domingo, 29 de junho de 2025

IA no celular: o que vale a pena usar? g1 testou funções no iPhone 16e, Moto Razr 60 Ultra e Galaxy S25 Edge


Cada marca diz que as funções de inteligência artificial do seu smartphone é algo imprescindível de usar. Mas é mais comum esquecer que o recurso está disponível. Imagem gerada por inteligência artificial mostra personagem de desenho com três celulares nas mãos Reprodução/Perplexity.ai Já percebeu que toda propaganda de celular fala de inteligência artificial? Parece que é algo imprescindível, que vai mudar a vida de quem tiver aquele aparelho de última geração. Na prática, está mais para esquecível. Por exemplo: usar a IA para resumir mensagens longas pode ser útil. Mas é mais fácil ler ou lembrar que a função de resumo está lá disponível? Por outro lado, tem coisas úteis ou divertidas que a IA das marcas pode ajudar a fazer no smartphone. Dá para apagar ou modificar partes de fotos, gerar imagens artificiais para mandar no WhatsApp e gravar e transcrever ligações telefônicas. Ou pedir para um robô de chat, como o ChatGPT ou Gemini, falar com você e descrever o ambiente ao redor. Apple, Motorola, Samsung e quase todos os fabricantes apostam em IAs próprias para dizer que são mais "espertas" que a dos concorrentes. Para complicar ainda mais a situação das marcas de celulares, os próprios robozinhos de chat por IA – ChatGPT, Gemini, Copilot e tantos outros – têm suas versões que rodam em qualquer smartphone, até mesmo os mais antigos. O Guia de Compras testou as funcionalidades de IA presentes em três celulares diferentes lançados em 2025 (iPhone 16e, Moto Razr 60 Ultra e Galaxy S25 Edge) para entender o que é legal, o que é útil e o que não é legal nelas. Apple iPhone 16e O iPhone 16e vem com a Apple Intelligence integrada ao sistema operacional do telefone e aos aplicativos da própria marca, como e-mail, mensagens, notas, Pages (editor de texto) e galeria de fotos. Mas dá para copiar e usar as informações geradas ou modificadas em outros apps, como o WhatsApp e redes sociais. A filosofia da Apple para IA é bastante parecida com a da Samsung. Ambas inseriram muitas funcionalidades similares (edição de fotos e texto, transcrições, resumos, assistentes de voz) nos seus aparelhos. O iPhone 16e é o mais barato dos três modelos avaliados. Saía por R$ 4.000 nas lojas da internet em junho. O que é legal? A função Limpeza, presente no app Fotos, serve para qualquer imagem – a foto não precisa ter sido feita pelo iPhone. Ela funciona muito bem para detalhes pequenos, como pessoas ao fundo em uma paisagem, detectando de forma automática que tem algo indesejado no local. Para remover outros itens, basta selecionar na tela e as coisas desaparecem. Montagem com a foto original (no topo, à esquerda) com edições feitas no iPhone (topo à direita), Motorola (embaixo à esquerda) e Samsung (embaixo à direita) Henrique Martin/g1 Para itens maiores – como uma mão na frente do rosto – a Limpeza não funciona direito e borra a imagem. O app Playground serve para criar imagens geradas por IA: basta descrever o que você quer ou usar uma foto como base e adicionar temas, fantasias, acessórios e lugares. Nem sempre adianta selecionar novos itens – se a IA não souber como lidar com aquilo, ela diz que não consegue. O resultado é formado por imagens com aquele “jeitão artificial” que só as IAs conseguem, mas pode ser algo divertido. Depois, é só salvar e compartilhar nas redes sociais ou no WhatsApp. Recorte do app Playground, da Apple, capaz de gerar imagens Reprodução O que é útil? A Apple Intelligence entende comandos e mostra resultados em português. Quando você escreve um texto no app de notas, por exemplo, é possível usar a IA para revisar os textos e ajustar o tom (profissional, amigável ou conciso). A IA da Apple até reescreve ou resume em tópicos toda a informação do texto. Veja na imagem abaixo: Estilos de texto da Apple Intelligence: de cima para baixo, amigável, profissional e conciso. Reprodução Nas funções de telefone e no aplicativo gravador de voz, uma ferramenta muito útil é a de gravação (de ligações ou de conversas) e transcrição automática do texto. Dá até para transcrever depois da gravação, se quiser. O ChatGPT serve como um complemento à Apple Intelligence. O robô de conversas da OpenAI está integrado à assistente digital Siri. Basta pressionar o botão de liga e desliga (ou falar “E aí, Siri?”) e fazer a pergunta. A resposta pode ser via ChatGPT ou uma busca no Google. A Inteligência Visual é uma das coisas mais interessantes para utilizar e descobrir. Não é um app, é apenas um atalho na Central de Controle do iPhone. Ao ser ativada, a função abre a câmera, com duas opções abaixo: perguntar (ao ChatGPT) ou buscar (no Google). Optando por perguntar, a resposta será a foto com uma descrição do que tem ali. Não precisa falar, é automático. Inteligência Visual no iPhone 16e: ChatGPT responde sobre planta Henrique Martin/g1 É uma função que deve ser muito útil em viagens, para entender sobre locais turísticos, ou mesmo no supermercado, para avaliar ingredientes em um produto. Ou ver o chat elogiando seu gato. É uma função similar ao Gemini Live, do Google, nos celulares com sistema Android. Só que a versão dos concorrentes perrmite "bater papo" com a IA em tempo real – com perguntas, respostas e comentários. O que não é legal? A Apple Intelligence classifica as notificações quando o iPhone está com a tela bloqueada, mas parece que não diferencia nada direito. O app Mensagens permite criar emojis personalizados com IA (chamados de Genmojis), mas não dá para compartilhar no app de mensagens mais usado pelos brasileiros (WhatsApp). Motorola Razr 60 Ultra No Moto Razr 60 Ultra, a ferramenta integrada se chama Moto AI. É um aplicativo que já veio instalado no celular dobrável e que ajuda em duas áreas principais: criatividade e produtividade. A fabricante optou por oferecer mais recursos integrados a parceiros de IA (como Meta e Perplexity.ai) em comparação com os concorrentes. O smartphone é o mais caro entre os testados, sendo vendido por R$ 10 mil nas lojas on-line em junho. O que é legal? Na parte de criatividade do Moto AI, a ferramenta de imagens (Image Studio) é bastante completa. Ela permite gerar imagens a partir de descrições em textos, criar figurinhas e avatares (a partir de fotos) e desenhar para criar ilustrações automáticas. Tudo é bem fácil de salvar e compartilhar em redes sociais e apps de mensagens. Cria umas coisas meio doidas, mas essa é a intenção, certo? Ilustrações de IA generativa feitas com o iPhone, Motorola e Samsung baseadas em fotos Reprodução O que é útil? A parte de produtividade é bastante objetiva. A ferramenta Anota Aí grava e transcreve recados para você mesmo, a Guarde para Depois salva textos, fotos e capturas para usar no futuro. Já a O que rolou? é um resumo de notificações. E a Pergunte ou Pesquise é uma central dos outros recursos e com busca universal nos apps e dados do próprio celular. Essas funções dependem muito do uso diário do celular. Conforme os dias se passam, a Moto AI aprende com a utilização e pode dar melhores respostas. Além disso, o Gemini, do Google, vem instalado e pode ser acionado pelo botão de liga-desliga do celular. A ferramenta Gemini Live, que permite abrir a câmera do aparelho e conversar com o robô, pedindo informações em tempo real, é ótima para lembrar de tarefas e itens. Numa das conversas, o pedido começou localizando itens em um quarto – onde estava a TV – e o Gemini sugeriu procurar programas para assistir. A ferramenta ainda localizou um umidificador próximo e, após o pedido, ainda deu dicas de limpeza do equipamento. Mas é uma IA de terceiros (Google) instalada no telefone. Não é algo da própria Motorola. O que não é legal? Falta um editor de fotos melhor, capaz de apagar ou gerar objetos nas imagens, como fazem os concorrentes. É preciso usar a função de apagar coisas no app Google Fotos, mas ele não é tão completo como o da Samsung ou da Apple. A função Playlist Studio da Moto AI também sofre com a limitação de parcerias. A ideia de personalizar playlists em apps de streaming de música é legal, mas só funciona para o Amazon Music. Se não tiver uma conta no serviço, não tem como usar. Samsung Galaxy S25 Edge O Galaxy S25 Edge utiliza os recursos da Galaxy AI, uma das primeiras tecnologias do tipo a chegar aos celulares – lançada em 2024 em português, com a linha Galaxy S24. Aos poucos, a fabricante adicionou novas funções à inteligência artificial, que é desenvolvida pela marca e também em parceria com o Google. O S25 Edge custava R$ 7.300 nas lojas da internet no final de junho. O que é legal? O editor de fotos com inteligência artificial complementa alguns recursos que a Samsung já oferecia em modelos antigos, como um “apagador de objetos” nas imagens. Esse editor utiliza a IA para gerar “pedaços” de imagens. Basta selecionar o recurso, desenhar com o dedo em torno do item que será modificado e mover, aumentar, reduzir ou até excluir o item. Dá também para rabiscar coisas e inseri-las nas fotos, incluindo elementos artificiais nas imagens. Acima, foto original. Abaixo, edição generativa aumentando um item da imagem feita no Samsung Henrique Martin/g1 A IA preenche, de forma automática, as partes que foram removidas ou ampliadas na imagem. Os resultados são bastante aceitáveis – mas a imagem nova ganha um selinho para dizer que foi modificada, como ocorre em todos os celulares ao gerar imagens. A câmera do Galaxy S25 Edge também utiliza recursos de IA – como ajuste automático de contraste nas fotos. Mas isso era comum em versões antigas da linha Galaxy S e A, a tecnologia já existia, mas não era chamada de inteligência artificial. A câmera ainda apresenta a função Eliminador de Ruído para vídeos. A IA consegue remover o ruído do ambiente em gravações externas, sem microfone. Outro recurso útil é a edição automática para Reels – se fizer muitos vídeos de um tema (como uma viagem ou um pet), pode pedir para a IA criar um vídeo automatizado, pronto para compartilhar. O que é útil? Algumas funções da Galaxy AI são similares ao que a Apple Intelligence faz, como ajudar com formatos e tons de texto, gravar e transcrever ligações. Permite ainda – embora com certa lentidão – traduzir idiomas em tempo real no Intérprete. O Google Gemini também está presente como no modelo da Motorola, e oferece os mesmos recursos, como o Gemini Live para informações em tempo real. Gemini Live: identificou a planta, elogiou o gato e disse que ela não é tóxica para o felino. Reprodução Um destaque, que surgiu primeiro na Samsung e agora está disponível para outras marcas, é o Circular para Buscar. Ativado com um toque na base da tela, o recurso permite fazer buscas no Google circulando palavras ou imagens, com resultados bastante rápidos. Precisa copiar a chave Pix de uma foto? Só ativar o recurso. Circular para buscar: basta tocar na base da tela, marcar o que quer procurar e o Google encontra Reprodução É algo que um app do buscador também faria, mas com a vantagem de apenas rabiscar na tela e ter uma resposta quase imediata. O que não é legal? O recurso Now Brief é um resumão de atividades físicas, sono e de saúde, previsão do tempo e compromissos do dia. Pode ser útil, mas nem todo dono de um celular da marca também tem tem acessórios dela (como smartwatches e fones de ouvido). O app Notas também consegue gerar imagens a partir de desenhos, mas os resultados são, digamos, menos criativos do que os do Image Studio da Motorola. A partir de um desenho de rabisco parecido nos dois celulares, a Motorola gerou imagens completas. O Samsung criou algo que lembra uma batata com palitos. A partir de um desenho parecido, Samsung e Motorola geraram soluções bem distintas Reprodução Conclusão Inteligência artificial no celular não é algo que todo mundo vai utilizar o tempo todo. Vale a pena para funções específicas, dependendo do que cada fabricante oferece. Então, não precisa ter exatamente o modelo mais novo por causa da IA de qualquer marca. Os apps de conversação como Gemini e ChatGPT cumprem bem a função de entender e explicar o mundo ao redor, o que é bem legal. E funcionam na maioria dos celulares mais antigos, vale ressaltar. Esta reportagem foi produzida com total independência editorial por nosso time de jornalistas e colaboradores especializados. Caso o leitor opte por adquirir algum produto a partir de links disponibilizados, a Globo poderá auferir receita por meio de parcerias comerciais. Esclarecemos que a Globo não possui qualquer controle ou responsabilidade acerca da eventual experiência de compra, mesmo que a partir dos links disponibilizados. Questionamentos ou reclamações em relação ao produto adquirido e/ou processo de compra, pagamento e entrega deverão ser direcionados diretamente ao lojista responsável. Quem são os novos fabricantes chineses que vendem celulares no Brasil?

'Indústria do sexo me recrutou quando era adolescente': como modelos de países pobres são aliciadas com promessa de dinheiro fácil


Uma mulher colombiana descreve para a BBC como foi recrutada para trabalhar com vídeos sexuais aos 17 anos e incentivada a transmitir ao vivo da escola. Keiny começou a trabalhar como modelo de webcam quando tinha 17 anos de idade. Agora, ela tem 20 anos Jorge Calle / BBC Importante: esta reportagem contém detalhes de exploração sexual que podem ser perturbadores para alguns leitores. Certa tarde, quando Isabella (nome fictício) saía da escola após o final das aulas, alguém deixou um folheto na sua mão. "Você quer ganhar dinheiro com a sua beleza?", questionava o papel. Ela conta que um estúdio procurando modelos aparentemente estava abordando estudantes adolescentes da sua região, na capital da Colômbia, Bogotá. Com 17 anos de idade e um filho de dois anos para sustentar, Isabella precisava de dinheiro desesperadamente. Por isso, ela foi até lá para saber mais. Ela conta que, quando chegou, encontrou um estúdio de sexcam, administrado por um casal em um bairro degradado da cidade. A casa tinha oito cômodos decorados como quartos de dormir. Os estúdios variam de pequenas operações de baixo custo até grandes empresas, com quartos individuais equipados com iluminação, computadores, webcams e conexão à internet. As modelos realizam atos sexuais que são transmitidos para espectadores de todo o mundo. Eles enviam mensagens e fazem pedidos por intermediários, conhecidos como monitores. Isabella conta que começou a trabalhar no dia seguinte, mesmo sendo ilegal na Colômbia que os estúdios empreguem modelos de webcam com menos de 18 anos de idade. Ela contou ao Serviço Mundial da BBC que não havia contrato por escrito, detalhando quanto ela iria receber ou quais eram os seus direitos. "Eles me puseram no streaming sem me ensinar nada", afirma ela. "Eles disseram 'aqui está a câmera, vamos lá.'" Isabella conta que o estúdio logo sugeriu que ela fizesse uma transmissão ao vivo na escola. Por isso, enquanto seus colegas de classe estudavam inglês, ela pegou silenciosamente seu celular e começou a filmar a si própria na sua carteira. Ela relembra que os espectadores começaram a pedir que ela fizesse atos sexuais específicos. Por isso, ela pediu ao professor permissão para ir ao banheiro. E, trancada em um cubículo, ela atendeu aos pedidos dos clientes. Seu professor não tinha ideia do que estava acontecendo. "Por isso, comecei a fazer aquilo em outras aulas", ela conta. "Fiquei pensando, 'é pelo meu filho, estou fazendo isso por ele'. Isso me deu força." Ativistas em Bogotá, na Colômbia, reivindicam proteção dos direitos e das modelos de webcams, com regulamentação mais rigorosa do setor BBC Contas recicladas e IDs falsas A indústria global das sexcams está em grande expansão. O número de visualizações mensais das plataformas de webcams em todo o mundo mais que triplicou desde 2017, atingindo cerca de 1,3 bilhões de visualizações em abril deste ano, segundo a empresa de análises Semrush. Estima-se que a Colômbia seja o país com mais modelos – 400 mil, ao todo, com 12 mil estúdios de sexcams, segundo a organização Fenalweb, que representa o setor de webcams adultas do país. Esses estúdios filmam e alimentam o conteúdo para as plataformas globais de webcams. Elas transmitem as imagens para milhões de espectadores pagantes de todo o mundo, que fazem pedidos, oferecem gorjetas e compram presentes para as modelos. Muitas delas trabalham nos estúdios porque, em casa, não têm privacidade, equipamento ou conexão estável à internet – principalmente quando são pobres ou jovens que moram com seus pais. Elas declararam à BBC que os estúdios costumam tentar atrair as pessoas com a promessa de ganhar dinheiro fácil, em um país onde um terço da população vive na pobreza. As modelos explicaram que, embora alguns estúdios sejam bem administrados e ofereçam apoio técnico, entre outros, os abusos pelos operadores inescrupulosos são frequentes. O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, descreveu os donos de estúdios como "senhores de escravas", que iludem mulheres e meninas, como Isabella, e as fazem acreditar que podem ganhar um bom dinheiro. As quatro maiores plataformas de webcams que transmitem material desses estúdios – BongaCams, Chaturbate, LiveJasmin e StripChat, sediadas na Europa e nos Estados Unidos – mantêm verificações que, supostamente, garantem que as pessoas que se apresentam nos vídeos tenham 18 anos ou mais. As leis da União Europeia e dos Estados Unidos proíbem a distribuição de material sexualmente explícito que envolva qualquer pessoa com menos de 18 anos. Mas as modelos contaram à BBC que é possível evitar essas verificações com muita facilidade, se um estúdio quiser empregar meninas menores de idade. Elas afirmam que uma forma de fazer isso é "reciclar" velhas contas de modelos maiores de idade que não se apresentam mais e oferecê-las a meninas mais jovens. Isabella conta que foi assim que ela conseguiu aparecer no Chaturbate e no StripChat quando tinha 17 anos. "A dona do estúdio disse que ser menor de idade não era problema", relembra Isabella, agora com 18 anos. "Ela usava a conta de outra mulher e comecei a trabalhar com aquela identidade." Outras modelos entrevistadas pela BBC também disseram que receberam IDs falsas dos estúdios. Uma delas, Keiny, afirma que isso permitiu que ela aparecesse na plataforma BongaCams quando tinha 17 anos. A representante da plataforma BongaCams na Colômbia, Milley Achinte, afirma que visita os estúdios para inspecionar as condições de trabalho BBC A representante do BongaCams na Colômbia, Milley Achinte, declarou à BBC que a plataforma não permite que menores de 18 anos se apresentem e as contas que desrespeitarem esta norma são fechadas. Achinte destacou que a plataforma verifica as IDs em um site do governo colombiano e, se uma "modelo entrar em contato conosco e soubermos que ela deixou o estúdio, nós damos a ela sua senha para que ela possa fechar a conta". Em declaração à BBC, a plataforma Chaturbate afirmou que suspendeu "categoricamente" o uso de IDs falsas e que as modelos devem apresentar regularmente imagens ao vivo de si próprias ao lado de seus documentos de identidade oficiais com foto, que são verificados digital e manualmente. A plataforma afirma que possui, "em média, um revisor a cada menos de 10 pessoas" e qualquer tentativa de reciclar contas "irá fracassar" porque "o processo de verificação de idade é contínuo, pois todas as transmissões são analisadas e verificadas constantemente". O StripChat também enviou uma declaração, afirmando que mantém "política de tolerância zero em relação às modelos menores de idade" e que as pessoas que se apresentam "devem passar por um processo rigoroso de verificação da idade". A plataforma acrescenta que sua equipe de moderação própria trabalha com serviços de verificação externos para "verificar a identidade das modelos". O site declarou que contas recicladas não podem ser usadas na plataforma e que mudanças recentes das suas normas estabelecem que a dona da conta deve estar presente em todas as transmissões. "Por isso, se uma modelo se mudar para uma nova conta para trabalhar de forma independente, a conta original ligada a elas fica inativa e não pode ser usada pelo estúdio." A plataforma LiveJasmin não respondeu ao pedido de comentários enviado pela BBC. A modelo de webcam colombiana Keiny se prepara para iniciar o streaming BBC Os espectadores 'gostam quando você parece jovem' Keiny tem agora 20 anos de idade e trabalha no quarto de casa em Medellín, na Colômbia. Ela produz streamings através de outro estúdio, que fornece acesso às grandes plataformas internacionais. Não fosse pelo equipamento de alta tecnologia – vários anéis de luz, câmera e um grande monitor –, o cenário poderia passar por um quarto de criança. Há cerca de uma dúzia de animais de pelúcia, unicórnios cor-de-rosa e ursos de brinquedo. Os espectadores "gostam muito quando você parece jovem", segundo ela. "Às vezes, acho isso problemático. Alguns clientes dizem que você age realmente como uma criança e isso não é bom." Keiny conta que começou a trabalhar no setor para ajudar financeiramente sua família, depois que seus pais decidiram se divorciar. Seu pai sabe o que ela faz e Keiny conta que ele a apoia. Analisando o que aconteceu, ela acredita que era jovem demais quando começou, aos 17 anos de idade. Mas, mesmo assim, ela não critica seus antigos empregadores. Na verdade, ela acredita que eles a ajudaram a conseguir um trabalho que, agora, rende para ela cerca de 2 mil dólares (cerca de R$ 11 mil por mês). O valor é muito superior ao salário mínimo colombiano, que é de cerca de 300 dólares (cerca de R$ 1,6 mil) mensais. "Graças a este trabalho, estou ajudando minha mãe, meu pai e minha irmã – toda a minha família", ela conta. Seu ponto de vista coincide com o dos estúdios. Alguns deles são ávidos para demonstrar que cuidam das pessoas. Visitamos um dos maiores deles, a AJ Studios. Fomos apresentados a um psicólogo próprio, contratado para oferecer apoio à saúde mental das modelos. Também fomos levados a um spa, que oferece serviços de pedicure, massagens, botox e preenchimento labial com "desconto" ou como prêmio para as "funcionárias do mês" – que podem ser pessoas com altos ganhos ou que colaboram e oferecem apoio às suas colegas. Multada por ir ao banheiro Mas, como destacou o presidente colombiano, nem todas elas são bem tratadas ou ganham muito dinheiro. E o setor aguarda para saber se a sua nova legislação trabalhista irá abrir o caminho para endurecer as regulamentações. Modelos e estúdios declararam à BBC que as plataformas de streaming costumam ficar com 50% dos valores pagos pelos espectadores. Os estúdios ficam com 20 a 30% e as modelos, com o restante. Isso significa que, se uma apresentação render 100 dólares (R$ 550), a modelo normalmente irá ganhar entre 20 e 30 dólares (R$ 110 a R$ 165). Mas elas afirmam que estúdios inescrupulosos costumam ganhar muito mais. As modelos contam que houve ocasiões em que elas se logaram para sessões de até oito horas e ganharam 5 dólares (cerca de R$ 27). Isso pode acontecer se uma apresentação não tiver muitos espectadores. Outras afirmam que foram pressionadas a permanecer no streaming por até 18 horas sem intervalos e foram multadas quando pararam para comer ou ir ao banheiro. Estes relatos coincidem com um relatório do grupo ativista Human Rights Watch, publicado em dezembro de 2024. Sua autora, Erin Kilbride, participou das pesquisas para a elaboração desta reportagem. Ela encontrou pessoas sendo filmadas em cubículos minúsculos e sujos, infestados de percevejos e baratas. Elas sofriam coerção para realizar atos sexuais que consideravam dolorosos e degradantes. Sofi conta que trabalhou para um estúdio que a pressionava para realizar atos sexuais que ela não queria fazer Jorge Calle / BBC Sofi, de Medellín, tem dois filhos. Ela foi garçonete em uma casa noturna. Cansada de ser insultada pelos clientes, ela deixou o emprego para ser modelo de webcam. A jovem de 26 anos conta que trabalhou para um estúdio que a pressionava para realizar atos sexuais dolorosos e degradantes, incluindo uma apresentação com três outras meninas. Ela explica que os clientes faziam esses pedidos, que eram aceitos pelos monitores do estúdio – funcionários empregados para agir como intermediários entre as modelos e os espectadores. Sofi conta ter dito ao estúdio que não queria praticar esses atos, "mas eles responderam que eu não tinha escolha". "Por fim, precisei fazer porque era aquilo, ou eles cancelariam minha conta", ou seja, sua conta seria efetivamente fechada, explica ela. Sofi continua trabalhando em estúdios de webcam porque, segundo ela, o salário normal na Colômbia não seria suficiente para seu sustento e dos seus dois filhos. Agora, ela está economizando para entrar na faculdade de Direito. Sofi conta que seu trabalho no setor de sexcams permite que ela sustente seus dois filhos e economize para estudar Direito BBC Erin Kilbride ressalta que a Colômbia não é o único país a enfrentar estas questões. Ela descobriu que, somadas, as quatro grandes plataformas de streaming também transmitem material de estúdios localizados em 10 outros países: África do Sul, Bulgária, Canadá, Estados Unidos, Hungria, Índia, República Checa, Romênia, Rússia e Ucrânia. Ela conta ter identificado "lacunas nas políticas e protocolos das plataformas que possibilitam ou exacerbam abusos dos direitos humanos". A BBC questionou as plataformas sobre as condições nos estúdios fornecedores de conteúdo. Miley Achinte, da plataforma BongaCams, respondeu que faz parte de uma equipe de oito mulheres que visita alguns estúdios na Colômbia, "para garantir que as modelos sejam pagas, que os quartos sejam limpos e que elas não estejam sendo violentadas". O StripChat e o Chaturbate não visitam os estúdios. Eles disseram que não são empregadores diretos das modelos e, por isso, não intervêm nas condições definidas entre elas e os estúdios. Mas as duas plataformas declararam seu compromisso com um ambiente de trabalho seguro. O StripChat destacou que espera que os estúdios garantam "condições de trabalho confortáveis e respeitosas". As plataformas BongaCams, StripChat e Chaturbate responderam que dispõem de equipes para intervir, se acreditarem que uma modelo esteja sendo forçada ou sofrendo coerção para fazer alguma coisa. 'Eles me enganaram' Depois de dois meses acordando às cinco da manhã para conciliar o streaming, a escola e os cuidados com o filho, Isabella conta que estava ansiosa para receber seu primeiro pagamento. Depois que a plataforma e o estúdio deduziram a parte deles, ela explica que recebeu apenas 174 mil pesos colombianos (42 dólares, cerca de R$ 230), muito menos do que ela esperava. Isabella acredita que o estúdio tenha pagado a ela um percentual muito abaixo do combinado e roubado a maior parte dos seus ganhos. Ela diz que o pagamento foi uma ninharia e que usou parte dele para comprar leite e fraldas. "Eles me enganaram", segundo ela. Isabella segue na escola. Ela trabalhou como modelo de webcam apenas por alguns meses e pediu demissão. O tratamento que ela afirma ter recebido com tão pouca idade a deixou profundamente traumatizada. Ela não conseguia parar de chorar e, por isso, sua mãe providenciou para que ela consultasse um psicólogo. Isabella e mais seis ex-funcionárias do estúdio se reuniram para entrar com uma queixa oficial junto à Procuradoria do Estado. Coletivamente, elas acusaram o estúdio de exploração de menores, exploração trabalhista e abuso do poder econômico. "Existem gravações de vídeo minhas online, quando era menor de idade", ela conta. Isabella diz que se sente impotente quando tenta remover os vídeos. "Me afetou muito e não quero mais pensar nisso." Com colaboração de Woody Morris. Ouça no site BBC Sounds o documentário radiofônico do Serviço Mundial da BBC e assista no YouTube ao documentário em vídeo, que deram origem a esta reportagem (ambos em inglês). A indústria das sexcams, um dos setores da pornografia que mais crescem no mundo Por que algumas pessoas se arriscam vendo pornografia durante o trabalho Como a exposição à pornografia estimula o sexismo, segundo pesquisadores

sábado, 28 de junho de 2025

Casamento de Bezos gera protestos em Veneza; moradores dizem que cidade virou 'parque dos ricos'


Na manifestação, há cartazes e notas falsas de dólar com o rosto do fundador da Amazon e uma faixa que diz 'Sem espaço para Bezos'. "Sem espaço para Bezos", diz faixa de protesto em Veneza no sábado (28) Manuel Silvestri/Reuters Neste sábado (28), o casamento do fundador da Amazon, o bilionário Jeff Bezos, com a jornalista Lauren Sánchez gerou uma série de protestos em Veneza, na Itália. Manifestantes destacam que a cidade está sendo vista como "um cenário, um palco ou um parque de diversões". A cerimônia do matrimônio, iniciada na última quinta-feira (26), atraiu celebridades para o local, como a influenciadora e empresária Kim Kardashian, a apresentadora Oprah Winfrey e os atores Leonardo DiCaprio e Orlando Bloom. Moradores de Veneza reclamam que o evento transformou a cidade em um playground particular para os ricos. Nos protestos, há cartazes e notas falsas de dólar com o rosto de Bezos, uso de sinalizadores e uma faixa que diz "Sem espaço para Bezos". Os noivos, por exemplo, hospedaram-se no luxuoso hotel Aman, onde quartos com vista para o Grande Canal custam pelo menos 4.000 euros por noite. Apesar dos protestos, empresários e políticos venezianos elogiaram a escolha do local de casamento, por supostamente incentivar a economia local. Eles consideraram os manifestantes como uma "minoria marginal". Moradores de Veneza dizem que a cidade virou 'parque de diversão' para ricos Manuel Silvestri/Reuters Jeff Bezos e Lauren Sánchez Reuters/@laurensanchezbezos via Instagram Revolta da população Manifestantes protestam contra o casamento de Bezos Manuel Silvestri/Reuters O centro histórico de Veneza tem se despovoado rapidamente — passou de 100.000 residentes há cerca de 50 anos para menos de 50.000 —, em grande parte devido aos altos custos de vida. A estudante universitária Alice Bazzoli, de 24 anos, afirmou à Reuters que a postura de Bezos de doar 3 milhões de euros para instituições de Veneza é "hipócrita". "Eu adoraria que Veneza fosse feita para os cidadãos, com moradias acessíveis, e não para turistas”, diz. Segundo Andrea Segre, cineasta italiano de 49 anos nascido na cidade, os moradores comuns estão sendo expulsos. “Pessoas entre 25 e 35 anos — a faixa etária que começa a formar famílias — não conseguem pagar para viver em Veneza. A consequência é a falta de diversidade e de vitalidade social”, afirmou. Quem é a mulher de Bezos: ela já foi apresentadora de TV e foi ao espaço com Katy Perry Foguete, jornal e IA: o que Jeff Bezos tem feito desde que deixou comando da Amazon Famosos deixam hotel em Veneza para o casamento de Jeff Bezos Jeff Bezos e Lauren Sánchez se beijam durante celebrações de casamento em Veneza AP Photo/Luca Bruno Jeff Bezos acena ao chegar à ilha de de San Giorgio, em frente à Praça de São Marcos, onde ocorreu a cerimônia de casamento em Veneza na sexta (27) Antonio Calanni/AP

Bezos divulga foto de seu casamento milionário em Veneza


Celebridades como Kim Kardashian participaram dos festejos, alvos de protestos na cidade italiana. Jeff Bezos e Lauren Sánchez Reuters/@laurensanchezbezos via Instagram O fundador da Amazon, Jeff Bezos, e a jornalista Lauren Sánchez se casaram em Veneza, na Itália, diante de convidados famosos como Kim Kardashian. A noiva divulgou uma foto da cerimônia principal nesta sexta (27). Bezos, Sánchez e diversas celebridades circulam pela cidade desde quarta-feira (25). O casal se hospedou no luxuoso hotel Aman, onde quartos com vista para o Grande Canal custam pelo menos 4.000 euros por noite. Quem é a mulher de Bezos: ela já apresentou TV, pilota helicópteros e foi ao espaço com Katy Perry Alguns moradores locais e grupos reclamam que o evento transformou a cidade em um "parque de diversões particular" para os ricos. Cartazes e notas falsas de dólar com o rosto de Bezos foram usados em protestos contra o evento. Um sósia do bilionário também teve seus minutos de fama, confundindo fãs ao posar para fotos em Veneza. Foguete, jornal e IA: o que Jeff Bezos tem feito desde que deixou comando da Amazon Jeff Bezos e Lauren Sánchez se beijam durante celebrações de casamento em Veneza AP Photo/Luca Bruno Kim Kardashian deixa o Gritti Palace Hotel, antes do casamento do fundador da Amazon, Jeff Bezos , e Lauren Sanchez REUTERS/Guglielmo Mangiapane Leonardo DiCaprio sentado em um barco, antes do casamento do fundador da Amazon, Jeff Bezos , e da jornalista Lauren Sanchez, em Veneza, Itália. REUTERS/Guglielmo Mangiapane Kendall Jenner entra em um barco, antes do casamento de Jeff Bezos e Sanchez REUTERS/Guglielmo Mangiapane. Falsas notas de dólar com o rosto de Jeff Bezos são jogadas na praça de San Marco, em protesto contra o casamento do bilionário em Veneza Yara Nardi/Reuters

IA vira aliada de pastor para criar sermões e ampliar missão da igreja


Igreja Adventista do Sétimo Dia investiu na criação de sua própria plataforma de IA e elaborou até um Código de Ética para definir os limites do uso da tecnologia. [publicar e inserir vídeo ID 13710232] Com mais de 50 sermões para preparar por ano, o pastor Jorge Miguel Rampogna encontrou uma aliada para ajudar nessa missão: a inteligência artificial. Pastor adventista desde 2001, Rampogna já chegou a ter uma pasta com recortes de jornal onde guardava histórias que poderiam ajudar com as pregações. Hoje, é versado em prompts (comandos para a execução de tarefas pela IA). "Estou fazendo um doutorado em que a minha área de estudo está sendo justamente a aplicação da inteligência artificial na missão da igreja, que é compartilhar a palavra de Deus para mais pessoas”, contou o pastor. Com o objetivo de levar a mensagem da igreja a um público maior, a Igreja Adventista do Sétimo Dia investiu na criação de sua própria plataforma de IA e elaborou até um Código de Ética para definir os limites do uso da tecnologia. ➡️ Os adventistas são uma denominação evangélica presente em mais de 200 países, conhecida por pregar a iminente volta de Jesus – o “advento”, que dá nome ao grupo. Também são conhecidos por "guardar o sábado" como dia sagrado, reservado ao descanso e à adoração. A "IA Adventista" pretende: Responder perguntas sobre a Bíblia Auxiliar pastores com esboços de sermão Ajudar na consulta a manuais da igreja "A nossa IA vai começar a responder as perguntas da mesma forma que outras inteligências artificiais, só que a base de dados de conteúdo é cristã, e especificamente adventista, né?", explicou o pastor. A Igreja Adventista do Sétimo Dia investiu na criação de sua própria plataforma de IA e elaborou até um Código de Ética para definir os limites do uso da tecnologia. Reprodução 'Máquinas não podem substituir pensamento' Apesar do auxílio dado pelas ferramentas tecnológicas, o pastor disse que se preocupa com a substituição da autonomia do pensamento por respostas fabricadas. "Máquinas não podem substituir aquilo que é um dom sagrado do ser humano, que é a capacidade do pensamento", disse Rampogna. Assim, ele reforça que para fazer os sermões com a ajuda da IA, não abre mão da pesquisa feita à moda antiga. Veja o passo a passo ao preparar um sermão: A primeira etapa é a leitura da Bíblia; Em seguida, Jorge sublinha os trechos que gostaria de destacar e toma notas em um caderno físico.; Ele passa as anotações para uma plataforma de inteligência artificial, como o ChatGPT, e pergunta se a ferramenta tem mais referências ou livros sobre aquele assunto; Com a pesquisa completa, escreve o rascunho do sermão; Recorre à IA mais uma vez, desta vez para revisar o texto escrito. "Então, [a IA] me ajuda também na edição final desse conteúdo e, a partir disso, agora sim, eu já tenho o sermão escrito", contou o pastor. Criação de imagens de santos O uso de Inteligência Artificial em atividades religiosas também chegou às equipes de comunicação das igrejas. Entre os adventistas, por exemplo, Rampogna destaca a criação de campanhas em redes sociais por igrejas locais. Entre os católicos, a Congregação Copiosa Redenção, que ficou conhecida pelas freiras do beatbox, usa a IA para criação de imagens de santos – já que são personalidades com pouco ou nenhum registro histórico. Em seu perfil nas redes sociais, a Copiosa Redenção já publicou imagens criadas digitalmente de São Matias e Santa Mônica, por exemplo. Imagem de Santa Mônica criada por inteligência artificial e divulgada pela Congregação Copiosa Redenção. Santos têm pouco ou nenhum registro histórico Reprodução/Instagram IA não deve ser 'divinizada', diz Vaticano Em um extenso texto de mais de 100 parágrafos, o Vaticano, em janeiro deste ano, falou sobre a relação entre a inteligência artificial e a inteligência humana. A Santa Sé entende a IA como algo funcional: executa tarefas de maneira eficaz sem compreender, sentir ou julgar moralmente. Já o ser humano é criado para a comunhão, não apenas para tarefas funcionais: isso o diferenciaria radicalmente da IA. O Vaticano afirmou ainda que a "idolatria tecnológica" é uma tentação moderna, mas que a tecnologia deve ser usada apenas como instrumento complementar à inteligência humana. "Não é a IA que será divinizada e adorada, mas sim o ser humano, que, dessa forma, torna-se escravo de sua própria criação", disse o texto. Brasileiros são pagos para treinar inteligência artificial a não sugerir 'beber até cair' e a falar corretamente sobre nazismo Primeira etapa para ciração de sermão é a leitura da Bíblia, diz pastor Rampogna. Inteligência artificial vem depois, como ferramenta complementar. Priscilla Du Preez via unsplash

sexta-feira, 27 de junho de 2025

Terras raras: conheça os minerais pouco conhecidos que dão poder à China na era digital


Presentes em celulares, carros elétricos e armas militares, os elementos desses compostos são estratégicos — e quase todos vêm do gigante asiático. Terras raras: o que são as matérias-primas do acordo comercial anunciado por Trump entre EUA e China As terras raras formam um grupo de 17 elementos químicos essenciais para o funcionamento de diversos produtos modernos — de smartphones e televisores a câmeras digitais e LEDs. Apesar de usados em pequenas quantidades, são insubstituíveis. O uso mais importante dessas substâncias está na fabricação de ímãs permanentes. Potentes e duráveis, esses ímãs mantêm suas propriedades magnéticas por décadas. Com eles, é possível produzir peças menores e mais leves, algo essencial para turbinas eólicas e veículos elétricos. Esses elementos também são fundamentais para a indústria de defesa. Estão presentes em aviões de caça, submarinos e equipamentos com telêmetro a laser. Justamente por essa relevância estratégica, o valor comercial é elevado. O quilo de neodímio e praseodímio — os mais usados na produção de ímãs — custa cerca de 55 euros (R$ 353). Já o de térbio pode ultrapassar 850 euros (R$ 5.460). Para comparação, o minério de ferro custa cerca de R$ 0,60 o quilo. Apesar do nome, as terras raras não são exatamente raras. Estão espalhadas por todo o mundo, mas em concentrações muito pequenas. O desafio é encontrar depósitos onde a extração seja economicamente viável. Hoje, 70% da produção global vem da China, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS). A principal mina é Bayan Obo, no norte do país. Ela reúne enormes quantidades de todos os elementos usados em ímãs permanentes e supera em larga escala depósitos como Monte Weld, na Austrália, e Kvanefjeld, na Groenlândia. 'Terras raras' são ponto-chave na geopolítica mundial, e Brasil tem potencial na área; entenda Áreas com minerais cobiçados e alvo de um acordo entre EUA e Ucrânia Monopólio chinês preocupa Ocidente Depois de extraídos, os elementos passam por processos complexos de separação e refino até se tornarem compostos utilizáveis. Essa etapa também é dominada pela China, que lidera a produção mundial de ímãs. O controle é ainda maior em relação a certos elementos. Os mais leves — com exceção de neodímio e praseodímio — são mais abundantes e fáceis de extrair. Mesmo assim, a União Europeia importa de 80% a 100% desse grupo da China. Para os elementos mais pesados, a dependência chega a 100%. Na última quinta (26), os Estados Unidos anunciaram um acordo com a China para acelerar a chegada de terras raras vindas do país asiático. O domínio chinês acendeu alertas no Ocidente. Nos últimos anos, EUA e UE começaram a formar reservas estratégicas de terras raras e outros materiais críticos. Em 2024, a União Europeia aprovou a Lei de Matérias-Primas Críticas, com metas não obrigatórias para aumentar a produção interna até 2030. O texto também cria a figura dos “projetos estratégicos” — dentro do bloco ou com aliados, como a Noruega — para facilitar acesso a financiamento e acelerar processos de aprovação. Nos Estados Unidos, o Departamento de Defesa investe desde 2020 em empresas nacionais com o objetivo de criar, até 2027, uma cadeia de fornecimento completa — da extração ao ímã final. Elementos como gálio, germânio e antimônio estão entre os mais relevantes para o país. UE e EUA também demonstram interesse em novas fontes desses minerais. Sob o governo Trump, a Ucrânia e a Groenlândia foram apontadas como potenciais fornecedoras. Ambas têm depósitos promissores, mas o acesso é difícil. Enquanto isso, o futuro do abastecimento de terras raras no Ocidente segue incerto — e no centro de disputas geopolíticas e tecnológicas. As terras raras são minerais compõem um grupo de 17 elementos químicos encontrados na natureza, Reprodução/Jornal Nacional Veja mais: Musk diz que robotáxi pode chegar às ruas ainda em junho e promete carro que vai sozinho ao dono O lavador de pratos que criou a Nvidia, a empresa mais valiosa do mundo

Quais crimes obrigam redes sociais a remover posts por conta própria


STF listou sete casos em que plataformas devem remover postagens sem precisar de ordem judicial. Elas serão responsabilizadas quando houver 'falha sistêmica' que permite circulação de conteúdo criminoso. STF amplia a responsabilidade das plataformas digitais pelo que publicam O Supremo Tribunal Federal (STF) listou na última quinta-feira (26) mais sete casos em que redes sociais devem derrubar posts criminosos por conta própria, isto é, sem precisar de ordem judicial. Até então, as plataformas só eram obrigadas a derrubar conteúdos sem ordem judicial em dois casos: posts com cenas de nudez ou atos sexuais divulgados sem autorização e violações de direitos autorais. Os ministros definiram que as plataformas serão responsabilizadas quando a Justiça entender que há uma "falha sistêmica" que permite a circulação de posts criminosos. Segundo o STF, será considerada falha sistêmica deixar de adotar medidas adequadas de prevenção e remoção de conteúdos que envolvam um dos crimes abaixo: condutas e atos antidemocráticos; crimes de terrorismo ou preparatórios de terrorismo; crimes de induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação; incitação à discriminação em razão de raça, cor, etnia, religião, procedência nacional, sexualidade ou identidade de gênero (condutas homofóbicas e transfóbicas); crimes praticados contra a mulher em razão da condição do sexo feminino, inclusive conteúdos que propagam ódio ou aversão às mulheres; crimes sexuais contra pessoas vulneráveis, pornografia infantil e crimes graves contra crianças e adolescentes; tráfico de pessoas. As plataformas também serão responsabilizadas se não derrubarem conteúdos em casos de crime, atos ilícitos e contas inautênticas a partir de notificações extrajudiciais, aquelas enviadas antes da abertura de um processo formal. As determinações surgem após o STF considerar parcialmente inconstitucional o artigo 19 do Marco Civil da Internet. O trecho diz que redes sociais só são responsáveis pela postagem de um usuário se não atenderem ordem judicial que obrigue a derrubada do conteúdo. Mas os ministros concluíram que o artigo 19 gera um estado de omissão parcial porque não garante proteção suficiente a direitos fundamentais e à democracia. Veja perguntas e respostas sobre a decisão do STF O que dizem as redes sociais sobre novas regras Para quem vale essa regra? A medida vale para provedores de aplicações de internet, como redes sociais abertas, apenas nas situações citadas na lista acima. No caso de crimes contra a honra, continua valendo o que diz o artigo 19, isto é, a plataforma só será responsabilizada se não cumprir ordem judicial para remover o conteúdo. Mas elas poderão optar por derrubá-lo mediante notificação extrajudicial. As regras não valem para serviços de e-mail, serviços cuja função principal é realizar chamadas de vídeo ou voz e aplicativos de mensagens, que seguem com a regra do artigo 19. Plataformas que funcionam como marketplaces respondem de acordo com o Código de Defesa do Consumidor. Ícones do Facebook, Messenger, Instagram, WhatsApp e X Julian Christ/Unsplash Como vai funcionar? Se uma rede social for processada pela vítima de uma postagem criminosa, a Justiça vai analisar se a plataforma adotou medidas para derrubar o conteúdo. "Não é porque alguém foi vítima de um crime de ódio ou discriminação que a rede vai ser automaticamente responsabilizada, tem que haver uma falha sistêmica", explicou Álvaro Palma de Jorge, advogado constitucionalista e professor da FGV Direito Rio. Em alguns casos listados, pode ser mais difícil concluir se o conteúdo é criminoso ou não. Isso pode dar ainda mais poder às redes sociais, avaliou Demi Getschko, diretor-presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). "Isso parece um certo contrassenso. Para combater o poder delas, você dá a elas também o direito de decidir o que é e o que não é [crime], eu acho complicado". No caso de crimes que não são considerados graves, em que as plataformas serão responsabilizadas se não atenderem notificação extrajudicial, pode haver novos problemas, disse Carlos Affonso Souza, advogado e diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS). "Agora, praticamente todo o conteúdo ilícito foi jogado nessa prateleira. Isso pode levar à remoção excessiva de conteúdos lícitos, pois as plataformas vão preferir não correr riscos", afirmou. Sósia de Bezos posa para fotos em Veneza e confunde turistas

Windows decreta fim da temida 'tela azul'; veja como será nova versão


Microsoft está atualizando a tela de erro para facilitar a recuperação do sistema e simplificar o alerta ao usuário. 'Tela azul da morte' do Windows. Reprodução/Microsoft Se você usa Windows, provavelmente já se deparou com a temida "tela azul da morte" (também conhecida como BSOD) — um erro do sistema que faz o computador travar e reiniciar. Após 40 anos, esse aviso clássico está com os dias contados: a Microsoft vai mudar a forma como essa falha é exibida. A nova versão terá fundo preto e exibirá a mensagem: "Seu dispositivo apresentou um problema e precisa ser reiniciado". Com isso, a tela deixa de exibir o icônico "rostinho triste :(" e o QR Code que ajuda o usuário a identificar o problema (veja na imagem abaixo). A nova tela de reinicialização inesperada do Windows 11 Divulgação/Microsoft Segundo o site The Verge, a empresa anunciou a mudança no início do ano. Em um comunicado divulgado nesta quinta-feira (26), a Microsoft compartilhou mais detalhes sobre a alteração e informou que a nova versão será lançada neste "verão" dos EUA. "A interface atualizada melhora a legibilidade e se alinha melhor com os princípios de design do Windows 11, preservando as informações técnicas na tela para quando forem necessárias", explicou a empresa. A empresa explica que a mudança vai além da nova "tela preta" e afirma que a atualização permitirá recuperar o PC mais rapidamente. Tela azul no aeroporto de Newark, nos EUA, durante apagão cibernético Bing Guan/Reuters Quando ocorre uma falha que impede o funcionamento correto dos dispositivos, a Microsoft pode enviar atualizações automáticas para corrigir o problema rapidamente, sem que o usuário ou a equipe de TI precise fazer nada manualmente, explicou em comunicado. As atualizações fazem parte dos esforços da Microsoft para aumentar a resiliência do Windows, principalmente após o incidente com o CrowdStrike no ano passado, que causou a queda de milhões de máquinas pelo mundo, segundo a agência Associated Press. LEIA TAMBÉM: Redes sociais não serão responsabilizadas por todos os posts criminosos, mesmo após decisão do STF, dizem especialistas Foguete, jornal e IA: o que Jeff Bezos tem feito desde que deixou comando da Amazon México promete processar SpaceX por poluição ligada a lançamentos de foguetes Por que o Brasil não foi tão afetado no apagão cibernético? VÍDEO: Windows 11 - O que há de novo no sistema da Microsoft Como criar uma senha forte, difícil de ser violada, e proteger suas contas

quinta-feira, 26 de junho de 2025

Redes sociais não serão responsabilizadas por todos os posts criminosos, mesmo após decisão do STF, dizem especialistas


Advogados destacam que punição dependerá da constatação de falhas sistêmicas na moderação. STF amplia a responsabilidade das plataformas digitais pelo que publicam Redes sociais não serão responsabilizadas por todos os posts criminosos, mesmo depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) determinar situações em que esses conteúdos devem ser derrubados sem ordem judicial, dizem especialistas ouvidos pelo g1. Até então, o Marco Civil, que rege a internet no Brasil, só previa isso em casos de posts com cenas de cenas de nudez ou de atos sexuais de caráter privado, sem a autorização dos participantes. Mas a mudança determinada pelo STF só valerá quando a Justiça entender que existiu falha sistêmica das plataformas, segundo advogados. "O caso individual, a princípio, serve para lançar luz sobre o tema, mas a responsabilização só ocorre se for identificado um problema maior, recorrente", disse Álvaro Palma, advogado constitucionalista e professor da FGV Direito Rio. O que dizem as redes sociais sobre decisão do STF O que o STF mudou em relação às redes O julgamento no STF sobre as redes foi encerrado nesta quinta (26), mas os ministros já tinham formado maioria no último dia 11. Além da conclusão dos votos, faltava que acertassem os detalhes sobre em quais casos se daria essa responsabilização das redes, o que também foi feito nesta quinta. O Supremo definiu três formas de atuação das redes sociais contra posts ilegais, conforme o tipo de crime encontrado: remoção proativa, sem necessidade de notificação/ordem judicial - para casos considerados graves, como discurso de ódio, racismo, pedofilia, pornografia infantil, incitação à violência, crimes contra a mulher, tráfico de pessoas e defesa de golpe de Estado; remoção após ordem judicial - para crimes contra a honra (como calúnia, injúria e difamação) remoção após notificação extrajudicial (pelo usuário ou advogados, por exemplo) - para "danos decorrentes de conteúdos gerados por terceiros em casos de crime ou atos ilícitos", ou seja, para os demais crimes. Quem decide se existe falha recorrente? Segundo o STF, conteúdos como discurso de ódio, racismo, pedofilia, incitação à violência e defesa de golpe de Estado devem ser removidos pelas plataformas de forma proativa e imediata — mesmo sem notificação prévia ou decisão judicial. A responsabilidade civil, no entanto, só se aplica quando houver uma falha sistêmica, segundo Carlos Affonso Souza, advogado e diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS). Ele explica que não existe uma definição jurídica precisa do que é uma falha sistêmica, mas que, de forma geral, se refere a situações em que falhas recorrentes das plataformas permitem a disseminação massiva de conteúdos ilícitos, gerando impactos graves e coletivos à sociedade. Para Affonso, essa decisão do Supremo faz sentido, até porque as plataformas não teriam capacidade de monitorar tudo que circula nelas, mesmo com a ajuda de programas específicos. “Não existe no mundo um software capaz de identificar com 100% de precisão, por exemplo, um ato antidemocrático.” No entanto, ele alerta que, até agora, não está definido quem decidirá se houve falha recorrente nas plataformas. “O Supremo incorporou a ideia de risco sistêmico, que veio do PL das Fake News, mas não explicou quem decide se o risco é sistêmico: se será um juiz, o Ministério Público ou algum novo órgão”, afirmou. O 'meio termo' que preocupa Já o cenário em que as plataformas poderão ser responsabilizadas se não removerem o conteúdo ilegal após uma notificação extrajudicial pode levar a novos problemas, na visão de Affonso. Isso porque, diferente dos casos graves, em que a remoção deve ser feita sem notificação, o STF não determinou quais crimes se enquadram nessa situação. “Minha crítica é que, agora, praticamente todo o conteúdo ilícito foi jogado nessa prateleira. Isso pode levar à remoção excessiva de conteúdos lícitos, pois as plataformas vão preferir não correr riscos.” Para Álvaro Palma, da FGV Direito Rio, a ideia de que possa haver remoções desnecessárias não se sustenta. “Já existe controle. Hoje, ele é feito com base nos termos e condições de uso das plataformas. O que o Estado está dizendo agora é que esses mecanismos são insuficientes”, avalia. Crimes contra a honra Para crimes contra a honra (como calúnia, injúria e difamação), o STF manteve a necessidade de ordem judicial prévia para a remoção do conteúdo. “Você se sentiu injuriado? Só depois que sair a decisão judicial — e se ela for descumprida — é que a plataforma poderá ser responsabilizada. Isso não mudou”, explica Palma. Affonso concorda com a decisão do Supremo. “Se (esses crimes) entrassem na lógica da notificação extrajudicial, isso poderia reduzir a visibilidade de denúncias, o que seria negativo”, afirma. O que muda com a decisão do STF sobre responsabilidade das redes Arte/g1 Plenário do STF durante julgamento sobre o Marco Civil da Internet Ton Molina/STF Veja mais: O desgastante trabalho humano por trás do ChatGPT: 'Não é tão emocionante quando descobrimos o que envolve' Vazamento de dados expõe 16 bilhões de senhas; veja como se proteger

O que dizem as redes sociais sobre ampliação da responsabilidade sobre conteúdo publicado


STF decidiu que plataformas poderão ser punidas se não derrubarem posts criminosos ou ofensivos após notificação. Em casos mais graves, deve agir mesmo sem ordem judicial. STF forma maioria a favor de responsabilizar redes sociais O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quinta-feira (26) ampliar a responsabilidade das redes sociais sobre conteúdo publicado. Oito ministros votaram a favor e três, conta. As plataformas poderão ser punidas se não derrubarem posts criminosos ou ofensivos após notificação. Em casos mais graves, deve agir mesmo sem ordem judicial, determinou o STF. Remoção 'proativa' de racismo, discurso de ódio: o que o STF decidiu sobre as redes O julgamento foi encerrado nesta quinta, mas o Supremo já tinha formado maioria no último dia 11. Além da conclusão dos votos, faltava também que os ministros acertassem os detalhes sobre em quais casos se daria essa responsabilização das redes. O g1 procurou as principais redes sociais após a conclusão do julgamento. A Meta, proprietária do Instagram e do Facebook, afirmou: "Estamos preocupados com as implicações da decisão do STF sobre a liberdade de expressão e as milhões de empresas que usam nossos aplicativos para crescer seus negócios e gerar empregos no Brasil". O Google, dono do YouTube, afirmou que analisa a decisão, "em especial a ampliação dos casos de remoção mediante notificação (previstos no Artigo 21), e os impactos em nossos produtos". A big tech se refere a um dos artigos do Marco Civil, a lei que rege a internet, criada em 2014 e que estava no foco do julgamento do STF. O artigo 21 já previa a possibilidade de responsabilidade quando a plataforma digital não tomasse providências de retirada de conteúdo após uma notificação extrajudicial feita pela vítima ou advogado. Mas, até então, se aplicava a situações específicas, como a divulgação de cenas de nudez ou de atos sexuais de caráter privado, sem a autorização dos participantes. Os demais casos eram contemplados no artigo 19 do Marco Civil, que só responsabilizava as plataformas caso elas desrespeitassem uma decisão judicial de remover o conteúdo. Agora, o STF determina que as redes sociais não devem atuar somente depois de uma ordem da Justiça. Em alguns casos, a remoção deverá acontecer de forma imediata, mesmo sem notificação extrajudicial ou ordem judicial, e a omissão pode levar a plataforma a ser punida. Para a Meta, "enfraquecer o Artigo 19 do Marco Civil da Internet traz incertezas jurídicas e terá consequências para a liberdade de expressão, inovação e desenvolvimento econômico digital, aumentando significativamente o risco de fazer negócios no Brasil". O Google disse ainda que, "ao longo dos últimos meses, o Google vem manifestando suas preocupações sobre mudanças que podem impactar a liberdade de expressão e a economia digital". A Câmara Brasileira da Economia Digital (camara-e.net), que tem entre seus associados TikTok, Google, Meta (dona de Instagram, Facebook e WhatsApp), entre outras plataformas, diz que segue avaliando os impactos da decisão e "reforça a importância de que as teses de aplicação da decisão garantam segurança jurídica, proporcionalidade e respeito à liberdade de expressão". O que muda com a decisão do STF sobre responsabilidade das redes Arte/g1 Ícones do Facebook, Messenger, Instagram, WhatsApp e X Julian Christ/Unsplash

STF define que redes podem ser responsabilizadas por postagens de terceiros após notificação extrajudicial

Corte considerou parcialmente inconstitucional o artigo 19 do Marco Civil da Internet, que exigia decisão judicial para remoção de conteúdos ofensivos. STF discute como redes sociais serão responsabilizadas por postagens O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quinta-feira (26), por 8 votos a 3, que o artigo 19 do Marco Civil da Internet — o que trata de responsabilidade das redes sociais — é parcialmente inconstitucional. Isso significa que as redes sociais deverão ser responsabilizadas por postagens irregulares de seus usuários. O tribunal entendeu que as regras vigentes hoje — remoção só com decisão judicial — não são suficientes para preservar a dignidade das pessoas. O STF também definiu a tese para a aplicação desse entendimento. Ou seja, o tribunal estabeleceu como se dará essa responsabilização das redes. Uma das principais mudanças daqui para frente é que as redes deverão levar em conta a notificação extrajudicial para remover um conteúdo irregular. Se, após essa notificação, a rede não retirar a postagem e a Justiça considerar, mais adiante, que a postagem era irregular, a rede será punida. Plataformas estão sujeitas à responsabilização civil caso não removam conteúdo após notificação extrajudicial feita pela vítima ou seu advogado, decidiu o STF. Em casos de crimes contra a honra — por exemplo, difamação — as plataformas estão sujeitas à responsabilização civil caso não removam conteúdo após notificação extrajudicial feita pela vítima ou seu advogado. Remoção 'proativa' O entendimento da Corte também prevê que, em casos de discurso de ódio, racismo, pedofilia, incitação à violência ou a golpe de Estado, as plataformas devem agir de forma proativa para remover o conteúdo, mesmo sem notificação prévia. A decisão altera a lógica de funcionamento das redes no Brasil e deve levar as empresas de tecnologia a rever protocolos de denúncia e moderação de conteúdo, além de ampliar sua responsabilidade sobre o que circula em suas plataformas. Base jurídica A tese vencedora considera que o artigo 19 do MCI não oferece proteção suficiente aos direitos fundamentais – especialmente à honra, dignidade e imagem das pessoas – e, por isso, é parcialmente inconstitucional. Enquanto não houver nova legislação, o STF definiu que o artigo 19 deve ser interpretado da seguinte forma: A decisão não se aplica a regras da legislação eleitoral, preservando atos normativos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Provedores podem ser responsabilizados civilmente nos termos do artigo 21 do Marco Civil por danos gerados por conteúdo de terceiros, inclusive quando se tratar de contas inautênticas;

Sósia de Jeff Bezos posa para fotos e confunde turistas em Veneza


Sósia de Jeff Bezos em Veneza, onde será o casamento do bilionário Marco Bertorello/ AFP Um sósia de Jeff Bezos está em Veneza, onde será o casamento do bilionário, posando para fotos ao lado de turistas. Muitos se confundem e acham que estão diante do verdadeiro fundador da Amazon. O casamento do fundador da Amazon com a jornalista Lauren Sánchez vai durar três dias. Começa nesta quinta-feira (26) e vai até sábado (28). A festa atraiu famosos, como as Kardashians, que já chegaram à cidade. A maratona de eventos deve custar até US$ 56 milhões, segundo a agência Reuters. O valor reforça o estilo de vida extravagante de Bezos, atualmente o terceiro homem mais rico do mundo, segundo a Forbes. A mega-celebração, inclusive, virou alvo de protestos de moradores locais contra o turismo em massa na cidade. Bezos e noiva chegam a Veneza para casamento milionário de três dias

Famosos chegam a Veneza para casamento de Bezos; veja quem foi convidado


Oprah, Kim Kardashian e Tom Brady já estão na cidade italiana, onde cerca de 250 convidados participarão da celebração de três dias do fundador da Amazon e sua noiva, Lauren Sánchez. Kim Kardashian chega para casamento de Jeff Bezos e Lauren Sánchez em Veneza Andrea Pattaro/AFP Os famosos que estão na lista do casamento do fundador da Amazon, Jeff Bezos, e da jornalista Lauren Sánchez já chegaram a Veneza, na Itália, para os três dias de festa, entre esta quinta-feira (26) e sábado (28). Uma delas foi a apresentadora norte-americana Oprah Winfrey, que pousou no aeroporto Marco Polo de Veneza com seu jato particular, de acordo com a agência Associated Press. Oprah Winfrey em Veneza para casamento de Jeff Bezos e Lauren Sánchez Andrea Pattaro/AFP O ex-jogador de futebol americano Tom Brady chegou logo depois. Já a família Kardashian veio com a mãe, Kris Jenner, e as irmãs Kim e Khloe. Khloe Kardashian em Veneza Andrea Pattaro/AFP Ivanka Trump, filha do presidente dos EUA, Donald Trump, e o marido Jared Kushner, que chegaram ainda na terça-feira (24), aproveitaram o tempo extra para passear e fazer compras, segundo a agência Reuters. Entre 200 e 250 convidados devem participar das festas. Entre outros nomes especulados estão famosos como Mick Jagger, Leonardo DiCaprio, Jay-Z, Beyoncé e Bill Gates. Ex-jogador de futebol americano Tom Brady em Veneza, onde participará do casamento de Jeff Bezos e Lauren Sánchez Andrea Pattaro/AFP Segundo a imprensa italiana, Bezos e Sánchez trocarão alianças e votos na sexta-feira (27) na ilha de San Giorgio Maggiore, em frente ao Arsenale, onde haverá uma grande festa no sábado. Jeff Bezos e Lauren Sanchez deixam hotel em Veneza para irem a local de seu casamento Yara Nardi/Reuters Bezos e noiva chegam a Veneza para casamento milionário de três dias

Presidente do México diz que vai processar SpaceX por poluição ligada a lançamentos de foguetes


Claudia Sheinbaum afirma que lançamentos feitos perto da fronteira afetam o meio ambiente e que medidas legais serão tomadas com base em normas internacionais. Starship, nave mais poderosa do mundo, em foto divulgada em 11 de outubro de 2024 Divulgação/SpaceX A presidente do México, Claudia Sheinbaum, anunciou nesta quarta-feira (25) que o governo vai processar a SpaceX, empresa espacial do bilionário Elon Musk, por causa da poluição provocada por lançamentos de foguetes próximos ao território mexicano. A Starbase, principal base de lançamentos da SpaceX, fica no sul do Texas (EUA), perto do estado mexicano de Tamaulipas, na fronteira nordeste do país. Ambientalistas locais afirmam que a atividade na região tem causado poluição em fontes de água e deixado destroços de foguetes espalhados pelo local. Grupos conservacionistas do México e dos Estados Unidos também alertam para os riscos à fauna local, como tartarugas marinhas e aves costeiras que vivem na área. "Estamos revisando tudo que tem a ver com o lançamento de foguetes, que ocorre muito próximo da nossa fronteira, os impactos que isso tem na região e, dentro do marco das leis internacionais, vamos tomar as medidas legais cabíveis", disse Sheinbaum, durante sua coletiva de imprensa matinal. Claudia Sheinbaum Reprodução / X O anúncio foi feito uma semana após um foguete Starship da SpaceX explodir durante um teste em solo. A explosão causou uma grande bola de fogo e incêndios na base de testes, segundo a própria empresa. A presidente afirmou que o processo não tem relação direta com esse incidente, mas com "os impactos à segurança e ao meio ambiente" causados pelos lançamentos. "Vamos iniciar um processo porque, de fato, há poluição", reforçou. Segundo a imprensa local, praias de Tamaulipas foram encontradas com destroços que seriam do foguete que explodiu na semana passada. LEIA TAMBÉM: Starship, da SpaceX, explode durante teste no Texas; veja vídeo Honda testa foguete reutilizável que dá ré e faz pouso em solo; veja Vazamento de dados: como criar senhas fortes e proteger suas contas Bezos e noiva chegam a Veneza para casamento milionário de três dias Moradores de Veneza protestam contra a festa de casamento de Jeff Bezos Conheça o maior foguete da história, criado pela empresa de Elon Musk

quarta-feira, 25 de junho de 2025

Vazamento de dados: como criar senhas fortes e proteger suas contas


Criminosos reuniram 16 bilhões de senhas em diferentes bases de dados, segundo o site Cybernews. Recursos de segurança disponíveis em sites e aplicativos aumentam proteção de contas. Como criar uma senha forte, difícil de ser violada, e proteger suas contas Registros como CPF, e-mail, data de nascimento e número de celular foram expostos em vazamento de dados nos Correios. A empresa disparou e-mails para usuários na quinta-feira (25) e disse que 2% da base de usuários foi afetada. Em outro caso, mais de 16 bilhões de senhas foram expostas, como revelou na semana passada o site Cybernews. O número foi contestado por outros especialistas, mas os dois casos são lembretes para proteger contas de e-mail, redes sociais e outros serviços na internet. Isso inclui principalmente ter senhas fortes e que não se repetem entre os diferentes serviços que você utiliza. E sempre desconfiar de mensagens e ligações em que outras pessoas pedem códigos ou informações pessoais. Mas, além disso, é possível usar recursos de segurança oferecidos por sites e aplicativos. Uma delas é a autenticação em dois fatores, em que é preciso ter outra informação além da senha para conseguir acessar uma conta. Confira as dicas abaixo para diminuir os riscos de invasão às suas contas: Crie senhas fortes Use senhas diferentes para cada site Use autenticação em duas etapas Ative chaves de acesso (passkeys) Desconfie de abordagens suspeitas Crie senhas fortes No caso de vazamento em um serviço que você usa, o recomendado é mudar a senha adotada naquela plataforma. A medida é importante para que sua conta não seja invadida por quem teve acesso ao conteúdo vazado. Mas como saber quais contas estão em risco? Uma opção é o site "Have I Been Pwned", que reúne registros sobre vazamentos de dados e permite verificar se o seu e-mail está em algum vazamento, o que é um alerta para você atualizar suas senhas o quanto antes. Outras orientações importantes incluem não compartilhar suas senhas com conhecidos e não deixar as credenciais salvas em aplicativos de bloco de notas. Siga as dicas abaixo para ter senhas mais difíceis de serem descobertas: crie senhas longas, que são mais difíceis de serem descobertas por tentativa e erro – uma dica é usar truques para criar senhas mais criativas, como pequenos trechos de frases ou músicas importantes para você; use letras maiúsculas e minúsculas, além de números e caracteres especiais, como @ e $; evite senhas óbvias, crie senhas que são frases porque são facilmente memorizáveis e difíceis de serem descobertas. Voltar ao início. Use senhas diferentes para cada site Uma senha forte não significa muito se for usada em todos os sites em que você tem conta. Isso porque, em caso de vazamento em um deles, a credencial pode ser testada em outros serviços. É importante criar senhas diferentes para cada site. Para lembrar de todas elas, use gerenciadores de senhas (saiba mais). Eles têm criptografia, dificultando o acesso de terceiros a informações privadas. Veja algumas opções gratuitas: Gerenciador de Senhas do Google (integrado ao navegador Chrome e à conta Google); LastPass; Microsoft (integrado ao Authenticator para Android, também pode ser usado no Windows, no Edge e com extensão para o Chrome); KeePass (com Keepass2Android para sincronizar suas senhas no Android). Opções pagas incluem Dashlane, 1Password e Dropbox Passwords. Voltar ao início. Use autenticação em duas etapas As redes sociais e outros aplicativos famosos oferecem a autenticação de dois fatores, que entra em ação sempre que há uma tentativa de acessar sua conta a partir de um novo aparelho. Com a proteção dupla, o login só é autorizado depois que você fornece a senha e um segundo fator, que costuma ser gerado na hora por meio de um aplicativo de autenticação ou de uma notificação em um dispositivo confiável. Clique aqui para saber como ativar a proteção na conta do WhatsApp, do Instagram, do Facebook, do Google, do TikTok, do X e do Telegram. E clique aqui para ver como ativar na conta gov.br. Voltar ao início. Ative chaves de acesso (passkeys) Empresas de tecnologia como Google, Apple, Microsoft têm defendido o uso de chaves de acesso (passkeys), que prometem ser mais seguras do que o método padrão de login e senha. Com as chaves de acesso, o acesso a sites e aplicativos é feito usando apenas a impressão digital, o reconhecimento facial ou o código PIN do seu celular (veja como elas funcionam). A ideia é que você não precise mais se preocupar em lembrar tantas senhas e tenha um meio confiável (sua biometria, por exemplo) para acessar esses serviços. A opção é oferecida por empresas como Google, WhatsApp, TikTok, X, iCloud e Microsoft. Voltar ao início. O que são chaves de acesso e por que elas podem pôr fim ao login com senha em apps e redes sociais Onur Binay/Unsplash Desconfie de abordagens suspeitas Não é preciso haver vazamento para roubar credenciais de vítimas. Criminosos podem tentar enganar a pessoa para que ela mesma informe suas informações privadas, o que pode ser feito por meio de sites e e-mails fraudulentos, por exemplo. A prática conhecida como phishing visa utilizar mensagens que parecem autênticas para roubar informações. Por isso, é importante verificar se o link do site é realmente o endereço que você deseja visitar – criminosos podem criar uma réplica em que a URL tem apenas algumas letras diferentes da original. Outra recomendação é analisar com atenção o que está escrito no site ou no e-mail e se perguntar por que você recebeu o conteúdo, que tipo de informação estão pedindo e se algo parece estranho. Golpes no Whatsapp: saiba como se proteger Voltar ao início. VÍDEO: Como acontece um vazamento de dados? Chaves de acesso substituem senhas por impressão digital ou reconhecimento facial, por exemplo Altieres Rohr/G1

Ela já apresentou TV, pilota helicópteros e foi ao espaço com Katy Perry: quem é a noiva de Jeff Bezos?


Fundador da Amazon e Lauren Sánchez vão se casar nesta semana em evento luxuoso de três dias na Itália. Sánchez já foi casada anteriormente, tem três filhos e anos de atuação como apresentadora da Fox News. Lauren Sánchez e Jeff Bezos Evan Agostini/Invision/AP O bilionário Jeff Bezos, fundador da Amazon e dono da empresa de foguetes Blue Origin, está prestes a se casar com a jornalista Lauren Sánchez em uma cerimônia luxuosa e cheia de mistério em Veneza, na Itália. O casal chegou à cidade nesta quarta-feira (25), e a celebração deve durar três dias — de quinta-feira (26) até sábado (28) — embora os detalhes oficiais ainda não tenham sido divulgados. A maratona de eventos deve custar até US$ 56 milhões, segundo a agência Reuters. O valor reforça o estilo de vida extravagante de Bezos, atualmente o terceiro homem mais rico do mundo, segundo a Forbes. A mega-celebração, inclusive, virou alvo de protestos de moradores locais contra o turismo em massa na cidade. Bezos e noiva chegam a Veneza para casamento milionário de três dias Lauren Sánchez já foi apresentadora de TV, produziu filmes, pilotou helicópteros e viajou para o espaço. Hoje, ela atua como vice-presidente do Bezos Earth Fund — fundo criado por Bezos para combater a crise climática. Quem é Lauren Sánchez Lauren Sánchez Reprodução/Instagram Lauren Wendy Sánchez tem 55 anos e nasceu em 19 de dezembro de 1969, em Albuquerque, nos Estados Unidos. Coincidentemente, ela veio ao mundo no mesmo hospital onde Bezos nasceu seis anos antes, segundo o The Wall Street Journal. Filha de uma família mexicano-americana, ela cresceu ouvindo espanhol em casa. Ainda assim, Sánchez contou à revista Elle, em uma entrevista publicada em 2024, que sua mãe evitou ensiná-la a língua por receio de que um possível sotaque prejudicasse sua carreira. Na época, Sánchez disse estar fazendo aulas de espanhol. Na adolescência, ela foi líder de torcida e participou de concursos de beleza. Mais tarde, decidiu seguir carreira no jornalismo, estudando no El Camino College e depois na Universidade do Sul da Califórnia. Ao longo dos anos, construiu uma carreira na televisão americana. Apresentou diferentes programas, como o 'Good Day LA', da Fox, pelo qual ficou mais conhecida. Além disso, participou de produções de entretenimento, atuando tanto diante das câmeras quanto nos bastidores. Relação com Bezos e vida amorosa Lauren Sanchez e Jeff Bezos chegam à festa do Oscar da Vanity Fair após a 97ª edição do Oscar, em Beverly Hills, Califórnia, EUA, em 2 de março de 2025 REUTERS/Danny Moloshok Lauren e Bezos começaram a namorar em 2018, quando ela estava se divorciando do agente de celebridades Patrick Whitesell, com quem teve dois filhos. Antes disso, ela já era mãe de Nikko, fruto do relacionamento com o ex-jogador de futebol americano Tony Gonzalez. O relacionamento com Bezos se tornou público em 2019, pouco depois do divórcio do bilionário com MacKenzie Scott, com quem foi casado por 25 anos. A separação teria custado cerca de US$ 35 bilhões. Desde então, o casal tem sido destaque frequente na mídia, seja pelos gestos públicos de afeto ou pelo estilo de vida bilionário. Um dos momentos mais comentados dos últimos anos foi quando Mark Zuckerberg, dono da Meta, apareceu em imagens que circulam nas redes sociais supostamente olhando para o decote de Sánchez durante a posse de Donald Trump, nos EUA, em janeiro (veja abaixo). Post que mostra momento em que Zuckerberg teria espiado o decote de Sanchez Reprodução/X Bezos e Sánchez ficaram noivos em maio de 2023. O empresário, dono da Amazon, fez o pedido no iate Koru, avaliado em US$ 500 milhões, escondendo o anel de noivado sob o travesseiro da namorada. “Quando ele abriu a caixinha, eu apaguei por um momento”, contou Sánchez à Vogue, na época. 🚀Paixão por voar: do helicóptero ao espaço Lauren Sánchez Reprodução/Instagram Aos 40 anos, Lauren decidiu aprender a pilotar helicópteros. A inspiração veio do pai, que era instrutor de voo e mecânico de aeronaves, segundo o Hollywood Reporter. Em 2016, fundou a Black Ops Aviation, uma das primeiras produtoras de filmagens aéreas comandada por uma mulher, com foco em conteúdo para TV e cinema. A paixão por voar a levou ainda mais longe: em abril de 2025, já noiva de Bezos, ela participou de um voo espacial da Blue Origin, empresa fundada por ele. A missão contou com uma tripulação 100% feminina — a primeira desse tipo desde o voo solo da cosmonauta russa Valentina Tereshkova, em 1963, segundo a empresa. Entre as passageiras estavam outras cinco mulheres, incluindo a cantora Katy Perry. Blue Origin divulga foto da tripulação da missão NS-31 Divulgação/Blue Origin Lauren também foi uma das responsáveis pelo design dos trajes espaciais usados pelas tripulantes. Em parceria com a grife Monse, ela criou roupas ajustadas ao corpo, feitas com material resistente a chamas e pensadas tanto para a funcionalidade da missão quanto para refletir estilo. "Queria algo sexy, atraente e funcional", disse em entrevista ao New York Times. Katy Perry vai ao espaço com tripulação 100% feminina g1 Veja mais: Moradores de Veneza protestam contra a festa de casamento de Jeff Bezos Jeff Bezos leva tombo no retorno do voo da Blue Origin

Correios alertam usuários sobre vazamento de dados pessoais


Conforme mensagem enviada pela empresa pública, vulnerabilidade no dia 13 de junho permitiu vazamento de CPF, e-mail e outros dados. Problema afetou 2% da base de usuários. Correios enviou mensagem a clientes sobre vulnerabilidade no sistema em 13 de junho e permitiu. Marcelo Camargo/Agência Brasil Os Correios dispararam nesta quarta-feira (25) mensagens para usuários dos serviços oferecidos pela empresa pública na qual alertam sobre o vazamento de dados pessoais, como Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), e-mail, data de nascimento e número de celular. 💻De acordo com a mensagem enviada a clientes, uma vulnerabilidade no sistema foi verificada no dia 13 de junho e permitiu o vazamento. "Assim que o incidente foi detectado, adotamos imediatamente medidas adicionais de segurança para proteger as informações e notificamos a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), conforme previsto na legislação", afirmou a empresa na mensagem a clientes. Procurada pelo g1, a assessoria dos Correios informou que o vazamento de dados "envolveu cerca de 2% da base de cadastro", mas não informou o número absoluto de vítimas. "É importante ressaltar que o acesso aos sistemas dos Correios permanece seguro e estável para todos os usuários", declarou a empresa. Segundo a assessoria, não houve "comprometimento dos serviços ofertados, tampouco de senhas ou credenciais". E a falha de segurança foi "sanada". "Os Correios reafirmam seu compromisso com a segurança da informação, investindo continuamente no aprimoramento de seus processos e na confiabilidade de seus canais digitais", afirmou a assessoria da empresa. Especialista explica como evitar vazamento de dados na internet

Putin aposta em app estatal para competir com WhatsApp e Telegram e reforçar 'soberania digital'


Autorizado pelo presidente da Rússia, o app terá funções que WhatsApp e Telegram não oferecem, segundo legisladores; críticos veem ameaça à privacidade e às liberdades individuais. Putin WhatsApp e Telegram Reuters O presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou nesta terça-feira (24) uma lei que autoriza o desenvolvimento de um aplicativo de mensagens apoiado pelo Estado e integrado aos serviços do governo, enquanto Moscou se esforça para reduzir sua dependência de plataformas como WhatsApp e Telegram. Há muito tempo, a Rússia busca estabelecer o que chama de soberania digital, promovendo serviços desenvolvidos internamente. Seu esforço para substituir plataformas tecnológicas estrangeiras tornou-se mais urgente quando algumas empresas ocidentais se retiraram do mercado russo após a invasão da Ucrânia por Moscou em fevereiro de 2022. Os legisladores russos afirmam que o aplicativo estatal terá funcionalidades que os aplicativos Telegram e WhatsApp, da Meta Platforms, não têm. Os críticos dizem que o fato de a Rússia exercer o controle estatal sobre ele representa riscos à privacidade e às liberdades pessoais. Mikhail Klimarev, diretor da Sociedade de Proteção à Internet, um grupo russo de direitos digitais, disse no início deste mês que espera que a Rússia diminua as velocidades do WhatsApp e do Telegram para incentivar as pessoas a mudar para o novo aplicativo. Veja mais:

Bezos e noiva chegam a Veneza para casamento milionário de três dias; veja FOTOS


Festas devem começar na noite de quinta-feira (26) e terminar no sábado. Moradores e ativistas protestam contra o impacto do evento na cidade e prometem manifestações. AP Foto/Luca Bruno Jeff Bezos e Lauren Sánchez chegam para casamento em Veneza O fundador da Amazon, Jeff Bezos, e a jornalista Lauren Sanchez chegaram a Veneza nesta quarta-feira (25) para os três dias de festas VIP que celebrarão seu casamento na histórica cidade italiana. O casal foi fotografado ao chegar ao Aman Venice Hotel, no Grande Canal, onde muitas das celebridades, além dos dois, ficarão hospedadas. Jeff Bezos e Lauren Sánchez chegam a Veneza AP Photo/Luca Bruno Cerca de 90 jatos particulares devem pousar em aeroportos locais esta semana, trazendo celebridades do show business, da política e da tecnologia para o apelidado "casamento do século". Jeff Bezos chega de barco à entrada do Aman Hotel, em Veneza, onde se casará com Lauren Sánchez Marco Bertorello/AFP Segundo a Reuters, as festas devem ter um custo total entre US$ 46 e 45 milhões. O primeiro evento deverá ocorrer na noite de quinta-feira (26), e o encerramento na noite de sábado (28). As datas e locais não foram confirmadas oficialmente. Há semanas, alguns moradores locais e grupos reclamam que o evento transformará a cidade em um "parque de diversões particular" para os ricos e prometem novos protestos. Moradores de Veneza protestam contra a festa de casamento de Jeff Bezos

Embaixada dos EUA diz que vai monitorar redes sociais de quem pedir visto de estudante


Segundo comunicado, candidatos deverão deixar perfis abertos ao público para verificação 'minuciosa'. 'Obter um visto para os EUA é um privilégio, não um direito', diz o texto. Foto de arquivo de 18 de junho mostra estudantes do programa Ação Diferida para Chegadas na Infância (DACA, na sigla em inglês) em frente à Suprema Corte dos EUA em Washington Manuel Balce Ceneta/AP/Arquivo A embaixada dos Estados Unidos no Brasil divulgou um comunicado nesta quarta-feira (25) no qual informou que o governo americano vai monitorar as redes sociais de quem solicitar visto para entrar no país na condição de estudante. O comunicado foi divulgado em um contexto em que o governo do presidente Donald Trump tem anunciado medidas mais rígidas para entrada de estrangeiros no país, uma promessa de campanha. 📲Conforme o comunicado divulgado nesta quarta, quem quiser obter visto de estudante para entrar nos EUA deverá deixar o perfil nas redes sociais aberto ao público. Suprema Corte dos EUA autoriza governo Trump a retirar visto de mais de 500 mil imigrantes Segundo a embaixada, as autoridades americanas farão uma verificação "abrangente e minuciosa" do comportamento dos estudantes na internet. "Utilizamos todas as informações disponíveis durante a triagem e verificação de vistos para identificar solicitantes inadmissíveis aos EUA, especialmente aqueles que representam uma ameaça à segurança nacional", diz o texto. De acordo com a embaixada, o Departamento de Estado, órgão equivalente ao Ministério das Relações Exteriores, decidiu adotar a medida para "proteger" os Estados Unidos e os cidadãos americanos, mantendo o que chamam de "mais altos padrões de segurança nacional" no processo de concessão de vistos. "Obter um visto para os EUA é um privilégio, não um direito", afirmou a embaixada. "Os EUA devem manter vigilância rigorosa durante o processo de emissão de vistos para garantir que os solicitantes não representam risco à segurança dos americanos e aos interesses nacionais", completou a representação diplomática. 'Segurança nacional' O texto divulgado pela embaixada americana afirma que a decisão sobre conceder o visto é "acima de tudo uma decisão de segurança nacional". Sem citar caso específico de suposta ameaça ao país, a embaixada acrescenta que o governo americano precisa manter uma "vigilância rigorosa" durante o processo de emissão de visto, garantindo que quem solicitar o documento não represente "risco à segurança dos americanos e aos interesses nacionais". "Todos os solicitantes devem comprovar de forma credível sua elegibilidade para o tipo de visto solicitado, incluindo a intenção de participar exclusivamente de atividades compatíveis com os termos de sua admissão", diz a redação. Conforme a embaixada, os consulados americanos retomarão "em breve" o agendamento de entrevistas para visto de estudante.

O desgastante trabalho humano por trás do ChatGPT: 'Não é tão emocionante quando descobrimos o que envolve'


Para autora de novo livro sobre a OpenAI, empresa responsável ChatGPT, sucesso comercial está ligado à exploração de pessoas e recursos naturais. A autora do livro Empire of AI, Karen Hao, em visita à sede da BBC Giovanni Bello/BBC News Brasil Se você já "conversou" com o ChatGPT ou outra ferramenta semelhante, pode ter achado, em um primeiro momento, que se trata de uma tecnologia quase mágica. Como é possível que uma máquina entenda perguntas feitas por humanos, interprete seu conteúdo e responda com informações estruturadas e em linguagem humana, em questão de segundos, com evolução constante na qualidade das respostas? Essa percepção de algo quase "sobrenatural" não é por acaso. Sam Altman, CEO da empresa responsável pela tecnologia, a OpenAI, faz uso de termos como esse para descrever seus produtos. No ano passado, ao anunciar novidades na plataforma X (ex-Twitter), ele escreveu que o que a empresa estaria prestes a apresentar "parecia mágica". Em um vídeo de apresentação da ferramenta de conversa por voz com o ChatGPT, uma porta-voz da empresa afirmou: "isso parece tão mágico, é maravilhoso." Mas o sucesso comercial da OpenAI não vem do além. Está ligado, em boa parte, com a exploração de pessoas e recursos naturais bastante reais, envolvendo cadeias produtivas complexas e opacas, que terceirizam responsabilidades e exploram desigualdades estruturais. Quem diz isso é Karen Hao, autora do livro Empire of AI (Império da IA, ainda sem edição no Brasil), lançado em maio, em entrevista cedida à BBC News Brasil em sua sede, em Londres. A autora realizou cerca de 300 entrevistas, que ajudam a destrinchar o impacto global da empresa por trás do chatbot mais famoso do mundo. Mais do que ouvir executivos, Karen Hao se dedicou a investigar os impactos da OpenAI fora do Vale do Silício, como a crescente demanda por data centers, infraestrutura essencial para processar os bilhões de dados usados no treinamento e operação de sistemas como o ChatGPT, e que consomem milhões de litros de água e enormes quantidades de energia. "Essas empresas lucram mais, se enriquecem mais, quando há um crescente burburinho em torno da tecnologia e quando há a percepção de que a IA é mágica", disse ela à BBC News Brasil. "Não é tão emocionante quando os consumidores estão usando uma tecnologia que sabem que envolve exploração de mão de obra." Hao investigou a contratação indireta de milhares de trabalhadores precarizados, expostos ao pior tipo de conteúdo da internet para treinar os filtros da ferramenta. Para isso, viajou do Quênia à Colombia e entrevistou pessoas que, em um cenário de crise econômica, aceitaram trabalhar nesse mercado de anotação de dados para a indústria de IA. Foi também ao Chile, onde conheceu ativistas preocupados com o aumento de data centers e o crescente consumo de recursos hídricos. O "império" que dá título ao livro está ligado a essas relações de exploração econômica e à concentração de poder. "Precisamos pensar nessas empresas como novas formas de império. Elas ganharam uma quantidade extraordinária de poder político e econômico, a ponto de praticamente não existir mais nenhuma força superior no mundo capaz de conter seu crescimento ou interesses próprios.", disse. Autora do livro investigou impacto global da OpenAI e consequências para trabalhadores e para o meio ambiente Reprodução Do laboratório de pesquisa sobre IA ao 'império' Hao teve acesso inédito à OpenAI ainda em 2019, antes do lançamento oficial do ChatGPT, quando ela estava escrevendo um perfil sobre a empresa em ascensão para a MIT Technology Review, publicação dos EUA que analisa como as novas tecnologias impactam a sociedade, a política e os negócios. "Nós nunca demos tanto acesso a alguém antes", disse a ela um dos entrevistados à época. Um dos pontos a seu favor para que a empresa concordasse com as entrevistas era sua formação técnica: Hao é graduada em engenharia mecânica pelo MIT e já trabalhou em uma startup no Vale do Silício, o que poderia ajudá-la a entender em mais detalhes o progresso tecnológico que estavam fazendo à época. "Originalmente (a OpenAI) foi concebida como um laboratório de pesquisa em IA, sem qualquer tipo de interesses comerciais, sem qualquer intenção de desenvolver produtos", disse. Esse laboratório tinha uma missão: assegurar que a chamada AGI, ou inteligência artificial geral — conceito abstrato de uma máquina que possui a mesma sofisticação da mente humana — fosse usada em benefício da humanidade. A reportagem, publicada em fevereiro de 2020, afirma que havia um "descompasso" entre a imagem benevolente e colaborativa passada pela organização e o que acontecia nos bastidores. "Percebi que a organização defendia publicamente valores que na prática se manifestavam de forma diferente. Publicamente diziam ser uma organização sem fins lucrativos e sem intenção comercial." Mas logo ela começou a perceber que "provavelmente precisariam se comercializar rapidamente", já que haviam recebido um investimento de um bilhão de dólares da Microsoft e precisariam dar retorno sobre esse investimento. Hao também notou um ambiente de muito sigilo. "Diziam que eram colaborativos e transparentes mas, na realidade, eram muito reservados. Executivos enfatizavam que precisavam ser os primeiros no programa de pesquisa deles para cumprir sua missão: garantir que a chamada inteligência artificial geral (ou AGI - artificial general intelligence) beneficie toda a humanidade." A resposta à reportagem foi o silêncio, conta. "Ficaram profundamente insatisfeitos com esse resultado e acabaram me proibindo de falar com a empresa por três anos." Com o livro não seria diferente: Hao diz que a empresa preferiu não colaborar com sua apuração. Em uma postagem na rede social X em abril deste ano, antes da publicação de Empire of AI, Sam Altman escreveu: "estão para sair alguns livros sobre a OpenAI e sobre mim. Nós só participamos de dois", sem citar o livro de Hao. Ele acrescentou que "nenhum livro vai acertar tudo, especialmente quando algumas pessoas estão tão determinadas a distorcer as coisas". Hao entendeu aquilo como uma crítica. "Ficou bastante claro para mim que ele estava tentando afastar as pessoas do meu livro." Em resposta a um pedido da BBC News Brasil para se posicionar sobre as críticas contidas no livro e na entrevista, um porta-voz da OpenAI enviou por e-mail este mesmo post de Altman, sem outras informações. there are some books coming out about openai and me. we only participated in two—one by keach hagey focused on me, and one by ashlee vance on openai (the only author we’ve allowed behind-the-scenes and in meetings). no book will get everything right, especially when some people… — Sam Altman (@sama) April 4, 2025 Moderação 'grotesca' de conteúdo abusivo A moderação de conteúdo para IA generativa, como a do ChatGPT, não é exatamente a mesma que era feita em conteúdo gerado por usuários em redes sociais, como do Facebook, segundo Hao. Isso porque trabalhadores terceirizados filtram textos que nem sequer foram produzidos por uma pessoa real, mas sim gerados antecipadamente por IA. "A OpenAI solicitou a seus próprios modelos que imaginassem alguns dos piores cenários de abuso de texto, discurso de ódio de texto, assédio, texto racista, sexista, para dar aos trabalhadores, para que houvesse uma distribuição mais ampla das piores coisas que eles pudessem então filtrar", explica Hao. A prática não é exclusiva de uma ou outra empresa. Um artigo publicado no ano passado por pesquisadores da Microsoft (empresa que, vale lembrar, é uma das maiores parceiras da OpenAI), ao revisar a literatura recente sobre o assunto, afirma que a tendência de ignorar a importância do trabalho humano em sistemas de IA é "comum". E que há um padrão no Vale do Silício de terceirizar esse tipo de atividade de filtrar conteúdo nocivo para fornecedores terceirizados, "geralmente no exterior". "Quando a mão de obra é transferida, especialmente de forma fragmentada, para uma força de trabalho contingente distribuída globalmente, torna-se mais difícil rastreá-la e mais complicado reivindicar proteções trabalhistas para ela", diz o artigo. Para Karen Hao, a IA não é inevitável, mas 'um produto de escolhas humanas' Giovanni Bello/BBC News Brasil 'O que recebi em troca valeu o que perdi?' Um dos trabalhadores retratados no livro é Mophat Okinyi, queniano contratado para atuar na moderação de conteúdo que seria usado pela OpenAI. Integrava a equipe responsável por revisar material sexual. Sua função era ler e classificar textos distinguindo, por exemplo, entre erotismo consensual (considerado aceitável) e abuso sexual, incluindo casos envolvendo crianças (inadmissível). "Ele passou tanto tempo lendo sobre abuso sexual e pedofilia que isso mudou completamente sua personalidade", contou a autora. Okinyi desenvolveu sintomas de trauma psicológico, mas não sabia como explicar à esposa o que estava acontecendo. "Como dizer que passo o dia inteiro lendo conteúdo sexual no trabalho? Isso nem soa como um emprego de verdade", relatou, conforme o livro. Na época, o ChatGPT ainda não havia sido lançado, e ele decidiu guardar tudo para si. Enquanto trabalhava no projeto, vivia com a esposa. As tarefas se tornaram cada vez mais pesadas: ocupavam noites, fins de semana e envolviam conteúdos cada vez mais extremos, como violência sexual entre familiares e zoofilia. Certo dia, voltando para casa, recebeu uma mensagem da esposa pedindo que passasse no mercado. Quando chegou, ela não estava mais lá. Em seguida, recebeu uma mensagem: "Não reconheço mais o homem em que você se tornou. Não vou voltar." Quando o ChatGPT foi oficialmente lançado, em novembro de 2022, Okinyi disse à Hao ter sentido orgulho de ter contribuído para tornar a ferramenta mais segura. Mas a pergunta permaneceu: "O que recebi em troca valeu o que perdi?" Terceirização do 'serviço sujo' Sam Altman, CEO da Open AI, fala durante o Snowflake Summit 2025 no Moscone Center em 02 de junho de 2025 em São Francisco, Califórnia Getty Images Okinyi e outros trabalhadores como ele não prestavam serviço diretamente para a OpenAI, mas para empresas terceirizadas que operam também para várias outras companhias. "Não é bom para a imagem das empresas que os consumidores saibam que alguns dos produtos que estão comprando podem ter esse tipo de trabalho sujo sendo feito nos bastidores", avalia Hao. "A razão pela qual muitas pessoas acabam não percebendo essas cadeias de suprimentos complexas é que, em parte, as empresas tentam se distanciar delas. Elas usarão uma empresa intermediária para construir seus centros de dados ou contratar trabalhadores terceirizados", diz Hao. Quando o caso dos trabalhadores quenianos operando para a OpenAI foi descoberto pela imprensa, a empresa conseguiu repelir a culpa. "Eles disseram que isso não era problema deles, que não foram eles que contrataram diretamente esses trabalhadores", lembra a autora. "Mas isso não faz muito sentido, porque todo o trabalho, todo o pagamento, era direcionado e ditado pela OpenAI." Trabalhadores instruídos, com boa internet e de baixa renda Trabalhadores ganham centavos por 'microtarefas' feitas pelo celular, que envolvem responder a pesquisas, fazer moderação de conteúdo, dentre outros Arquivo pessoal Uma reportagem publicada em junho pela BBC News. Brasil mostrou que esse mercado de treinar IAs e moderar conteúdo, também conhecido como 'microtrabalho', tem sido executado também no Brasil, principalmente por mulheres. Um estudo do Laboratório de Trabalho, Plataformização e Saúde, vinculado à Universidade Estadual de Minas Gerais, detectou que 63% da mão de obra era feminina. A pesquisa mostra que um dos motivos é a dificuldade de conseguir um emprego no país, mesmo com ensino superior completo, bem como a necessidade de cuidar dos filhos ou outras pessoas da família. Hao identifica três características em comum entre esses novos trabalhadores para o treinamento da IA: são instruídos, têm ótima conectividade com a internet e baixa renda. "São as condições que as empresas de IA descobriram que formam os melhores trabalhadores, porque eles executam bem as tarefas, são treinados muito rapidamente e estão dispostos a fazer isso por muito, muito, muito pouco dinheiro." Um dos argumentos recorrentes dos que apoiam esse tipo de trabalho é que, sem eles, provavelmente estas pessoas teriam de se sujeitar a condições ainda piores para se sustentar. Um empresário do setor é citado no livro por uma frase do tipo. Ele disse que "se você pudesse estar puxando um riquixá (veículo de duas rodas puxado por um humano) ou rotulando dados em um internet café com ar-condicionado, este último é um trabalho melhor". Para Hao, as empresas não podem usar isso como desculpa para desrespeitar direitos humanos. "Por que eles não estão pagando aos trabalhadores um salário justo para realmente fazer um trabalho que é fundamental para que eles consigam lucrar seus bilhões?", questionou, lembrando que uma das premissas da OpenAI é justamente desenvolver uma tecnologia que possa ser usada pela humanidade para gerar mais riqueza. Data centers e colonialismo Vista aérea de um data center de propriedade da multinacional americana e empresa de tecnologia Google em Santiago Getty Images Em maio deste ano o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou em Los Angeles, nos EUA, uma política nacional de data centers que prevê a desoneração de investimentos no setor. Esses centros, essenciais para o funcionamento de serviços digitais como IA, redes sociais e bancos, consomem grandes volumes de água e energia. E estão sendo cada vez mais demandados pelo crescimento de serviços digitais. Data centers existem há décadas, mas até o século passado ficavam limitados a espaços menores, descreve Karen Hao no livro. A partir dos anos 2000, explica Hao, gigantes da tecnologia começaram a consolidar toda a sua infraestrutura em enormes armazéns de servidores em comunidades rurais. Na era do ChatGPT isso ganhou uma escala ainda maior. Alguns números recentes citados em um relatório da Agência Internacional de Energia (AIE), organização vinculada à OCDE, ajudam a ilustrar: - Um centro de dados típico focado em IA consome tanta eletricidade quanto 100 mil residências. Mas os maiores que estão sendo construídos atualmente consumirão 20 vezes mais. - O treinamento do modelo GPT-4, da OpenAI, consumiu energia equivalente a 70,5 mil casas de países em desenvolvimento. - A geração por IA de um vídeo curto e de baixa qualidade consome a mesma energia que carregar um laptop duas vezes. Hao faz uma comparação ainda mais simples no livro: o consumo de energia de uma pergunta ao chat equivale a dez vezes o que custaria para fazer uma pesquisa no Google. Ainda assim, a entrada de investimento estrangeiro pode ser um atrativo para governantes dos países que receberão estes data centers, diz a autora. "Muitos governos, especialmente no sul global, acabam vendo essa indústria como uma oportunidade", afirma, seja de receber investimentos ou de "não ficar pra trás" na cadeia de suprimentos da IA. "Mas acho que o que não é dito explicitamente é que muitos governos ainda vivem sob o legado do colonialismo e sentem que precisam se curvar para conseguir investimento estrangeiro direto." O Ministério da Fazenda disse à BBC News Brasil que a construção do decreto tem participação do Ministério do Meio Ambiente e que a regulamentação "estabelecerá requisitos ambientais e de sustentabilidade que deverão ser cumpridos pelas empresas que queiram se beneficiar da nova política." Destacou que o principal objetivo do Redata, como foi batizado o programa, é garantir a soberania digital do Brasil, "incentivando o processamento de dados nacionais em data centers localizados no território brasileiro." O governo federal afirma que "cerca de 60% da carga digital brasileira é processada no exterior, principalmente nos Estados Unidos, sendo o diferencial de custo o principal fator para essa situação. A política busca reverter esse cenário e fortalecer a infraestrutura digital nacional." Em maio, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou em Los Angeles, nos EUA, uma política nacional de data centers que prevê a desoneração de investimentos no setor Getty Images O data center do Google que ativistas conseguiram barrar Karen Hao traz em seu livro um exemplo concreto de resistência aos avanços dos data centers a qualquer custo: em 2019, uma estrutura desse tipo começou a ser construída para o Google em Cerrillos, comunidade de Santiago, no Chile. Um grupo de ativistas local, o Mosacat (Movimiento Socioambiental Comunitario por el Agua y el Territorio - Chile) descobriu que a estrutura usaria 169 litros de água potável por segundo para resfriar seus servidores, mais de 1 mil vezes a quantidade consumida por toda a população da região — cerca de 89 mil pessoas, num país com histórico de seca. O grupo tentou contestar o projeto primeiro com um parceiro local do Google, uma empresa de investimentos, que negou que água potável seria usada. Os ativistas decidiram então recorrer ao governo local e o assunto foi parar na divisão do Google no Chile e, mais tarde, na sede da empresa, nos EUA. No mesmo ano a big tech enviaria dois engenheiros e um advogado à cidade para apresentar o projeto à comunidade. Manifestantes colocaram placas de protesto em todo o caminho que eles percorreriam até chegar ao local do encontro. Segundo os ativistas, os representantes da empresa sequer falavam espanhol. A reunião foi entendida como uma espécie de intimidação contra a comunidade. O data center acabou não sendo instalado. O Google anunciou no ano passado que trabalharia "do zero" os planos para construí-lo depois de as preocupações com o impacto ambiental terem surgido, segundo noticiou a agência Reuters. "Quando falamos com os cidadãos afetados, com as comunidades que têm suas terras e seus recursos de água doce tomados para a construção, alimentação e operação desses centros de dados, essas pessoas não acham que é um bom negócio", afirma Hao. "Uma das coisas que o governo chileno acabou fazendo, por causa de tanto ativismo e tanta oposição, foi a criação de uma mesa redonda onde convidam representantes de empresas, representantes governamentais e moradores da comunidade local, para discutir se há maneiras de tornar esse desenvolvimento de centros de dados mutuamente benéficos." IA não é 'inevitável', mas produto de 'escolhas humanas' Hao destaca que há iniciativas de resistência à adoção sem críticas da inteligência artificial generativa e também interesse por sua regulamentação. "Estamos vendo movimentos em todo o mundo. Artistas e escritores que estão processando essas empresas e reivindicando sua propriedade intelectual. Ativistas que estão resistindo ao desenvolvimento de data centers. Estudantes e professores debatendo abertamente que talvez não queiram o ChatGPT nas escolas." Ela acredita que o desenvolvimento da IA, como está colocado hoje, não é inevitável. "É um produto de escolhas humanas. Isso significa que você, como um ser humano com escolhas, pode ter um papel ativo na formação do futuro desta tecnologia." "Sempre que você se depara com a narrativa de que as IAs são inevitáveis, de que se você não adotar essa tecnologia será substituído por alguém que a adote, saiba que essa é uma narrativa enraizada, perpetuada e amplificada pelas empresas que as produzem. É um discurso que serve a elas. Quanto mais as usamos para diferentes tarefas, mais dados elas obtêm para automatizá-las." A autora diz não ser totalmente contra o uso desse tipo de tecnologia. "Você possa escolher modelos de código aberto, que não usam desse tipo de ideologia imperial sob a qual a OpenAI ou o Google podem estar operando." Aos formuladores de políticas públicas, a autora reforça que as empresas de IA ainda dependem de uma cadeia global de suprimentos e não operam sozinhas. "Há dados aos quais eles precisam ter acesso. Há terras que eles precisam para construir seus data centers, além da energia e água para mantê-los funcionando." Por isso, argumenta, autoridades não deveriam temer a regulação dessas empresas por medo de perder acesso aos serviços. "Os governos precisam reconhecer que eles possuem e governam coletivamente todos os recursos que essas empresas precisam para produzir as tecnologias em primeiro lugar. As empresas terão, assim, que ajustar sua abordagem para algo que seja benéfico para todos. Isso inclui aumentar as proteções de dados, os direitos de propriedade intelectual." 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