sexta-feira, 24 de outubro de 2025

Análise do cocô: novo dispositivo 'lê' suas fezes e pode ajudar na detecção de doenças


Análise do cocô: novo dispositivo 'lê' suas fezes e pode ajudar na detecção de doenças 💩 Uma empresa dos Estados Unidos lançou um dispositivo inteligente que promete analisar a saúde do cocô do usuário. O Dekoda, criado pela Kohler Health, fica acoplado ao vaso sanitário e envia para um aplicativo informações sobre o estado de saúde da pessoa. Por enquanto, o equipamento está à venda apenas nos Estados Unidos por US$ 599 (cerca de R$ 3,2 mil na cotação atual). O Dekoda tem sensores e usa algoritmos para fornecer dados sobre nível de hidratação, saúde intestinal e detecção de sangue nas fezes. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça Dekoda, dispositivo criado pela Kohler Health para analisar as fezes da pessoa. Divulgação/Dekoda "Ao estabelecer linhas de base pessoais e acompanhar tendências ao longo do tempo, o Dekoda ajuda as pessoas a tomar decisões baseadas em dados e a criar hábitos mais saudáveis", explica a Kohler Health. A companhia informa ainda que o dispositivo foi projetado para se adaptar à maioria dos vasos sanitários. No entanto, avisa que ele pode não funcionar bem em banheiros muito escuros, já que a falta de luz pode atrapalhar os sensores na hora de fazer a leitura. Na parte de segurança, o proprietário pode cadastrar outros moradores da casa, para que o Dekoda analise o cocô de mais de uma pessoa. Para ajudar na identificação de cada usuário, o aparelho vem com um leitor de impressão digital. Leitor de digital do equipamento Dekoda. Divulgação/Dekoda A Kohler Health afirma que os dados são criptografados de ponta a ponta, o que significa que nem a própria empresa tem acesso às informações dos usuários coletadas pelo equipamento. O dispositivo funciona com bateria, que precisa ser removida periodicamente para recarga. Segundo a empresa, não é necessário desacoplar o aparelho do vaso toda vez que ele precisar ser carregado — basta remover a bateria do equipamento. Os interessados, além de desembolsar US$ 599, também precisam fazer uma assinatura vinculada ao aplicativo para ter acesso a todos os dados. Usuários individuais pagam US$ 7 (cerca de R$ 38) por mês ou US$ 70 (R$ 377) por ano. Também há um plano familiar, que permite cadastrar até cinco pessoas, por US$ 13 (R$ 70) mensais ou US$ 130 (R$ 700) anuais. LEIA TAMBÉM: Como é viver nas cidades com tecnologia mais avançada do mundo Pane na Amazon 'enlouqueceu' camas inteligentes na madrugada Selo de ligação segura para combater robocalls só vai aparecer em alguns sistemas operacionais Equipamento é conectado a um app que pode exibir informações da sua saúde. Divulgação/Dekoda Torres com câmeras se espalham e levantam alerta sobre privacidade Data centers de IA podem consumir energia equivalente à de milhões de casas Como criar uma senha forte, difícil de ser violada, e proteger suas contas

Como é viver nas cidades com tecnologia mais avançada do mundo


O polo formado pelas cidades de Guangzhou (foto), Hong Kong e Shenzhen, na China, foi considerado o principal polo de inovação do mundo em 2025 Getty Images A inteligência artificial (IA) em rápida ascensão, os carros autônomos e a energia verde estão se tornando o padrão em todo o mundo. As inovações avançam mais rapidamente do que nunca. Novas invenções e suas patentes surgem em países e cidades de todo o mundo, mas alguns lugares se destacam por trazerem mais progresso do que outros. O Índice de Inovação Global 2025 (GII, na sigla em inglês), publicado anualmente pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), classifica os principais países e polos de inovação, com base em diversos critérios. Eles incluem padrões de investimento, progresso tecnológico, índices de adoção das inovações e seu impacto socioeconômico global. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça Veja os vídeos que estão em alta no g1 Coletivamente, os 100 principais polos inovadores — de São Francisco, nos Estados Unidos, até Shenzhen, na China — representam mais de 70% do capital de risco e das patentes globais. Conversamos com moradores dos cinco principais polos de inovação do mundo para descobrir como a tecnologia influencia sua vida diária e como os visitantes podem vivenciar suas ideias inovadoras — muitas vezes, antes que elas cheguem a outras partes do planeta. 1. Shenzhen-Hong Kong-Guangzhou, China A China aparece no top 10 do Índice de Inovação Global pela primeira vez em 2025. Sua ascensão se deve ao aumento do número de patentes, investimento científico e capital de risco no país. A nação asiática abriga 24 dos 100 maiores polos de inovação do relatório e o centro tecnológico de Shenzhen-Hong Kong-Guangzhou, no sul da China, ocupa o primeiro lugar. Nesta região, a tecnologia é interligada à vida diária e a inovação está incorporada à cultura. Jamie River mora em Hong Kong há três anos. Ele conta que você pode visitar um mercado de rua e encontrar vendedores usando QR-codes para pagamento, ao lado de placas com preços manuscritos. E os proprietários de pequenas lojas gerenciam seus pedidos para delivery usando três aplicativos diferentes. "A união do novo com o antigo cria esta estranha energia", explica River. "Ninguém tem medo de testar as coisas." O cartão Octopus foi lançado em Hong Kong em 1997, originalmente como método de pagamento para o transporte público. Agora, é uma solução tecnológica diária de muitas pessoas, que pode ser usada para pagar de tudo, desde máquinas de venda automática até parquímetros. Para vivenciar a inovadora tecnologia de Hong Kong, River recomenda aos visitantes pegar a barca Star Ferry à noite e assistir à Sinfonia das Luzes. A apresentação sincroniza a trilha sonora com luzes, lasers e telas de LED em 43 edifícios. Para observar a integração criativa do novo e do antigo, a antiga delegacia de polícia PMQ, agora, abriga escritórios, lojas e cafeterias. "Você verá oficinas de impressão em 3D ao lado de estúdios de caligrafia tradicional", descreve ele. A deslumbrante Sinfonia das Luzes transforma as noites do Porto de Victoria, em Hong Kong, em uma exibição coreográfica que reúne arte e tecnologia Getty Images Sede de corporações globais da área de tecnologia, como a Huawei e a Tencent, a cidade de Shenzhen se transformou de aldeia de pescadores em força motriz do setor. A mudança foi intencional. Em 1980, o governo chinês escolheu a cidade para ser sua primeira Zona Econômica Especial, oferecendo isenções e incentivos fiscais para estimular a inovação. Seu status como centro de criatividade continuou a crescer depois que Shenzhen foi nomeada Cidade Criativa da Unesco em 2008. Ela recebeu investimentos que financiariam espaços de criação, como o Laboratório Aberto de Inovação de Shenzhen. "Esta estrutura de apoio permite rápido dimensionamento e experimentação", explica Leon Huang, que mora na cidade desde 2008. "Espaços de criação como o OCT Loft e a Sociedade de Design de Shekou são disponíveis para todos, oferecendo ferramentas avançadas a preços acessíveis, incluindo ambientes de realidade virtual." "A variedade de pessoas que frequenta esses espaços, incluindo hobbyistas, estudantes e professionais de empresas de tecnologia como a Huawei e a DJI, contribui para uma atmosfera verdadeiramente inclusiva", segundo Huang. Huang sugere que os visitantes assistam a um dos elaborados shows de drones que ocorrem na Baía do Parque de Talentos de Shenzhen ou durante eventos importantes, como o Festival da Primavera e o Dia Nacional da China. A cidade estabeleceu recentemente o recorde de maior show de drones do mundo, com cerca de 12 mil aparelhos. 2. Tóquio-Yokohama, Japão Em segundo lugar no ranking, o polo de inovação Tóquio-Yokohama produz o maior percentual de depósitos de patentes internacionais do mundo. Ele representa mais de 10% dos depósitos globais. Mas o que atrai os moradores é que a tecnologia e a inovação parecem algo prático, não chamativo. "No Japão, tecnologia não é uma louca imaginação de carros voadores, como todos nós acreditávamos que seria o ano de 2050", afirma Dana Yao. Ela conheceu seu marido em Tóquio e, agora, divide seu tempo entre o Japão e os Estados Unidos. Ela conta que, ali, a tecnologia está no cartão do trem que pode ser usado nos ônibus e nas máquinas de vendas automáticas, além dos sensores de IA das lojas de conveniência, que oferecem autoatendimento e pagamento sem dinheiro. "Você encontra essas inovações pequenas, mas poderosas, em toda parte", ela conta. "É alta tecnologia, mas ainda muito humana e realmente útil." Os visitantes do museu de arte interativo teamLab Planets, em Tóquio, caminham em salas imersivas de luzes, cores e movimento Alamy Os visitantes podem vivenciar esse mundo tecnológico no Henn Na Hotel. Nele, o check-in é totalmente automatizado, alguns dos funcionários são robóticos e "camas inteligentes" ajustam a temperatura de sono ideal. Yao também recomenda viajar no trem autônomo da linha Yurikamome, na baía de Tóquio. "É totalmente automatizado e oferece vistas deslumbrantes da cidade e da Ponte do Arco-Íris", ela conta. E, para uma dose de encanto digital, o museu de arte interativo teamLab Planets oferece uma experiência de arte imersiva na tecnologia. "Salões inteiros reagem aos seus movimentos, luzes e sons", segundo Yao. "É simplesmente incrível." 3. San José-São Francisco, Estados Unidos g1 testa o Waymo, o carro autônomo do Google, nos Estados Unidos Conhecido mundialmente como Vale do Silício, o polo de inovação San José-São Francisco lidera o planeta em termos de capital de risco. Ele gera cerca de 7% de todos os negócios globais. O relatório GII também concluiu que o polo tem a maior concentração de atividade de inovação per capita do mundo. Esta densidade é que continua atraindo empreendedores e fundadores de start-ups, especialmente agora, com o aumento das oportunidades oferecidas pela IA. "Eu nunca quis morar em São Francisco até agora", conta o novo morador da cidade Ritesh Patel, fundador da empresa Ticket Fairy. "É como o boom ponto com original. Pessoas muito inteligentes estão se reunindo aqui e pessoas que saíram estão voltando." Por isso, as possibilidades de formação de redes estão em toda parte. "Você pode estar em um jantar conversando sobre os desafios que está enfrentando como fundador de uma start-up e, no minuto seguinte, alguém na mesa diz que pode ajudar", segundo Patel. "Eles enviam uma mensagem de texto e, de repente, você tem uma apresentação ou reunião com uma pessoa relevante com quem você nunca teria contato por e-mail ou pelas redes sociais. É alucinante!" Para os visitantes em São Francisco e no Vale do Silício, a questão é experimentar a tecnologia antes que ela se torne algo comum. "Você encontra tecnologia de ponta que o resto do mundo só irá conhecer daqui a seis ou 12 meses", explica Patel. Serviços de compartilhamento de viagens, como Uber e Lyft, eram largamente utilizados por aqui, antes de se tornarem empresas globais. Agora, os carros autônomos Waymo detêm parcela de mercado significativa na região e podem ser usados por qualquer pessoa que instale seu aplicativo. 4. Pequim, China No GII, a capital chinesa superou todas as demais cidades em termos de pesquisas científicas. Ela contribui com 4% dos estudos publicados em todo o mundo. Mas os moradores de Pequim afirmam que a verdadeira força da cidade é o seu equilíbrio entre a infraestrutura de alta tecnologia e suas profundas raízes culturais. "Outras 'cidades inteligentes', na verdade, se concentram no lado moderno, mas Pequim combina inovação, cultura e qualidade de vida, o que a torna, ao mesmo tempo, avançada, mas única", explica a futurista de IA Elle Farrell-Kingsley, que, atualmente, considera Pequim sua casa. Ela conta que o dia a dia da cidade é alimentado por superaplicativos como Alipay e WeChat. Ambos incluem opções de tradução, pagamentos por QR-code e delivery de alimentos. Farrell-Kingsley também afirma que a IA, particularmente o Deepseek e DouBao, estão embutidos nos serviços diários, o que facilita a tradução para os falantes de língua inglesa. Pequim combina harmoniosamente a conveniência da alta tecnologia e suas profundas tradições culturais Getty Images A única frustração é sair para viajar e verificar que os serviços não são tão harmoniosos em outros lugares. "Tudo aqui funciona tão bem que quase esquecemos como esses serviços são integrados e inovadores, até sairmos em viagem", ela conta. "Raramente observo grandes incidentes com a tecnologia e, muitas vezes, fico frustrada ou impaciente ao visitar outros países onde esses serviços não funcionam com a mesma estabilidade." Os visitantes podem vivenciar pessoalmente a avançada IA da cidade reservando o robotáxi Apollo, da Baidu. "É uma experiência incrível e empolgante, especialmente porque ele não tem volante de direção!", elogia Farrell-Kingsley. "Você simplesmente entra e o carro sai andando sozinho, o que parece futurista e surpreendentemente seguro." 5. Seul, Coreia do Sul Em quinto lugar entre os polos de inovação do GII, Seul representa 5,4% dos pedidos globais de patentes. A capital sul-coreana lidera em acordos de capital de risco na Ásia e ocupa o segundo lugar global, atrás apenas de São Francisco. Os moradores afirmam que o impulso da Coreia do Sul rumo à inovação vem da necessidade. Afinal, a quantidade de recursos naturais da pequena nação peninsular é limitada. "O país precisa competir com inovações e tecnologia", explica Chris Oberman. Ele mora em Seul desde 2024 e escreve sobre suas viagens no blog Moving Jack. "Os avós de muitas pessoas moravam na pobreza", ele conta. "Por isso, existe ainda essa enorme vontade e energia para crescer, melhorar, inovar e não ficar para trás." O rio Cheongyecheon, no centro de Seul, oferece uma ideia do design inteligente e sustentável da capital da Coreia do Sul Getty Images Grande parte da inovação e da tecnologia está incluída no dia a dia dos moradores. As casas normalmente têm portas que abrem com códigos digitais e os sistemas de pagamento sem dinheiro fazem com que você só precise levar seu celular quando sair de casa. "Chaves, cartões, minha carteira, dinheiro: posso deixar tudo em casa", segundo Oberman. Os visitantes podem conhecer a infraestrutura futurística da cidade caminhando pelo rio Cheongyecheon, uma área pública para pedestres, mas que também pode ser percorrida em ônibus elétricos autônomos. Em toda a cidade, lojas de conveniência sem caixas ficam abertas 24 horas por dia, sete dias por semana. Nelas, os clientes podem pegar seus produtos e pagar em máquinas inteligentes. Sistemas de IA acompanham o inventário e evitam roubos. Os 10 maiores polos de inovação do mundo São Paulo é a cidade latino-americana com melhor classificação no índice da OMPI, em 49° lugar Getty Images Shenzhen-Hong Kong-Guangzhou, China Tóquio-Yokohama, Japão San José-São Francisco, Estados Unidos Pequim, China Seul, Coreia do Sul Xangai-Suzhou, China Nova York, Estados Unidos Londres, Reino Unido Boston-Cambridge, Estados Unidos Los Angeles, Estados Unidos Duas cidades latino-americanas foram incluídas entre os 100 maiores polos de inovação do mundo, segundo o Índice de Inovação Global 2025 da OMPI: São Paulo aparece em 49° lugar e a Cidade do México, pela primeira vez na lista das 100 primeiras, em 79°. Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Travel.

quinta-feira, 23 de outubro de 2025

'Minha filha foi vítima de um grupo satânico online – e eu me senti impotente para ajudar'


Adolescente com celular BBC/Getty Images Aviso: o artigo contém informações que podem ser consideradas perturbadoras Quando uma menina de 14 anos começou a conversar com outros adolescentes pela internet, sua mãe não se preocupou muito. Mas, em poucas semanas, Christina (nome fictício) percebeu que o comportamento da filha havia saído do controle. A adolescente havia caído nas redes do grupo satanista de extrema direita chamado 764, formado principalmente por adolescentes e jovens que buscam fazer mal às meninas. Pelo menos quatro adolescentes britânicos foram presos em conexão com as atividades do grupo internacional, entre eles Cameron Finnigan, membro do 764, de Horsham, em West Sussex, condenado a seis anos de prisão em janeiro. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça Como ativar proteção no celular para limitar tempo e atividade do seu filho online Veja os vídeos que estão em alta no g1 Christina acredita que a filha foi alvo do grupo 764 depois de visitar uma sala de bate-papo onde as pessoas discutiam automutilação. O grupo convence as vítimas a praticar atos sexuais, se automutilar e até mesmo tentar o suicídio durante chamadas de vídeo ao vivo, enquanto seus membros assistem. Segundo Christina, um integrante do 764 ganhou a confiança de sua filha antes de manipulá-la e coagí-la. Ela relatou: "Vi minha mãe ser diagnosticada com câncer de mama em estágio quatro e lutar pela vida, e não foi tão difícil quanto ver minha filha se deteriorar". "Ela se deteriorou mais rápido e pior do que assistir alguém essencialmente morrendo de câncer." Christina disse que tirar a filha do controle do grupo 764 foi um grande desafio. "Eu ficava dizendo: 'apenas bloqueie-os, pare de falar com eles', mas eu não estava vendo o nível de influência que já existia, nem o nível de medo", contou. "Eles a esmagaram completamente para fazê-la sentir que não era absolutamente nada sem eles ou com eles." Christina e a filha estão reconstruindo a vida aos poucos, e ela diz querer que outros pais entendam o perigo que esses grupos representam. "Minha filha parou de dormir. Parou de comer", afirmou. "Como mãe, eu me sentia sozinha. Eu estava assustada, estava desamparada, sem esperança." A Agência Nacional do Crime (NCA, na sigla em inglês) considera grupos como o 764 uma das "ameaças online mais graves e sérias" com as quais lida atualmente. Rob Richardson, vice-chefe da divisão de combate ao abuso sexual infantil online da NCA, afirma que os membros desses grupos estão cada vez mais jovens e que seus crimes são pouco denunciados. "Conseguir falar com as vítimas costuma ser bastante desafiador do ponto de vista da aplicação da lei", disse Richardson. "Muitas vezes, elas não se reconhecem como vítimas, o que torna tudo ainda mais difícil. As meninas jovens são extremamente vulneráveis." O conselho aos pais é que demonstrem interesse no que elas estão fazendo na internet, usem controles parentais e, se possível, tentem ter conversas sem julgamentos." A Fundação Molly Rose, criada em memória de Molly Russell, de 14 anos, que cometeu suicídio após ser exposta a conteúdo nocivo na internet, afirma estar alarmada com o "crescimento explosivo" de grupos como o 764. Andy Burrows, CEO da fundação, disse: "Sabemos que eles estão operando abertamente em grandes plataformas que a maioria das crianças deste país usa todos os dias. Esses grupos estão na linha de frente da ameaça de suicídio e automutilação que nossos adolescentes enfrentam." A rede 764 foi fundada em 2020 por um adolescente americano, Bradley Cadenhead, então com 15 anos. Acredita-se que o nome tenha sido inspirado em parte do código postal de sua cidade natal, no Texas. Segundo a polícia, o grupo integra uma rede internacional de grupos de extrema direita que adotam o que os policiais chamam de "ideologia aceleracionista militante". Veja mais: Após vídeo de Felca, juíza alerta sobre perigo de redes sociais para crianças: 'Internet é lugar público e perigoso' Por que redes sociais têm tantos casos de exposição de crianças mesmo com sistemas de detecção Em conversas online, Finnigan — que entrou para o grupo 764 depois de a filha de Christina ter sido alvo — se gabava com outros membros de suas tentativas de induzir crianças a se machucarem. Após sua prisão, Finnigan, então com 18 anos, foi questionado pela polícia sobre o que sabia a respeito do grupo 764. Finnigan disse: "Eles extorquem pessoas com problemas raciais, de saúde mental ou que sejam mentalmente vulneráveis para que qualquer um possa realmente se aproveitar". Finnigan se declarou culpado por incentivar o suicídio e por possuir um manual de terrorismo e imagens indecentes de uma criança. Na sentença, o juiz afirmou que Finnigan representava "alto risco de causar sérios danos ao público". A polícia antiterrorismo alerta que o grupo representa uma "ameaça imensa". Desde 2009, a unidade de Combate ao Terrorismo do Sudeste do Reino Unido é responsável por coordenar a resposta regional contra o terrorismo e oferecer apoio especializado às forças policiais de Hampshire, Kent, Surrey, Sussex e do Thames Valley. A detetive superintendente Claire Finlay, chefe da unidade, disse: "O caso de Cameron Finnigan realmente expôs o controle que esses grupos online exercem. Parte do nosso trabalho é justamente fazer com que pais, responsáveis e tutores estejam mais cientes do perigo e do que os jovens estão sendo levados a fazer." No ano passado, o FBI (a polícia federal americana) emitiu um alerta sem precedentes sobre o grupo 764, afirmando que ele "usa ameaças, chantagem e manipulação para controlar as vítimas e levá-las a gravar ou transmitir ao vivo automutilações, atos sexuais explícitos e/ou suicídios". O grupo costuma buscar meninas vulneráveis nas redes sociais, sobretudo em comunidades sobre automutilação ou saúde mental. Integrantes se comunicam com elas por aplicativos de mensagens como Discord e Telegram, e frequentemente enviam material de abuso infantil com conteúdo sexual explícito. O órgão revelou ter aberto investigações contra 250 pessoas ligadas ao 764 e a outras redes online. Prisões relacionadas ao grupo já foram feitas por crimes de abuso infantil, sequestro e homicídio em pelo menos oito países, incluindo o Reino Unido. Em entrevista ao podcast Assume Nothing: Creation of a Teenage Satanist, nova série da BBC que investiga o grupo 764, o principal responsável pela investigação do caso de Cameron Finnigan afirmou temer que mais jovens sejam influenciados a cometer crimes violentos. Ele disse: "Cada vez mais pessoas que, inicialmente, se envolveram com o [764] por acharem divertido explorar pessoas vulneráveis ou fazer trotes com falsas ameaças de bomba acabam sendo radicalizadas dentro do próprio grupo". Veja mais: Regras para redes sociais: o que está em jogo na lei contra adultização e nas propostas de regulação das big techs Recomendações de como agir em casos do tipo? O governo federal brasileiro publicou uma cartilha em 2020 com orientações sobre a proteção de crianças e adolescentes na internet. "A melhor prevenção é a informação, pois ao conhecerem os reais riscos e ameaças, as crianças e os adolescentes poderão se prevenir." Há sete principais recomendações no material: Seja exemplo Controle o acesso das crianças à internet Conscientize os pequenos sobre os perigos da internetComo os pais podem ajudar na experiência e segurança digital dos filhos Mantenha um diálogo aberto com as crianças Estabeleça um tempo diário de acesso à internet Instale firewalls e antivírus Instale um programa de controle parental Onde buscar ajuda em casos de assédio, abuso ou risco de suicídio Se você ou alguém que conhece foi vítima de assédio ou abuso, na internet ou fora dela, há serviços públicos que oferecem orientação e acolhimento: O Fala.BR, plataforma da Controladoria-Geral da União (CGU), permite registrar denúncias de assédio, abuso e outras irregularidades. A Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180, do Ministério das Mulheres, fornece informações sobre direitos e indica serviços de apoio e proteção mais próximos. Em situações de emergência, é possível acionar o 190, contatar as Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (Deam) ou denunciar violações de direitos humanos pelo Disque 100. Se houver sinais de risco de suicídio ou se você perdeu alguém por suicídio, também existem canais de ajuda: O Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece atendimento gratuito e sigiloso, 24 horas por dia, pelo telefone 188, chat, e-mail ou postos de atendimento. Para jovens de 13 a 24 anos, o Pode Falar, da Unicef, oferece atendimento por chat. Em emergências, especialistas recomendam acionar o 193 (Bombeiros), o 190 (Polícia Militar) ou o 192 (Samu). Na rede pública, há atendimento gratuito nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA). Também é possível consultar o Mapa da Saúde Mental, que reúne locais de atendimento gratuito em todo o país. Quem perdeu alguém por suicídio pode procurar a Associação Brasileira dos Sobreviventes Enlutados por Suicídio (Abrases), que oferece grupos de apoio e assistência especializada. Veja mais: Como os pais podem ajudar na experiência e segurança digital dos filhos Saiba como ativar proteção para controlar tempo e atividade de crianças no celular

Apple perde ação histórica no Reino Unido por cobrança abusiva de comissões de desenvolvedores de apps


Logotipo da Apple Unsplash/ Zhiyue A Apple abusou de sua posição dominante no mercado para cobrar comissões injustas de desenvolvedores de aplicativos, decidiu um tribunal de Londres nesta quinta-feira (23). O Tribunal de Apelações de Competição (CAT, na sigla em inglês) decidiu contra a Apple após o julgamento de uma ação movida por milhões de usuários do iPhone e do iPad no Reino Unido. ➡️O CAT determinou que a Apple abusou de sua posição dominante de outubro de 2015 até o final de 2020 ao eliminar a concorrência no mercado de distribuição de aplicativos e ao “cobrar preços excessivos e injustos” como comissão dos desenvolvedores. A Apple afirmou que vai recorrer da decisão, dizendo que ela “parte de uma visão equivocada sobre a próspera e competitiva economia de aplicativos”. Veja os vídeos que estão em alta no g1 A bigecth vem enfrentando crescente pressão de reguladores nos Estados Unidos e na Europa por causa das taxas cobradas dos desenvolvedores. O valor da ação foi estimado em cerca de 1,5 bilhão de libras (US$ 2 bilhões) pelos autores do processo. ➡️Uma audiência no próximo mês vai decidir como serão calculadas as indenizações e também analisar o pedido da Apple para recorrer da decisão. A decisão desta quinta-feira ocorre após a Apple ter sido denunciada a reguladores antitruste da União Europeia por criar regras na App Store, criadas para conter o domínio das grandes empresas de tecnologia. Ação coletiva histórica Rachael Kent, acadêmica britânica que moveu o processo, argumentou que a Apple obteve “lucros exorbitantes” ao excluir toda concorrência na distribuição de aplicativos e nas compras dentro dos apps. Os advogados dela afirmaram, no início do julgamento em janeiro, que a “posição de monopólio de 100%” da Apple permitiu impor condições restritivas e comissões excessivas aos desenvolvedores, algo que a empresa negou. O CAT afirmou, em sua decisão, que os desenvolvedores foram cobrados a mais pela diferença entre uma comissão de 17,5% sobre as compras de aplicativos e a taxa cobrada pela Apple, que, segundo os advogados de Kent, normalmente era de 30%. O tribunal também concluiu que os desenvolvedores repassaram 50% dessa cobrança adicional aos consumidores. “Essa decisão ignora como a App Store ajuda os desenvolvedores a prosperar e oferece aos consumidores um local seguro e confiável para descobrir aplicativos e realizar pagamentos com segurança”, disse um porta-voz da Apple. Ações coletivas no Reino Unido O caso foi o primeiro processo coletivo contra uma gigante da tecnologia a ir a julgamento sob o regime britânico de ações coletivas, que completou 10 anos neste ano e já certificou diversos casos bilionários para julgamento, embora até agora com sucesso limitado para os consumidores. Há, no entanto, muitos outros processos aguardando julgamento, incluindo um contra o Google sobre a comissão que a empresa cobra de desenvolvedores de aplicativos para acesso à Play Store. Esse caso está previsto para começar em outubro de 2026 e será julgado juntamente com uma ação semelhante movida pela Epic Games, que também mantém litígios paralelos com a Apple nos Estados Unidos. Outras gigantes da tecnologia, incluindo Amazon e Microsoft, também enfrentam ações de grande valor no CAT. Kent afirmou em comunicado que a decisão mostra que o regime de ações coletivas do Reino Unido está funcionando e “envia uma mensagem clara: nenhuma empresa, por mais rica ou poderosa que seja, está acima da lei”.

Netflix sofre impacto bilionário por disputa tributária no Brasil; entenda


Veja os vídeos que estão em alta no g1 Uma disputa envolvendo a cobrança de impostos no Brasil chamou atenção durante a divulgação do balanço financeiro mais recente da Netflix. Na terça-feira (21), a plataforma de streaming anunciou que teve lucro de US$ 2,5 bilhões no mundo entre julho e setembro, abaixo dos US$ 3 bilhões que os analistas esperavam. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça Com isso, as ações da companhia recuaram, e o valor de mercado da Netflix passou de US$ 527 bilhões (R$ 2,8 trilhões) para US$ 494 bilhões (R$ 2,6 trilhões) no mesmo dia. A Netflix normalmente não divulga dados de quanto fatura no Brasil. Mas, desta vez, explicou a investidores que uma cobrança de impostos no país afetou seus resultados. Entenda o caso abaixo. O impacto tributário do Brasil na Netflix A empresa afirmou que o resultado veio abaixo do esperado devido a uma disputa tributária "em andamento" no país, que a obrigou a registrar uma despesa de US$ 619 milhões (cerca de R$ 3,3 bilhões) no terceiro trimestre. O caso envolve a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), um imposto cuja aplicação foi ampliada por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em agosto, afetando também outras empresas. 💰 A Cide é um tributo federal usado para regular setores da economia e financiar políticas públicas específicas. Um exemplo é a Cide-Combustíveis, cobrada sobre petróleo e derivados para bancar obras de transporte e programas ambientais. 🍿 No caso da Netflix, o impasse envolve a cobrança da Cide Royalties, conhecida também como Cide-Tecnologia — uma taxa sobre pagamentos ao exterior ligados ao uso de tecnologia. O objetivo é estimular a inovação nacional e aumentar a arrecadação. 🌎 Nos serviços de streaming, a Cide não incide sobre a assinatura em si, mas sobre a remessa de dinheiro ao exterior — ou seja, pagamentos feitos por empresas estrangeiras por serviços digitais. 🇧🇷 O imposto é cobrado desde 2001 no Brasil. Com isso, a importação de serviços e tecnologias fica sujeita a um pagamento de 10% sobre a remessa ao exterior. "O impacto acumulado dessa despesa (aproximadamente 20% referente a 2025 e o restante ao período de 2022 a 2024) reduziu nossa margem operacional em mais de cinco pontos percentuais no terceiro trimestre", afirmou a Netflix no balanço. A decisão do STF Em agosto deste ano, o STF decidiu manter a constitucionalidade da Cide sobre remessas ao exterior, abrangendo qualquer tipo de contrato, incluindo serviços administrativos e direitos autorais, e não apenas a importação de tecnologia. Por seis votos a cinco, o colegiado negou o Recurso Extraordinário (RE) 928.943, que questionava a legalidade da tributação. O julgamento no STF foi 6 a 5, com o voto vencedor do ministro Flávio Dino, prevalecendo sobre o relator inicial, Luiz Fux, que defendia uma interpretação mais restrita do tributo. “Mais do que uma questão tributária, estamos falando da defesa da soberania tecnológica do Brasil e da capacidade de desenvolver soluções para os nossos desafios", enfatizou a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, à época da decisão. "Sobretudo nesse contexto de ataques à soberania nacional e à economia do nosso país, o STF assegura um instrumento que é capaz de gerar empregos, combater as desigualdades, garantir saúde e educação, promover o desenvolvimento sustentável e criar oportunidades para nossa gente.” Segundo a pasta, o tributo é a principal fonte de financiamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), respondendo por 74% da composição do FNDCT, sendo este o principal instrumento de subsídio público da CT&I no país. Flávia Holanda Gaeta, advogada tributarista e sócia fundadora do FH Advogados, lembra que o caso da Cide não surgiu a partir da Netflix, mas sim de uma interpretação mais ampla do tributo: "Empresas que não estavam tributando a Cide — por estarem discutindo judicialmente ou se defendendo de autos de infração na via administrativa — serão prejudicadas e poderão repassar os custos para o consumidor. No entanto, muitas empresas no Brasil já pagam regularmente a Cide sobre licenças de uso, transferência de tecnologia, serviços técnicos, assistência administrativa e royalties de qualquer natureza", afirma Gaeta. "A grande discussão sempre foi sobre a interpretação do enquadramento da Cide, incluindo se seria necessário tributar importação de serviços mesmo sem transferência de tecnologia." O processo teve início em 2002, a partir de um pedido da Scania, do setor automotivo, que questionava a cobrança da Cide sobre remessas feitas à matriz da companhia na Suécia. Embora a decisão recente do STF não envolvesse a Netflix diretamente, o caso teve repercussão geral, ou seja, todas as instâncias do Judiciário devem seguir o mesmo entendimento. No caso das plataformas de streaming, como Netflix, Disney+, Amazon Prime e HBO Max, o imposto é cobrado sobre o dinheiro que a matriz recebe fora do país pelo uso de tecnologia, sistemas e conteúdos que permitem oferecer os serviços no Brasil. No caso da operação brasileira, a Netflix paga à matriz nos EUA por serviços que permitem a oferta de assinaturas de streaming aqui no país. Esse tipo de pagamento é o que passou a ser enquadrado na Cide-Tecnologia, segundo decisão do STF. O vice-presidente financeiro da empresa de streaming, Spencer Neumann, comentou que a cobrança da Cide sobre as operações da empresa é algo "único no mundo". Ele lembrou que a empresa já havia conseguido decisão favorável em instância inferior em 2022, que concluía que a Netflix não estava sujeita à Cide. "É um imposto único. Nenhum outro imposto se parece ou se comporta dessa forma em qualquer grande país em que operamos", disse Neumann. A Strima, associação que representa serviços de streaming como Disney, Globo, HBO, Netflix e Amazon, não se pronunciou até a publicação da reportagem. Custo adicional Especialistas em tributação alertam que a decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a Cide Tecnologia pode afetar fortemente as empresas — e, no caso das plataformas de streaming, até elevar o preço das assinaturas no Brasil para cobrir os custos do imposto. "Se a empresa não estava provisionando [estimando] ou recolhendo essa contribuição, ou se estava contestando judicialmente e perdeu a causa, o reconhecimento dessa dívida tributária pode, sim, gerar um impacto financeiro considerável e afetar os lucros", afirma Morvan Meirelles Costa Junior, advogado tributarista e sócio do escritório Meirelles Costa Advogados. "E isso é mais provável considerando que o mercado brasileiro é relevante para a Netflix", acrescenta. Ele também afirma que a carga tributária no Brasil é uma das mais elevadas e complexas do mundo, gerando redução de lucratividade, insegurança jurídica e altos custos de conformidade (com as leis). "A grande discussão sempre foi sobre a interpretação do enquadramento da Cide, incluindo se seria necessário tributar importação de serviços mesmo sem transferência de tecnologia." Luísa Macário, advogada tributarista e sócia do Macário Menezes Advogados, reforça que "mesmo sem desembolso imediato, a empresa precisa constituir provisões para litígios e riscos fiscais, o que impacta diretamente o lucro líquido reportado aos acionistas". Ela explica ainda que a complexidade tributária brasileira impõe custos significativos, especialmente no setor de serviços e tecnologia, e que a Reforma Tributária tende a aumentar a carga, que hoje gira em torno de 14% e pode chegar a cerca de 25% no setor de streaming. Plataformas como Disney+, Prime Video, HBO Max e Spotify devem sentir impactos semelhantes. "Se o aumento de carga tributária se confirmar com a reforma, as empresas terão de escolher entre repassar o custo ao consumidor, encarecendo as assinaturas, ou absorver parte dele, reduzindo margens de lucro", afirma. "O caso da Netflix mostra que o Brasil continua sendo um mercado relevante, mas com risco fiscal alto e tendência de aumento de tributação sobre o consumo digital", diz Macário. *Com informações da agência Reuters Netflix Reuters/Dado Ruvic

Pane global na nuvem da Amazon fez camas inteligentes travarem durante a madrugada


Nuvem da Amazon cai e derruba serviços no mundo todo A pane global na AWS, serviço de computação em nuvem da Amazon, afetou não só aplicativos populares como Canva, Duolingo, iFood e Fortnite, mas também camas inteligentes da empresa Eight Sleep, nos Estados Unidos. Nas redes sociais, usuários relataram que as camas ligaram e desligaram sozinhas, sem possibilidade de controle. Em alguns casos, elas chegaram a ficar inclinadas ou começaram a esquentar sozinhas, sem que fosse possível ajustar a posição ou a temperatura. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça Cama inteligente da Eight Sleep. Reprodução/Eight Sleep "No momento, estou tentando dormir e minha cama ficou travada no modo relaxamento. Não há como ajustá-la manualmente", escreveu um cliente na rede social X. "Parece que está ligando e desligando sozinha, e não há como pará-la ou controlá-la", relatou outro usuário. O número de reclamações fez com que o CEO da Eight Sleep, Matteo Franceschetti, se pronunciasse sobre o problema no X. "A interrupção da AWS afetou alguns de nossos usuários desde a noite passada, interrompendo seu sono. Essa não é a experiência que queremos proporcionar e quero pedir desculpas por isso", disse o executivo no dia 20 de outubro. Cama inteligente da Eight Sleep. Reprodução/Eight Sleep "Estamos restaurando todos os recursos conforme a AWS retorna. Todos os dispositivos estão funcionando, com alguns apresentando atrasos no processamento de dados", completou em seu post. Cama ajusta temperatura e reproduz sons As camas vendidas pela Eight Sleep, chamadas de Pod 5, têm controle de temperatura, elevação e podem emitir sons para melhorar a qualidade do sono. O sistema inclui um cobertor movido a energia hidráulica, conectado a uma capa inteligente que cria uma experiência térmica imersiva de cima para baixo, segundo a empresa. Essa mesma capa tem tecnologia de aquecimento e resfriamento, com temperaturas que variam de 12 °C a 43 °C. "O Pod personaliza as experiências de temperatura, elevação e despertar para que você e seu parceiro durmam do seu jeito", diz a empresa no site. Isso permite, por exemplo, que um lado da cama fique mais quente enquanto o outro permaneça mais frio. Cama Pod 5 pode ter temperatura dedicada em cada lado. Reprodução/Eight Sleep Pane no serviço de nuvem da Amazon Uma falha na Amazon Web Services (AWS), serviço de computação em nuvem da Amazon, causou instabilidade em vários sites e aplicativos por cerca de 15 horas na segunda-feira (20). Empresas como iFood, Mercado Livre e PicPay, entre muitas outras, foram afetadas. A AWS identificou às 4h11 (horário de Brasília) um problema ligado aos sistemas de banco de dados e de servidores virtuais voltados para empresas que utilizam seu serviço de nuvem. À tarde, muitos serviços ainda tiveram instabilidade, segundo o Downdetector, que monitora falhas em sites e aplicativos. A Amazon Web Services informou que "todos os serviços da AWS retornaram às operações normais" às 19h01. A AWS informou que o problema aconteceu na região US-EAST-1, como é chamado seu grupo de data centers no norte da Virgínia, nos Estados Unidos. A empresa tem 38 regiões de data centers em todo o mundo, incluindo uma no Brasil. Ataque no WhatsApp pode roubar senhas de usuários; veja como se proteger Torres com câmeras se espalham e levantam alerta sobre privacidade Data centers de IA podem consumir energia equivalente à de milhões de casas

quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Ligações de números parecidos: como são feitas as chamadas adulteradas que irritam usuários


Robocalls: entenda como as chamadas indesejadas funcionam como 'provas de vida' Você já recebeu ligações em excesso feitas por números de celular muito parecidos ao seu? Esse tipo de chamada vem supostamente de números em que apenas os quatro dígitos finais são diferentes. Mas, na maioria das vezes, elas não são realmente feitas pelos números que aparecem no celular. As ligações têm dados adulterados por meio de "spoofing numérico", uma técnica que pode ser realizada com programas de computador. No cenário atual, esse problema tem até 2028 para ser completamente resolvido. Esse é o prazo que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) definiu para operadoras aderirem ao sistema de autenticação nas suas chamadas (saiba mais abaixo). 📱Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça "Spoofing" significa "falsificação" em inglês. No caso das ligações, envolve modificar o número do autor para se disfarçar como uma linha telefônica comum e induzir a vítima a atender a chamada. A adulteração costuma ser feita por meio de servidores VoIP (sigla em inglês para "Voz sobre Protocolo de Internet"), programas que conseguem se conectar à rede de telefonia via internet. Esses servidores costumam ser usados para administrar ramais dentro de empresas, por exemplo. Mas atraem pessoas com fins indevidos por permitem mudar o número de origem. Quais celulares terão selo de ligação segura contra robocalls 'Não Me Perturbe' e prefixo 0303: o que mudou nas regras do telemarketing Alguns programas VoIP permitem alterar os metadados da ligação, isto é, informações complementares da chamada. Isso inclui o nível de prioridade, a existência ou não de mensagens pré-gravadas e o CallerID, como é chamado tecnicamente o número de origem. Ao adulterar o número, os verdadeiros autores das chamadas podem se camuflar para tentar aplicar golpes. Em alguns casos, as ligações podem ficar mudas, indicando que ela foi uma chamada descartada de call centers ou que serviu para verificar se o seu número está ativo. "As ligações mudas são normalmente feitas através de sistemas de telemarketing. A ligação é completada, mas os atendentes não têm tempo de pegar. Então, acaba ficando mudo", explicou Wanderson Castilho. "Também pode ser para ver as linhas ativas e ter um banco de dados mais certeiro, seja para fazer golpe ou vender algo". Por que recebemos ligações mudas que desligam sozinhas – e como evitá-las Verificação de ligações A solução definitiva para esse problema é a autenticação de ligações, sistema criado pela Anatel em parceria com operadoras que está sendo implementada por empresas, como bancos e call centers. A partir de 17 de novembro, ligações de empresas que fazem mais de 500 mil ligações por mês deverão mostrar na tela do celular um selo com o símbolo ✅. Esse selo vai mostrar que o número teve a sua autenticidade confirmada pelo sistema da Anatel. O objetivo é proteger consumidores de golpes e chamadas indesejadas. Mas a exigência para que as ligações de todas sejam autenticadas só começa em 2028. A autenticação faz parte do Origem Verificada, uma iniciativa mais ampla de segurança que busca garantir que chamadas são realmente feitas a partir dos números que aparecem no seu celular (veja como vai funcionar). E o que fazer até lá? Enquanto o Origem Verificada não é implementado para todas as ligações, a saída é aderir a algumas medidas para tentar, ao menos, reduzir a quantidade de chamadas indesejadas. Uma delas é o "Não Me Perturbe", que acaba com ligações de operadoras de telefonia e bancos legítimos. O serviço está disponível em www.naomeperturbe.com.br, mas não impede ligações de golpistas e de empresas de outros setores. 'Não Me Perturbe' não funciona? Por que pessoas recebem ligações de telemarketing Alguns celulares Android contam com recursos que identificam e bloqueiam boa parte das chamadas suspeitas. Esse tipo de ferramenta costuma ser encontrada ao acessar a página de Configurações e pesquisar por "Proteção ID" ou "Spam". O iPhone também conta com o recurso "Perguntar motivo da ligação", que faz todas as chamadas serem atendidas automaticamente por um robô (saiba mais aqui). Uma alternativa é baixar aplicativos de terceiros como o Whoscall e o Truecaller, que podem identificar e bloquear chamadas, mas cobram por recursos avançados. Em último caso, a saída é bloquear chamadas de números desconhecidos, o que acaba com o problema, mas pode fazer você perder ligações realmente importantes. A Anatel também orienta consumidores a registrar reclamações em seu site caso o problema não seja resolvido. A página está disponível neste link. Como é uma ligação de número autenticado no Android g1/Thalita Ferraz 23 mil ligações por segundo: o Fantástico investiga como funcionam os robôs programados para tirar você do sério Fim das robocalls? Veja se seu celular é compatível com ferramenta contra golpes

Meta demite 600 pessoas do time de 'superinteligência artificial', diz site


Mark Zuckerberg, CEO da Meta ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP A Meta demitiu cerca de 600 pessoas do seu time de "superinteligência artificial", informou nesta quarta-feira (22) uma reportagem do site Axios. Em memorando, a empresa disse que as saídas devem tornar a equipe menos burocrática e dar mais agilidade aos trabalhos. "Ao reduzir o tamanho de nossa equipe, menos conversas serão necessárias para tomar uma decisão, e cada pessoa terá mais carga, mais escopo e impacto", disse o diretor de IA da Meta, Alexandr Wang, no memorando obtido pelo Axios. "Este é um grupo talentoso de indivíduos e precisamos de suas habilidades em outras partes da empresa".

Manifesto contra IA superinteligente reúne príncipe Harry, artistas e ex-estrategista de Trump


O príncipe britânico Harry e Meghan, duque e duquesa de Sussex REUTERS/Andrew Kelly/Foto de arquivo Um grupo que inclui o príncipe Harry e sua mulher, Meghan Markle, artistas, líderes religiosos e Steve Bannon, ex-estrategista de Donald Trump, assinou um manifesto que pede a proibição do desenvolvimento de inteligência artificial “superinteligente”. A carta foi divulgada nesta quarta-feira (22) pelo instituto Future of Life, fundado em 2014. Ela afirma: “Pedimos a proibição do desenvolvimento de superinteligência, que só deve ser suspensa quando houver amplo consenso científico de que será feita de forma segura e controlável, com forte apoio público.” Outros signatários da declaração incluem o comentarista político conservador Gleen Beck, o cofundador da Apple Steve Wozniak, a ex-presidente da Irlanda Mary Robinson e o fundador do grupo Virgin, Richard Branson. Líderes cristãos e evangélicos também aparecem na lista. Veja os vídeos que estão em alta no g1 No texto introdutório, o manifesto reconhece que as ferramentas de IA podem trazer benefícios à saúde e à prosperidade. Ao mesmo tempo, diz que grandes empresas de tecnologia têm como objetivo declarado construir uma superinteligência “capaz de superar significativamente todos os humanos em praticamente todas as tarefas cognitivas.” Isso, segundo o texto, levanta preocupações que vão desde recessão econômica e perda de liberdade e dignidade humanas até riscos à segurança nacional e uma até mesmo possível extinção da espécie. Quem assinou a carta Príncipe Harry Megan Markle Steve Bannon, ex-estrategista de Donald Trump Glenn Beck, comentarista político Steve Wozniak, cofundador da Apple Richard Branson, fundador da Virgin Will.i.am, artista Kate Bush, cantora Stephen Fry, ator Joseph Gordon-Levitt, ator Susan Rice, ex-assessora de segurança nacional de Barack Obama Mary Robinson, ex-presidente da Irlanda Em nota pessoal, o príncipe Harry afirmou que “o futuro da IA deve servir à humanidade, não substituí-la”. “Acredito que o verdadeiro teste do progresso não será o quão rápido avançamos, mas quão sabiamente conduzimos esse avanço. Não há segunda chance”, escreveu.

terça-feira, 21 de outubro de 2025

Selo da Anatel que indica ligação segura só vai aparecer em alguns sistemas operacionais; veja quais


Selo de autenticação vai mostrar quais chamadas são seguras Reprodução/Freepik Nem todos os celulares têm sistemas operacionais compatíveis com uma nova tecnologia criada para combater spoofing (quando criminosos falsificam números para se passar por empresas reais) e robocalls (chamadas automáticas que desligam quando são atendidas). Veja quais são abaixo. Desenvolvido pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) em parceria com operadoras, o sistema vai identificar chamadas legítimas de empresas, como bancos e call centers, com um selo de verificação: um ícone redondo com o símbolo ✔. O selo mostra que o número foi autenticado, ou seja, confirmado por um sistema que garante que quem está ligando é realmente quem diz ser. O processo também bloqueia ligações fraudulentas. Grandes companhias, como bancos e centrais de atendimento, que realizam mais de 500 mil ligações por mês, terão que adotar o selo a partir de 17 de novembro, segundo a Anatel. A medida busca aumentar a segurança dos consumidores e reduzir golpes e chamadas indesejadas. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça Veja os vídeos que estão em alta no g1 Inicialmente, todas as empresas teriam até 2028 para implementar o sistema. Mas, em agosto, a Anatel reduziu o prazo para as companhias que fazem mais de 500 mil ligações mensais — no mesmo decreto que acabou com a obrigatoriedade do prefixo 0303 para telemarketing. Ao g1, a Anatel confirmou que o selo aparecerá ao lado do número quando a ligação for autenticada. Nem todos os smartphones, porém, são compatíveis com a tecnologia (veja mais abaixo). E, dependendo do fabricante, o selo aparece de formas diferentes: 📱 Android: aparece na tela antes de atender (veja na imagem abaixo); 🍏 iOS: é exibido apenas no histórico da chamada. Como é uma ligação de número autenticado no Android g1/Thalita Ferraz Veja algumas perguntas e respostas sobre a autenticação de chamadas: 🙋‍♀️ O consumidor precisa fazer algo? 📱 Como funciona o sistema de autenticação? 🔒 Qual a diferença para o sistema Origem Verificada? 🙋‍♀️ O consumidor precisa fazer algo? O consumidor não precisa fazer ou pagar nada para receber ligações autenticadas. Cabe às empresas que pretendem fazer ligações, como bancos e call centers, contratarem o recurso junto às operadoras. Mas nem todos os aparelhos e redes são compatíveis. Veja as exigências, segundo a Anatel: ➡️O celular precisa estar conectado a uma rede 4G ou 5G. ➡️É necessário ter uma das seguintes versões do sistema operacional: Apple com iOS 18.2 ou superior — disponível do iPhone 11 ao 17; Samsung com Android 10 ou superior — disponível nos modelos Galaxy S23 e S22, entre outros; Outros aparelhos com Android a partir do 11 — disponível nos modelos Motorola Razr 50 ou Motorola Edge 50 Neo, entre outros. 📱 Como funciona o sistema de autenticação? Ligações telefônicas de grandes empresas vão ter selo de verificação no celular de clientes, diz Anatel Pongsawat Pasom/Unsplash A partir de um protocolo chamado STIR/SHAKEN, que checa em tempo real se o número exibido corresponde, de fato, à empresa que está ligando. A validação é feita por meio de uma espécie de banco de dados digital centralizado pela Associação Brasileira de Recursos em Telecomunicações (ABR Telecom), que reúne informações das operadoras. Quando a chamada começa, o sistema compara os dados da empresa com os registros da operadora. Se houver correspondência, a ligação é autenticada e ganha o selo. Veja mais: Como o WhatsApp Web virou porta de entrada para ataque hacker com foco no Brasil Brecha permitiu espionar usuários do WhatsApp com versões desatualizadas do aplicativo 🔒 Qual a diferença para o sistema Origem Verificada? Fim das robocalls? Veja se seu celular é compatível com ferramenta contra golpes A autenticação é a primeira etapa de um projeto maior de segurança da Anatel contra fraudes telefônicas: o Origem Verificada. ➡️Mas, diferente da autenticação, nenhuma empresa é obrigada a adotar esse sistema. No Origem Verificada, além do selo de verificação e do número de telefone, as ligações de empresas participantes poderão mostrar também: Nome e logotipo da empresa; Motivo da ligação; Mensagem de número validado (veja na imagem abaixo). A quantidade de informações mostradas com o Origem Verificada vai depender de fatores técnicos como o modelo de celular. Veja se o seu celular é compatível. Como são as chamadas com o Origem Verificada g1 Veja mais: Os golpes virtuais que mais fazem os brasileiros perder dinheiro 'Eram meu rosto e minha voz, mas era golpe': como criminosos 'clonam pessoas' com inteligência artificial Ataque no WhatsApp pode roubar senhas de usuários; veja como se proteger

Como as traduções em tempo real podem revolucionar as viagens internacionais — e o que perdemos com isso


iPhone 17: Apple lança versões Air e Pro, além de novos Apple Watch e AirPods 3 Pro Por cerca de cinco décadas, um romance de ficção científica fez seus leitores desejarem ter um peixe na sua orelha. Os personagens do Guia do Mochileiro das Galáxias (Ed. Arqueiro, 2021), de Douglas Adams (1952-2001), compreendem qualquer idioma graças ao pequeno (e, infelizmente, fictício) peixe Babel. "Se você introduzir no ouvido um peixe Babel, poderá compreender imediatamente tudo o que for dito a você, em qualquer língua", escreveu Adams. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça Agora, esse sonho da ficção científica está chegando mais perto da realidade com os novos AirPods Pro 3 da Apple, que prometem tradução ao vivo. A nova função de tradução ao vivo da Apple é uma dádiva para os viajantes, mas a dependência excessiva da tradução por IA pode nos fazer repensar por que aprendemos idiomas estrangeiros Getty Images via BBC A empresa afirma que os usuários podem escutar conversas em diversos idiomas estrangeiros e ouvir as palavras traduzidas no ouvido, com a transcrição simultânea na tela do celular. Tudo sem a necessidade de transplante de um peixe alienígena. À primeira vista, esta função tem o potencial de deflagrar uma nova onda de viagens mais tranquilas, alterando a forma como visitamos restaurantes em outros países, fazemos amigos no exterior ou pedimos orientações em uma cidade desconhecida. Mas será que esta fluência instantânea traz custos escondidos? LEIA MAIS: Entenda como funciona a tradução ao vivo dos fones da Apple iPhone 17: Apple lança versão Air, a mais fina de todas 5 diferenças entre o iPhone 17 e o iPhone 16 Tecnologia profunda, mas imperfeita A reação dos especialistas foi de satisfação. "Isso é profundo", definiu uma crítica no jornal The New York Times, referindo-se à inovação da Apple como "um dos mais fortes exemplos de como podemos usar a inteligência artificial de forma prática e integrada para melhorar a vida das pessoas". Mas a tecnologia, atualmente, está longe de ser perfeita. Uma análise de tecnologia do portal CNET relatou que o software, ocasionalmente, inseriu palavrões dispersos na tradução. Estes deslizes, porém, ocorrem com frequência nos primeiros modelos das novas tecnologias. E as falhas podem ser rapidamente corrigidas quando o desenvolvedor publica atualizações, sem falar em todas as outras marcas que, agora, irão trabalhar furiosamente para lançar ferramentas similares. Demonstração de tradução ao vivo nos AirPods Pro. Reprodução/Apple Ainda assim, mesmo neste estágio inicial, a tradução ao vivo no seu bolso poderá incentivar milhões de pessoas a viajar mais e com mais frequência. Uma pesquisa do fornecedor de cursos de idiomas Preply, realizada em 2025, concluiu que um terço dos norte-americanos pesquisados seleciona intencionalmente destinos onde eles não terão problemas com um idioma estrangeiro. Dentre os que se aventuraram a visitar países que não falam inglês, cerca de 25% afirmam terem se comunicado simplesmente falando "mais alto e lentamente", o que raramente gera uma recepção calorosa. A pesquisa também observou que 17% dos participantes, temendo o labirinto de um menu estrangeiro, se restringem às redes americanas de fast food para as refeições no exterior. Mas a tradução instantânea poderá fazer mais do que ajudar os indivíduos a mergulhar em novas culturas e iniciar conversas. Ela poderá renovar setores inteiros da economia, levando as pessoas além das cadeias familiares e das armadilhas para os turistas, canalizando renda para pequenos fornecedores locais, cujo domínio do inglês é imperfeito. A executiva de serviços financeiros Gracie Teh conta a dificuldade que enfrentou para encaminhar sua bagagem para um novo hotel, quando visitou uma minúscula cidade no Japão. Apesar de não falar inglês, o concierge "se recusou a usar o Google Tradutor ou ler o que estávamos digitando nele", lamenta ela. Teh relembra as horas que passou sem saber ao certo se teria suas roupas disponíveis nos próximos dias. "Conseguir entendê-lo em tempo real pela tradução do AirPod teria sido uma boia de salvação", segundo ela. LEIA MAIS: Veja quais países e territórios dispensam visto para brasileiros Pode levar líquidos no avião? Veja as regras para bagagem de mão A tecnologia de tradução ao vivo facilitará o trânsito por lugares como o sistema de metrô de Pequim, na China Getty Images via BBC Fluência na linha de frente A tradução em tempo real também poderá ser de enorme ajuda para os profissionais do setor de transporte. O Aeroporto John F. Kennedy em Nova York, nos Estados Unidos, emprega dezenas de milhares de profissionais de atendimento a clientes. Eles atendem viajantes que falam dezenas de idiomas. Uma única interação que saia dos trilhos devido às barreiras de idioma pode criar um gargalo que irá paralisar o fluxo de passageiros em outras partes. Este fenômeno é tão comum que tem uma expressão para defini-lo: propagação de atrasos. Airpods Pro 3 Reprodução/Apple Estudos demonstraram que uma retenção de uma hora em um único voo de uma companhia aérea de manhã pode rapidamente resultar em um atraso de sete horas em toda a sua frota, devido ao efeito dominó do atraso das suas conexões. Outra pesquisa indica que o orçamento dos aeroportos menores, mesmo reconhecendo a necessidade de funcionários multilíngues em terra, simplesmente não é suficiente para oferecer o ensino formal de idiomas. Isso pode fazer com que os funcionários pratiquem seu inglês ouvindo músicas no idioma ou assistindo a filmes com legendas. Durante o voo, os riscos são ainda maiores. Diversos acidentes fatais já foram relacionados a mal-entendidos entre o controle de tráfego aéreo e os pilotos. O que pode ser difícil de entender no dia a dia, como um forte sotaque ou uma gíria estranha, passa a ser mortal quando o assunto são vetores de voo e a pista de aterrissagem correta. Às vezes, as confusões chegam a ocorrer até mesmo entre duas pessoas que falam o mesmo idioma. Um estudo indica que, "em dois relatos, um sotaque do sul dos Estados Unidos e outro de Nova York aumentaram a dificuldade de compreensão das comunicações da aviação". As traduções assistidas por inteligência artificial poderão ajudar neste cenário, mas o treinamento humano provavelmente ainda será necessário para fornecer às ferramentas de IA o diálogo mais claro para trabalhar. Aeroporto Lucas Marreiros/g1 Vamos deixar de aprender idiomas? Da mesma forma que as calculadoras reformularam nosso relacionamento com a matemática, a tradução por IA poderá reduzir nossa motivação para falar outras línguas. Por isso, as empresas que oferecem cursos de idiomas podem enfrentar dificuldades no futuro. Ying Okuse é a fundadora da empresa Lingoinn, que organiza estadias em residências que falam mandarim na China, Taiwan e Singapura. Ela conta que os tutores de IA já são populares entre seus clientes. Mas ela considera que esta é uma tendência positiva que, na verdade, poderá ampliar a demanda. Para Okuse, "existe uma grande diferença entre o que a IA pode oferecer e a experiência imersiva no mundo real de uma estadia no exterior". Afinal, os aplicativos ainda não conseguem decodificar indicações não verbais. Seu italiano médio pode dizer muito com um movimento desdenhoso do queixo, equivalente a dizer non me ne frega, "não me importo", levantando as pálpebras ("tenha cuidado") ou beijando a ponta dos dedos. Já os britânicos e australianos costumam usar seus mais fortes insultos como uma espécie de "cola social", para gerar conexão com seus amigos próximos. Tudo isso exige experiência de campo para apreciar. "Esse tipo de aprendizado vai além das telas", explica Okuse. "O idioma, em última análise, é questão de conexão, de entender as pessoas, a cultura e as emoções." Bernardette Holmes é uma ativista que promove o multilinguismo. Ela defende seus benefícios cognitivos. Aprender um idioma, para ela, resulta em "funcionamento executivo mais forte, maior controle da atenção, maior flexibilidade cognitiva e memória funcional". Ela destaca que a tradução em tempo real pela tecnologia tem os seus usos, "mas não pode substituir a alegria de se fazer entender em um novo idioma". Tradução ao vivo nos AirPods Disponível em contas da Apple fora da União Europeia. Idiomas atuais: inglês (britânico e americano), francês, alemão, português (Brasil) e espanhol (Espanha). A serem lançados ainda este ano: mandarim (simplificado e tradicional), japonês, coreano e italiano. Funciona com AirPods Pro 2 e posteriores, com traduções nos fones de ouvido e na tela. Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Travel.

Netflix perde US$ 33 bilhões em valor de mercado em meio a disputa tributária no Brasil


Veja os vídeos que estão em alta no g1 A Netflix perdeu US$ 33 bilhões em valor de mercado nesta terça-feira (21), após informar que não atingiu as metas de lucro projetadas por analistas para o terceiro trimestre de 2025. O serviço de streaming era avaliado em US$ 527 bilhões às 17h (horário de Brasília). Após a divulgação do balanço, as ações se desvalorizaram, o que fez o valor da empresa despencar para US$ 494 bilhões, às 19h40. O levantamento foi feito por Einar Rivero, da consultoria Elos Ayta. Em comunicado, a companhia que uma despesa tributária no Brasil a impediu de atingir as metas. Segundo a Netflix, há uma disputa tributária "em andamento" no Brasil que a obrigou a registrar uma despesa de US$ 619 milhões (cerca de R$ 3,3 bilhões) no balanço do terceiro trimestre. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça A empresa não citou detalhes sobre a disputa no Brasil, mas citou que é relacionada a um período iniciado em 2022 e que vai até o terceiro trimestre. "Não esperamos que esse assunto tenha um impacto material sobre os resultados futuros", disse a Netflix, no balanço. "O impacto acumulado dessa despesa (aproximadamente 20% dela é relacionada ao ano de 2025 e o restante relacionado ao período 2022 a 2024) reduziu nossa margem operacional em mais de cinco pontos percentuais no terceiro trimestre", disse a Netflix no balanço. Procurada pela agência Reuters, a Netflix não comentou o assunto de imediato. Como pane na Amazon causou falhas para iFood, Mercado Livre e mais centenas de empresas Dona do ChatGPT lança seu próprio navegador para competir com o Google Chrome Torres de vigilância em prédios monitoram todos, mas levantam dúvidas sobre uso dos dados e eficácia contra o crime Entenda como funciona a cobrança pelo compartilhamento de senhas na Netflix Patrick T. FALLON / AFP A empresa teve lucro líquido de US$ 2,5 bilhões entre julho e setembro, o que representa lucro diluído por ação de US$ 5,87. Analistas esperavam que a empresa tivesse lucro líquido de US$ 3 bilhões, o equivalente a US$ 6,97 por ação, segundo a empresa de dados do mercado financeiro LSEG. Para o quarto trimestre, a Netflix previu uma receita de US$ 11,96 bilhões, enquanto analistas projetam US$ 11,90 bilhões. A empresa lançará em novembro a última temporada de "Stranger Things". No Natal, transmitirá dois jogos ao vivo da NFL, o campeonato de futebol americano. Segundo a companhia, a animação "K-Pop Demon Hunters", lançada no terceiro trimestre, se tornou o filme mais assistido de sua história. A Netflix parou de divulgar números de assinantes no início do ano e pediu aos investidores que se concentrassem na receita e no lucro. Os dados mais atualizados da empresa apontam que ela tem mais de 300 milhões de assinantes no mundo.

Dona do ChatGPT lança seu próprio navegador para competir com o Google Chrome


Agente do ChatGPT reserva restaurante, faz compra, mas erra ao insistir demais A OpenAI, dona do ChatGPT, anunciou nesta terça-feira (21) o lançamento de seu próprio navegador de internet com IA. Chamado Atlas, o software é o mais novo concorrente do Google Chrome, que nos últimos meses também ganhou recursos de inteligência artificial. A empresa informou que o Atlas será disponibilizado hoje para notebooks da Apple e, "em breve", chegará ao Windows, ao iOS (iPhone) e ao Android. "Com o Atlas, o ChatGPT pode acompanhá-lo em qualquer lugar da internet, ajudando-o na janela exatamente onde você está, entendendo o que você está tentando fazer e concluindo tarefas para você, tudo sem copiar e colar ou sair da página", disse a OpenAI. Atlas, novo navegador do ChatGPT Divulgação/OpenAI A companhia afirmou ainda que o navegador já chega com o modo agente integrado — sistema que permite ao ChatGPT realizar tarefas de forma autônoma. "O modo Agente no Atlas está disponível hoje em versão prévia para usuários Plus, Pro e Business", informou a empresa. Outros destaques do navegador da OpenAI incluem: Memória de navegação: o Atlas guarda detalhes do que o usuário fez para reabrir páginas, automatizar tarefas e retomar atividades interrompidas. Integração com o ChatGPT: é possível abrir uma nova aba para fazer perguntas, pesquisar ou pedir ajuda para escrever, diretamente na página, sem precisar copiar e colar nem alternar entre abas. Personalização: o navegador usa informações do histórico, das páginas abertas e dos sites em que o usuário está logado para oferecer respostas e sugestões mais relevantes. Disputa com o Chrome O lançamento ocorre poucos meses depois de um executivo da OpenAI dizer que a empresa teria interesse em comprar o navegador Chrome, caso um juiz federal determinasse sua venda como parte de uma ação antitruste contra o Google, segundo informações da agência Associated Press. No entanto, o juiz distrital dos EUA Amit Mehta rejeitou essa possibilidade no mês passado. Ele recusou o pedido do Departamento de Justiça americano para forçar a venda do Chrome, argumentando que os avanços na indústria de IA já estão mudando o cenário competitivo. O Atlas vai enfrentar um desafio considerável: o Chrome tem cerca de 3 bilhões de usuários no mundo e vem incorporando ferramentas da tecnologia Gemini, também desenvolvida pelo Google. O sucesso do Chrome pode, ao mesmo tempo, servir de modelo para a OpenAI. Quando o navegador do Google foi lançado, em 2008, o Internet Explorer era dominante, mas o Chrome conquistou espaço rapidamente por oferecer velocidade e estabilidade superiores. A Microsoft, por sua vez, acabou substituindo o Explorer pelo Edge, baseado no mesmo sistema do Chrome. Outra concorrente, a startup Perplexity, lançou neste ano seu próprio navegador, o Comet, e chegou a fazer uma oferta de US$ 34,5 bilhões pelo Chrome — proposta que não avançou após a decisão do juiz Mehta.

'Brazil Core': a estética periférica e tropical que faz sucesso entre estrangeiros


Veja os vídeos que estão em alta no g1 Uma rápida busca por "Brazil Core" nas redes sociais — do TikTok ao Instagram, passando pelos moodboards do Pinterest — revela os elementos que compõem uma estética supostamente brasileira. Entre cores vibrantes, vídeos de moda, fotos de paisagens e símbolos que transitam entre o popular e o estereotípico, surgem clichês que transformam o imaginário coletivo em imagens concretas e compartilháveis. A tal estética brasileira não é exatamente nova. No verão europeu, que terminou em setembro, ela reapareceu com força, com desfiles, editoriais e hashtags bombando nas redes. 'Brazil Core' Caroline Souza/BBC News Brasil Como toda trend cíclica, volta e meia retorna — e tudo indica que deve ganhar novo fôlego com a Copa do Mundo no próximo ano. Desde 2017, a camisa verde e amarela da seleção de futebol já começava a aparecer em produções fashionistas nos Estados Unidos e em várias partes da Europa. Mas há um detalhe importante: muitos dos elementos hoje celebrados pelos "gringos" têm origem no que se chama de moda de favela, como chinelos Havaianas, estampas tropicais e o uso de acessórios coloridos e vistosos. "Sempre foi uma estética periférica, mas durante muito tempo foi vista como 'cafona', 'coisa de pobre'. Quando a moda global se apropria, transforma em produto valorizado", descreve Thais Farage, consultora de estilo e pesquisadora em moda e gênero. Especialistas em moda ouvidos pela BBC News Brasil avaliam que a tendência batizada de Brazil Core tem duas faces: por um lado, valoriza elementos culturais e pode servir de convite para um olhar mais atento e curioso ao Brasil, reforçando seu soft power; por outro, corre o risco de se tornar uma exportação vazia, sustentada em estereótipos e com traços de apropriação cultural. O soft power é a capacidade de países influenciarem relações internacionais e intensificarem trocas comerciais através da sedução de produtos como filmes, música, moda, mídia e turismo. Mi Medrado, antropóloga baseada em Los Angeles, com doutorado e pesquisa sobre produção e circulação da moda no Sul Global, diz o seguinte: "A repetição desses elementos cria um diálogo histórico e reflexivo, levando em conta gênero, classe e raça. Mas, ao mesmo tempo, nem sempre gera uma crítica que realmente repense ou reorganize esse imaginário que muitas vezes é apropriado de forma inadequada". Farage complementa que as redes sociais muitas vezes promovem "uma exportação de uma estética, e não de uma cultura". "Acho que é a parte que a gente se ressente um pouco aqui no Brasil. Então, é um verde e amarelo. Tenho certeza que, se criássemos uma pesquisa, teria gente que nem sabe direito onde é o Brasil. É muito mais pela estética." "A moda embala as coisas e as vende como produto qualquer coisa, assim como a estética punk, hippie, a estética indiana… Que são bastante identitárias e às vezes questionadas como apropriação cultural. A moda consegue transformar isso em uma tendência esvaziada de sentido." Por outro lado, diz a consultora, há uma faceta positiva: "O melhor é quando conseguimos associar essa estética a empresas e projetos que realmente valorizem nossa cultura e fortaleçam a nossa economia." As ondas do Brazilian Core Tênis coloridos, estampas de rua inspiradas em grafites, roupas com elementos artesanais das favelas e acessórios chamativos — junto a símbolos tropicais, corpos bronzeados e silhuetas diversas — ganham uma aura cool que, como toda tendência de moda, é reavivada em ondas pelo olhar estrangeiro. Em 2022, ano da Copa do Mundo, e no ano seguinte, a trend continuou forte. "Estourou essa estética de novo, depois de um hiato importante. Para os brasileiros, havia uma questão de retomada dos símbolos nacionais", afirma Thais Farage. Segundo ela, nesse período a bandeira do Brasil e a camisa da seleção haviam sido apropriadas por grupos de extrema-direita, perdendo parte do seu caráter de símbolo nacional e ganhando uma conotação política conservadora. A Copa funcionou, então, como um momento de resgate desses ícones. Farage relembra que, entre 2022 e 2023, vimos, por exemplo, a cantora espanhola Rosalía usando boné da marca brasileira Misci, e a grife Jacquemus gravando uma campanha nas praias cariocas. Um post de Hailey Bieber, modelo e esposa do cantor Justin Bieber, que tem família brasileira, usando um croptop do Brasil com uma lata do refrigerante Guaraná ao fundo, se tornou um exemplo de como essa estética ganhou ainda mais fôlego na cultura pop internacional. "Também teve a marca Corteiz, de streetwear, recriando a camisa da seleção usada na Copa de 2002, fazendo campanhas nas favelas e colocando Ronaldo como garoto-propaganda. O sucesso foi grande, mas as peças foram vendidas apenas nos Estados Unidos e na Europa, não no Brasil. O caso simboliza como a estética Brazilian Core — originária das favelas, periférica no Brasil — é apropriada para consumo internacional, transformando códigos e símbolos brasileiros em produtos de moda, sem necessariamente engajar com o público brasileiro", diz Farage. 'Havaianas, mas no estilo Copenhagen? No TikTok, a hashtag "Copenhagen way" ajudou a transformar as Havaianas em símbolo de sofisticação minimalista. Desfiladas em versões combinadas com alfaiataria durante a Copenhagen Fashion Week, realizada em agosto passado na capital da Dinamarca, as sandálias brasileiras viraram objeto de desejo internacional — e só então passaram a ser reinterpretadas no Brasil fora do contexto praiano. "Foi depois de Copenhague usar Havaianas com alfaiataria que se começou a considerar o chinelo em ambientes urbanos mais formais aqui", observa a consultora Thais Farage. "No Brasil, sempre foi comum nas praias do Nordeste ou do Rio, mas não era aceito em contextos de maior formalidade. Precisamos validar nossos símbolos por conta própria, sem esperar a chancela europeia ou americana." Segundo ela, essa busca constante por aprovação externa não é recente. "No século 19, por exemplo, a elite brasileira se vestia copiando os folhetins franceses. Essa dependência estética é histórica. O topo da pirâmide social ainda é eurocêntrico e copiona", afirma. A Havaianas é um dos maiores cases de sucesso da exportação da "imagem brasileira" para fora. Entre lojas físicas permanentes, pop-ups e e-commerces, a marca hoje está presente em mais de 100 países. Para Farage, a chave está em reverter esse olhar: "A grande sacada é enxergar a inovação que já existe nas periferias, nas comunidades indígenas, nos quilombos. Esses espaços são fonte de códigos e símbolos nossos, que podem ser validados por nós mesmos." Para Gabriel Oliveira, diretor de branding da Farm, "o Brasil viveu um certo isolamento — físico, linguístico e até cultural — que nos fez olhar muito para dentro". "Ao mesmo tempo, temos um desejo forte de reconhecimento externo, algo que esbarra na ideia do 'complexo de vira-lata'. No fundo, não é apenas sobre buscar validação estrangeira. Queremos que o mundo perceba o quanto valorizamos o que temos aqui. A relação é de amor profundo com nossa cultura", diz Oliveira. A Farm tem 23 lojas fora do Brasil: sete nos Estados Unidos, seis na França, seis no Reino Unido e uma em cada um dos seguintes países: Itália, Grécia, Emirados Árabes Unidos e México A antropóloga Mi Medrado amplia o debate ao propor a ideia de dois "Brasis": um com "S" e outro com "Z". "O Brasil com 'Z' é o que circula no imaginário internacional e muitas vezes desconhece o Brasil com 'S' — esse Brasil real, diverso, popular. O estrangeiro, às vezes, se interessa justamente por esse Brasil com 'S', mas de um jeito quase turístico, como quem faz um 'safari' pelas periferias", explica. Para ela, as redes sociais bagunçaram esse jogo, abrindo espaço para uma disputa de narrativas. "De um lado, o Brasil com 'Z', estilizado e distante; de outro, o Brasil com 'S', mais complexo e contraditório, que passa a ter chance de ser visto e reivindicar protagonismo." O papel do consumidor e das marcas brasileiras Especialistas ouvidos pela reportagem afirmam que a atenção internacional ao Brazil Core pode abrir espaço para mudanças positivas no mercado interno e no olhar dos consumidores brasileiros. O desafio, dizem, é valorizar símbolos e estéticas próprias sem depender exclusivamente da chancela estrangeira. Thais Farage acredita que a virada está em olhar para as periferias, comunidades indígenas e quilombolas. "É nesses espaços que há inovação e símbolos genuinamente brasileiros que podemos valorizar", afirma. Ela cita marcas que conseguem se apropriar das cores e da diversidade do país de forma consciente: "Gosto de mencionar a Missy, que produz um luxo de fato brasileiro, com identidade visual própria e valorizando a mão de obra nacional. O Brasil é rico em marcas e designers originais que fazem moda brasileira, há muita gente legal, seja em acessórios ou vestuário". Mi Medrado, antropóloga baseada em Los Angeles, também menciona exemplos concretos de estilistas que materializam essa perspectiva. "Isaac Silva traz elementos de religiosidade afrobrasileira e tradições culturais em seus desfiles, como Festa Junina, desafiando críticas que questionavam seu entendimento de moda. Outro exemplo é a D'Alessandro, que incorporou elementos como folha de banana em suas peças, ressignificando símbolos brasileiros a partir de uma perspectiva interna e autônoma, não pelo olhar estrangeiro." Farage ressalta ainda que o Brasil é grande demais para ser reduzido a uma estética só. "A Dengo, por exemplo, faz chocolate de altíssima qualidade extraído da Bahia, com storytelling brasileiro que celebra um Brasil complexo e diverso. A Farm também conseguiu criar estampas únicas e autorais, despertando identificação tanto dentro quanto fora do país. Precisamos de muitas traduções e criações com cara de Brasil." Gabriel Oliveira, diretor de branding da Farm, diz: "O Brasil é riquíssimo em estética, música, espiritualidade e miscigenação. Antecipamos uma mistura que o mundo só agora começa a viver, e já colhemos frutos disso. Por isso acredito que o movimento de enaltecimento da cultura brasileira está muito longe de ser apenas uma moda". Ele considera que, dentro do recorte da marca, é possível despertar orgulho e identificação: "Claro que não é possível representar todos os brasileiros, mas o que mostramos já gera conexão — tanto em quem é brasileiro quanto em quem descobre o país de fora." Estética brasileira além da moda A amplificação das redes sociais permitiu que o "Brazil core" não se limitasse ao aspecto visual. A estética se expande para outros campos da cultura, incorporando o funk, a musicalidade tropical e até mesmo os memes, que projetam o senso de humor brasileiro para o mundo digital. Mi Medrado, antropóloga, destaca que moda e música caminham juntas na construção dessa narrativa. "O visual e a música andam de mãos dadas, construindo histórias que ocupam espaço e desafiam o apagamento histórico", afirma. Para ela, o Brazilian core é também "um processo de resistência e de construção social de novas narrativas, resgatando debates sobre marginalização e silenciamento". Ela diz que esse movimento se reflete em vertentes como a moda de favela, a moda preta e o design preto, que carregam estética e história de comunidades tradicionalmente subjugadas. Um exemplo, segundo Medrado, está na cantora Anitta: "Quando Anitta mostra, no clipe Girl from Rio, 'o que é o Brasil' usando uma batida de bossa nova, ela cria uma mistura desses Brasis, embora eles sejam extremamente distantes e desiguais. Minha impressão é que, de certa forma, Anitta responde a um anseio que Carmen Miranda já tinha na década de 1940." Para Thais Farage, pesquisadora de moda e gênero, essa intersecção não é novidade. "A moda é parte indissociável da cultura material. Não existe moda sem música. Esse casamento é muito antigo. Nos anos 1990, essa linha ficou ainda mais borrada, com grandes modelos participando de videoclipes." Farage acredita que a expansão do funk, especialmente via redes sociais, abre caminhos de resistência e também de mercado. "Eu acredito que esse momento do Brazilian core pode ser usado para discutir a descriminalização do funk. Como pensar pautas de gênero dentro dele, o racismo. É positivo ver o funk circulando no mundo, porque é uma forma de sair da periferia. Ao mesmo tempo, as músicas tocadas nas redes sociais ajudam os músicos — o estouro da Anitta no funk é um exemplo claro. Então, existem dois lados nessa conversa."

segunda-feira, 20 de outubro de 2025

Mais barato e mais antigo: como falha em um data center da Amazon afetou iFood, Mercado Livre e mais centenas de empresas


Nuvem da Amazon cai e derruba serviços no mundo todo A pane no serviço de computação em nuvem Amazon Web Services (AWS), que durou 15 horas e afetou 500 empresas em todo o mundo na segunda-feira (20), teve esse tamanho por conta da importância do local onde a falha aconteceu. A AWS disse que o erro ocorreu na região US-EAST-1, um grupo de data centers no norte da Virgínia, nos Estados Unidos. O local está entre os 38 pontos da empresa, mas é um dos mais usados devido ao preço baixo e à grande oferta de serviços. 💡 Computação em nuvem é a alternativa usada por empresas que não desejam manter uma grande estrutura para armazenar e processar informações por uma série de motivos, como o alto custo de manutenção. Ao serem colocados na "nuvem", esses dados estão, na verdade, em data centers (centros de dados) de outras empresas. Na prática, em vez de comprarem os próprios equipamentos, é possível "alugar" a infraestrutura de terceiros como a AWS. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça Criada em 2006, a US-EAST-1 é a região mais antiga da rede mundial da AWS, líder na computação em nuvem à frente de Azure (Microsoft) e Google Cloud. Segundo a Reuters, ela é definida como local padrão para muitas ferramentas disponíveis no serviço. 💲 O custo do processamento em servidores virtuais da AWS no US-EAST-1 começa em US$ 0,0042 (cerca de R$ 0,023). Na unidade de São Paulo, esse serviço custa quase 60% mais caro do que na do norte da Virgínia e parte de US$ 0,0067 (R$ 0,036). "À primeira vista, a diferença pode parecer pequena, mas ela se multiplica por milhões de processamentos feitos a cada hora", destacou Bordini. A diferença nos preços é explicada por fatores regionais como preço da energia, mão de obra e equipamentos, disse Bordini. 👍 Os data centers da AWS têm muitos serviços em comum, mas alguns deles só estão disponíveis em algumas locais. A estrutura do norte da Virgínia, por exemplo, é uma das que conta com a maior oferta de serviços, o que o torna o preferido de muitas empresas. Como funciona um data center? E por que ele pode consumir tanta energia e água? O que se sabe da pane que afetou apps e serviços no mundo todo Torres de vigilância em prédios monitoram todos, mas levantam dúvidas sobre uso dos dados e eficácia contra o crime Vista aérea de um data center da AWS que integra a região US-EAST-1, no norte da Virgínia, nos EUA Reuters/Jonathan Ernst Entre as empresas afetadas no Brasil, estão o iFood, o Mercado Livre e o PicPay – veja a lista dos serviços de internet que tiveram instabilidade. Clientes da AWS podem "alugar" diferentes tipos de computadores para armazenar e processar dados, conforme sua necessidade. É possível escolher, por exemplo, equipamentos mais indicados para serviços de inteligência artificial, segurança ou transmissão de vídeo. "Alguns serviços precisam de um processamento muito mais potente que outros. É como comparar o uso do Word com o de um programa de edição de vídeos — o segundo exige muito mais capacidade", afirmou Bordini. Panes globais na nuvem O erro na AWS foi a maior interrupção em serviços de internet desde julho de 2024, quando uma falha da CrowdStrike afetou sistemas de hospitais, bancos e aeroportos, provocando a famosa tela azul do Windows em sistemas ao redor do mundo. A própria região US-EAST-1, da AWS, já teve outras interrupções significativas em 2020 e 2021. A AWS tem ferramentas para reduzir o prejuízo em caso de falhas. Mas desenvolvedores devem fazer com que seus sistemas tenham uma tolerância maior a incidentes desse tipo, analisou Ken Birman, professor de ciência da computação da Universidade Cornell, nos EUA. "Ao cortarem custos e economizarem para tentar colocar um aplicativo em funcionamento e depois esquecem que pularam a última etapa e não se protegeram de fato contra uma interrupção, essas empresas são as que realmente deveriam ser examinadas posteriormente, disse Birman à Reuters. Falha em computadores causa 'tela azul' em aeroporto de Newark, nos EUA Bing Guan/Reuters Cada vez mais interconectados, sistemas dos mais diferentes tipos podem enfrentar instabilidades se houver erros em apenas um ponto da cadeia. "O principal motivo para este problema é que todas essas grandes empresas dependem de apenas um serviço", disse Nishanth Sastry, diretor de pesquisa do Departamento de CIência da Computação da Universidade de Surrey, no Reino Unido, em entrevista à Reuters. Como a pane da AWS aconteceu Na madrugada de segunda, foram registradas "taxas de erro significativas" no DynamoDB, sistema de banco de dados da AWS que opera nessas regiões de data centers e é voltado para aplicações que exigem alta velocidade e estabilidade. Ele consegue processar grandes volumes de dados e muitas requisições por segundo sem que o usuário precise configurar servidores manualmente. A falha no DynamoDB estava no processo de resolução de DNS, que transforma "nomes de domínio" (como "site.com.br") em números (endereços de IP) interpretados por computadores. Além disso, empresas tiveram dificuldades para criar novos servidores virtuais no serviço Elastic Compute Cloud (EC2). Como o nome indica, ele tem uma característica "elástica" que permite aumentar ou diminuir a capacidade para executar sistemas conforme necessário. O erro foi identificado às 4h11 (horário de Brasília) e foi corrigido às 19h01, quando "todos os serviços da AWS retornaram às operações normais", segundo a empresa. iFood, Mercado Livre e PicPay Celso Tavares/g1; Divulgação; Divulgação

Mercado Livre, iFood e PicPay: apps têm instabilidade em dia de apagão da Amazon


Aplicativos e serviços da Amazon sofrem apagão ao redor do mundo Plataformas como iFood, Mercado Livre e Banco Central do Brasil apresentaram instabilidade nesta segunda-feira (20), no mesmo dia em que uma falha global na Amazon Web Services (AWS) — serviço de computação em nuvem da Amazon — afetou sites e aplicativos no mundo todo. Parte das plataformas afetadas no Brasil utiliza a infraestrutura da Amazon, mas nem todas são clientes diretas da empresa (veja abaixo). Por isso, não é possível afirmar que todos os casos estejam ligados à falha da AWS. ➡️ O que é a Amazon Web Services (AWS)? A AWS é a divisão de computação em nuvem da Amazon. Criada inicialmente para atender à própria empresa, hoje oferece serviços como hospedagem de sites, bancos de dados e ferramentas de inteligência artificial. Entre os concorrentes estão o Azure (Microsoft), o Google Cloud, a Oracle e a IBM. Entre os serviços digitais afetados estão aplicativos de pagamento, entretenimento, e-commerces e marketplaces, segundo o Downdetector, site que monitora falhas nas plataformas digitais. Outras ferramentas digitais, como o Duolingo, Canva, Snapchat, Fortnite e Zoom, foram impactadas globalmente pela falha, segundo a Reuters. Veja abaixo alguns dos serviços digitais que apresentaram instabilidade nesta segunda-feira (20): Logotipo da Amazon Web Services (AWS) durante evento na capital da Índia em 8 de outubro de 2025. REUTERS/Anushree Fadnavis/Foto de arquivo ➡️Serviços financeiros e de pagamento Banco Pan Mercado Pago PicPay Stone ➡️E-commerce e marketplaces Mercado Livre Amazon OLX ➡️Aplicativos de delivery e bem-estar iFood Wellhub ➡️Telecomunicações e mídia Claro ➡️Ferramentas digitais e de produtividade Canva Zoom Alexa Perplexity ➡️Entretenimento e redes sociais Pinterest Fortnite Snapchat Prime Video Roblox Entre as empresas listadas como clientes no site da AWS, estão Snapchat, Prime Video, OLX e PicPay. Como o problema começou A Amazon começou a identificar o problema ainda na madrugada, por volta das 4h11 (horário de Brasília). "Estamos investigando o aumento nas taxas de erro e de latência em vários serviços da AWS", disse a companhia. A situação começou a se normalizar por volta das 8h (horário de Brasília), mas ainda há soluções da AWS com instabilidade (veja abaixo). Perto das 14h, as reclamações de problema na AWS voltaram a subir no site Downdetector, que monitora instabilidades em sites e apps.

Apagão na nuvem da Amazon: o que se sabe da pane que afetou apps e serviços no mundo todo


Aplicativos e serviços da Amazon sofrem apagão ao redor do mundo Uma falha no serviço de nuvem AWS, da Amazon, causou instabilidades em diversos sites e aplicativos no mundo todo nesta segunda-feira (20). A tecnologia da big tech é usada por várias empresas como Sony, Natura, United Airlines, Booking, Perplexity e Fortnite. A Amazon começou a identificar o problema ainda na madrugada, por volta das 4h11 (horário de Brasília). "Estamos investigando o aumento nas taxas de erro e de latência em vários serviços da AWS", disse a companhia. ➡️ O que é a Amazon Web Services (AWS)? A AWS é a divisão de computação em nuvem da Amazon. Criada inicialmente para atender à própria empresa, hoje oferece serviços como hospedagem de sites, bancos de dados e ferramentas de inteligência artificial. Entre os concorrentes estão o Azure (Microsoft), o Google Cloud, a Oracle e a IBM. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça Segundo a agência Reuters, mais de 500 empresas que usam a AWS enfrentam problemas nesta manhã. Entre elas estão a própria Amazon, a assistente virtual Alexa, a rede social Snapchat, o aplicativo de videoconferências Zoom e o app de educação Duolingo (veja abaixo outros serviços afetados). A big tech ainda não informou o que ocorreu até a última atualização desta reportagem. Por volta das 8h (horário de Brasília), ela informou em sua página de "Integridade de Serviço" que as plataformas atingidas já estavam voltando ao normal. O que se sabe sobre a pane na Amazon Logotipo da Amazon Web Services (AWS) durante evento na capital da Índia em 8 de outubro de 2025. REUTERS/Anushree Fadnavis/Foto de arquivo A companhia informou que a falha está concentrada na região US-EAST-1, que corresponde ao datacenter da AWS localizado no norte da Virgínia, nos Estados Unidos. Ainda na página de "Integridade de serviço", a Amazon também cita "taxas de erro significativas" no DynamoDB, o que pode ter causado a interrupção global. O DynamoDB é um sistema de banco de dados criado pela Amazon para aplicações que exigem alta velocidade e estabilidade. Ele consegue processar grandes volumes de dados e muitas requisições por segundo, sem que o usuário precise configurar servidores manualmente. "Podemos confirmar taxas de erro significativas em solicitações feitas ao serviço DynamoDB na região US-EAST-1. O problema também afeta outros serviços da AWS na mesma área. Nossos engenheiros estão trabalhando para mitigar a falha e entender completamente a causa", informou a Amazon por volta das 5h30 (horário de Brasília). "Ao que tudo indica, uma falha no DynamoDB foi a responsável pela interrupção de alguns sistemas", explica ao g1 Thiago Bordini, diretor de cyber threat intelligence e prevenção a fraudes na BlueDiamond. Segundo a agência Reuters, o site Downdetector, que monitora instabilidades em sites e aplicativos no mundo todo, informou que mais de 4 milhões de usuários relataram problemas por causa do incidente. Veja alguns dos serviços impactados: Prime Video Perplexity Fortnite HBO Signal Roku Roblox Perplexity Lyft Clash Royale Clash of Clans Coinbase Robinhood Esta reportagem está em atualização. Ataque no WhatsApp pode roubar senhas de usuários; veja como se proteger Agente do ChatGPT reserva restaurante, faz compra, mas erra ao insistir demais O seu cérebro quando você assiste a um vídeo em velocidade 1,5

Apagão na nuvem da Amazon derruba aplicativos e serviços ao redor do mundo


Logo da Amazon, gigante da tecnologia. REUTERS/Dado Ruvic/Illustration/File Photo A unidade de serviços em nuvem da Amazon, a AWS, sofreu uma pane nesta segunda-feira (20), o que causou problemas de conectividade em muitas empresas ao redor do mundo e interrompendo serviços de vários sites e aplicativos populares, incluindo Fortnite e Snapchat. "Podemos confirmar aumento nas taxas de erro e latência para múltiplos serviços da AWS na região US-EAST-1", informou a AWS em uma atualização em sua página de status. A startup de inteligência artificial Perplexity, a corretora de criptomoedas Coinbase e o app de negociação Robinhood atribuíram as interrupções à AWS. "O Perplexity está fora do ar agora. A causa raiz é um problema na AWS. Estamos trabalhando para resolver", disse o CEO da Perplexity, Aravind Srinivas, em uma publicação no X. A AWS fornece poder de computação sob demanda, armazenamento de dados e outros serviços digitais para empresas, governos e indivíduos. Interrupções em seus servidores podem causar panes em sites e plataformas que dependem de sua infraestrutura de nuvem. A AWS compete com os serviços de nuvem do Google e da Microsoft. AWS e Amazon não responderam a pedidos de comentário feitos pela agência de notícias Reuters. Veja os vídeos que estão em alta no g1 O site de compras da Amazon, o Prime Video e a assistente Alexa estavam enfrentando problemas, segundo o Downdetector. Os jogos Fortnite, da Epic Games, Roblox, Clash Royale e Clash of Clans estavam entre os sites de jogos que saíram do ar. Entre as plataformas financeiras que enfrentaram problemas estão o Venmo, do Paypal, e o Chime, segundo o site que monitora interrupções. O aplicativo Lyft, rival do Uber, também ficou fora do ar para milhares de usuários nos Estados Unidos. A presidente do aplicativo de mensagens Signal, Meredith Whittaker, também confirmou no X que sua plataforma foi afetada pela pane da AWS.

Como atender ligações sem precisar falar no celular


Que tal atender ao telefone sem precisar atender? Hoje em dia, usamos o celular para tudo — menos para atender ligações. Na maioria das vezes, é golpe ou alguém ligando por engano. Mas dá para atender as ligações sem precisar atender, pelo menos nos smartphones mais recentes da Apple e da Samsung. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça Os aparelhos utilizam recursos de inteligência artificial para atender e filtrar as chamadas feitas por números desconhecidos. Uma voz robótica "conversa" com quem está do outro lado da linha. Basta acompanhar na tela o papo e decidir se vai atender ou não. Veja como fazer: No iPhone, ative a “Filtragem de Ligações”. Vá a Ajustes > Apps > Telefone > Filtrar números desconhecidos e escolher "Perguntar motivo da ligação". Nessa área, também é possível bloquear todas as chamadas de números desconhecidos. Se a filtragem de ligações estiver ativada, os números de telefone desconhecidos serão atendidos automaticamente pelo robô. O recurso está disponível apenas em aparelhos compatíveis com a Apple Intelligence, como o iPhone 15 Pro e do iPhone 16 em diante – incluindo o 16e. Tela do iPhone 17 (esq.) atendendo a uma ligação de número desconhecido e borrado por privacidade. À direita, a tela de configurações do iOS Reprodução Nos Samsung Galaxy, a função se chama "Chamada por Texto". Abra o app de Telefone, clique nos três pontinhos do menu superior e abra as configurações. O Assistente de Chamada está na primeira opção. Escolha “Chamada por Texto". Diferentemente do que acontece nos iPhones, a ligação não é atendida sozinha nos Galaxy. É preciso escolher a opção “Chamada por Texto" na tela quando o aparelho tocar. A funcionalidade está disponível nos celulares da Samsung com Galaxy AI, a inteligência artificial criada pela fabricante. Vai de modelos intermediários (A56) a topo de linha (linhas S24 e S25, Z Fold7, Z Flip7). Configurações para atender chamadas sem precisar atender nos Samsung Galaxy Reprodução Veja a seguir uma lista com 4 celulares da Apple e da Samsung capazes de atender ligações de forma automática. Os preços iam de R$ 2.300 a R$ 10.500 nas lojas da internet consultadas no meio de outubro. iPhone 16e iPhone Air Galaxy A56 Galaxy S25 Edge Esta reportagem foi produzida com total independência editorial por nosso time de jornalistas e colaboradores especializados. Caso o leitor opte por adquirir algum produto a partir de links disponibilizados, a Globo poderá auferir receita por meio de parcerias comerciais. Esclarecemos que a Globo não possui qualquer controle ou responsabilidade acerca da eventual experiência de compra, mesmo que a partir dos links disponibilizados. Questionamentos ou reclamações em relação ao produto adquirido e/ou processo de compra, pagamento e entrega deverão ser direcionados diretamente ao lojista responsável. 5 diferenças entre o iPhone 17 e o iPhone 16 Mais finos que um lápis: g1 testa o iPhone Air e o Galaxy S25 Edge

sábado, 18 de outubro de 2025

Torres de vigilância em prédios monitoram todos, mas levantam dúvidas sobre uso dos dados e eficácia contra o crime


Torres com câmeras se espalham e levantam alerta sobre privacidade Quem anda por São Paulo e pelo Rio de Janeiro já está acostumado a ver torres com câmeras de vigilância em frente a prédios residenciais. A maioria desses equipamentos está instalada em condomínios, mas eles também começam a aparecer em edifícios comerciais. Apesar de serem apresentadas como reforço à segurança, essas torres levantam dúvidas entre pesquisadores em segurança pública, que apontam falta de transparência sobre o uso das imagens e incertezas quanto ao impacto real na diminuição do crime. "Além da ausência de regras, há preocupação com o uso indevido dos dados, que podem servir à segurança corporativa ou à produção de informações privadas sem qualquer controle do cidadão", diz Daniel Edler, pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP (NEV-USP). 📱Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça Esse tipo de vigilância começou a ganhar espaço a partir de 2019, principalmente após o uso de câmeras com reconhecimento facial nos carnavais de Salvador e do Rio de Janeiro, explica Pablo Nunes, coordenador do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC). E a expansão desse tipo de tecnologia acontece em um momento em que a população se sente cada vez mais insegura. A violência é a principal preocupação para 28% dos brasileiros, segundo pesquisa da Quaest encomendada pela Genial Investimentos no mês passado. Como essas torres funcionam Torre de vigilância da empresa CoSecurity Darlan Helder/g1 Essas torres coloridas, com luzes de LED e câmeras voltadas para calçadas e carros, são oferecidas por empresas como CoSecurity (do Grupo Haganá), Gabriel e White Segurança. Elas concentram a oferta do serviço nas principais cidades do país e prometem monitorar o movimento no entorno dos prédios. Os moradores costumam ter acesso às imagens por aplicativo — em uma das empresas, o histórico fica disponível por até 14 dias. Alguns modelos têm ainda um botão de pânico que aciona a central responsável por contatar a polícia ou o Corpo de Bombeiros em caso de emergência. O custo do serviço varia conforme o número de torres contratadas. Uma empresa cobra cerca de R$ 1,5 mil por unidade ao mês, enquanto outra afirma que o valor mensal fica entre R$ 389 e R$ 749, dependendo do modelo e dos recursos oferecidos. Parceria com programas de segurança pública Central de monitoramento do Smart Sampa Reprodução/Prefeitura de São Paulo As câmeras não fazem reconhecimento facial, e as gravações podem ser compartilhadas com a polícia mediante solicitação formal. Em São Paulo, as empresas destacam como diferencial a integração dos equipamentos a programas públicos, como o Smart Sampa (prefeitura) e o Muralha Paulista (governo estadual), que ajudam a identificar rostos de procurados e placas de veículos roubados. Condomínios e empresas podem, sem custo, aderir voluntariamente e conectar suas câmeras às centrais de monitoramento, onde agentes policiais acompanham as imagens em tempo real. Segundo a prefeitura, o Smart Sampa reúne 40 mil câmeras, sendo pelo menos 20 mil de condomínios e empresas parceiras. A CoSecurity afirma ser hoje a maior participante privada do programa, com cerca de 8 mil câmeras — o equivalente a 25% da rede. No Rio, a Gabriel diz fornecer imagens ao vivo ao Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) e afirma repassar registros à polícia sempre que há solicitação formal. As duas principais empresas afirmam ter colaborado na solução de crimes nas cidades onde atuam. A Gabriel, criada em 2019, diz ter ajudado na recuperação de mais de 100 veículos e no indiciamento de 566 suspeitos. Já a CoSecurity relata 2 mil foragidos capturados e 3.245 prisões em flagrante após integrar o Smart Sampa. O g1 procurou a Prefeitura de São Paulo para confirmar quantas câmeras privadas integradas ao Smart Sampa ajudaram a solucionar crimes, mas foi informado que "o sistema não distingue se a prisão foi feita por meio de câmera privada ou pública; os dados englobam ambas". Preocupação com dados e eficácia Totem de câmera de vigilância da Gabriel instalado na região do Brooklin, na Zona Sul de São Paulo Darlan Helder/g1 O g1 ouviu quatro pesquisadores em segurança pública que questionam a eficácia dessas torres, citando falta de transparência no uso dos dados e ausência de regras claras. Segundo eles, ainda não há estudos que comprovem resultados no combate ao crime. "Como não há regulamentação, também não existe transparência nem responsabilização sobre os sistemas privados de segurança", explica Daniel Edler, pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP (NEV-USP). Ele questiona de que forma as empresas garantem que os dados não estão sendo usados para outros fins, como produção de informação privada ou segurança corporativa. "É preciso ter um controle mais rigoroso sobre o acesso a essas informações, porque estamos falando de empresas privadas que lidam com imagens de muitas pessoas", completa Rafael Rocha, coordenador de projetos do Instituto Sou da Paz. "Um lojista do outro lado da rua pode ter sua rotina registrada diariamente por essas torres: a hora em que ele chega, sai e fecha o caixa. E se esses dados vazarem?", questiona. Apesar das promessas de eficiência, há casos de frustração. Recentemente, o Profissão Repórter mostrou que, em um condomínio de São Paulo, moradores recorreram a vasos de planta para tentar evitar roubos de celular de quem ficava na portaria, após as torres deixarem de coibir os assaltos (veja no vídeo abaixo). Moradores de prédio em SP se frustram com totens de câmera e recorrem a vasos de planta para evitar assalto Rafael Rocha afirma que a polícia não tem estrutura suficiente para investigar todos os crimes patrimoniais, mesmo com o apoio das imagens de alta resolução fornecidas por empresas. "Um delegado já tem milhares de casos de roubo acumulados. Ele não tem efetivo nem estrutura para agir rapidamente quando ocorre um assalto em frente ao totem", diz. Os especialistas citam ainda roubos cometidos por criminosos de moto com capacete, o que dificulta a identificação pelas câmeras integradas ao programa Smart Sampa. "Não há uma padronização técnica", ressalta Thallita Lima, coordenadora do projeto O Panóptico, que monitora o uso de tecnologias de vigilância no Brasil. Ela também aponta para a falta de uma reflexão sobre os impactos do uso do espaço urbano, "já que há totens bem na calçada". O g1 encontrou torres de vigilância instaladas em calçadas de São Paulo, o que só é permitido com autorização das prefeituras. Na capital paulista, foram identificados totens das empresas Defender, MasterCam e Gabriel em vias públicas. Nenhuma delas informou se obteve autorização. Thallita ainda aponta que as imagens captadas muitas vezes circulam informalmente, como fotos de pessoas consideradas suspeitas que são compartilhadas em grupos de WhatsApp. "Isso pode gerar problemas sérios, porque estamos falando do risco de se fazer justiça com as próprias mãos por meio da tecnologia". Rafael Rocha sugere que uma das medidas essenciais de regulamentação deveria ser impedir que moradores façam prints (capturas de tela) das imagens, para evitar sua circulação indevida em grupos de WhatsApp, como acontece atualmente. Procurada pelo g1 para comentar esse tipo de monitoramento, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) afirmou que o tema é prioridade e está na agenda de discussões para o biênio 2025-2026, com ênfase nas questões envolvendo biometria facial. Reconhecimento facial: veja dilemas na implantação da tecnologia em condomínios Criminosos podem usar suas fotos nas redes para aplicar golpes financeiros? Implante cerebral é usado para controlar assistente virtual Alexa

Análise do cocô: novo dispositivo 'lê' suas fezes e pode ajudar na detecção de doenças

Análise do cocô: novo dispositivo 'lê' suas fezes e pode ajudar na detecção de doenças 💩 Uma empresa dos Estados Unidos lan...