domingo, 29 de junho de 2025

IA no celular: o que vale a pena usar? g1 testou funções no iPhone 16e, Moto Razr 60 Ultra e Galaxy S25 Edge


Cada marca diz que as funções de inteligência artificial do seu smartphone é algo imprescindível de usar. Mas é mais comum esquecer que o recurso está disponível. Imagem gerada por inteligência artificial mostra personagem de desenho com três celulares nas mãos Reprodução/Perplexity.ai Já percebeu que toda propaganda de celular fala de inteligência artificial? Parece que é algo imprescindível, que vai mudar a vida de quem tiver aquele aparelho de última geração. Na prática, está mais para esquecível. Por exemplo: usar a IA para resumir mensagens longas pode ser útil. Mas é mais fácil ler ou lembrar que a função de resumo está lá disponível? Por outro lado, tem coisas úteis ou divertidas que a IA das marcas pode ajudar a fazer no smartphone. Dá para apagar ou modificar partes de fotos, gerar imagens artificiais para mandar no WhatsApp e gravar e transcrever ligações telefônicas. Ou pedir para um robô de chat, como o ChatGPT ou Gemini, falar com você e descrever o ambiente ao redor. Apple, Motorola, Samsung e quase todos os fabricantes apostam em IAs próprias para dizer que são mais "espertas" que a dos concorrentes. Para complicar ainda mais a situação das marcas de celulares, os próprios robozinhos de chat por IA – ChatGPT, Gemini, Copilot e tantos outros – têm suas versões que rodam em qualquer smartphone, até mesmo os mais antigos. O Guia de Compras testou as funcionalidades de IA presentes em três celulares diferentes lançados em 2025 (iPhone 16e, Moto Razr 60 Ultra e Galaxy S25 Edge) para entender o que é legal, o que é útil e o que não é legal nelas. Apple iPhone 16e O iPhone 16e vem com a Apple Intelligence integrada ao sistema operacional do telefone e aos aplicativos da própria marca, como e-mail, mensagens, notas, Pages (editor de texto) e galeria de fotos. Mas dá para copiar e usar as informações geradas ou modificadas em outros apps, como o WhatsApp e redes sociais. A filosofia da Apple para IA é bastante parecida com a da Samsung. Ambas inseriram muitas funcionalidades similares (edição de fotos e texto, transcrições, resumos, assistentes de voz) nos seus aparelhos. O iPhone 16e é o mais barato dos três modelos avaliados. Saía por R$ 4.000 nas lojas da internet em junho. O que é legal? A função Limpeza, presente no app Fotos, serve para qualquer imagem – a foto não precisa ter sido feita pelo iPhone. Ela funciona muito bem para detalhes pequenos, como pessoas ao fundo em uma paisagem, detectando de forma automática que tem algo indesejado no local. Para remover outros itens, basta selecionar na tela e as coisas desaparecem. Montagem com a foto original (no topo, à esquerda) com edições feitas no iPhone (topo à direita), Motorola (embaixo à esquerda) e Samsung (embaixo à direita) Henrique Martin/g1 Para itens maiores – como uma mão na frente do rosto – a Limpeza não funciona direito e borra a imagem. O app Playground serve para criar imagens geradas por IA: basta descrever o que você quer ou usar uma foto como base e adicionar temas, fantasias, acessórios e lugares. Nem sempre adianta selecionar novos itens – se a IA não souber como lidar com aquilo, ela diz que não consegue. O resultado é formado por imagens com aquele “jeitão artificial” que só as IAs conseguem, mas pode ser algo divertido. Depois, é só salvar e compartilhar nas redes sociais ou no WhatsApp. Recorte do app Playground, da Apple, capaz de gerar imagens Reprodução O que é útil? A Apple Intelligence entende comandos e mostra resultados em português. Quando você escreve um texto no app de notas, por exemplo, é possível usar a IA para revisar os textos e ajustar o tom (profissional, amigável ou conciso). A IA da Apple até reescreve ou resume em tópicos toda a informação do texto. Veja na imagem abaixo: Estilos de texto da Apple Intelligence: de cima para baixo, amigável, profissional e conciso. Reprodução Nas funções de telefone e no aplicativo gravador de voz, uma ferramenta muito útil é a de gravação (de ligações ou de conversas) e transcrição automática do texto. Dá até para transcrever depois da gravação, se quiser. O ChatGPT serve como um complemento à Apple Intelligence. O robô de conversas da OpenAI está integrado à assistente digital Siri. Basta pressionar o botão de liga e desliga (ou falar “E aí, Siri?”) e fazer a pergunta. A resposta pode ser via ChatGPT ou uma busca no Google. A Inteligência Visual é uma das coisas mais interessantes para utilizar e descobrir. Não é um app, é apenas um atalho na Central de Controle do iPhone. Ao ser ativada, a função abre a câmera, com duas opções abaixo: perguntar (ao ChatGPT) ou buscar (no Google). Optando por perguntar, a resposta será a foto com uma descrição do que tem ali. Não precisa falar, é automático. Inteligência Visual no iPhone 16e: ChatGPT responde sobre planta Henrique Martin/g1 É uma função que deve ser muito útil em viagens, para entender sobre locais turísticos, ou mesmo no supermercado, para avaliar ingredientes em um produto. Ou ver o chat elogiando seu gato. É uma função similar ao Gemini Live, do Google, nos celulares com sistema Android. Só que a versão dos concorrentes perrmite "bater papo" com a IA em tempo real – com perguntas, respostas e comentários. O que não é legal? A Apple Intelligence classifica as notificações quando o iPhone está com a tela bloqueada, mas parece que não diferencia nada direito. O app Mensagens permite criar emojis personalizados com IA (chamados de Genmojis), mas não dá para compartilhar no app de mensagens mais usado pelos brasileiros (WhatsApp). Motorola Razr 60 Ultra No Moto Razr 60 Ultra, a ferramenta integrada se chama Moto AI. É um aplicativo que já veio instalado no celular dobrável e que ajuda em duas áreas principais: criatividade e produtividade. A fabricante optou por oferecer mais recursos integrados a parceiros de IA (como Meta e Perplexity.ai) em comparação com os concorrentes. O smartphone é o mais caro entre os testados, sendo vendido por R$ 10 mil nas lojas on-line em junho. O que é legal? Na parte de criatividade do Moto AI, a ferramenta de imagens (Image Studio) é bastante completa. Ela permite gerar imagens a partir de descrições em textos, criar figurinhas e avatares (a partir de fotos) e desenhar para criar ilustrações automáticas. Tudo é bem fácil de salvar e compartilhar em redes sociais e apps de mensagens. Cria umas coisas meio doidas, mas essa é a intenção, certo? Ilustrações de IA generativa feitas com o iPhone, Motorola e Samsung baseadas em fotos Reprodução O que é útil? A parte de produtividade é bastante objetiva. A ferramenta Anota Aí grava e transcreve recados para você mesmo, a Guarde para Depois salva textos, fotos e capturas para usar no futuro. Já a O que rolou? é um resumo de notificações. E a Pergunte ou Pesquise é uma central dos outros recursos e com busca universal nos apps e dados do próprio celular. Essas funções dependem muito do uso diário do celular. Conforme os dias se passam, a Moto AI aprende com a utilização e pode dar melhores respostas. Além disso, o Gemini, do Google, vem instalado e pode ser acionado pelo botão de liga-desliga do celular. A ferramenta Gemini Live, que permite abrir a câmera do aparelho e conversar com o robô, pedindo informações em tempo real, é ótima para lembrar de tarefas e itens. Numa das conversas, o pedido começou localizando itens em um quarto – onde estava a TV – e o Gemini sugeriu procurar programas para assistir. A ferramenta ainda localizou um umidificador próximo e, após o pedido, ainda deu dicas de limpeza do equipamento. Mas é uma IA de terceiros (Google) instalada no telefone. Não é algo da própria Motorola. O que não é legal? Falta um editor de fotos melhor, capaz de apagar ou gerar objetos nas imagens, como fazem os concorrentes. É preciso usar a função de apagar coisas no app Google Fotos, mas ele não é tão completo como o da Samsung ou da Apple. A função Playlist Studio da Moto AI também sofre com a limitação de parcerias. A ideia de personalizar playlists em apps de streaming de música é legal, mas só funciona para o Amazon Music. Se não tiver uma conta no serviço, não tem como usar. Samsung Galaxy S25 Edge O Galaxy S25 Edge utiliza os recursos da Galaxy AI, uma das primeiras tecnologias do tipo a chegar aos celulares – lançada em 2024 em português, com a linha Galaxy S24. Aos poucos, a fabricante adicionou novas funções à inteligência artificial, que é desenvolvida pela marca e também em parceria com o Google. O S25 Edge custava R$ 7.300 nas lojas da internet no final de junho. O que é legal? O editor de fotos com inteligência artificial complementa alguns recursos que a Samsung já oferecia em modelos antigos, como um “apagador de objetos” nas imagens. Esse editor utiliza a IA para gerar “pedaços” de imagens. Basta selecionar o recurso, desenhar com o dedo em torno do item que será modificado e mover, aumentar, reduzir ou até excluir o item. Dá também para rabiscar coisas e inseri-las nas fotos, incluindo elementos artificiais nas imagens. Acima, foto original. Abaixo, edição generativa aumentando um item da imagem feita no Samsung Henrique Martin/g1 A IA preenche, de forma automática, as partes que foram removidas ou ampliadas na imagem. Os resultados são bastante aceitáveis – mas a imagem nova ganha um selinho para dizer que foi modificada, como ocorre em todos os celulares ao gerar imagens. A câmera do Galaxy S25 Edge também utiliza recursos de IA – como ajuste automático de contraste nas fotos. Mas isso era comum em versões antigas da linha Galaxy S e A, a tecnologia já existia, mas não era chamada de inteligência artificial. A câmera ainda apresenta a função Eliminador de Ruído para vídeos. A IA consegue remover o ruído do ambiente em gravações externas, sem microfone. Outro recurso útil é a edição automática para Reels – se fizer muitos vídeos de um tema (como uma viagem ou um pet), pode pedir para a IA criar um vídeo automatizado, pronto para compartilhar. O que é útil? Algumas funções da Galaxy AI são similares ao que a Apple Intelligence faz, como ajudar com formatos e tons de texto, gravar e transcrever ligações. Permite ainda – embora com certa lentidão – traduzir idiomas em tempo real no Intérprete. O Google Gemini também está presente como no modelo da Motorola, e oferece os mesmos recursos, como o Gemini Live para informações em tempo real. Gemini Live: identificou a planta, elogiou o gato e disse que ela não é tóxica para o felino. Reprodução Um destaque, que surgiu primeiro na Samsung e agora está disponível para outras marcas, é o Circular para Buscar. Ativado com um toque na base da tela, o recurso permite fazer buscas no Google circulando palavras ou imagens, com resultados bastante rápidos. Precisa copiar a chave Pix de uma foto? Só ativar o recurso. Circular para buscar: basta tocar na base da tela, marcar o que quer procurar e o Google encontra Reprodução É algo que um app do buscador também faria, mas com a vantagem de apenas rabiscar na tela e ter uma resposta quase imediata. O que não é legal? O recurso Now Brief é um resumão de atividades físicas, sono e de saúde, previsão do tempo e compromissos do dia. Pode ser útil, mas nem todo dono de um celular da marca também tem tem acessórios dela (como smartwatches e fones de ouvido). O app Notas também consegue gerar imagens a partir de desenhos, mas os resultados são, digamos, menos criativos do que os do Image Studio da Motorola. A partir de um desenho de rabisco parecido nos dois celulares, a Motorola gerou imagens completas. O Samsung criou algo que lembra uma batata com palitos. A partir de um desenho parecido, Samsung e Motorola geraram soluções bem distintas Reprodução Conclusão Inteligência artificial no celular não é algo que todo mundo vai utilizar o tempo todo. Vale a pena para funções específicas, dependendo do que cada fabricante oferece. Então, não precisa ter exatamente o modelo mais novo por causa da IA de qualquer marca. Os apps de conversação como Gemini e ChatGPT cumprem bem a função de entender e explicar o mundo ao redor, o que é bem legal. E funcionam na maioria dos celulares mais antigos, vale ressaltar. Esta reportagem foi produzida com total independência editorial por nosso time de jornalistas e colaboradores especializados. Caso o leitor opte por adquirir algum produto a partir de links disponibilizados, a Globo poderá auferir receita por meio de parcerias comerciais. 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