terça-feira, 1 de julho de 2025

Como venda de armas 3D está se espalhando pela internet — e como são usadas em crimes pelo mundo


Anúncios nas redes sociais promovem o uso da tecnologia de impressão 3D para a construção de armas de fogo. Venda de armas 3D está se espalhando pela internet Getty Images via BBC As armas criadas em impressoras 3D podem se tornar o padrão utilizado por criminosos e extremistas violentos em todo o mundo, segundo um especialista entrevistado pela BBC. Estas armas de fogo artesanais não rastreáveis já foram recuperadas em diversos crimes recentes, como uma arma parcialmente impressa em 3D, supostamente utilizada no assassinato do executivo-chefe da seguradora de saúde americana United Healthcare, Brian Thompson. A BBC Trending investigou o aumento global das armas 3D nas plataformas de redes sociais, como o Telegram, Facebook e Instagram, além de websites que oferecem guias para sua produção. As armas impressas em 3D são frequentemente descritas como uma espécie de armas "fantasmas", que não podem ser rastreadas. Elas podem ser montadas com uma impressora 3D, usando moldes disponíveis para download e alguns materiais básicos. Projetada para burlar as leis de controle de controle de armas, esta tecnologia avançou rapidamente na última década. Os modelos mais recentes podem disparar diversas rajadas sem quebrar seus componentes de plástico. Nick Suplina, da organização americana de controle de armas Everytown, afirma que as armas 3D podem se tornar o "padrão" para o planejamento de atos violentos. "Os materiais ficaram melhores, o custo caiu e a facilidade de acesso a esses moldes é muito grande", explica ele. Veja também: Quais crimes obrigam redes sociais a remover posts por conta própria Vazamento de dados: como criar senhas fortes e proteger suas contas Como criar uma senha forte, difícil de ser violada, e proteger suas contas A investigação da BBC Trending partiu de anúncios de armas publicados no Instagram e no Facebook. Em outubro de 2024, a organização sem fins lucrativos Tech Transparency Project (que monitora as empresas de tecnologia) encontrou centenas de anúncios de armas nas plataformas da Meta, violando as políticas da empresa. Eles incluem armas 3D e outros tipos de armas fantasmas. Na época, a Meta não comentou as descobertas. E, vários meses depois, a BBC descobriu que anúncios de armas ainda constam como ativos no banco de dados de anúncios da empresa. Muitos desses anúncios de armas levavam os possíveis clientes para canais do Telegram ou do WhatsApp. No Telegram, encontramos canais que exibem diversos tipos de armas para venda. Algumas delas parecem ter sido impressas em 3D. Anúncios de venda de armas seguem constando como ativos no banco de dados da Meta, segundo investigação da BBC Meta/BBC Uma das contas presentes no Telegram tem mais de 1 mil assinantes e promete enviar as armas para qualquer lugar do mundo. A BBC entrou em contato com o responsável pela conta, identificado como "Jessy", para confirmar se ele estaria disposto a enviar armas impressas em 3D para o Reino Unido, o que é proibido por lei. Depois de uma hora, Jessy nos ofereceu uma pistola Liberator ou um conversor Glock. O conversor Glock (glock switch ou auto sear, em inglês) é uma peça pequena, às vezes impressa em 3D, que transforma uma pistola em uma arma automática. A Liberator, projetada em 2013 pelo "criptoanarquista" Cody Wilson, é a primeira arma 3D do mundo disponível para venda. Ela consegue disparar um único tiro. Jessy afirmou que conseguiria liberar a arma na alfândega britânica. Ele pediu 160 libras (cerca de R$ 1,2 mil) em bitcoins e depois sugeriu o pagamento por transferência bancária, para uma conta no Reino Unido que não conseguimos identificar. Posteriormente, voltamos a entrar em contato com Jessy e nos identificamos como sendo da BBC. Ele admitiu que a venda de armas no Reino Unido é ilegal, mas não pareceu arrependido. "Tenho meu negócio, vendo algumas armas online", disse ele. Jessy ofereceu à reportagem da BBC partes de pistolas impressas em 3D BBC Leia também: IA vira aliada de pastor para criar sermões e ampliar missão da igreja O desgastante trabalho humano por trás do ChatGPT A reportagem não deu prosseguimento à transação para testar as afirmações de Jessy. Sua postura casual sugere que ele pode ser um golpista. Mas sua capacidade de anunciar na Meta e operar no Telegram demonstra a aparente existência de brechas que podem ser exploradas pelos verdadeiros comerciantes de armas. Em resposta à consulta enviada pela BBC, a Meta declarou que os anúncios que destacamos haviam sido "desativados automaticamente, seguindo nossas políticas". A empresa afirma que sua inclusão na biblioteca de anúncios "não significa, necessariamente, que o anúncio ainda seja válido ou visível". Já o Telegram declarou que a conta de Jessy foi removida proativamente por desrespeitar suas políticas. Um porta-voz da plataforma destacou que "a venda de armas é explicitamente proibida pelos termos de serviço do Telegram e é removida sempre que descoberta". "Moderadores equipados com ferramentas de IA e aprendizado de máquina específicas monitoram proativamente as partes públicas da plataforma e aceitam denúncias para retirar milhões de mensagens com conteúdo pernicioso todos os dias, incluindo a venda de armas", segundo o porta-voz. Mas o mais preocupante é que as pessoas que buscam armas 3D não precisam comprar o produto pronto pelas redes sociais. Elas podem montar suas próprias armas. Modelos como a carabina semiautomática FGC-9 são projetados usando apenas plástico impresso em 3D e componentes metálicos adaptados, sem necessidade de usar partes de armas comercialmente disponíveis. "Você, essencialmente, se torna um fabricante de armas artesanal", afirma o pesquisador Rajan Basra, do King's College de Londres. Mas ele destaca que "não é fácil como imprimir uma folha de papel A4 na impressora do escritório". Existem websites que oferecem guias detalhados gratuitos e moldes de construção de armas 3D para download. Um desses manuais foi escrito pelo advogado defensor do porte de armas Matthew Larosiere, da Flórida, nos Estados Unidos. Larosiere faz parte de uma comunidade global que defende a impressão de armas 3D, com muitos membros nos Estados Unidos. Eles consideram o direito ao porte de armas estabelecido pela Segunda Emenda à Constituição americana como um direito humano. A BBC questionou Larosiere sobre o motivo que o levou a divulgar informações que ajudam as pessoas a construir uma arma mortal. "É apenas informação", respondeu ele. "São números 1 e 0." "Sobre o fato de que a informação tem um caso de uso que deixa você desconfortável, eu compreendo e me solidarizo com isso, mas não altera o fato de que é apenas informação." Questionado sobre o risco de uso dessa "informação" para um massacre ou um ataque em uma escola, o advogado respondeu "graças a Deus que não aconteceu". Ele mencionou Mianmar como um país onde, na sua opinião, as armas 3D serviram para uma causa positiva. Até o momento, Mianmar é o único caso conhecido de uso de armas 3D em um conflito militar ativo. Houve amplos relatos do emprego de FGC-9s pela resistência que combate a junta militar do país. As forças da resistência produziram centenas de FGC-9s entre 2022 e 2023. Seu custo é mais de 10 vezes menor que o das metralhadoras no mercado negro. Mas a jornalista Hnin Mo, do Serviço Birmanês da BBC, descobriu que muitos desses grupos já deixaram de usar armas impressas em 3D. Mo conversou com líderes rebeldes, que mencionaram o rígido controle dos militares sobre a importação de materiais essenciais para a sua produção, como cola e metal. Além disso, os grupos passaram a ter mais armas convencionais à sua disposição, como lançadores de granadas e metralhadoras. O exemplo de Mianmar demonstra as limitações das armas 3D atuais para uso militar. Mas sua disseminação pelo mundo é visível. Diversos países estudam a criação de leis para criminalizar a posse dos moldes para sua construção. Existem também apelos para que os fabricantes de impressoras 3D bloqueiem a impressão de partes de armas, da mesma forma que as impressoras convencionais restringem a impressão de dinheiro. Resta saber se estas medidas trarão algum efeito. Com colaboração de Hnin Mo, do Serviço Birmanês da BBC. Fim das robocalls? Veja se seu celular é compatível com ferramenta contra golpes

Interpol alerta para 'crise global' de fábricas de golpes digitais


Organização afirma que centros de fraudes cibernéticas que exploram vítimas de tráfico humano se tornaram globais. Criminosos usam cada vez mais ferramentas de IA para aplicar golpes. Milhares de vítimas foram resgatadas de centro de golpes cibernéticos em Mianmar Kyodo News/IMAGO Fábricas de golpes cibernéticos que exploram vítimas de tráfico humano expandiram significativamente em todo o mundo, segundo um relatório sobre tendências criminais divulgado nesta semana pela Organização Internacional de Polícia Criminal, a Interpol. Os centros onde as vítimas são forçadas a participar de fraudes on-line surgiram inicialmente em alguns países do Sudeste Asiático. Um deles é o KK Park, em Mianmar, de onde dois brasileiros conseguiram escapar em fevereiro deste ano. Países como Camboja e Laos também lidam há anos com quadrilhas especializadas em golpes digitais. Segundo a Interpol, operações similares agora foram identificadas em pelo menos mais quatro países asiáticos. Há evidências de que o modelo também está se espalhando para outras regiões, como a África Ocidental, onde crimes financeiros cibernéticos já são comuns, o Oriente Médio, e a América Central. A agência policial descreve o problema como uma "crise global". As vítimas, originárias de ao menos 66 países de todos os continentes, são frequentemente atraídas por ofertas falsas de emprego e depois mantidas em cativeiro nos complexos de golpes. Muitas são chantageadas por dívidas, espancadas, exploradas sexualmente e, em alguns casos, torturadas. Enquanto os primeiros relatos da Interpol apontavam majoritariamente vítimas de língua chinesa, atualmente pessoas traficadas para esses centros de fraude também são oriundas de regiões como América do Sul, África Oriental e Europa Ocidental. "Enfrentar essa ameaça que se globaliza rapidamente requer uma resposta internacional coordenada", disse Cyril Gout, chefe interino dos serviços policiais da Interpol. Imagens de satélite mostram expansão do KK Park, em Mianmar, entre 2020 e 2024 Maxar Technologies provided by European Space Imaging Cresce o uso de inteligência artificial Dentro desses centros, as vítimas são obrigadas a executar golpes on-line, principalmente visando pessoas no exterior para roubar dinheiro. Uma operação liderada pela Interpol em 2024 revelou dezenas de casos como este. No mesmo ano, a polícia desmantelou um centro de golpes em escala industrial nas Filipinas e outro na Namíbia, onde 88 jovens eram forçados a aplicar golpes. Já no caso do KK Park, cerca de 7 mil pessoas foram resgatadas após algumas vítimas fugirem do local e o caso ganhar repercussão em 2025. Tecnologias emergentes estão impulsionando ainda mais essa tendência. A Interpol destaca o aumento do uso de inteligência artificial para a geração de anúncios falsos de emprego ou mesmo criação de perfis deepfake para aplicar golpes como o da "sextorsão". Neste tipo de crime, por exemplo, criminosos usam imagens falsas para simular pessoas reais e chantageiam as vítimas com imagens íntimas. Uso de rotas de tráfico Em suas conclusões, a Interpol alerta que a expansão dessas redes criminosas exige ação urgente e coordenada para interromper as rotas do tráfico e apoiar as vítimas. O relatório destacou que esses polos criminosos estão cada vez mais entrelaçados com outros grandes crimes transnacionais, demandando uma resposta global coordenada. Rotas usadas para tráfico em centros de golpes também estão sendo exploradas para o contrabando de drogas, armas de fogo e espécies ameaçadas de extinção, afirmou a Interpol. Por que a nova IA do Google virou a queridinha dos vídeos bizarros e bobos no TikTok Windows decreta fim da temida 'tela azul'; veja como será nova versão IA vira aliada de pastor para criar sermões e ampliar missão da igreja

Entenda por que o WhatsApp deixa de funcionar em celulares mais antigos


Meta, dona do app, revisa anualmente os sistemas operacionais que suportam o serviço, mas não divulga a lista dos aparelhos onde ele deixará de funcionar. Veja como saber se o seu celular pode perder o suporte. Whatsapp deixa de funcionar em iPhones antigos De tempos em tempos, o WhatsApp faz revisões dos sistemas que serão compatíveis com o seu serviço. A medida faz com que o app de mensagens deixe de funcionar em alguns aparelhos antigos. Isso porque a Meta, dona do WhatsApp, prioriza uma lista de versões mais recentes de sistemas operacionais e que tenham mais usuários. A última atualização do tipo aconteceu no início de maio, quando o WhatsApp deixou de funcionar em iPhones antigos e passou a suportar apenas modelos que rodem com o sistema operacional iOS 15.1 ou mais recente. Embora essas mudanças possam assustar alguns usuários, a empresa diz que a suspensão do suporte para o app não acontece "do nada". Qualquer mudança é informada com antecedência, para ajudar as pessoas afetadas a não perderem acesso ao aplicativo. Mas a Meta não divulga uma lista oficial dos aparelhos que deixarão de suportar o app de mensagens. O que ela informa é com quais sistemas ele é compatível. O Google, criador do sistema Android, o mais popular no mundo, e a Apple, responsável pelo iOS, que roda nos iPhones, costumam lançar uma nova versão todo ano, que é disponibilizada para modelos mais recentes. E mantêm, por algum tempo, versões anteriores, que atendem a aparelhos que não são tão novos. Atualmente, o WhatsApp é compatível com os sistemas: Android versão 5.0 e posterior iOS versão 15.1 e posterior Leia também: Por que a nova IA do Google virou a queridinha dos vídeos bizarros Microsoft diz que criou IA quatro vezes melhor que médicos Blog mostra o que fazer caso o WhatsApp não consiga receber e enviar informações pelo Wi-Fi. REUTERS/Thomas White Como verificar o sistema operacional do seu celular 🤖 No Android, siga este passo a passo (os termos podem ter algumas mudanças conforme a marca): Clique no ícone de "Configurações" do celular; Em seguida, toque em "Sobre o dispositivo" e, depois, "Versão do Android"; Por fim, verifique a "Versão do Android". 🍎 No iPhone (iOS), siga este passo a passo: Toque no ícone "Ajustes"; Depois, clique em "Geral" e "Atualização de Software"; Em seguida, verifique a última versão instalada. Por que celulares antigos perdem suporte? O WhatsApp deixa de oferecer suporte para softwares mais antigos e com menos usuários porque, segundo a Meta, eles podem não abranger as atualizações de segurança mais recentes do aplicativo ou não incluir funcionalidades necessárias para operar o WhatsApp. Celular antigo ou com defeito? Saiba se é hora de trocar de aparelho No caso dos iPhones, o WhatsApp terá suporte em aparelhos que estão, pelo menos, na versão 15.1 do iOS, que não é a mais nova (a mais recente, atualmente, é a iOS 18.5, que ficou disponível em maio deste ano para iPhone XS e posteriores). O iOS 15 é compatível com celulares da Apple entre o iPhone 6s e o iPhone 13. Assim, o WhatsApp é compatível com os modelos neste grupo e todos os outros lançados pela marca desde então. Como saberei quando meu celular não for mais compatível? A lista de versões de sistemas operacionais que são compatíveis com o WhatsApp é mantida na Central de Ajuda do app e atualizada anualmente. A Meta diz ainda que, antes de deixar de oferecer suporte para um sistema operacional, exibirá uma notificação no WhatsApp. "Também exibiremos alguns lembretes solicitando que você atualize o sistema", informa o app. Windows decreta fim da temida 'tela azul'; veja como será nova versão

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