
Cães-robôs sobem escadas em demonstração na China, em 21 de março de 2025 REUTERS/Florence Lo A China vem investindo em cães-robôs armados e enxames de drones com inteligência artificial para modernizar suas forças armadas. As máquinas são parte do esforço de Pequim para usar IA em operações militares e reduzir a distância em relação aos Estados Unidos na corrida por tecnologias de guerra. ✅ Siga o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp Em novembro de 2024, o Exército de Libertação Popular da China abriu uma licitação para fabricar cães-robôs equipados com IA que atuariam em grupo para identificar ameaças e eliminar riscos de explosão. A Reuters não conseguiu confirmar se o contrato foi executado. A China já usou cães-robôs armados da fabricante Unitree em exercícios militares, segundo imagens da mídia estatal. A empresa não respondeu às perguntas sobre sua relação com o exército. Patentes e artigos científicos dos últimos dois anos mostram que o Exército vem aplicando IA em sistemas de planejamento militar, incluindo tecnologias para analisar rapidamente imagens de satélites e drones. A Landship Information Technology, empresa que integra IA em veículos militares chineses, afirmou que sua tecnologia é capaz de identificar alvos em imagens de satélite e coordenar ações com radares e aeronaves. A ferramenta foi construída com chips da gigante chinesa Huawei. Segundo a Universidade Tecnológica de Xi’an, a IA também reduziu o tempo entre a identificação de um alvo e a execução da operação. Pesquisadores do instituto disseram que o sistema com tecnologia DeepSeek foi capaz de avaliar 10 mil cenários de campo de batalha em 48 segundos. Uma equipe convencional levaria 48 horas para realizar o mesmo trabalho, segundo eles. A Reuters não conseguiu verificar essas informações de forma independente. Armas autônomas Drone exibido durante desfile militar na China REUTERS/Tingshu Wang Entidades militares chinesas estão investindo em sistemas de campo de batalha cada vez mais autônomos, de acordo com documentos. Mais de 20 licitações e patentes vistas pela Reuters mostram o esforço para integrar IA em drones, permitindo que eles reconheçam e rastreiem alvos e atuem em grupo com pouca intervenção humana. A Universidade Beihang, especializada em aviação militar, está usando o DeepSeek para aprimorar decisões em enxames de drones voltados a ameaças “baixas, lentas e pequenas” — como aeronaves leves e drones inimigos —, segundo um pedido de patente de 2025. Autoridades da defesa chinesa afirmam que o país manterá controle humano sobre sistemas de armas, em meio a temores de que um conflito com os EUA possa levar ao uso descontrolado de munições baseadas em IA. Os militares americanos também investem em sistemas autônomos. O objetivo é implantar milhares de drones até o fim de 2025 para tentar equilibrar a vantagem numérica da China em veículos aéreos não tripulados. Os detalhes sobre o funcionamento dos sistemas por trás das novas armas da China são mantidos em sigilo. Mesmo assim, patentes e registros públicos indicam avanços no uso de inteligência artificial para reconhecimento de alvos e apoio a decisões em tempo real no campo de batalha. LEIA TAMBÉM Trump ameaça Putin com submarino nuclear após Rússia testar novo míssil Trump 'sem dúvida' quer derrubar governo da Venezuela, diz aliado de Maduro à BBC O brasileiro que filma ladrões de celulares em Londres: 'Mais eficaz que a polícia' Chips dos EUA, modelos chineses ‘Guerra dos Chips’: como Taiwan se tornou centro de disputa política e econômica entre China e EUA O Exército de Libertação Popular e suas afiliadas continuam a usar e buscar chips da Nvidia, incluindo modelos sob controle de exportação dos EUA, segundo documentos, licitações e patentes. Em setembro de 2022, o Departamento de Comércio dos EUA proibiu a exportação para a China dos chips A100 e H100 da Nvidia. A Reuters não conseguiu determinar se esses chips foram adquiridos antes das restrições impostas por Washington, já que os registros não informam quando o hardware foi exportado. Patentes registradas em junho indicam o uso de chips da Nvidia por institutos de pesquisa ligados às forças armadas. O porta-voz da empresa, John Rizzo, afirmou em nota que a Nvidia não consegue rastrear revendas individuais de produtos antigos. Segundo ele, “reciclar pequenas quantidades de produtos de segunda mão não cria nada novo nem representa risco à segurança nacional”. "Usar produtos restritos para aplicações militares seria inviável, sem suporte, software ou manutenção", acrescentou. O Tesouro e o Departamento do Comércio dos EUA não responderam às perguntas da Reuters sobre o caso. Em 2025, os militares chineses aumentaram os contratos para adquirir tecnologia nacional, como chips de IA da Huawei, segundo o grupo Jamestown Foundation, em Washington. A fundação analisou centenas de licitações publicadas neste ano pelo portal oficial de compras do exército chinês. A Reuters não pôde confirmar de forma independente as informações de Jamestown, mas a mudança coincide com uma campanha de Pequim para incentivar empresas a usar tecnologia nacional. A análise da Reuters de patentes e registros de aquisição indica demanda crescente por chips da Huawei entre afiliadas do PLA. Ainda assim, não foi possível verificar todas as propostas examinadas pela Jamestown, que divulgará um relatório sobre o tema nesta semana. Dependência do DeepSeek O DeepSeek surpreendeu o mundo — o que sabemos sobre ele? Getty Images Modelos do DeepSeek foram mencionados em pelo menos uma dúzia de licitações de entidades do PLA neste ano, segundo documentos obtidos pela Reuters. Apenas uma delas fazia referência ao Qwen, da Alibaba, outro modelo de IA chinês. O Alibaba não respondeu sobre o uso militar do Qwen. As licitações envolvendo o DeepSeek se intensificaram em 2025, com novas aplicações militares aparecendo regularmente na rede do PLA, segundo a Jamestown Foundation. A preferência pelo DeepSeek também reflete a busca de Pequim pela chamada “soberania algorítmica” — a tentativa de reduzir a dependência de tecnologia ocidental e fortalecer o controle sobre sua infraestrutura digital. O Departamento de Defesa dos EUA se recusou a comentar o uso de IA pelo exército chinês. Um porta-voz do Departamento de Estado disse que “a DeepSeek forneceu voluntariamente, e provavelmente continuará a fornecer, apoio às operações militares e de inteligência da China”. Segundo ele, Washington vai “buscar uma estratégia ousada e inclusiva para a IA com países aliados, mantendo essa tecnologia fora do alcance de adversários”. 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