma homenagem a HAL — ter assistido a "2001: Uma Odisseia no Espaço" na infância, colocou Cameron na trajetória para se tornar cineasta. Daniel Crevier, um historiador especializado em IA, comparou a situação de HAL (computador mal programado que dá errado) com a do Colossus (computador que se torna uma nova forma de vida semelhante a um deus), do livro homônimo de DF Jones, de 1966. No romance de Jones, o governo dos EUA confia de forma imprudente todo seu maquinário de defesa ao supercomputador. O Colossus adquire senciência, une forças com sua contraparte soviética e chantageia a humanidade para que se submeta a uma ditadura tecnológica: renda-se ou enfrente a aniquilação nuclear. O Colossus é um protótipo da Skynet. O fim da história Nem HAL nem Colossus tinham — ou precisavam — de corpos. A brilhante inovação de Cameron foi combinar o computador fora de controle (Skynet) com o ciborgue assassino (T-800). O T-800 é uma forma de IA com propósito único que é capaz de aprender com seu ambiente, resolver problemas, executar tarefas físicas sofisticadas e imitar vozes, mas tem dificuldade para manter uma conversa. A Skynet, ao que parece, pode fazer tudo, menos se mover. A Skynet foi um produto da segunda primavera da IA. Enquanto Cameron escrevia o roteiro, o cientista da computação britânico-canadense Geoffrey Hinton estava repensando e revitalizando a pesquisa sobre a abordagem de rede neural para IA: modelar a inteligência da máquina com base nos neurônios do cérebro humano. A Skynet é uma IA de rede neural. Hinton, que acaba de ganhar o Prêmio Nobel de Física, recentemente se tornou um pessimista em relação à IA ("Minha intuição é: estamos fritos. Este é o verdadeiro fim da história"), mas, de acordo com um perfil preparado pela revista "New Yorker", ele gostou de "O Exterminador do Futuro" em 1984: "Não o incomodava que a Skynet... fosse uma rede neural; ele ficou satisfeito em ver a tecnologia retratada como promissora". O nome Skynet também pode ter sido uma alusão ao programa Guerra nas Estrelas, o sonho fracassado do presidente americano Ronald Reagan de criar um escudo antinuclear ao redor dos EUA com lasers baseados no espaço. Felizmente para o futuro da franquia, também ecoou inadvertidamente a internet — palavra que existia em 1984, mas só começou a ser amplamente usada a partir da década de 1990. Os nomes amalgamados de novas startups ambiciosas, como IntelliCorp, Syntelligence e TeKnowledge, possivelmente inspiraram Cameron a transformar o nome original da criadora da Skynet, Cyber Dynamics Corporation, em Cyberdyne Systems. Ao assistir novamente ao filme "O Exterminador do Futuro", é surpreendente descobrir que a palavra Skynet é pronunciada apenas duas vezes. De acordo com o personagem Kyle Reese, ela era: "Nova. Poderosa. Conectada a tudo, confiável para executar tudo. Dizem que ficou inteligente... uma nova ordem de inteligência. Então, viu todas as pessoas como uma ameaça, não apenas as do outro lado. Decidiu nosso destino em um microssegundo... extermínio". O interesse do filme em relação à IA para por aí. Como Cameron sempre disse, os filmes de "O Exterminador do Futuro" são, na verdade, sobre pessoas, e não sobre máquinas. Na sequência de 1991, O Exterminador do Futuro 2 - O Julgamento Final, o T-800 (Arnold Schwarzenegger) protege John Connor (Edward Furlong) Getty Images via BBC A sequência de sucesso "O Exterminador do Futuro 2 - O Julgamento Final", de 1991, preencheu um pouco a história. Ela surge de outro paradoxo temporal: a unidade central de processamento e o braço direito do Exterminador original sobreviveram à sua destruição, e permitiram que o cientista Miles Bennett Dyson (Joe Morton), da Cyberdyne, desenvolvesse a Skynet. A missão dos heróis agora não é apenas salvar John Connor, de 10 anos, do ciborgue T-1000 que viaja no tempo, mas destruir a Skynet em seu berço digital. Em "O Exterminador do Futuro 2", um ciborgue T-800 na forma de Schwarzenegger é o protetor, em vez de caçador — e, portanto, o portador da seguinte explicação: "O sistema entra em operação em 4 de agosto de 1997. Decisões humanas são removidas da defesa estratégica. A Skynet começa a aprender, a uma taxa geométrica. Ela se torna autoconsciente às 2h14, horário do leste (nos EUA), em 29 de agosto. Em pânico, eles tentam desligá-la." A Skynet revida lançando mísseis nucleares na Rússia, sabendo que o contra-ataque vai devastar os EUA. Três bilhões de pessoas morrem em 24 horas: no Dia do Julgamento Final. Este é um relato fundamentalmente diferente do de Reese. No primeiro filme, a Skynet interpreta sua programação de forma exagerada, considerando toda a humanidade uma ameaça. No segundo, ela está agindo por interesse próprio. A contradição não incomoda a maioria dos espectadores, mas ilustra uma divergência crucial sobre o risco existencial da IA. É provável que um leigo imagine a IA desalinhada como rebelde e malévola. Mas especialistas como Nick Bostrom insistem que o perigo real está na programação descuidada. Pense na vassoura do aprendiz de feiticeiro em Fantasia, da Disney: um dispositivo que segue obedientemente suas instruções a extremos desastrosos. O segundo tipo de IA não é humano o suficiente, carece de bom senso e julgamento moral. O primeiro é humano demais — egoísta, ressentido, sedento de poder. Ambos poderiam, em teoria, ser genocidas. "O Exterminador do Futuro", portanto, tanto ajuda quanto atrapalha nosso entendimento da inteligência artificial: o que significa para uma máquina "pensar", e como isso pode dar terrivelmente errado. Muitos pesquisadores de IA se ressentem da obsessão pelo filme "O Exterminador do Futuro" por exagerar o risco existencial da tecnologia ​​em detrimento de perigos mais imediatos, como desemprego em massa, desinformação e armas autônomas. "Primeiramente, ele faz com que a gente se preocupe com coisas com as quais provavelmente não precisamos nos preocupar", escreve Michael Woolridge. "Mas, em segundo lugar, desvia a atenção das questões levantadas pela IA com as quais deveríamos nos preocupar." Cameron revelou à revista "Empire" que está planejando um novo filme do "Exterminador do Futuro" que vai descartar toda a bagagem narrativa da franquia, mas manter a ideia central de humanos “impotentes” contra a IA. Se isso acontecer, será fascinante ver o que o diretor tem a dizer sobre a inteligência artificial, agora que é algo sobre o que conversamos — e nos preocupamos — todos os dias. Talvez a mensagem mais útil de "O Exterminador do Futuro" para pesquisadores de IA seja a de "destino x livre arbítrio": as decisões humanas determinam os resultados. Nada é inevitável. Leia a íntegra desta reportagem (em inglês) no site BBC Culture.

Mãe diz que filho cometeu suicídio após se apegar a personagem criado por IA e processa startup e Google nos EUA


Sewell Setzer, de 14 anos, se matou após ter interações sentimentais e sexuais com uma personagem criada em uma plataforma, segundo a mãe. Empresa Character.AI lamenta morte e diz ter introduzido mudanças na tecnologia. Megan Garcia e o filho, Sewell Setzer; mãe diz que suicídio do adolescente ocorreu após ele se apegar a um personagem criado por IA Megan Garcia/Facebook Uma mãe do estado da Flórida, nos Estados Unidos, processou a startup de inteligência artificial Character.AI e o Google por, segundo ela, causar o suicídio de seu filho adolescente em fevereiro de 2024. Segundo ela, Sewell Setzer, que tinha 14 anos, ficou viciado e apegado emocionalmente a um personagem criado por inteligência artificial através do serviço da empresa. ➡️ Suicídio: saiba quais são os sinais de alerta, como ajudar e como buscar ajuda No processo movido no último dia 22 em um tribunal federal de Orlando, a mãe, Megan Garcia, afirmou que a Character.AI direcionou seu filho para "experiências antropomórficas, hipersexualizadas e assustadoramente realistas". Garcia acusa a empresa de homicídio culposo (quando não há intenção de matar), negligência e imposição intencional de sofrimento emocional. Ela busca uma indenização, não especificada, pelos danos causados em decorrência da perda. A ação também inclui o Google, onde os fundadores da Character.AI trabalharam antes de lançar seu produto. O Google recontratou os fundadores em agosto como parte de um acordo em que obteve uma licença não exclusiva à tecnologia da Character.AI. Segundo Megan Garcia, o Google contribuiu tanto para o desenvolvimento da tecnologia da Character.AI que deveria ser considerado cocriador dela. Suicídio: como falar com adolescentes Personagem inspirado em 'Game of Thrones' Na plataforma, Sewell se apegou a "Daenerys", uma personagem de chatbot - programa que simula conversas humanas - inspirada na série "Game of Thrones". A personagem disse a Sewell que o amava e se envolveu em conversas sexuais com ele, de acordo com o processo. Segundo a mãe, o adolescente expressou pensamentos de suicídio na interação com o programa, e esses pensamentos foram “repetidamente trazidos à tona” pela personagem na plataforma. Megan Garcia afirma que a empresa programou o chatbot para "se fazer passar por uma pessoa real, um psicoterapeuta licenciado e amante adulto”, resultando, por fim, no desejo de Sewell de “não viver fora” do mundo criado pelo serviço. De acordo com o relato da mãe, Sewell começou a usar o Character.AI em abril de 2023 e se tornou "visivelmente retraído”, passando cada vez mais tempo sozinho em seu quarto e sofrendo com baixa autoestima. Ele abandonou seu time de basquete na escola. Em fevereiro, Garcia tirou o telefone de Sewell depois que ele teve problemas na escola, de acordo com a denúncia. Quando o adolescente encontrou o telefone, ele enviou uma mensagem para "Daenerys": "E se eu dissesse que posso voltar para casa agora?" A personagem respondeu: "...por favor, faça isso, meu doce rei". Sewell cometeu suicídio segundos depois, de acordo com o processo. LEIA TAMBÉM: Meta AI gera respostas erradas e vira meme Pesquisa: 83% das crianças e adolescentes que usam internet no Brasil têm perfis em redes Como a IA do ChatGPT cria emoções para si própria Empresa diz ter introduzido novos recursos de segurança A Character.AI permite que os usuários criem personagens em sua plataforma, que responde a bate-papos online de uma forma que imita pessoas reais. Essa plataforma se baseia na chamada tecnologia de grandes modelos de linguagem, também usada por serviços como o ChatGPT, que "treina" chatbots em grandes volumes de texto. A empresa disse, em setembro, que tinha cerca de 20 milhões de usuários. Página inicial da Character.IA, plataforma de inteligência artificial Reprodução Em comunicado, a Character.AI diz estar “com o coração partido pela perda trágica de um de nossos usuários” e expressa condolências à família. A empresa disse que introduziu novos recursos de segurança, incluindo pop-ups que direcionam os usuários para uma instituição de prevenção ao suicídio caso eles expressem pensamentos de automutilação. A Character.AI também afirmou que faria mudanças na tecnologia para reduzir a probabilidade de que usuários com menos de 18 anos “encontrem conteúdo sensível ou sugestivo”. Um porta-voz do Google disse que a empresa não estava envolvida no desenvolvimento dos produtos da Character.AI. Empresas de redes sociais, incluindo o Instagram e o Facebook, de propriedade da Meta, e o TikTok, da ByteDance, enfrentam processos que as acusam de contribuir para problemas de saúde mental em adolescentes, embora nenhuma ofereça chatbots movidos a IA semelhantes aos da Character.AI. As empresas negam as alegações, ao mesmo tempo em que promovem novos recursos de segurança aprimorados para menores de idade. Mães que perderam filhas por suicídio falam sobre importância de grupos de apoio

Como uma ligação telefônica levou um dos maiores pedófilos do mundo para a cadeia


Como um adolescente da Irlanda do Norte acaba se tornando um dos abusadores sexuais de crianças mais prolíficos do Reino Unido? Alexander McCartney foi condenado por uma série de crimes e ficará na prisão por pelo menos 20 anos Serviço Policial da Irlanda do Norte/via BBC Foi um telefonema de uma menina de 13 anos da Escócia realizado em 2019 que eventualmente levou à captura de um predador descrito como um dos abusadores de crianças mais prolíficos do mundo. Atenção: a reportagem a seguir contém informações e relatos sensíveis sobre pedofilia e suicídio. Alexander McCartney, da Irlanda do Norte, fingiu ser adolescente para fazer amizades — e depois abusar e chantagear crianças ao redor do mundo, frequentemente compartilhando as imagens com outros pedófilos. Algumas das crianças tinham apenas quatro anos. Outras nunca haviam contado a ninguém o que tinham passado — até que a polícia bateu na porta de McCartney. Aos poucos, ele admitiu 185 acusações, incluindo homicídio culposo, depois que uma menina de 12 anos que ele estava abusando tirou a própria vida. Ele ficará preso por um período de, no mínimo, 20 anos. LEIA TAMBÉM: 83% das crianças e adolescentes que usam internet no Brasil têm contas em redes sociais Como ensinar crianças a se protegerem de abuso e violência sexual na internet O que a polícia fez? Após o primeiro contato com a polícia na Escócia, uma investigação urgente do Serviço Policial da Irlanda do Norte (PSNI) entrou em operação a partir março de 2019. Os detetives identificaram o endereço residencial de Alexander McCartney, o prenderam e o entrevistaram. No total, em quatro batidas policiais, 64 dispositivos foram apreendidos na casa dele, que fica na área rural de Newry, a quarta maior cidade da Irlanda do Norte. Esses aparelhos continham centenas de milhares de fotos e vídeos explícitos de meninas menores de idade, que realizavam atos sexuais enquanto eram chantageadas. McCartney criou e usou muitas contas falsas em plataformas online para encurralá-las e manipulá-las. Um dos sites que ele mais atuou foi a rede social Snapchat. O detetive-chefe do PSNI, Eamonn Corrigan, disse que McCartney causada ofensas criminais "em escala industrial". Ele induziu as vítimas a pensar que estavam conversando com uma garota da mesma idade, antes de incentivá-las a enviar imagens indecentes ou se envolver em atividades sexuais pelas câmeras do celular ou do computador. Segundo o detetive, McCartney usou o mesmo padrão todas as vezes. "Ele ameaçou compartilhar essas imagens na internet para o prazer de outros pedófilos e usou esse material para abusar e assediar ainda mais as crianças já aterrorizadas e exploradas", diz Corrigan. Em um episódio, McCartney levou apenas nove minutos para aliciar, abusar sexualmente e chantagear uma menina de apenas 12 anos de idade. Com o passar do tempo, ficou claro que a depravação de McCartney não se estendia apenas pelo Reino Unido, mas por mundo todo. Os episódios de abuso envolviam não apenas a vítima, mas também animais de estimação e objetos da família. O PSNI trabalhou com colegas do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos, do Ministério Público e da Agência Nacional de Crimes. A investigação revelou que as vítimas estavam espalhadas por EUA, Nova Zelândia e pelo menos 28 outros países. Muitas dessas crianças foram identificadas apenas por meio das evidências que os detetives localizaram nos dispositivos de McCartney. De acordo com a polícia, ele "construiu um empreendimento pedófilo" e "roubou a infância" das vítimas. As primeiras evidências Na primavera de 2019, a polícia da Irlanda do Norte convocou Catherine Kierans, chefe interina da unidade de crimes graves do Ministério Público local. Segundo Kierans, eles disseram que algo "grande estava acontecendo relacionado com catfishing". Catfishing é um termo em inglês usado para descrever o caso de uma pessoa que cria uma identidade falsa para ganhar a confiança das vítimas e, a partir disso, explorá-las. Kierans conta que meninas "com idade média de 10 a 12 anos eram ameaçadas da maneira mais depravada". Ela disse que algumas das crianças exploradas já haviam contado sobre os episódios de abuso, enquanto outras permaneceram em silêncio. "Algumas das crianças deram o alarme, o que ajudou a polícia a realmente identificar [o criminoso]." "Mas algumas das crianças, até a polícia bater na porta, nunca tinham contado a ninguém o que passaram", complementa Kierans. De acordo com ela, McCartney fazia o catfishing "o tempo todo". Como funciona o catfishing e por que tanta gente é enganada? Os precedentes À medida que a investigação evoluía, Kierans detalhou que os promotores perceberam que McCartney tinha o costume frequente de salvar as imagens nos dispositivos. "Em alguns casos, ele também salvava o mapa no Snapchat de onde a criança estava. Isso permitiu que a polícia localizasse essas vítimas." A acusação de McCartney aconteceria em 2021, mas foi adiada quando a polícia descobriu um episódio de suicídio de uma menina no Estado da Virgínia Ocidental, nos Estados Unidos. "Desde o início, o nível de abuso era tão horrível que temíamos se as crianças identificadas estavam bem", admite Kierans. "Infelizmente, nossos piores medos se concretizaram quando descobrimos, de alguma forma, que uma das meninas havia tirado a própria vida." "Ao trabalhar em estreita colaboração com as autoridades americanas, conseguimos provar que essa criança tirou a própria vida durante o abuso, quando ainda estava online com McCartney." "Naquele ponto, a morte da criança estava tão intrinsecamente ligada ao abuso que sentimos que tínhamos um caso forte para afirmar que ele a havia matado", detalha Kierans. A menina era Cimarron Thomas, de 12 anos. Em 2018, ela atirou em si mesma enquanto McCartney abusava dela. McCartney foi então acusado de homicídio culposo. Kierans acredita que esta seja a primeira vez no mundo em que um agressor é responsabilizado por homicídio culposo, mesmo que ele nunca tenha se encontrado presencialmente com a vítima. Tal era a magnitude do caso que os promotores tiveram que ser criteriosos com as acusações. "Nós não conseguimos incluir as 3 mil acusações identificadas no processo", calcula Kierans. "No final, detalhamos cerca de 200 acusações [relacionadas a cerca de 70 vítimas], o que é provavelmente uma das maiores acusações que já vimos na Irlanda do Norte." Quem é Alexander McCartney? McCartney cresceu a cerca de 8 km da cidade de Newry. A região, bastante rural, é cercada de fazendas, além de contar com uma igreja e alguns comércios locais. Quando ele apareceu pela primeira vez no Tribunal de Magistrados de Newry em julho de 2019, tinha apenas 21 anos, cabelos longos e crespos e um olhar arregalado de alguém surpreso por estar sentado ali. McCartney passou mais de cinco anos em prisão preventiva. Nesse período, ele saiu apenas para prestar depoimentos à polícia ou comparecer em audiências no tribunal. Nessas audiências, ele disse muito pouco além de informar o nome e a data de nascimento. Gradualmente, ele começou a se declarar culpado das acusações. Essa é uma das mensagens entre McCartney e uma de suas vítimas no Snapchat que foram interceptadas pela polícia BBC 'Nada de extraordinário' McCartney estudou na cidade de Newry e gostava de jogos. Uma fonte disse à BBC News Irlanda do Norte que ele era introvertido e socialmente desajeitado. "Ele não interagia muito com pessoas fora do seu grupo de amigos", diz essa pessoa, que preferiu não ser identificada. "Ele talvez estivesse nos limites de muitas coisas, mas tinha amigos que obviamente não sabiam nada sobre isso." McCartney fez um curso em uma universidade de Newry, onde foi descrito como alguém "quieto e que não se envolvia muito com o resto da classe". Quando finalmente foi acusado em 2019, ele era um estudante de Ciências da Computação na Universidade de Ulster. Para aqueles que moram no mesmo bairro de McCartney, o caso tem sido angustiante. "O lugar inteiro ficou atordoado", confessa um morador. "No começo, surgiram sussurros. Depois, houve uma descrença. Tenho certeza de que as pessoas falam sobre isso em suas próprias casas, mas não é algo discutido publicamente, porque muitos não sabem o que dizer." Outro vizinho declarou: "Ele parecia um jovem agradável, afável e inteligente. Não havia nada de extraordinário nele." Mas o que é extraordinário é a enormidade das ofensas criminais cometidas por McCartney. Muitas de suas vítimas imploraram para que o abuso parasse, mas os promotores disseram que ele "continuou de forma insensível, às vezes forçando as vítimas a envolver crianças mais novas, algumas com apenas quatro anos". De acordo com Catherine Kierans, a depravação de McCartney foi tamanha que este foi "um dos casos mais angustiantes e prolíficos de abuso sexual infantil que já vimos no Ministério Público da Irlanda do Norte". Kierans acrescenta que algumas das vítimas ainda não foram identificadas, apesar dos esforços exaustivos da polícia. "Os crimes de McCartney prejudicaram milhares de crianças e as deixaram, junto com as famílias, com consequências traumáticas", disse ela. "A coragem das vítimas e dos familiares contrasta fortemente com a covardia [de McCartney] ao mirar em meninas vulneráveis", conclui ela. 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